Entao, neste sentido a 'meditacao' em relacao a 'meditacao-em-si' nao e mais precisa
que 'casa' em relacao a 'casa-em-si'. Ou nao?
Sim
Talvez nao, pois uma vez que sabemos a definicao de uma casa ou o que é uma casa, prontamente identificamos uma ao ve-la. Sabemos ligar 'casa' com a casa-em-si.
Acho que o mesmo vale para conceitos abstratos, de coisas nao-tangiveis: sabemos ligar 'alegria' a uma manifestacao qualquer dela (alegria-em-si, nao em sentido absoluto, Platonico, generico, mas como uma manifestacao concreta da coisa que associamos à palavra 'alegria' e a suas definicoes!).
Mas e quanto a meditacao? Vemos a raiva-em-si quando nos deparamos com um rosto num esgar, sobrancelhas franzidas e etc e identificamos isto como 'raiva'.
Entao como ligar 'meditacao' à meditacao-em-si, como no exemplo da raiva ou da alegria?
Bom, primeiro que se eu sou cego e nunca vi a cor vermelha, não adianta um milhão de descrições sobre o que é a luz vermelha porque eu não carregaria a experiência direta do que é aquilo, já se eu tivesse visto, e outra pessoa também tivesse visto, poderiamos discutir aspectos da luz vermelha, que também não seriam a luz em si, mas tornaria a comunicações de ideias a respeito da luz possivel. Se eu nunca senti raiva, nunca senti alegria, como esperar sentir a mesma coisa só com palavras? Impossivel, é por isso que é necessaria a experiência direta.
Além disso, estamos muito acostumados a nos utilizar desses conceitos genericos e por isso acabamos generalizando tudo. Quando olhamos para uma casa e dizemos que é aquilo é só uma casa, muitas vezes não contemplamos diretamente aquele objeto com todas as suas caracteristicas, particularidades, beleza e etc. Assim é também com a natureza, as pessoas não vêem a beleza das coisas porque dizem, olha aquilo é uma rosa, aquilo é uma arvore, aquilo é isso, isso é aquilo. Nós estamos imersos em nomes e por causa dessa imersão deixamos de ver as coisas mais profundamente, isso é bastante claro não é?
Sobre a meditação, o que não faltam são definições do que é meditar, que meditar é isso, meditar é aquilo, métodos, técnicas etc etc. Assim como foi a classificação do que é meditação para o ilovefoxes, assim como o que é meditar pra sua mãe, assim como o que é meditar para o seu pai. Levando como exemplo a absorção mental em um estado alterado de consciência, como é possivel descrever esse estado para uma pessoa que nunca o experimentou? As descrições ficariam no nivel superficial da mente, no nivel dos pensamentos e dos conceitos, isso também não é claro?
Eu por exemplo evito entrar nesse tipo de assunto nesse forum, mas já utilizei algumas vezes plantas enteogenas que também levam a tais estados alterados de consciência. É possivel explicar verbalmente a profundidade da experiência? Eu tenho a certeza que não, podemos ouvir relatos dos outros, mas isso não se compara em nada a ter a experiência direta, isso é muito, muito claro.
Nós nos desviamos do assunto principal, e algumas discussões aqui estão sendo infrutiferas, então espero que não venham agora com moralismo pra cima de mim, podemos retornar ao foco do tópico que seria discutir a não-existencia após a morte?
Abraços.