Autor Tópico: Fábrica de maus professores  (Lida 19392 vezes)

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Offline Renato T

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #75 Online: 08 de Dezembro de 2008, 11:50:35 »

Mas esta é a questão. Não adianta ser o melhor físico do mundo, nem ser o melhor matemático do mundo, se não tem domínio de turma e não consegue passar nada.

Muitas vezes escutei esta frase: " Ele é muito inteligente, o professor sabe muito, mas pra ele. Não consigo entender o que o professor ensina "!

E esta é a grande questão! Se o cidadão é inteligente, mas não sabe ensinar, que vá fazer OUTRA COISA!
Não precisa ser um gênio da raça humana para ser professor, nem conhecer as últimas novidades em astrofísica e biologia molecular. Precisa conhecer bem os conteúdos de sala de aula ( que, por exemplo, é explicar bem os estados da água, ou fazer uma regra de três, ou explicar o uso da crase ).

Esta é a questão. O bom professor vai saber ensinar. Se o professor de física não consegue dar aula pra um monte de "aborrecente", ele não merece estar numa sala de aula. Se eles não deixam o cidadão falar, ele não merece falar.

Pode parecer cruel, mas é assim. Ser professor é mais do que saber a matéria, é saber transmitir a matéria. O bom professor consegue resultados com qualquer turma, por pior que esta  seja, porque o seu papel na relação ensino/aprendizagem é fundamental. Jovens são e sempre serão desinteressados do ensino, tanto que os filósofos gregos já reclamavam disso... O que aconteceu é que o corporativismo dos professores conseguiu tirar a meritocracia das salas de aula, e junto com a péssima formação dos profissionais, fez cair brutalmente a qualidade da educação no Brasil. Deixou de se dar atenção a quem se interessava pelas aulas pra passar a mão na cabeça de quem não se interessa, fazendo com que todos ficassem desinteressados.

Às vezes é chato estar numa escola pública e explicar o básico do básico da arte, enquanto eu gostaria de esta explicando as grandes questões da semiótica e da percepção gestáltica da iconografia artística. mas eu sei que ensinar isso pros alunos só vai parecer que eu sou inteligente, mas não aumentar o conhecimento das crianças.

Não falo de ser bom físico e não saber lecionar física, Zeichner. Meu ponto é o bom professor, isto é, aquela pessoa que consegue passar seu conhecimento para as pessoas de um modo prático, interessante e fácil. Dizer que bons professores conseguem ensinar pra qualquer turma é um engano tremendo. Veja só: Uma colega de faculdade minha já disse que foi ameaçada por traficante de drogas dentro da sala de aula, já levantaram a mão pra bater em uma professora minha do EM e só não bateram porque algumas meninas da sala gritaram, colega meu de faculdade já viu jogarem uma carteira na professora quando a luz acabou e eu já entrei bêbado na sala de aula. Agora me explica como um professor consegue lecionar pra uma turma que poem ele em risco ou quando os alunos não querem aprender? Depois, o mesmo professor pode depois sair da sala e conseguir lecionar para uma classe melhor e ter bons resultados, mas em alguma salas não é possível. Nesse último caso a culpa é de quem? Ainda do professor? Então tirem o professor!! Vem outro no lugar e tem o mesmo problema.. E outra: será que alguém se sujeitaria a lecionar para uma classe problemática sendo que ela pode lhe trazer grandes prejuízos?

Offline Luis Dantas

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #76 Online: 08 de Dezembro de 2008, 11:51:55 »
Se alguns professores tem parte nos problemas apresentados, e disso não discordo, porque tenho a impressão que estão tratando o caso como se TODOS os problemas derivassem APENAS dos professores?

Suspeito que seja pelo menos em parte a tendência a procurar um bode expiatório responsável "ao alcance do braço", pois se houver um há também uma perspectiva de solução rápida e fácil.

