Parece-me que dizer que "a raça branca, mais evoluída, veio à Terra para ajudar na evolução da raça negra, ignorante e primitiva" é um caso claro de racismo.
E parece-me que é suficiente citar como prova o texto de Kardec onde ele afirma isto.
Por ser claro, cabe a quem discorda mostrar que há uma outra interpretação.
O problema não foi só de má interpretação. Foi de má fé também.
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“Os negros, pois, como organização física, serão sempre os mesmos; como Espíritos, sem dúvida, são uma raça inferior, quer dizer, primitiva; são verdadeiras crianças às quais pode-se ensinar muita coisa;" (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
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Parágrafo anterior:
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Diz-se a respeito dos negros escravos: “São seres tão brutos, tão pouco inteligentes, que seria vão esforço querer instruí-los. São uma raça inferior, incorrigível, profundamente incapaz.” A teoria que acabamos de apresentar permite encará-los sob outro prisma. Na questão do aperfeiçoamento das raças é sempre necessário levar em consideração dois elementos constitutivos do homem: o elemento espiritual e o corporal. É preciso conhecer ambos, e só o Espiritismo nos pode esclarecer quanto à natureza do elemento espiritual, o mais importante, por ser o que pensa e o que sobrevive, ao passo que o corporal se destrói.
Assim, como organização física, os negros serão sempre os mesmos. Como Espíritos, são inquestionavelmente uma raça inferior, isto é, primitiva. São verdadeiras crianças às quais muito pouco se pode ensinar. Mas, por meio de cuidados inteligentes é sempre possível modificar certos hábitos, certas tendências, o que já representa um progresso que levarão para outra existência, e que lhes permitirá, mais tarde, tomar um envoltório de melhores condições. Trabalhando por sua melhoria, trabalha-se menos pelo seu presente que por seu futuro e, por pouco que se consiga, para eles é sempre uma aquisição. Cada progresso é um passo à frente que facilita novos progressos.
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- "
Assim, como organização física, os negros serão sempre os mesmos."
Ou seja, o fenótipo negro não se tornará um fenótipo branco. São fenótipos distintos, como uma rosa e uma orquídea.
- "Como Espíritos, são inquestionavelmente uma raça inferior, isto é, primitiva"Note que ele estava se referindo aos negros escravos. A palavra
inferior aqui está claro que está no sentido de primitivo, ou seja, o fenótipo negro é mais primitivo que o fenótipo branco. A própria ciência diz isso. "
Os khoisan [também conhecidos como Hotentotes] possuem o mais elevado grau de diversidade do ADN mitocondrial de todas as populações humanas, o que indica que eles são uma das mais antigas comunidades humanas." Como os negros escravos daquela época eram parte desse grupo, ele estava se referindo particularmente à esse grupo.
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“Sob o mesmo envoltório, quer dizer, com os mesmos instrumentos de manifestação do pensamento, as raças não são perfectíveis senão em limites estreitos, pelas razões que desenvolvemos. Eis por que a raça negra, enquanto raça negra, corporeamente falando, jamais alcançará o nível das raças caucásicas; mas, enquanto Espíritos, é outra coisa; ela pode se tornar, e se tornará, o que somos; somente ser-lhe-á preciso tempo e melhores instrumentos. Eis porque as raças selvagens, mesmo em contato com a civilização, permanecem sempre selvagens; mas, à medida que as raças civilizadas se ampliam, as raças selvagens diminuem, até que desapareçam completamente, como desapareceram as raças dos Caraíbas, dos Guanches, e outras. Os corpos desapareceram, mas em se tornaram os Espíritos? Mais de um, talvez, esteja entre nós”. (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
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pelas razões que desenvolvemos
- Eis por que a raça negra, enquanto raça negra, corporeamente falando, jamais alcançará o nível das raças caucásicas pelas razões que desenvolvemos.Kardec está falando da raça negra enquanto raça negra, ou seja, da raiz, dos povos negros mais primitivos, como os hotentotes. (Aliás, esse artigo sobre a perfectibilidade da raça negra é todo dirigido aos hotentotes).
