Desde o começo, então. Vou tentar página por página, se eu esquecer algo, me avise.
Putz. Direito é uma matéria tão política e tão artificial.
Homo Homini LupusNão entendo exatamente como o fato do Direito ser "tão político e artificial" tenha a ver com o gosto que as pessoas possam ter por ele.
O Direito é necessariamente político – porque tem por essência a relação entre pessoas e grupos de pessoas – e artificial – porque é uma criação.
Sem Direito não há sociedade. A política é conseqüência do sistema de normas que sociedade elege para se manter, e o Direito é o instrumento (artifício) eleito para manter essas normas.
"Propriedade é uma coisa tão política e artificial. O que é que tanta gente vê nela, afinal?"
O Direito é uma artificialidade criada para manter TODAS AS OUTRAS artificialidades criadas pelo macaco-homem.
O que é que tanta gente vê nele afinal?
Particularmente, eu escolhi me profissionalizar em "Direito" porque sempre tive uma tendência a defender (ao menos, tentar) quem eu "julgasse" estar sendo injustiçado. Esse "julgamento" eu faço a partir do "e se fosse comigo?".
Pode-se até enxergar isso como uma tentativa de imposição de uma ética a alguém, mas, como advogado, a única coisa que eu faço é pedir soluções para conflitos com base nas regras que a sociedade criou.
O problema de supervalorizar as leis é que com isso se aumenta a desvantagem de quem não as conhece ou não tem acesso a elas, e pior ainda, aumenta-se também os ganhos de quem aprende a burlá-las ou usá-las seletivamenente.
O problema de supervalorizar tenologia é que com isso se aumenta a desvantagem de quem não a conhece ou não tem acesso a ela, e pior ainda, aumenta-se também os ganhos de quem aprende a burlá-la ou usá-la seletivamenente.
O "problema" (?) em se valorizar qualquer coisa num sistema capitalista (não estou criticando o sistema) é que, com isso, aumenta-se a desvantagem de quem não a conhece ou não tem acesso a ela, e pior ainda (?), aumenta-se também os ganhos de quem aprende a usá-la.
Mas, entre todas as coisas numa sociedade, a de principal valor é o sistema de normas que a mantém como tal; o Direito é mera conseqüência da vontade da sociedade de ser sociedade. A valorização dessa área é outra mera conseqüência do sistema capitalista. Uma pessoa com problemas pode optar entre sentar e estudar a solução para o seu problema ou contratar alguém que saiba resolvê-lo. E ela pagará exatamente o valor daquela solução.
Pode até dizer que existe um mundo de pessoas que perdem seus casos, e, entre esse mundo, outro mundo de pessoas que pagam e não recebem o "produto"; mas isso é culpa dessas últimas - porque podem realizar um contrato cujo objeto seja um resultado específico, e não o fazem. E isso não aconteceria a elas, se soubessem um pouco mais sobre seus direitos.
Pode até parecer que isso seria motivo para difundir mais o Direito, mas não vejo como isso poderia resolver onde realmente importa. Não enquanto for uma profissão tão bem paga, em um país com situação sócio-econômica tão dramática.
O Direito não é uma profissão, e muito menos "tão bem paga".
Um advogado será pago em relação ao valor do serviço que ele prestar.
Você tem alguma coisa contra um engenheiro da Ferrari ganhar amis que um engenheiro civil do escritório de engenharia da esquina?
Os salários do Poder Judiciário são subsidiados pela demanda da sociedade a esse poder: quanto mais gente "processando", mais custas são recolhidas, mais trabalho para os juízes, mais necessidade de novos juízes.
Por essas e outras que eu prefiro o direito anglicano ao romano.
Somos dois.
Essas e outras ocorrem tanto num quanto no outro.
Quais as vantagens do primeiro?
Somos dois.
O que me persuadiu da superioridade da Common Law sobre o Direito Codificado é a questão do aborto em caso de risco de vida para mãe. Enquanto nosso "eficiente" poder legislativo decide se deve ser lícito ou não o aborto de anencéfalos, o nosso "eficiente" poder judiciário fica decidindo caso a caso se o aborto de anencéfalo se enquadra como aborto em caso de risco de vida, e tomam a decisão depois da mulher já ter dado à luz.
Aborto de feto com risco para a vida da mãe é uma questão já decidida no Brasil há eras. A questão do aborto do feto anencéfalo que não represente risco para a vida da mãe não se resolve sem lei (quando o aborto é criminalizado) nem aqui, MUITO MENOS nos sistemas
Common Law.
Olha, para isso seria preciso basicamente reformular completamente o Direito, Agnóstico.
A começar pela revisão dos honorários
Pode explicar?
e da imunidade.
Que imunidade?
Simples. Os profissionais de Direito são e esperam ser tratados como uma classe privilegiada.
De que privilégios Você está falando?
Quem espera ser tratado assim? Pode exemplificar?
A categoria inteira. Bem como a sociedade que prestigia essa distorção. Um bacharel em direito, seja como advogado seja como jurista, nunca poderá ser mais necessário ou importante para qualquer sociedade do que professores.
Um engenheiro de carros esportivos, um jogador de futebol, um especulador, um técnico em informática, até mesmo um médico, um apresentador de TV, um piloto de fómula 1...
nunca poderá ser mais necessário ou importante para qualquer sociedade do que professores.
No entanto o que se vê é uma mistificação do Direito, como se ele fosse algum tipo de missão sagrada.
Completa inversão de valores.
Não há mistificação do Direito, não há missão sagrada, há capitalismo, há oferta e procura.
A inversão de valores reside no capitalismo.