O problema com os professores, é claro, é apenas parte de um problema muito maior e que envolve antes de mais nada a população como um todo, que não parece se importar mais com o verdadeiro preparo acadêmico e profissional.   Hoje em dia fala-se da facilidade de conseguir diplomas e certificados, não do efetivo preparo - até porque em muitos casos, principalmente no serviço público, o preparo pode acabar sendo desperdiçado por motivos políticos.
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Offline Renato T

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #77 Online: 08 de Dezembro de 2008, 11:55:02 »
Essa lógica não se aplica só para professores. Um professor pode pegar uma classe desinteressada; um investigador pode ter azar e só pegar casos difíceis; uma firma de engenharia civil pode ter azar e só construir sobre terrenos lamacentos. Na verdade, como pode perceber, essa lógica se aplica a 100% das profissionais.


Na verdade não.. Nos dois primeiros casos você receberia independente do seu sucesso ou então receberia o que você tem direito e um bônus. No caso da engenharia civil, o preço seria mais alto porque os custos seriam maiores. Não tem nada a ver uma coisa com a outra Foxes.

Offline Dbohr

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #78 Online: 08 de Dezembro de 2008, 11:56:18 »
Só porque a SUA história de vida não foi assim não quer dizer que a de outros não tenha sido, Foxes. Quem trabalha ou convive com quem trabalha com ensino há anos vê de maneira diferente.
Você simplesmente não se reteu ao assunto. Se só vai falar "Fox, você faz isso, você tem aquilo" não perca seu tempo.

E seu apelo a "artoridadi" (profissionais do ensino ::)) não.

Procure "apelo à autoridade" em algum dicionário cético e vai ver que não se aplica aqui :roll:

Quanto a ignorar os meus comentários, isso é escolha sua. Estava me atendo a um pedaço do seu argumento, que considero errôneo.

Offline FxF

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #79 Online: 08 de Dezembro de 2008, 11:57:42 »
Citar
Na verdade não.. Nos dois primeiros casos você receberia independente do seu sucesso ou então receberia o que você tem direito e um bônus. No caso da engenharia civil, o preço seria mais alto porque os custos seriam maiores. Não tem nada a ver uma coisa com a outra Foxes.
Professor existe para ensinar os alunos. Se nenhum professor consegue, existem duas possibilidades:
- Todos os professores são ruins;
- O sistema é ruim;
E na minha opinião, o Brasil tem uma parte de cada.

Offline Dbohr

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #80 Online: 08 de Dezembro de 2008, 11:58:37 »
Exclusão do meio.

Offline Renato T

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #81 Online: 08 de Dezembro de 2008, 11:58:56 »
Sim.. esse é exatamente meu ponto.. O sistema é ruim e nem todos os professores são bons..

Offline Dbohr

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #82 Online: 08 de Dezembro de 2008, 11:59:34 »
... já o comentário acima foi correto.

Offline Luis Dantas

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #83 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:04:40 »
Renato, indiretamente você falou sobre um ponto bastante interessante, que  é  a questão do currículo,
por que raios se deve impor o estudo de determinadas assuntos/matérias ?

Para que os alunos tenham um mínimo necessário de chance de se integrar futuramente na sociedade.  Principalmente nos ambientes profissionais e acadêmicos, mas não apenas neles.

Citar
Eu particularmente gosto muito de física, mas muitas pessoas que conheço não gostam ou detestam física,   e conheço várias pessoas bem sucedidas na vida  e que não dependem uma gota  de  conhecimentos de física para exercerem  suas profissões !  E estão muuuuito bem de vida  $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$   :ok:

Pode-se, é claro, discutir quão profundamente se deve ensinar física no ensino médio.  Mas não acho nada prudente pensar em retirar muito dela.  O conhecimento científico só tende a aumentar e se tornar mais necessário com o tempo, e restringir em vez de ampliar a difusão do mesmo é algo próximo de um crime.

Sim, há muita gente que não entende nada de física ou de outras áreas obrigatórias no ensino médio e ganha bem.  Mas o que isso quer dizer exatamente?  Certamente não muda em nada as demandas técnicas e tecnológicas que há no meio acadêmico e na indústria; não reverte a tendência, afortunada e irreversível, do público leigo se tornar menos leigo com o passar do tempo (o que sugere algum grau de exclusão social para os menos instruídos); e, acima de tudo, a existência de alguns afortunados que ganham mais do que seu preparo faria por merecer não nega a existência de uma população muito mais numerosa que está batalhando para ter uma existência razoavelmente digna.

