Mas à medida que vai-se caindo na passada, muita gente vê que não vale a pena o risco que se corre pra não se ter reconhecimento depois e ainda ser criticado brutalmente pelo trabalho que é feito, com generalizações que SEMPRE fazem a média por baixo. Isso acaba com a moral e com a vontade de trabalhar de qualquer um.
Um amigo, quando era policial em Foz do Iguaçu, não aceitou receber propinas. Como resultado dessa sua aitude ele passou a fazer parte de um grupo que era visto com desconfiança por alguns colegas. Afinal, se ele não estava no esquema, quem garantiria que ele fosse ficar sempre com a boca fechada?
Dá para imaginar o ânimo do cara quando ia trabalhar, né?
Para agravar a situação, o governador do Paraná, na época era o Álvaro Dias, tinha como política o arrocho salarial do funcionalismo, inclusive a PM. Resutado: muito neguinho se desdobrava em dois fazendo bicos para complementar o orçamento. Isso se não resolvesse seguir o caminho fácil da corrpção, afinal, já que estavam na fronteira, era fácil estar na folha de pagamentos de um contrabandista ou traficante.
Para piorar mais ainda: devido a um mal-entendido (pairou sobre ele a suspeita de uma denúncia) seus próprios colegas o venderam para uns traficantes, e ele passou a ter a esposa e o filho de poucos meses ameaçados de morte, além dele, claro.
Resultado: um cara honesto e bom profissional, deixou a polícia.
Eu já vi casos como esse se repetirem muitas vezes ao longo dos anos, em diferentes situações e com diferentes policiais, mas o enredo é sempre o mesmo.
Quer um conselho, Diego?
Saia...
É melhor perder um bom policial para outra profissão do que perdê-lo para a morte ou alguma doença crônica.
Digo isso porque a maneira com que você fala do seu trabalho demonstra que você tem paixão pelo que faz, diferente de outros que podem muito bem deixá-lo para trás numa situação difícil.
Só para constar, eu conheci, certa época, um grupo de Direitos Humanos especializado em atender policias e bombeiros. Estes profissionais, devido ao stress do trabalho, acabavam por desenvolver problemas como alcoolismo, depressão, síndrome de pânico, stress pós-traumático, impotência, etc.
Além disso, muitos deles também tinham sérios problemas financeiros, o que tornava a convivência com a família muito difícil. Separações eram comuns, violência doméstica.. enfim, uma série de problemas que a TV não mostra.
O que aprendi com este grupo me fez chegar a dua conclusões:
- PM não é o bicho-papão, é um ser humano como qualquer um de nós, só que todos acabam sendo julgados pelos atos de uma minoria;
- Direitos Humanos são necessários para que se possa construir um estado justo. O problema é que, pelo menos no Brasil, eles acabam tendo uma conotação diferente, e são usados como arma política para atacar o Estado, afinal, quando alguém dos direitos humanos afirma que um bandido foi levado a isso devido a injustiça social, ele está afirmando que a culpa é do Estado por ter permitido a situação chegar aonde chegou.