Sim, ele me acusou de propor que o meu raciocínio é correto e o dele é errado, simplesmente por ser o meu e o dele.
A mensagem foi de que não é o meu ou o dele, mas que existem afimações que são baseadas em evidências e outras não
Foi você que concluiu da seguinte forma:
"Bom, se vc pensou, cogitou, raciocinou sobre qualquer hipotese numero 2, você é um crente e sua capacidade crítica está seriamente avariada."Eu entendo "capacidade crítica" como capacidade de raciocinar. Mas vamos deixar as comparações intelectuais de lado então...
O que diferencia um cético de um crente, basicamente, é que o primeiro não aceita princípios que o segundo aceita. Todos os crentes aceitam os mesmos princípios aceitos pelos céticos (digo princípios e não negações de princípios). Mas os crentes vão além dos céticos e aceitam um universo maior de princípios, normalmente vindos de evidências obtidas através do raciocínio e da dedução, ou de testemunhos oculares, e não da simples observação direta e reproduzível, que em suma todos têm que aceitar de uma maneira ou de outra.
Isso pode significar tanto uma vantagem como uma desvantagem, pois razão e dedução podem se enganar, e os testemunhos oculares nem sempre são o que parecem. As nossas inteligências nem sempre são tão desenvolvidas e, neste caso, um cético leva mais vantagem sobre um crente. Se um indivíduo é baldo de inteligência (capacidade crítica baixa, para usar os seus termos), mais seguro mesmo ficar sobre concreto firme do que se aventurar num barco que não sabe dizer se pode afundar ou navegar.
Mas para quem tem inteligência mais desenvolvida (ou para quem acha que tem), essa postura quer dizer a mesma coisa que estagnação intelectiva. Quem tem capacidade crítica mais apurada poderia, a meu ver, se aventurar a tentar deduzir algumas verdades dentre os relatos que contêm várias verdades e mentiras; a sair um pouco do Posto C onde existe o bom queijo e, tal qual os ratinhos sniff e scurry, do conto
Quem mexeu no meu queijo?, sair para procurar outros queijos melhores e mais saborosos nos lugares desconhecidos e inexplorados; descobrir evidências concretas em eventos que ocorreram somente uma vez e foram relatados por várias pessoas, sob a luz de suas próprias convicções pessoais, preconceitos e superstições.
Colhendo informações de todos os lados, cada um pode selecionar as evidências que precisa para formular seus princípios e construir os seus sistemas pessoais, ou a aderir a um já existente. No meu caso em particular, eu preferi aderir a um sistema já existente (o Espiritismo), ao invés de criar o meu próprio, por julgar que o existente é bastante consistente.
Mas uma regra deveria ser seguida na construção de sistemas ou nas adesões a sistemas já existentes: a lógica não deveria ser desrespeitada; logica interna e lógica com os fatos observáveis (aqueles já aceitos pelos céticos). Há vários crentes que não observam esses detalhes. Pode-se colher as evidências que se quiser e construir-se o sistema que se desejar, mas deve-se tomar sempre o cuidado de verificar se os princípios adotados não contradizem uns aos outros ou aos fatos, porque aí, neste caso, pelo menos um desses princípios foi formulado de maneira incorreta e é necessariamente falso. Ignorar fatos não deveria valer também. É aí que entra a capacidade crítica e que muitos crentes não têm desenvolvida, e sem os quais seriam muito melhor sucedidos nesse mundo como céticos. Mas cada um acha que aplica bem a lógica, e outros há que acham que fazem melhor ignorando-a.
Nós, os espíritas, decidimos nos deixar guiar pela lógica em tudo aquilo que não podemos controlar com os nossos próprios olhos, e assim tentarmos avançar na filosofia do universo. É claro que, ao sermos pesados na balança, provavelmente encontrarão muito mais erros em nossos sistemas do que encontrarão nos dos céticos, que praticamente não errarão. Mas também, pouco avançarão, em minha opinião. O progresso filosófico virá, mas muito pouco virá de suas mãos. Talvez nem mesmo o progresso material, pois muito desse progresso vem de idealistas que são capazes de enxergar além das evidências básicas já conhecidas. Talvez algum dia, se alguém for capaz de tirar algum proveito material do "fluido universal" (se existir); construir uma máquina ou um dispositivo qualquer que use esse "fluido" básico, todos acreditarão nele, como muitos só creram na relatividade só depois que viram a fotografia de 1919. diferentemente de Einstein que viu as evidências pelo raciocínio antes de as vê-las materialmente. Mas aí a oportunidade do progresso intelectual já terá passado; é como alguém que conta a resposta de uma charada antes que o interlocutor possa descobrir o resultado por si só, através dos indícios que se espalham por toda a parte e exercitando a sua inteligência. Mas outras oportunidades certamente virão, pois o sol brilha para todos. Estamos aqui para percorrermos os caminhos, e não para sermos levados ao fim dele, protegidos dos tropeços.
É uma opinião. Só divagando...
Agnóstico, não adianta discutir com espíritas. Para eles, nós somos meros ignorantes da doutrina, lemos pouco, raciocinamos mal, temos preconceitos contra eles, somos despreparados, arrogantes e pretenciosos, e acima de tudo, não concordamos candidamente que a DE é a melhor coisa que aconteceu para a humanidade desde a invenção da roda!!!!
Essa sua rabujice, Sklogw, é um fato que me impressiona... e me diverte. De qualquer forma, acho que o Agnóstico já sabe decidir sozinho se vale a pena ou não discutir com espíritas.
Um abraço.