A analogia não é de algo "equivalente" em todos os sentidos, apenas sobre um compromentimento da liberdade individual em favor da saúde/bem estar público.
Bom, não é uma analogia válida, expliquei por quê, vamos à parte que interessa:
Bem, na época em que se propôs a vacinação, a analogia seria válida... ou para os "alternativos" que acham que as vacinações são perigosas ainda hoje, e se opõem à elas...
ao mesmo tempo, ambas as coisas visam a melhor qualidade de vida de todos...
Sei lá, parece bem válida a analogia, a diferença é que uma coisa apenas não é culturalmente aceita hoje, e outra é...
Poderia se transformar em algo bem mais equiparável se em vez de esterilização cirúrgica obrigatória, se falasse em administração de anticoncepcionais de longa duração. Assim, se tira toda a questão de "mutilação" e riscos inerentes à qualquer cirurgia e se fica apenas com os eventuais problemas resultantes de anticoncepcionais, que são talvez até mais banais e seguros do que vacinas, a maioria não precisa nem ser aplicado por enfermeiras, nem de receita médica.
Eu já falei isso, chamei de 'pílula do nunca mais', hehhe. Se você eliminasse a intervenção cirúrgica, ainda temos o problema da supressão genética do indivíduo. Vamos à ela, sem mais churumela 
Ainda há a questão da "supresão genética" do indivíduo, que talvez possa ser reduzida num fraseamento não tão "genecentrista", que é aquilo que eu já tinha dito antes: o direito de colocar uma vida humana a mais no mundo deve decorrer da mera viabilidade biológica de reprodução? Como eu disse, de certa forma, acho que não.
Eu acho que sim.
Mas por que uma pessoa que, digamos, não tenha casa e tire seu sustento do aterro sanitário pode trazer uma criança inocente para viver nessa situação? Quero dizer, só se for filha biológica dele(a)?
Isso não vai contra o velho chavão, de que a minha liberdade acaba quando interfere com a do outro? Apenas para os libertários mais radicais, que consideram filhos quase como "coisas" é que isso é negado, porque em caso de abusos do tipo "violência" é normalmente aceito que o conselho tutelar tire a criança dos pais. E para o caso de filhos não biológicos, é aceito que não se permita que as pessoas não tenham filhos se não puderem sustentar, para o bem dos filhos.
Ou você condena também a proibição das pessoas em situações calamitosas de adotarem livremente?
Talvez tenha nascido num estado totalitário, estatizante e retrógrado. Talvez às vezes pense que esta democracia, ainda que mixuruca, é muuuuito melhor mas ainda é frágil. Até EUA estão reduzindo direitos individuais, e isso é uma tendência mundial. Já aceitei isso.
Mas para mim o controle do Estado não resolve o problema. Inclusive como já disse mais de uma vez, uma solução similar já existe: a mulher pode pedir para unir as trompas, se tem 'carteira de pobre' e mais de n filhos (quanto está no 5to filho acho). Só que é difícil que ela peça.
Então, vamos lá:
Quando você diz "(...) se perguntando se as pessoas devem ter o direito de terem filhos a despeito de não terem condições financeiras para sustentá-lo, a maioria das pessoas, sem se dar conta, defende que não."
, isso não é verdade. Me parece que você está falando da experiência com pessoas de classe média esclarecidas, o que em termos estatísticos não é relevante, pelo menos para as pessoas que tem muitos filhos e que (nós achamos que) não tem condições de sustentá-los.
Talvez, o fato é que geralmente, ao menos nunca ouvi falar, de reclamações e acusações de nazismo nos critérios para adoção (exceto da parte dos pais, que, segundo se diz, geralmente preferem meninas e brancas/loiras de olhos azuis)
Para a família de baixa renda, filho = sucesso; se ainda o Estado banca quantos mais filhos tiver, a cadeia não se rompe nunca, pois religião e Estado lhe dizer para terem filhos (e nisso concordo basicamente com a análise que faz Arcanjo Lucifer, não com a solução)
O Estado deveria modificar completamente sua política (como se existisse) de Assistência Social para retirar os paternalismos, criar condições reais de sair de um loetamento ilegal (favela) e ter um trabalho normal
OK, concordo. Se contarmos como algo "epistemologicamente" válido as práticas da população menos esclarecida, então "não seria verdade" que planejamento familiar é bom; e seria então "preferível" até, que as pessoas por mais miseráveis que fossem, pudessem ter filhos adotivos para aumentar o número de mãos e olhos procurando por comida no aterro sanitário, para pedir esmola nos semáforos e etc. Só que estamos partindo do princípio de que que essa opinião democrática não tem um valor "epistemológico", de que planejamento familiar/não ter/proibir de ter filhos quando não se tem condições é algo bom para todos. Fica só a contradição de pesos e medidas diferentes no caso de filhos adotivos (que geralmente consideramos correto que o estado restrinja quem pode e quem não pode ser pai) e os biológicos (que normalmente se julga que mesmo uma menina de rua de 12 anos que vive sozinha "pode" ter).
O Estado só vai mudar quando uma parcela significativa da população pense assim; e para isso primeiro deveria haver um trabalho real em educação, principalmente laica e progressista e não protecionista
Se der mais instrumentos para um estado já protecionista, intervencionista, assistencialista, em tempos de estado totalitario são uma arma para intervenção desumana, nos 'casos errados', se é que me explico.
Se quiser resumir a coisa toda, o estado brasileiro banca milhões de camisinhas anuais (isto é, por ano!
) e nem por isso a taxa de filhos indesejados descrece.
Bem, como disse antes, ainda que idealisticamente o ideal fosse que o direito de ter filhos não decorresse meramente da capacidade biológoca, mas fosse mais análogo ao direito de adoção, há diversos problemas para isso. O estado não é confiável para tudo, e então, algo com esse mesmo objetivo básico teria que ser alcançado, ainda pelo estado, de outra forma. Acho que tem que ser principalmente o estado (não que ONGs também não pudessem ter sua participação, mas de certa forma, dá no mesmo; acho que é algo que necessita de organização, mais do que ações individuais), e possivelmente tem que ser algo que ainda seria rotulável como paternalista. Acho que teria que ser paternalista, porque acho que a alternativa seria necessariamente darwinismo-social...