Citar
Uma matéria que tive que estudar, e que considero 100%  irrelevante, a qual não me faz a mínima falta na minha profissão é literatura !  Considero uma  palhaçada e uma perda de tempo ter tido  que estudar aquelas velharias insuportavelmente chatas  escritas   por aquele cara chamado Machado de Assis    :nojo:     :nojo:   e outras velharias do século XIX  !      :enjoo:      :enjoo:


Eu não vejo motivo racional de se impor coisas inúteis para a vida profissional das pessoas !   :no:

A situação sócio-econômica brasileira é tão estranha que acabamos por supervalorizar mesmo o aspecto profissional, e até esquecemos que universidade deveria ser centro de excelência, e não de formação profissional.

No entanto, o uso profissional da formação é talvez o menos importante.  Acima dele há o uso para integração social e formação cultural, e também o uso para formação acadêmica e pesquisa.  Ambos são usos de importância estratégica para qualquer comunidade.

Certo, o Bill Gates não tem curso superior.  Se não me engano Sílvio Santos também não.  Mas Bill Gates, pelo menos, é o primeiro a dizer que hoje nunca teria as mesmas chances de antes.  E embora o mercado de trabalho não tenha acordado completamente para essa realidade, até mesmo ele está demandando cada vez mais preparo, em áreas cada vez mais amplas e diversificadas.  Falta de formação ampla custa caro em todos os sentidos, essa é a pura realidade.  Tanto para os cidadãos individualmente quanto para as organizações de que eles fazem parte.
« Última modificação: 08 de Dezembro de 2008, 12:07:50 por Luis Dantas »
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Offline FxF

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #84 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:20:22 »
Na verdade não.. Nos dois primeiros casos você receberia independente do seu sucesso ou então receberia o que você tem direito e um bônus. No caso da engenharia civil, o preço seria mais alto porque os custos seriam maiores. Não tem nada a ver uma coisa com a outra Foxes.
Não se atenha aos detalhes, você entendeu o sentido. Se a gente ficar falando "Fulano não é mal profissional, só teve azar de..." isso serve para qualquer profissão.
O problema com os professores, é claro, é apenas parte de um problema muito maior e que envolve antes de mais nada a população como um todo, que não parece se importar mais com o verdadeiro preparo acadêmico e profissional.   Hoje em dia fala-se da facilidade de conseguir diplomas e certificados, não do efetivo preparo - até porque em muitos casos, principalmente no serviço público, o preparo pode acabar sendo desperdiçado por motivos políticos.
É o princípio de "igualdade". Um diploma por definição é (ou deveria ser) para diferenciar algumas pessoas de outras. Não faz sentido querer disponibilizá-lo fora dos seus requisitos.
Para que os alunos tenham um mínimo necessário de chance de se integrar futuramente na sociedade.  Principalmente nos ambientes profissionais e acadêmicos, mas não apenas neles.
Eu não confio nessa idéia.

Ela leva em conta como se o estudo fosse algo automático, aprendeu-usou. Eu tenho certeza que mais de 99% das pessoas depois de se formar não sabe calcular entropia entalpia, mesmo por obrigação terem aprendido na escola.

Segundo que o que a gente aprende não tem muito a ver com "integras a sociedade", eu não vejo relação entre lei da entropia entalpiae isso. Posso estar errado e não sou dono da verdade, mas mesmo que eu esteja errado ainda sim coisas muito mais importantes como Direito não são ensinadas. E se alguém souber criticar porque Direito não seria bom ser ensinado nas escolas, tente usar desse espírito crítico quanto à ensinar entropia entalpia nas escolas......
No entanto, o uso profissional da formação é talvez o menos importante.  Acima dele há o uso para integração social e formação cultural, e também o uso para formação acadêmica e pesquisa.  Ambos são usos de importância estratégica para qualquer comunidade.
As pessoas pagam faculdades para conseguirem sair bem no emprego. Mas fora dessa questão, se o governo resolver focar a faculdade em integração social ou cultura, a gente sabe que só vai sair doutrinação política... o que é alguém integrado a sociedade? Segundo nosso governo seria alguém não ganancioso e que vê a importância do Estado ou algo parecido.
« Última modificação: 08 de Dezembro de 2008, 13:06:20 por Ilovefoxes »

