O que eu acho incrível em todo esse caso é a incapacidade das autoridades de reconhecerem os seus erros, desde o comandante do GATE até o governador. Foi uma sucessão lamentável de erros do qual a atitude mais digna seria um solene pedido de desculpas. Por que não se desculpam? Acaso as autoridades se acham infalíveis e divinas infensas ao erro? O discurso do cel. Félix é uma longa justificativa sentimental e sem nexo. O mutismo do governador não cala. Apela-se aos argumentos mais esdrúxulos que se contrapõe à própria lógica. "Tratei do caso como se meus filhos estivessem lá". "Deixaria meu filho entrar no lugar da refém". "O culpado pela morte da refém é do Lindemberg" - de quem mais seria se ele foi o pivô da situação, como se esse óbvio precisasse ser ulalado aos quatro cantos.
Durante a operação a polícia fez de tudo para sonegar informação e os familiares dos envolvidos foram proibidos de dar entrevista, menos, é claro, o bandido. E tudo pra nada, pois o resultado foi o fiasco que se viu. Um clima de prepotência, de gente que só ouve a própria voz. Quando os especialistas davam entrevistas um sorriso sardônico no canto da boca indicando a ignorância dos demais. E os especialistas erraram. Erraram na construção do perfil psicológico do criminoso, erraram na negociação, erraram na invasão, erraram na decisão de não atirar. Mas reparem, jamais, em momento algum confessam que erraram. Por que ou são olímpicos ou injustiçados.
Sei que esgoto a paciência de vocês repetindo os mesmos pontos de vista. Mas... que bosta, neste país cheio de cristãos, desse cristo misericordioso, louco para perdoar, ninguém perde perdão. Inventamos uma nova modalidade de cristianismo, um cristianismo sem pecadores.