Questão deveras complexa. De fato os animais sofrem, tal qual nós quando somos agredidos, torturados e mortos. É evidente que o gado é aterrorizado momentos antes do abate e que sua vida é de dor e sofrimento, sobretudo os confinados. Não tenho idéia da noçãp de consciência de um boi. Muitos primatas (não-humanos), algumas aves, cães, gatos tem noção de auto-consciência, alguns de forma bastante elevada, como chimpanzés, orangotangos e papagaios cinzas africanos.
Todos estes animais sofrem quando são cobaias em pesquisas científicas, quando são caçados, confinados etc, as vezes comidos.
Daí vem a noção de abandonar a dieta carnívora, uma vez que, temos a possibilidade de viver sem ela, sem a necessidade de causar este sofrimento aos animais. Questão puramente de ética, é a renúncia de um prazer para evitar o sofrimento alheio. Evidentemente não gostaríamos de ser cobaias em pesquisas cinetíficas ou de sermos criados para o abate. Imagino o sofrimento destes seres com noção de auto-consciência.
O problema é o avanço desta questão: Para o nosso progresso, nos destruimos seus habitats, extinguimos muitos deles, e os desprezamos. Sendo assim, o que me impede de avançar nisso e considerar que é justo devolver a maioria dos seus espaços? Porque nós humanos temos direito de ocupar quase todo espaço terrestre e confiná-los em zológicos para serem objeto de atração, já que sua área nativa virou uma cidade de concreto?
O que impede de considerar no mesmo patamar o homicídio de um homem e o assassinato de um orangotango? Matar um débil mental é matar um homem, inclusive com uma agravante. Matar um orangotando é crime ambiental mas a pena é muito inferior a matar um homem. Um débil mental e um orangotando tem noção de auto-consciência semelhante. É possível que o orangotando tenha até uma noção melhor, já que não há debilidade alguma.
Este avanço é que é complicado, coisas como direito de propriedade, direito a vida e a liberdade tem o mesmo escopo para sua defesa do que simplesmente deixar de comê-los.
Parece-me evidente que é ético não comer carne, uma vez que, amenizo o sofrimento destes animais e isso está ao meu alcance sem maiores consequências, todavia, é, da mesma forma, ético, expandir os direitos que temos a eles também. E isso é algo sem fim, inviável em nossa sociedade super-populosa.
Daí, tem-se o dilema: Temos que admitir que vivemos de forma anti-ética, temos noção disso, mas não estamos dispostos a pagar pela alternativa ética.
Isso nos faz uma espécie de caráter duvidoso?