Ou seja, os hotentotes, ou khoisan, por mais que eles se esforcem, não vão conseguir alcançar o nível de inteligência de um Einstein, um Newton, etc, porque seus cérebros não tem capacidade suficiente para isso. A não ser que aconteça uma miscigenação dentro desse grupo com outros indivíduos de outros grupos, ou com negros mais desenvolvidos, ou com outras raças como as brancas modernas, esse progresso um dia seria possível, porque a mistura de raças torna os órgãos mais desenvolvidos, segundo o espiritismo. Mas o grupo hotentote, se não miscigenar, se caso seguir seu desenvolvimento cruzando apenas com indivíduos do mesmo grupo, não acalçará jamais o nível das raças caucásicas modernas, porque seus cérebros só desenvolveriam até certo limite, assim como o cérebro de qualquer outro grupo que apresenta o mesmo fenótipo. A miscigenação é que faz com que os cérebros de um grupo desenvolva além do limite de desenvolvimento daquele grupo, o que é consequência da encarnação de espíritos um pouco mais adiantados dentro desses grupos, uma vez que começaram a se sentirem desconfortáveis com a cultura e os costumes do grupo de origem e saíram para cruzar com outros grupos.
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"Eis porque as raças selvagens, mesmo em contato com a civilização, permanecem sempre selvagens; mas, à medida que as raças civilizadas se ampliam, as raças selvagens diminuem, até que desapareçam completamente, como desapareceram as raças dos Caraíbas, dos Guanches, e outras."
Os fatos comprovam que isso é verdade, pois se inseríssemos canibais, ou
aqueles índios da Reserva dos Kawahiva, que foram descobertos recentemente no Mato Grosso, dentro de nossa civilização, eles permaneceriam selvagens, como seus costumes e hábitos selvagens. E se houvesse um grande esforço para inserir esses grupos na civilização, eles seriam instintos, pois seus descendentes cruzariam com novas raças e esse povo seria extinto em poucos anos e desapareceriam completamente.
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"O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados"
(Allan Kardec, A Gênese, ed. LAKE p. 187).
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Eu li várias vezes esse parágrafo e não consegui encontrar qualquer sinal de racismo ou especismo. Kardec apenas falou que os povos selvagens, e aqui ele se refere literalmente à todos os povos selvagens - sejam primitivos ou modernos - que existem entre eles e os povos civilizados uma distinção clara entre características físicas e intelectuais. Qual biólogo, evolucionista ou naturalista vai discordar disso? Discordar disto é ser um fundamentalista que está militando e se esforçando para dizer que Kardec foi racista.
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"Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão ?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127).
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Fora de contexto.
Aqui está a sexta questão:
"- 6o Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomardes de um menino hotentote recém-nascido e o educardes nos nossos melhores liceus, fareis dele algum dia um Laplace ou um Newton?"O que você acha disso? É possível que uma criança hotentote, recém-nascida, e que fosse educada nas nossas melhores instituições, poderia se tornar um Laplace ou um Newton, ou um Carl Sagan, por exemplo? Qual são seus argumentos para provar que isso seria possível?
O resto da questão se relaciona ao desenvolvimento do que foi dito. Aqui está o contexto:
"Qual a filosofia ou a teosofia capaz de resolver estes problemas? É fora de dúvida que, ou as almas são iguais ao nascerem, ou são desiguais. Se são iguais, por que, entre elas, tão grande diversidade de aptidões? Dir-se-á que isso depende do organismo. Mas, então, achamo-nos em presença da mais monstruosa e imoral das doutrinas. O homem seria simples máquina, joguete da matéria; deixaria de ter a responsabilidade de seus atos, pois que poderia atribuir tudo às suas imperfeições físicas. Se as almas são desiguais, é que Deus as criou assim. Nesse caso, porém, por que a inata superioridade concedida a algumas? Corresponderá essa parcialidade à justiça de Deus e ao amor que ele consagra igualmente a todas suas criaturas?"
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"Esses Espíritos dos selvagens, entretanto pertencem à humanidade; atingirão um dia o nível de seus irmãos mais velhos, mas certamente isso não se dará no corpo da mesma raça física, impróprio a certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não estiver mais em relação ao desenvolvimento, emigrarão de tal ambiente para se encarnar num grau superior, e assim por diante, até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra para passar a mundos mais e mais adiantados" (Revue Spirite, abril de 1863, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra, in Allan Kardec, A Gênese, Lake _ Livraria Allan Kardec editora, São Paulo, p. 187).