Offline FxF

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #85 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:28:53 »
Citação de: Dbohr
Procure "apelo à autoridade" em algum dicionário cético e vai ver que não se aplica aqui ::)
"Fulano vê de maneira diferente" - Se eu não considerar a opinião de Fulano esse seu argumento perde qualquer sentido. Ao menos é assim que eu leio.
Citação de: Dbohr
Quanto a ignorar os meus comentários, isso é escolha sua. Estava me atendo a um pedaço do seu argumento, que considero errôneo.
Você não falou sobre minha postagem, falou sobre MIM! (você grifou)

Então, que tal voltar ao assunto? Você diz que um ensino universalizado é bom para escolher a profissão porque tem contato com várias áreas. E porque outros não teriam contato com mais de uma área? Como eu disse antes, não estou propondo vestibular (a criança de 6 anos escolher o que quer e será assim para sempre)....

Offline Dodo

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #86 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:33:39 »
Suspeito que seja pelo menos em parte a tendência a procurar um bode expiatório responsável "ao alcance do braço", pois se houver um há também uma perspectiva de solução rápida e fácil.

Vou tentar domar o sindicalista que teima em aflorar nestes momentos e dar uma opinião isenta.  :hihi:

A avaliação de desempenho é a ferramenta mais subjetiva que existe dentro do serviço público, por isso o verdadeiro pavor de todos em aceitar a sua implantação como parâmetro de excelência ou competência. Numa antiga proposta do MEC para os professores do ensino superior, foram colocadas várias exigências para que eles fizessem jus a uma gratificação salarial, o problema foi um ítem que dava pontos ao professor que exercesse funções administrativas na instituição. Se a idéia era melhorar o ensino nas universidades, não se deveria premiar apenas o professor que ficasse DENTRO da sala de aula?

Com a polêmica instaurada, houve pressão por parte da categoria (vício de sindicalista, usar a palavra categoria) e a tal gratificação acabou sendo estendida a todos os professores.
Culpa do PT? Não, isso aconteceu no governo FHC.

É claro que aqui estou me referindo as IFES, que são de competência da União, mas não creio que nos colégios e universidades estaduais a situação seja tão diferente. Não existem políticas para o ensino público que possam ser consideradas um objetivo de longo prazo - os benefícios de uma mudança no currículo só seriam mensuráveis desta maneira - mas sim remendos que dependem de quem, e por quanto tempo, está no governo.

O caso que relatei acima é a prova de como as coisas funcionam, o governo transformou em letra morta a sua própria decisão, e permitiu que a incompetência fosse premiada melhor até do que era antes. Ficasse tudo como estava, teríamos economizado uns trocados, ao invés de, mais uma vez, os servidores levarem toda a culpa por toda essa situação e os alunos continuarem sendo prejudicados.

Não digo que deva ser abandonada qualquer tentativa de implantar a meritocracia, mas, obrigatoriamente, será necessário discutir a questão da estabilidade, bem como uma definição clara do que seja competência.

« Última modificação: 08 de Dezembro de 2008, 12:36:49 por Dodo »
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Luis Dantas

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #87 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:36:50 »
O problema com os professores, é claro, é apenas parte de um problema muito maior e que envolve antes de mais nada a população como um todo, que não parece se importar mais com o verdadeiro preparo acadêmico e profissional.   Hoje em dia fala-se da facilidade de conseguir diplomas e certificados, não do efetivo preparo - até porque em muitos casos, principalmente no serviço público, o preparo pode acabar sendo desperdiçado por motivos políticos.
É o princípio de "igualdade". Um diploma por definição é (ou deveria ser) para diferenciar algumas pessoas de outras. Não faz sentido querer disponibilizá-lo fora dos seus requisitos.

