Hmm, então a principal (e mais simplista) divisão ideológica do Direito seria entre o juspositivismo (a Lei é suprema e não presta contas a outras disciplinas) e o jusnaturalismo (o Direito existe em um contexto que não pode ser ignorado)?
Entendo sua indignação, mas não vejo outra forma de solução. Há três formas de se compor litígios: autotutela (você faz justiça com as próprias mãos. Só existe por exceção atualmente, como a legítima defesa); a autocomposição (acordo entre as partes); e a heterocomposição (alguém imparcial resolver a lide).
Litígio é como guerra, Jus: você só pode realmente dizer que o venceu se ele não chegou a acontecer

E é por isso que o Direito, independentemente de quaisquer circunstâncias históricas, políticas e sociais,
nunca poderá ser uma disciplina realmente importante para o futuro de uma sociedade, da mesma forma que a indústria bélica nunca poderá ser o verdadeiro motor do avanço tecnológico. Em ambos os casos, a premissa
renuncia ao objetivo declarado. Não é fazendo curso de salva-vidas que se aprende a ser um bom capitão naval.
Enquanto o Direito for voltado à solução de litígios, estará
desistindo logo de início à meta maior de
construir entendimentos. Na melhor das hipóteses será uma parte digna, mas necessariamente menor e secundária, de um sistema maior, mais ambicioso e (creio que este detalhe escapa de muita gente)
essencialmente descentralizado. Um sistema que será direcionado por disciplinas ativas como a antropologia, a sociologia e a psicologia - e por que não dizer, também a religião - em vez de reativas como o Direito.
Ao Estado se atribui o monopólio da heterocomposição. Como disse em outro tópico, há basicamente duas fontes de moral: a religião e o racionalismo materialista. A mim pouco importa a fonte, mas sim o resultado. Se um juiz religioso julgar com imparcialidade e técnica minha causa, me dou por satisfeito.
Felizmente, não se vê viés religioso em qualquer decisão, como no caso das células tronco. É proibido de forma dogmática decisões baseadas em questões de fé.
Essa frase saiu um tanto irônica, não acha?

Um bom religioso não se deixa escravizar pelas limitações de sua própria fé; ele percebe que é ele, o fiel, que honra a fé e não o contrário. Fico feliz em ver que isso prevaleceu no caso das células tronco, mas o ponto principal é que
não se deveria cogitar de dar tanto poder de decisão a tão poucas pessoas.