Ha limites no crescimento populacional, mesmo quando ainda existir grande área desabitada que seja (supostamente) aproveitável
Digo supostamente porque há fatores econômicos, políticos, logísticos, étnicos, etc, etc, a se considerar.
Fora que sem ilhas artificiais em grande numero, o oceano já está imundo. Imagina com elas...
Faça o seguinte exercício mental: Considere o Bangladesh, um país lotado, com uma das maiores densidades populacionais do mundo
Agora suponha que 80% dos Bangladeshis vá para o Canadá, a Austrália ou o Brasil, países de dimensões continentais e baixa densidade populacional
Para eles, essa diminuição seria um grande alívio e em temos numéricos, o acréscimo na densidade populacional não seria algo absurdo
nos 3 países-destino, pois que tem um grande área (note que não fiz os cálculos pra ter certeza) e suponha que as áreas geladas, desertos ou florestas
desses 3 pudessem se tornar habitáveis com engenharia em larga escala.
Agora, sendo prático, acha que algo assim seria viável, mesmo a médio/longo prazo? Duvido muito.
Imigrantes aos milhares já causam um problema, agora multiplique o numero por 1000 ou 10000.
Nem Canadenses, nem Australianos e nem nós concordaríamos com isso. Onde essas pessoas vão trabalhar?
Vão tirar nossos empregos? Onde vão morar? Quem são? Porque são estranhos, assim e assado, e não tem a
nossa religião, língua, costumes, etc?
Daí em diante todo mundo sabe o desfecho...
Fronteiras econômicas, etnicas e culturais são mais intransponíveis que qualquer geleira ou deserto.
E isso faz com que o ponto crítico do inchaço populacional esteja bem abaixo do que estaria se considerássemos
somente a densidade populacional do mundo e supusessemos que esta população pudesse ser remanejada
de uma tal forma a ficar distribuida de forma mais homogênea. As fronteiras que mencionei acima não deixariam
isso acontecer.
Me ocorreu que parte da miséria dos africanos pode ter origem nisto: em fronteiras que foram traçadas pelos
europeus, desrespeitando as que já existiam e colocando num mesmo teto etnias que não se bicam...
E esta fronteiras podem nem mesmo existir num mapa, como no caso dos Tutsis e Hutus em Rwanda
Num cenário assim, concordo com o Sr. Gorducho: as religiões só tem a lucrar.
A maioria funciona na base de promessas, salvamentos, curas, perdão.
Promessa de um mundo melhor aqui mesmo ou no além-túmulo.
Salvamento de entidade(s) maléficas, dos males do mundo, dos infiéis, ateus, etc.
Cura desse ou daquele mal. Perdão pelas merdas que fizeram, etc
Num mundo lotado, poluído, pobre e infeliz, isso é bem sedutor
(não para mim, prefiro a realidade nua, feia e crua que acreditar em promessas falsas
e me refugiar num mundo imaginário de conto de fadas - escolho a pílula vermelha sem pestanejar).
- Não dá uma escapadinha desse mundo cruel de vez em quando, fenrir? - Sim, não sou de ferro.
Mas para isto bastam um bom livro, série ou filme. E ainda tenho meus hobbies.
Já num mundo hipotético, com grande progresso material, ético e intelectual, essas promessas não tem mais interesse, pois que
não há mais nenhuma necessidade delas.
Salvamento de que? Não vemos nenhuma ameaça, nem real, nem imaginária.
Curas? A medicina já faz muito bem este papel, obrigado.
Perdão de que? Pessoas eticamente evoluídas não precisam de perdão nenhum, porque não
cometeriam tantas e tão graves faltas como nós e seriam mais maduras preferindo lidar com as consequências
de seus atos que ficar mendigando o perdão de sacerdotes ou deidades.
E quanto a DE (ou o cristianismo)? A adoção universal dela seria a coroação/apoteose dessa utopia?
Nem Pensar. Acho mais fácil aplicar uma força irresistível num objeto incapaz de ser movido...
Mas, pessimista que sou, acho que isto - a utopia irreligiosa - não vai acontecer.
Mais fácil a humanidade se extinguir.
Então tenho que continuar a conviver com coisas como a DE e a IURD.
Mas nada nem ninguem me tira o profano direito de blasfemar.
Nem mesmo uma deidade.