Deveria ser assim.  Infelizmente, toda a estrutura sócio-econômica brasileira está distorcida a ponto de talvez ser menos danoso desvirtuar completamente os diplomas do que tentar reabilitá-los.  No Brasil diploma virou item de subsistência, não de formação.


Citar
Para que os alunos tenham um mínimo necessário de chance de se integrar futuramente na sociedade.  Principalmente nos ambientes profissionais e acadêmicos, mas não apenas neles.
Eu não confio nessa idéia.

Ela leva em conta como se o estudo fosse algo automático, aprendeu-usou. Eu tenho certeza que mais de 99% das pessoas depois de se formar não sabe calcular entropia, mesmo por obrigação terem aprendido na escola.

Aí você já está mudando para outro assunto, um tanto tangencial.  O ensino brasileiro de fato é incrivelmente ineficaz, e esse é um problema muito sério.  Nem por isso a demanda acadêmica, profissional e até mesmo social por pessoas qualificadas vai deixar de aumentar.  Os desníveis entre as classes sócio-econômicas aumentarão a um ponto assustador, mas a demanda do topo não vai sumir por isso.

Citar
Segundo que o que a gente aprende não tem muito a ver com "integrar à sociedade", eu não vejo relação entre lei da entropia e isso.

Depende muito das camadas sócio-econômicas que estejam sendo consideradas.  Eu por mim acho perigoso não tentar ver todas ao mesmo tempo.  Tendo ou não a adequada estrutura para tal, o fato é que o Brasil está tentando se sofisticar mais nos campos profissionais e acadêmicos, tanto que o número de faculdades só aumenta.  E primeiras impressões à parte, nem todas são de Direito :)

Por exemplo, a Engenharia Mecatrônica é um curso novo no país, mas já se difundiu bastante.  E qualquer engenheiro ou cientista que se preste tem de ter um mínimo de formação.  Para engenheiros, talvez o conhecimento geral e multidisciplinar seja ainda mais necessário do que para cientistas, já que a engenharia é multidisciplinar por excelência.

Citar
Posso estar errado e não sou dono da verdade, mas mesmo que eu esteja errado ainda sim coisas muito mais importantes como Direito não são ensinadas. E se alguém souber criticar porque Direito não seria bom ser ensinado nas escolas, tente usar desse espírito crítico quanto à ensinar entropia nas escolas......

Direito, mais importante do que Física?  Surely you jest. :)

Direito é mais valorizado, e conduz a mais oportunidades de trabalho, em alguns casos salários melhores.  Parece muito, mas não é, entre outros motivos porque é uma atividade não-produtiva que inevitavelmente perderá esse prestígio todo em algum momento.  E quando acontecer, vai ser abruptamente.

Já entropia é parte necessária da Física.  É um assunto que nos ajuda a de fato aprender algo novo.  Uma cultura que não sabe apreciar a importância dessa oportunidade provavelmente deveria pensar seriamente em fechar suas faculdades, já que não tem verdadeiro uso para elas.
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Offline Luis Dantas

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #88 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:40:24 »
Vou tentar domar o sindicalista que teima em aflorar nestes momentos e dar uma opinião isenta.  :hihi:

Na minha opinião se saiu bem.

Citar
(...) Não digo que deva ser abandonada qualquer tentativa de implantar a meritocracia, mas, obrigatoriamente, será necessário discutir a questão da estabilidade, bem como uma definição clara do que seja competência.

E aí o bicho realmente pega.  No serviço público, pelo menos, a pressão política é devastadora, e a competência chega a ser indesejada.  A "criatividade" de alguns ao redefini-la chega a ser ridícula.
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Offline Zeichner

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #89 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:49:46 »
Vou tentar domar o sindicalista que teima em aflorar nestes momentos e dar uma opinião isenta.  :hihi:

Na minha opinião se saiu bem.

