Toda essa discussão em torno do currículo tira um pouco o peso da culpa dos professores, mas não explica ainda o porquê dos problemas no ensino brasileiro.
Eu tenho uma visão por trabalhar numa escola pública federal e o que vi me levou a crer - é uma evidência anedótica, admito - que os investimentos que foram feitos fizeram toda a diferença no momento de se avaliar estes alunos frente a outros, inclusive da rede privada.
Eu não vejo como as ações de punir ou premiar os professores e tornar o currículo mais maleável, talvez até respeitando características regionais e temporais, possam melhorar o ensino sem que também sejam feitos investimentos nessa área. Um dos inúmeros projetos que pude ver trazia a possibilidade de um currículo modular, a partir do último ano do ensino fundamental até o término do ensino médio, onde o aluno gradativamente poderia optar por substituir matérias como química orgânica, trigonometria ou ótica por outras mais familiares a ele, claro que o contrário também poderia acontecer, um aluno não demonstraria interesse em estudar literatura barroca e iria estudar matemática.
Bom, o projeto teve ferrenhos opositores e, por motivos óbvios, acabou engavetado. A parte mais bizarra disso tudo é que o ensino médio passaria a ter a duração de cinco anos, para comportar tanto o currículo mínimo como o optativo.
Ou seja, tudo o que discutimos aqui já foi analisado de uma forma ou de outra, mas a principal questão, de ordem orçamentária, é um entrave para qualquer avanço nesse sentido. Não existe como fazer uma escola de qualidade sem dinheiro, seja ela pública ou privada. Ou se fazem investimentos, ou veremos os alunos patinando nos enems que ainda virão.