Existe um, como posso dizer, preconceito dos "intelequituais" das universidades em ensinar as coisas práticas de sala de aula... Gostam de discutir Vygostsky, a sociedade e classes, os problemas da globalização, estas coisas maiores, mas não se interessam muito pela prática educativa mesmo... Parece uma coisa menor, sabe, para seres tão pensantes, tão críticos contra a sociedade.
Então estes novos professores vão pra sala de aula sem saber como ensinar, e o que ensinar. Acabam aprendendo mesmo na prática, vendo outros professores, mas acabam pegando também esta, hã, ojeriza com as questões pequenas como ensinar as regras gramaticais, contas de matemática, nome de países, eventos históricos, movimentos artísticos... é muito melhor conscientizar as crianças para o aquecimento global, leis de trânsito, mudança nesta sociedade injusta, etc.
Então, conteúdos que digo são os conteúdos que só a escola pode ensinar. A volta ao que se deve ser escola: Matemática, Português, Ciências, História, Geografia, Arte.
E estes conteúdos devem ser unificados no Brasil. Cada série em cada cidade do Brasil deveria receber a mesma ementa com os conteúdos destas matérias. Deve-se ter claro o que cada aluno deve sair sabendo ao final de cada ano. Pode parecer pouco, mas isso não é o que acontece nas salas de aula. Na realidade, cada professor ensina o que bem entende, na maioria das escolas.
Vejam, eu defendo as ementas com conteúdo. A maneira de se abordar isso e as estratégias para levar o aluno ao entendimento permanecem livres ao professor. Definir conteúdo parece tirar a liberdade do professor, dizem os sindicalistas. Para mim libertaria, porque poderiam se formar profissionais preparados para lidar especificamente com estes conteúdos, adaptando-os a cada realidade,que não é o que acontece hoje.
Então deve-se fazer como nos países onde a educação funciona. As provas finais são gerais, feitas por uma comissão de professores baseados nos conteúdos que as crianças deveriam ter aprendido durante o ano, sem a intervenção dos professores de sala de aula. Ali se avalia como as crianças aprenderam, e se avalia o resultado do professor. Caso o índice de reprovação fosse acima de determinada média, o professor receberia uma capacitação. Igualmente no segundo ano. Se no terceiro ano não houvesse um quociente mínimo alcançado, este professor estaria suspenso um ano. Se voltasse e não melhorasse, estaria demitido.
Aos professores que conseguissem atingir determinadas metas de aprovação, e de notas, receberiam bônus ou aumentos salariais. O reajuste anual continuaria a ser uniforme a todos os profissionais, mas os que se destacassem receberiam mais. Assim, se premia os bons professores, valorizando quem merece ser valorizado.
Mas provas unificadas, conteúdos unificados e até mesmo livros didáticos são considerados coisas perversas pelos sindicatos e professores esquerdinhas... Como é que vão fazer proselitismo ideológico assim? Como vão combater a globalização e a burguesia se tiverem que ensinar a ler e a escrever?