Citar
(...) Não digo que deva ser abandonada qualquer tentativa de implantar a meritocracia, mas, obrigatoriamente, será necessário discutir a questão da estabilidade, bem como uma definição clara do que seja competência.

E aí o bicho realmente pega.  No serviço público, pelo menos, a pressão política é devastadora, e a competência chega a ser indesejada.  A "criatividade" de alguns ao redefini-la chega a ser ridícula.

Não seria a questão de privatizar o ensino, cabendo ao estado cobrar metas e pagar bolsas ao alunos carentes?

Offline Renato T

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #90 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:52:16 »
Privatizar o ensino como?? Quem privatizaria algo que não da lucro, muito pelo contrário, e ainda é indispensável?

Offline Andre

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #91 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:53:09 »
Acho engraçado isso. Vocês são os primeiros a criticar os charlatães que se aproveitam da ignorância alheia, mas são os primeiro as criticar o ensino de Física no Ensino Médio. Como alguém sem o menor conhecimento das ciências naturais vai saber que uma placa de alumínio roxo não traz 'energia positivas'?
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Dodo

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #92 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:55:18 »
Como alguém sem o menor conhecimento das ciências naturais vai saber que uma placa de alumínio roxo não traz 'energia positivas'?

Porque a Bíblia não fala nada sobre isso.
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Alfred E. Newman

Offline FxF

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #93 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:55:50 »
Não seria a questão de privatizar o ensino, cabendo ao estado cobrar metas e pagar bolsas ao alunos carentes?
O princípio de existirem escolas públicas é para proporcionar educação para todos. O único problema é que, infelizmente, o Estado rege as coisas de uma maneira diferente que uma empresa privada. Mas aí não faz sentido privatizar as escolas, também porque não teria quem pudesse pagar...
O negócio seria mudar as regras do Estado.
Privatizar o ensino como?? Quem privatizaria algo que não da lucro, muito pelo contrário, e ainda é indispensável?
Isso.

Offline Renato T

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #94 Online: 08 de Dezembro de 2008, 12:57:56 »
O princípio de existirem escolas públicas é para proporcionar educação para todos. O único problema é que, infelizmente, o Estado rege as coisas de uma maneira diferente que uma empresa privada. Mas aí não faz sentido privatizar as escolas, também porque não teria quem pudesse pagar...
O negócio seria mudar as regras do Estado.

Isso :)

Offline FxF

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #95 Online: 08 de Dezembro de 2008, 13:04:52 »
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Deveria ser assim.  Infelizmente, toda a estrutura sócio-econômica brasileira está distorcida a ponto de talvez ser menos danoso desvirtuar completamente os diplomas do que tentar reabilitá-los.  No Brasil diploma virou item de subsistência, não de formação.
Bom, por mim um médico só pode ter diploma de médico por ter se provado um médico competente na faculdade e subseqüentes (cursos superiores, etc).
Ou, não sei, você entendeu quando eu disse "diploma" como "formação"? :hein:
Citação de: Luis Dantas
Aí você já está mudando para outro assunto, um tanto tangencial.  O ensino brasileiro de fato é incrivelmente ineficaz, e esse é um problema muito sério.  Nem por isso a demanda acadêmica, profissional e até mesmo social por pessoas qualificadas vai deixar de aumentar.  Os desníveis entre as classes sócio-econômicas aumentarão a um ponto assustador, mas a demanda do topo não vai sumir por isso.
Mas eu não falo só do ensino brasileiro, eu duvido que mesmo com a qualidade de ensino de Harvard, algo tão distante como "entropia Entalpia" seria lembrado fora de quem seguisse essa área.
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Depende muito das camadas sócio-econômicas que estejam sendo consideradas.  Eu por mim acho perigoso não tentar ver todas ao mesmo tempo.  Tendo ou não a adequada estrutura para tal, o fato é que o Brasil está tentando se sofisticar mais nos campos profissionais e acadêmicos, tanto que o número de faculdades só aumenta.  E primeiras impressões à parte, nem todas são de Direito Smile

