Não tenho opinião muito bem formada.
Só me questiono para que deveria ser liberado. Sabendo que os usuários em maioria são arruaceiros e maus-elementos, dar combustível para esses arruaceiros agirem dopados não me parece muito inteligente.
Mas seria legal ver pontos positivos dessa legalização, eu disse pontos positivos, no que ajudaria o Brasil por exemplo.
Concordo com o Copenhagen. Muito falatório e poucos fatos. E penso que, sem fatos é muito difícil não manter a posição de que essa marcha é coisa de viciado e gente desocupada, pois quem fuma, fuma e continuará fumando de qualquer forma. Então, nada melhor em mostrar PORQUE o restante da sociedade deveria apoiar a idéia.
Bom, Paulo e Copenhagen. Em primeiro lugar não me parece que a grande maioria dos usuários de drogas ilicitas sejam arruaceiros e desocupados.
Sim, eu vejo um problema moral em usar drogas hoje, que me parece um tanto complexo : usar drogas (o mero fato) não é ato que prejudique ninguém a priori, logo é um fato
amoral. Ponto final. Entretanto usar drogas num contexto em que as leis levaram o negócio de vender drogas ao status de principal combustível de
crimes de verdade (seqüestro, assassinatos, extorsões policiais, chacinas, etc) não me parece lá a coisa mais ética e moral ( a não ser que você produza a própria). Então eu deveria concordar com vocês e dizer que usuários de drogas (em nosso contexto) são pessoas com índole, no mínimo, duvidosa.
Acontece que eu conheço usuários de drogas, alguns bem de perto : eles são grande parte dos meus ex-colegas de faculdade, de meus colegas de trabalho, alguns de meus parentes, vizinhos... e eu não vejo, realmente, desvios de conduta por parte destes que sejam maiores em proporção do que a de outros conhecidos que só usam drogas lícitas ou que não usam droga nenhuma. Por exemplo, os caras que eu mais admiro lá no trabalho (e admiro pelos motivos mais NOBRES que vocês possam pensar) fumam baseado. São pessoas absolutamente honestas em quase tudo que fazem, prontíssimas a ajudar aos outros sem esperar nada em troca MESMO (eu sou testemunha)... São só dois exemplos, mas poderiam ser juntados a outros trocentos que conheço. Isto sem falar que provavelmente dois terços dos meus grandes ídolos na música, no cinema, na literatura, no "pensamento acadêmico", é composto por gente "porra louca". Bom, na política eu nem preciso falar quem é meu ídolo e também acho que não vou precisar comentar os motivos.
Agora vamos ao ponto em sí. Vocês pedem pontos positivos para a legalização; por pontos positivos eu entendo que vocês querem dizer qual a utilidade para o bem estar dos não-usuários que as drogas sejam lícitas?
Bom, muitas das citações que postei lá atrás falavam deste motivos de forma dispersa e no post que eu dirigi ao Hammond eu toquei em alguns. Não acredito que vou falar nenhuma novidade aqui, são proposições bem conhecidas. Vou tentar ordenar alguns.
1. A criminalização das drogas é na verdade o que gera o atual estado de violência com o qual a gente convive e não a droga em sí, como um olhar de relance sobre o tema faz transparecer. É muito fácil embaralhar as causas e conseqüências. Um exemplo clichê, mas que ainda serve para desembaralhar a vista e fazer ver quem causa o quê é o episódio da Lei Seca, nos EUA.
As drogas só financiam o seqüestro, a extorsão, o assalto a banco porque o controle do negócio foi dado aos grupos que cometem estes crimes. Se tivesse sido dado ao seu Manoel da padaria o dinheiro iria ser usado para pagar o FGTS de umas duas novas empregadas, para construir uma escola para a filha Mariazinha administrar, para gerar 20% a mais de impostos.
2. Porque a criminalização é contraproducente em relação ao que se propõe (reduzir o consumo e os danos advindos dele), existem formas muito mais eficientes e menos caras de reduzir consumo (ou pelo menos danos). As fábricas de cigarro que o digam...
É mais ou menos a mesma estória da repressão sexual juvenil. Alguns pais proibem as filhas de namorar, dizem que vão fazer e acontecer se a filha tiver dando a boceta, levam a filha a força para a igreja e proibem a menina de sair a noite. Outros se limitam a educar filhos e filhas sobre os riscos de uma concepção indesejada, de uma infecção... as estatísticas dizem bem de qual lado vêm as adolescentes grávidas.
3.Como o Hammond bem disse, os gastos com o tratamento dos drogados e o combate ao tráfico são bem onerosos. Ficariam bem menos se da venda de drogas fossem cobrados impostos da ordem de 70% (ou quanto seja determinado) do valor final do produto, como já ocorre com o cigarro, e se os gastos aplicados
inutilmente na manutenção de presidiários e na compra de armamento de grosso calibre fossem revertidos para métodos mais eficientes. Isso sem falar no prejuízo econômico que este bando de mão-de-obra encarcerada e outro tanto de mão-de-obra abatida não causam.
4.Dizer que a descriminalização de drogas iria, em sí, reduzir o consumo não me parece lógico. Mas dizer que iria acontecer um
boom da maconha também não é nada razoável; como você mesmo disse "quem consome vai continuar consumindo de qualquer jeito" e como disse o Jô uma vez sobre este assunto "se amanhã legalizarem o suicídio o sujeito não vai entrar debaixo do trem gritando: oba, agora eu posso!"