A situação sócio-econômica brasileira é tão estranha que acabamos por supervalorizar mesmo o aspecto profissional, e até esquecemos que universidade deveria ser centro de excelência, e não de formação profissional.
No entanto, o uso profissional da formação é talvez o menos importante.  Acima dele há o uso para integração social e formação cultural, e também o uso para formação acadêmica e pesquisa.  Ambos são usos de importância estratégica para qualquer comunidade.
É deveras importante ao professor estimular a compreensão da importância deste conhecimento da cultura geral da humanidade, porque isso será útil em qualquer profissão.
  Física e química não fazem  nenhuma falta para integração social, conheço várias pessoas  que não sabem nada da  física e química  do EM,  e são  integradas  socialmemte igual a média das pessoas ou até mais do que a média . 
Quanto a  alegar formação cultural geral , este é um argumento genérico que vale para qualquer conteúdo, vale para ensinar grego,  aramaico,  vale para ensinar o Alcorão, livro dos Mórmons  ou a Bíblia, vale para ensinar  a história do Cazaquistão,  a história  da Tanzânia, de Malaui.
Certo, o Bill Gates não tem curso superior.  Se não me engano Sílvio Santos também não.  Mas Bill Gates, pelo menos, é o primeiro a dizer que hoje nunca teria as mesmas chances de antes.  
Aqui já virou uma defesa da necessidade de fazer curso superior, isto já é uma outra questão, a questão original  era a não necessidade e a inutilidade de aprender  física  e literaratura (e por extensão outras como química) se estas matérias não forem fundamentais para  a área  profissional  da pessoa.
E embora o mercado de trabalho não tenha acordado completamente para essa realidade, até mesmo ele está demandando cada vez mais preparo, em áreas cada vez mais amplas e diversificadas.  Falta de formação ampla custa caro em todos os sentidos, essa é a pura realidade.  Tanto para os cidadãos individualmente quanto para as organizações de que eles fazem parte.
Existe esse discurso, mas a verdade é que muitas pessoas estão se formando,  em cursos superiores, sem sequer  saber o que deveriam  da sua área específica de conhecimento, nestas condições  esperar  que pessoas venham ter um conhecimento  bem além de sua área  é , ao meu ver, totalmente irrealista.   O que precisamos é de  maior quantidade de  formados que realmente saibam  a teoria e a prática de sua área específica de formação.   Médicos que saibam  medicina (e que não matem pacientes), enfermeiras que saibam enfermagem, advogados que saibam direito,  engenheiros que saibam engenharia, historiadores que saibam história, tecnólogos que saibam a  tecnologia   de sua área, etc.
---------------------
Sobre o ensino obrigatório física:
Calcular acelerações de bloquinhos,  calcular associações de resistores e capacitores ( serve para técnicos em eletrônica), dissipação de resistor, calcular distensões de molas, calcular choques de bolinhas,  nada disso faz falta  para vida do dia a dia , nem tampouco para profissionais  que não sejam físicos , engenheiros ou técnicos em eletrônica , mecânica , refrigeração e assemelhados. 
Para pessoas da área de humanas nada disso faz falta no exercício de suas profissões ,  para a área de biológicas  muito raramente é necessário ( e no raro caso em  for  necessário algum conhecimento pontual de física,  este pode ser ensinado  numa especialização),  mesmo algumas matérias como biofísica,  que é dada  em cursos de medicina e biomedicina , são totalmente desnecessárias para a esmagadora maioria dos profissionais  da área.  Não passa de encheção de lingüiça.  Se quiser comprovar isso basta fazer uma prova com o conteúdo desta matéria  após cinco anos de formados (ou até menos tempo).   Estou certo de que numa pesquisa estatística  a  quantidade  de pessoas dessas áreas  que irão se lembrar  desses conteúdos será irrisória .  A gente esquece o que não se usa,  o que é inútil !
Acho engraçado isso. Vocês são os primeiros a criticar os charlatães que se aproveitam da ignorância alheia, mas são os primeiro as criticar o ensino de Física no Ensino Médio. Como alguém sem o menor conhecimento das ciências naturais vai saber que uma placa de alumínio roxo não traz 'energia positivas'?
Também  geralmente é inútil no sentido de  dar uma  visão  cética/científica, a grande maioria das pessoas  não diminuem suas crenças e superstições   ao  aprenderem  calcular  acelerações e velocidades de bloquinhos, escalas de temperatura , pressões e volumes de gases,  força magnética,  comprimentos de onda , etc.   Uma minoria  que  se entusiasma com tal conhecimento já tinha tendência para gostar da área .   Por isto a disciplina física  (e outras com química e literatura)   deveria ser opcional  ( uma pessoa me falou que  é opcional nos  EUA).
Se o objetivo for  dar uma idéia do que seja ciência e pensamento cético,  é muito mais eficaz 
ensinar um pouco de história da ciência , um pouco de filosofia da ciência e um básico de método científico, mais  um básico  de  lógica e falácias .  Isto inclusive seria útil na elaboração de redações e interpretação de texto.   Seria um  milhão de  vezes mais útil  do que calcular forças em bloquinhos  e os outros exemplos que já mencionei !  Detectar raciocínios falaciosos seria útil até no dia a dia,  ao contrário desses probleminhas inúteis  que os estudantes de EM são obrigados a resolver.   
Prova da inutilidade desses conhecimentos  “técnicos”  de física e química, é que  mesmo os estudantes que aprenderam essas matérias, para passar  em algum vestibular concorrido de algum curso  da área de biológicas ou humanas, após uns três anos já não lembra de praticamente nada daquilo que foi obrigado a estudar  !  Já o que é realmente usado e é útil, não se esquece ! 
.