Por exemplo, a Engenharia Mecatrônica é um curso novo no país, mas já se difundiu bastante.  E qualquer engenheiro ou cientista que se preste tem de ter um mínimo de formação.  Para engenheiros, talvez o conhecimento geral e multidisciplinar seja ainda mais necessário do que para cientistas, já que a engenharia é multidisciplinar por excelência.
Sim, mas "Direito" é útil mesmo para quem não é da área. Engenharia Mecatrônica não, mesmo que seja usado 1% pelas "pessoas normais", os 99% custam tempo que poderia ser focado em outras coisas.
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Direito, mais importante do que Física?  Surely you jest. Smile
Errei o nome, não é "entropia", é "entalpia" ou algo parecido da química. Entropia faz parte da formação do universo, eu não iria usar esse exemplo.

Bom, você já viu, ainda não faz 1 ano que eu estava usando Ent-alguma-coisa e não lembro mais.

Offline FxF

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #96 Online: 08 de Dezembro de 2008, 13:08:41 »
Acho engraçado isso. Vocês são os primeiros a criticar os charlatães que se aproveitam da ignorância alheia, mas são os primeiro as criticar o ensino de Física no Ensino Médio. Como alguém sem o menor conhecimento das ciências naturais vai saber que uma placa de alumínio roxo não traz 'energia positivas'?
Tá, usei o termo errado... já corrigi.

Se eu lembrei o nome certo, uma pesquisa no Google não me pareceu nada...
« Última modificação: 08 de Dezembro de 2008, 13:17:07 por Ilovefoxes »

Offline Luis Dantas

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #97 Online: 08 de Dezembro de 2008, 13:21:00 »
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Deveria ser assim.  Infelizmente, toda a estrutura sócio-econômica brasileira está distorcida a ponto de talvez ser menos danoso desvirtuar completamente os diplomas do que tentar reabilitá-los.  No Brasil diploma virou item de subsistência, não de formação.
Bom, por mim um médico só pode ter diploma de médico por ter se provado um médico competente na faculdade e subseqüentes (cursos superiores, etc).

Medicina não é um caso muito típico.

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Ou, não sei, você entendeu quando eu disse "diploma" como "formação"? :hein:

DEVERIA ser, não é mesmo?

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Mas eu não falo só do ensino brasileiro, eu duvido que mesmo com a qualidade de ensino de Harvard, algo tão distante como "entropia Entalpia" seria lembrado fora de quem seguisse essa área.

Sério?  Vou ter de discordar.  Ou melhor, vou discordar quanto à importância e efeito do ensino amplo.  Sim, imagino que um diplomado de Harvard eventualmente esqueça o que aprendeu de química se não usar em suas atividades normais.  Mas tendo aprendido corretamente em vez de apenas decorado para conseguir nota, pode se recordar com facilidade se a necessidade surgir.  E como a tendência é multidisciplinaridade, há uma boa chance de que surja.

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Errei o nome, não é "entropia", é "entalpia" ou algo parecido da química. Entropia faz parte da formação do universo, eu não iria usar esse exemplo.

Bom, você já viu, ainda não faz 1 ano que eu estava usando Ent-alguma-coisa e não lembro mais.

O que ilustra uma deficiência do método de ensino, nada mais nada menos.
« Última modificação: 08 de Dezembro de 2008, 13:23:40 por Luis Dantas »
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Luis Dantas

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Offline Andre

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Re: Fábrica de maus professores
« Resposta #99 Online: 08 de Dezembro de 2008, 13:31:20 »
Na verdade, o engano foi meu. Lembro-me de ter visto alguém criticando o ensino de Física de uma maneira geral, não só entropia/entalpia, mas agora não estou achando a postagem...

De qualquer forma, acho que o importante é repensar-se na forma em que os conteúdos são passados e dar ênfase a como aquilo é ou pode ser aplicado no dia-a-dia. Concordo que partes de algumas matérias são inúteis, mas às vezes essas partes que são inúteis por si acabam servindo indiretamente para outro conteúdo. Ex: o cálculo de energia por grama consumida de um combustível é entalpia.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

 

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