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O que há de errado aqui? Ou melhor, onde está o racismo?
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“Mas, então, porque nós, civilizados, esclarecidos, nascemos na Europa antes que na Oceania? Em corpos brancos antes que em corpos negros? Por que um ponto de partida tão diferente, se não se progride senão como Espírito? Por que Deus nos isentou do longo caminho que o selvagem deve percorrer? Nossas almas seriam de uma outra natureza que a sua? Por que, então, procurar fazê-lo cristão? Se o fazeis cristão, é que o olhais como vosso igual diante de Deus; se é vosso igual diante de Deus, porque Deus vos concede privilégios? Agiríeis inutilmente, não chegaríeis a nenhuma solução senão admitindo, para nós um progresso anterior, para o selvagem um progresso ulterior; se a alma do selvagem deve progredir ulteriormente, é que ela nos alcançará; se progredimos anteriormente, é que fomos selvagens, porque, se o ponto de partida for diferente, não há mais justiça, e se Deus não é justo, não é Deus. Eis, pois, forçosamente, duas existências extremas: a do selvagem e a do homem mais civilizado.” (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
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Erro de interpretação ou usou de má fé.
Parágrafo anterior.
"Em uma única existência poderá o selvagem adquirir essas faculdades que lhe faltam? Seja qual for a educação que lhe derdes desde o berço, dele fareis um São Vicente de Paulo, um cientista, um orador, um artista? Não, porque é materialmente impossível. Contudo esse selvagem tem uma alma. Qual a sorte dessa alma depois da morte? É punida pelos atos bárbaros que ninguém reprimiu? É colocada em igualdade com o homem de bem? Um não é mais racional que o outro. É, então, condenada a ficar eternamente em um estado misto, que nem é felicidade nem desgraça? Isso não seria justo, porque se ela não é mais perfeita, não depende de si."A questão discutida aqui foi se era possível progredir moralmente ou intelectualmente sem precisar encanar na terra. A resposta de Kardec foi negativa, ele disse que se isso fosse possível, então, qual seria a necessidade de encarnar na Europa em vez da Oceania, ou em corpos Brancos em vez de corpos negros? etc. O que ele quis dizer é bem claro, pois se há corpos diferentes e lugares diferentes é porque existe uma razão pra isso. Por que Deus nos isentaria de um longo caminho que o selvagem deve percorrer? Ou seja, se existe povos selvagens e povos civilizados, é porque os espíritos que encarnam nos corpos de selvagens um dia percorrerão o mesmo caminho que nós percorremos. A lógica é simples: se nós não tivéssemos passado por corpos de selvagens, e os selvagens existem, seria injustiça divina se eles não progredissem e chegassem onde nós chegamos.
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O exame frenológico dos povos pouco inteligentes constata a predominância das faculdades instintivas, e a atrofia dos órgãos da inteligência. O que é excepcional nos povos avançados, é a regra em certas raças. Por que isto? É um injusta preferência? Não, é a sabedoria. A natureza é sempre previdente; nada faz de inútil; ora, seria uma coisa inútil dar um instrumento completo a quem não tem meios de se servir dele. Os Espíritos selvagens são Espíritos de crianças, podendo assim se exprimir; entre eles, muitas faculdades ainda estão latentes. Que faria, pois, o Espírito de um Hotentote no corpo de um Arago? Seria como aquele que não sabe a música diante de um excelente piano. Por um razão inversa, que faria o Espírito de Arago no corpo de um Hotentote? Seria como Liszt diante de um piano que não teria senão algumas más cordas falsas, às quais seu talento jamais chegaria a dar sons harmoniosos.” (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
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Qual a diferença entre o que Kardec disse aqui e o que a antropologia diz nesse texto abaixo, que pode ser encontrado em qualquer pesquisa sobre povos primitivos?
"Mesmo com um cérebro maior que o do Homo Sapiens, o H. neanderthalensis teria habilidade de manipular objetos,
raciocínio e memória menos desenvolvidos. Suas armas (facas e lanças) exigiam que se aproximassem de suas presas, o que explicaria por que tantos esqueletos da espécie foram encontrados com fraturas. Sua dieta era extremamente rica em carne, independentemente do ambiente em que a espécie se encontrava, o que sugere uma baixa capacidade de adaptação."
A ciência está sendo racista com os H. neanderthalensis ?