Adriano, explique-me como se eu tivesse sete anos de idade como é que um paradigma diferente vai fazer o Universo se comportar de maneira diferente.
O paradmiga são as lentes de leitura do universo. Ele só modifica a maneira como as pessoas veêm essa realidade. E isso na filosofia da ciência foi abordado por Thomas Kuhn, no livro Estrutura das revoluções científicas
Mas você mesmo parece concordar que isso não muda a maneira como o Universo
é, e sim como nós
achamos que ele seja. Certo?
Acho que não preciso citar o exemplo das Esferas de Cristal, o modelo Ptolemaico de sistema solar para ilustrar o que quero dizer.
De qualquer forma, o Método Científico que me ensinaram na escola e na Universidade não tem a ver com descrever o Universo tal como ele é, mas sim de criar modelos e testá-los empiricamente. Também acho que não preciso explicar isso a você.
Aproveita o ensejo e me clarifica esse papo de organização social e jurídica interferindo no resultado, que até agora eu não entendi...
Não interfere no resultado. Interfere ao possibilitar a troca dessas lentes de enxergar o mundo, que são os paradigmas.
Até aqui, OK.
Lakatos faz um crítica a Kuhn, na qual diz que a mudança de paradigma não ocorre através de um rompante psicológico na comunidade científica e sim através da concorrencia das metodologias de programas de pesquisa científica (MPPC).
Aqui é que não sei se entendi.
Pelo pouco que vi de Filosofia da Ciência na Universidade, o que Lakatos propõe não é um "vale-tudo" científico, mas sim que às vezes é preciso que as pessoas tenham um pouco mais de versatilidade mental para interpretar direito os resultados que colhem.
Exemplo: Michaelson e Morley criaram um
famoso experimento para medir a velocidade de arraste da Terra em relação ao
éter luminífero que supostamente cobria todo o espaço sideral. Não encontraram nada. Modificaram o seu aparato várias vezes, refinando suas técnicas, mas continuavam não encontrando nada.
Esse resultado nulo - que não tinha nada a ver com falhas dos experimentadores ou do maquinário, mas com a estrutura fundamental do Universo - só podia ser bem explicado se aceitássemos a interpretação Relativística, que dizia que o tempo e o espaço deveriam ser relativos e que a velocidade da luz deveria ser sempre constante independente do referencial. Esta foi uma Quebra de Paradigma, da física clássica para a moderna (segundo definição de Kuhn, salvo engano).
E entretanto, foi tudinho
dentro do método científico tradicional - a única coisa que mudou foi a interpretação dos dados, que é o que Lakatos propõe (ainda salvo engano).
Penso que a Conscienciologia e a Homeopatia agem de forma fundamentalmente diferente desse processo. Penso que eles preferem dobrar os resultados dos testes às percepções de mundo deles. Não posso, com toda honestidade, falar da Conscienciologia, pois dela só sei o que você conta aqui; mas sei que na Homeopatia o que se tenta é dobrar os resultados dos experimentos para que concordem com as teses dela. Mal comparando, é ver que as esferas de cristal não existem e insistir que elas são feitas de "matéria sutil de baixa densidade".
E se não for realmente isso, então eu simplesmente não consegui entender ainda o que você propõe
