Quero deixar bem claro que eu também não cheguei a um fim nessa investigação, não tenho uma conclusão, e estou LONGE de ver verdadeiramente a realidade das coisas sem minha própria bagagem de interpretação pessoal. Então acho legal que todos nós coloquemos nossos pontos de vista pertinentes ao ponto que está sendo discutido. Que existe o que chamamos de morte em um nivel relativo à nossa vida cotidiana é um fato, mas o que eu estou pretendendo explorar aqui são as implicações e qual seria a natureza disso que chamamos de morrer.
Ok, vamos por partes. Compreendi que esse "eu" é fruto de formações e que falar que ele possui uma identidade é errôneo. Mas é MUITO difícil visualizar, como posso dizer, esse fenômeno que é a vida se transformando em alguma outra coisa depois da "morte", já que não podemos falar em morte de algo que não é algo, é isso que você quer dizer?
Essa outra coisa em que a vida se transforma não seria exatamente em vida? Não é verdade que a vida não deixa de existir com a morte de um individuo? Nós somos parte de um processo, e fazendo parte desse processo nós temos o poder de modifica-lo, de coloca-lo em direções diferentes e etc. O fato de que a realidade existir, com seus seres e seu mundo e seus processos não é afetada com a morte individual, então a experiência de que "eu existo" irá permanecer, embora como falei antes, pelo fato de que as formações estão em constante transformação a existência será sempre diferente.
O Orbe falou ali em cima o que todo mundo pensa, "morremos", simples assim, mas não parece ser tão simples do ponto de vista que a gente tá discutindo. Que o "eu" que a mente cria, fruto de impulsos elétricos e reações químicas deixa de existir com a morte fica questionável então, com a morte apenas se transformou?
Talvez essa coisa de simplificar tudo seja um problema, porque é realmente fácil pensar assim e que se foda, não ter que se preocupar mais com a questão e viver a vida da melhor maneira possivel, se uma pessoa escolhe esse caminho, tudo bem, escolha dela, mas e se não for bem assim que as coisas funcionam? Nós temos a idéia de que isso seja assim, talvez para alguns isso seja uma certeza, mas a certeza que existe como idéia na mente de um individuo não muda em nada o processo real das coisas, ignorar o funcionamento verdadeiro do mundo, não faz o mundo parar de funcionar dessa ou daquela maneira.
A natureza está repleta de leis, inclusive uma das mais óbvias de todas é a de causa e efeito, isso é facilmente observável aqui e agora. Nossa vida depende totalmente do conhecimento dessas coisas para que possamos discernir melhor quais decisões tomar a fim de colher os resultados que esperamos para nós mesmos não é verdade?
Agora eu posso levantar a questão, que eu já declaro não saber a resposta, mas que pode disperta certa curiosidade. E se, no final das coisas, as ações que tivemos em vida, influênciarem a próxima?
Não é verdade que apesar da não existência de uma entidade fixa e imutavel, nós todos temos certas tendências individuais? Muitas pessoas apesar de viverem nos mesmos ambientes, de terem experiências parecidas, interpretam o mundo de maneiras diferentes, isso é realmente maravilhoso porque faz com que cada um de nós pareça realmente único. Mas de onde surgiram tais tendências? Código genético? Alguma outra coisa? Eu não sei ..., responder que é a alma ou espirito também não me satisfazem, não procuro respostas prontas, não quero ser confortado, quero investigar como as coisas funcionam realmente, e esse funcionamento é claro, não depende em nada dos meus achismos.
Mas essa novo fenômeno que acaba criando, pode ser experimentado pela gente? no sentido de hoje não termos nem idéia do que seja? eu imagino como já falei que seja igual como era antes de nascermos, uma espécie de não-existência, mas como demonstrado pela nossa conversa isto não é possivel, como fica então?
abraço!
Eu também não sei cara, só que para mim a idéia da não-existência não faz mais sentido algum. Acontece que o processo de vir-a-ser continua, então o processo de nascimento e morte também. Então hoje nos vemos assim, quando morrermos surgiram outros seres que se verão assado. Nós nos vemos diferentes dos outros porque temos certos véus, mascaras, ou identidades ilusórias que nos diferenciam uns dos outros, mas na verdade além dessas camadas de fumaça somos o mesmo fogo, não seria mais ou menos assim? Quero deixar bem claro que eu não estou dizendo que tais camadas não existam em nenhum sentido, elas existem dentro de um contexto, existem porque nós ignoramos a verdade e nos apoiamos nos véus, mas esses véus são só véus, não são a coisa em si. E é essa coisa que sempre continua a mesma, e os véus é que mudam dando a impressão de que existe um "eu" separado da totalidade e que esse "eu" deixa de existir e experimentar o mundo para sempre quando morre.