Caro Humberto Francis.
O meu caso pessoal começou assim:
Estava a cumprir serviço militar obrigatório, quando na leitura de um livro sobre "Raja-Ioga", deparei com um argumento, que eu considerei muito razoável.
Qualquer pessoa, que fosse capaz de se colocar confortavelmente relaxado, num sofá ou numa cama, podia demonstrar a si próprio a estranha propriedade que o "EU" tinha de se poder desdobrar em dois.
Debati com um amigo tal argumento - e concluímos - que se era praticável, bastava experimentar a receita contida no livro.
E assim foi - mas antes de ensaiarmos a experiência - comprometemo-nos, a ajudar o outro de forma “metafísica” para o caso de obtermos sucesso na experiência.
Estava eu sozinho, num quarto completamente às escuras – deitado numa cama – e a tentar alcançar um profundo relaxe, quando subitamente, me senti absolutamente paralisado e sem fala.
Um vulto na escuridão, enfiou as mãos dentro do meu cérebro, e com o que me pareceu um bisturi gelado, cortou ao meio uma bolinha que eu supostamente tenho lá dentro.
Não senti dor. Mas a partir desse momento a paralisia desapareceu e eu mergulhei através da cama até ao chão. Nesse momento, interroguei-me se não tinha caído da cama abaixo.
Levantei-me completamente nu. Olhei para a cama para confirmar a queda e quedei-me espantado ao verificar que estava em dois lugares ao mesmo tempo: nu a olhar-me na cama completamente vestido. Automaticamente pensei: a experiência tinha resultado…!?!...
Na manhã seguinte agradeci ao amigo que me ajudara na estranha experiência, e ele confessou que não deu por nada.
Todavia isso foi o começo da minha aprendizagem, na aquisição do sonho lúcido, conforme literatura a respeito.
Por causa desses estranhos sonhos e dos seus mais estranhos conteúdos, passei a suspeitar, que se calhar é plausível que o sono e os sonhos são o portal, para o encontro pessoal com a espiritualidade. Se porventura for real tal existência…
Apesar disso, estou completamente disponível para aceitar, que tudo se passa “in-cérebro”.
-------------------------------------------------------------------------
especulando realismo fantástico -artur.