É irrelevante, economicamente, se a barreira é natural ou artificial, isto é, se ela é fruto da coerção de terceiros ou não. As consequencias contábeis para o feijoeiro serão as mesmas, não importa o motivo pelo qual o padeiro deixou de comprar o feijão dele.
Tem toda a relevância do mundo!
Quando não há NENHUMA barreira artificial, é bastante provável que SEMPRE sobre alguma atividade ou produto que as demais pessoas prefiram comprar na mão do ex-plantador de feijão do que produzirem por si mesmas.
A barreira artificial é algo que impede o sujeito de vender seus produtos a outros mesmo ele tendo mais vantagem comparativa na produção desse produto.
A consequência é que não fica mais "garantido" ao sujeito em questão achar alguma atividade cujos produtos ele consiga vender aos demais, pois mesmo ele tendo vantagem comparativa, não conseguirá vender seus produtos devido à barreira artificial.
Percebe?
Se um marginal ameaça todos os padeiros do bairro e os manda não comprar feijão de mim, ou os permite comprar apenas sob extorsão, cobrando uma certa porcentagem do valor do feijão, eu ainda não estarei melhor se decidir não comprar pão deles.
Se for apenas os padeiros, óbvio que sua renda não sofrerá um impacto tão grande. O problema é se a barreira for imposta à maioria dos seus clientes. Não é necessário dizer que você ficará sem renda e nem sequer precisará "decidir" se compra ou não pão, pois não teria dinheiro. Se em QUALQUER atividade que o nosso plantador de feijão tentar se empregar haver barreiras semelhantes, ele estará perdido. Só lhe restará produzir seus próprios bens de consumo (se tiver como).
As barreiras de importação que os países praticam têm exatamente esse efeito. Mercados gigantescos são tirados de vendedores mais competitivos com barreiras de importação.
"Se a maioria das pessoas (nem precisa ser todas) pararem de comprar o seu feijão por qualquer motivo, você simplesmente não terá dinheiro nenhum para comprar pão ou qualquer outra coisa dos demais. Automaticamente você deixará de comprar pão do padeiro por falta de dinheiro." Pois bem, seria bom explicar como esses meios de compra poderiam ser adquiridos por mim por outro meio que não começar a me empenhar em produzir coisas que eles demandam.
Claro que você poderá se empenhar em outra atividade que haja mais demanda DESDE que não haja barreiras artificiais contra a venda de seus produtos. Se houver tais barreiras, sua vantagem comparativa não lhe servirá de nada e você ficará sem renda de qualquer jeito.
Não consigo conceber como eu poderia adquirir tal renda desperdiçando parte de meu tempo para produzir aquilo que eles já sabem fazer melhor do que eu, em vez de eu usar este tempo para produzir outra coisa na qual eu tenha vantagem comparativa, como laranjas, por exemplo.
Aqui você está pressupondo que as pessoas pararam de comprar devido a não verem vantagem nisso. Está correto. Mas estávamos discutindo sobre a situação das pessoas pararem de comprar devido a barreiras artificiais, e não por acharem desvantajoso. Nesse caso, qualquer atividade que o sujeito fizesse, seja produzindo feijões ou laranjas, não encontraria compradores independente dele ter mais vantagem comparativa ou não.
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Perceba que tudo seria mais fácil se simplesmente se deixasse que os brasileiros desempregados do aço fossem absorvidos, com o tempo, em empregos em outras áreas nas quais realmente houvesse demanda por seus serviços, onde teriam maior vantagem comparativa,
Esqueceu que o Brasil parou de vender aço devido a uma barreira artificial?
Que história é essa de procurarem uma área onde "realmente haja demanda"? HÁ demanda por aço pelos americanos, e os brasileiros produzem esse aço MAIS BARATO. Eles TÊM mais vantagem comparatica que os americanos na produção de aço. Só não estão vendendo por causa da barreira artificial, esqueceu?
em vez de direcioná-los para uma área na qual não há demanda "genuína" por seus serviços.
Há demanda "genuína" por aço sim, e muita! E os brasileiros podem vendê-los mais baratos, mas são impedidos, Esqueceu?
Um empregado a mais na nova indústria das ferramentas, afinal, é um a menos em uma empresa de transportes, em um supermercado, na construção civil, etc.
KKKKKKKK... você faz emprego parecer algo tão fácil...
Obviamente os transportes, supermercados, etc já teriam suas vagas preenchidas. É muito difícil que estejam implorando por empregos, e que a indústria de ferramentas esteja "desviando" esses empregos. Nada disso. A indústria de ferramentas servirá para compensar uma grande perda de empregos SEM REPOSIÇÃO ocorrida com a indústria de aço, a não ser que os EUA dêem privilégios de importação a outros produtos brasileiros que compensem a perda com o aço, o que obviamente não ocorreria e, de qualquer maneira, seria mais contraproducente.
Fora que a nova indústria de ferramentas - que produz coisas que não precisam ser produzidas a não ser pela coerção do governo - provavelmente seria suplantada, cedo ou tarde, pela existente no exterior, apenas adiando aquilo que ocorreria hoje.
Como assim "não precisam ser produzidas"? É claro que os brasileiros precisam de ferramentas. A diferença é que antes compravam dos americanos (mais barato) e agora compram internamente (mais caro), da mesma forma que os americanos PRECISAM do aço e estão comprando internamente (mais caro) ao invés de comprar dos brasileiros (mais barato).
Resumindo, mesmo com todos os governos de todos os demais países do mundo impondo restrições na importação de aço por seus habitantes, o melhor para os habitantes de um país em particular será sempre não sofrer restrição alguma.
KKKKKKK... está brincando!
Imagine TODAS as atividades econômicas brasileiras sofrendo barreiras de importação no exterior (mesmo tendo vantagens comparativas) e TODAS as atividades econômicas estrangeiras sem nenhuma restrição de importação no mercado brasileiro. Imaginem...
TODAS as atividades brasileiras nas quais o Brasil tem menos vantagem comparativa seriam extintas. E a lista seria imensa!
Por outro lado, TODOS os produtos em que o Brasil têm vantagem comparativa seriam bloqueados no exterior, ou seja:
TODOS OS PRODUTOS QUE O BRASIL TEM VANTAGEM COMPARATIVA SÓ SERIAM VENDIDOS INTERNAMENTE, E OS DEMAIS NÃO CONSEGUIRIAM SER VENDIDOS.
Todas as atividades em que o Brasil tivesse mesmo 0,50 centavos de dólar de desvantagem comparativa em relação a QUALQUER país do mundo seriam extintas, todas as pessoas desempregadas!
Essas milhões de pessoas desempregadas teriam que, naturalmente, serem empregadas pelas aatividades em que o Brasil possui vantagens comparativas, mas COMO? Se os produtos brasileiros de maior vantagem comparativa estão sendo bloqueados no exterior?!
Não só esses milhões de empregados não seriam absorvidos pelas atividades de maior vantagem comparativam, como esta desempregaria também mais gente devido ao fato de não conseguir vender no exterior.
A única coisa que sobraria seriam as vendas internas dessas atividades de maior vantagem comparativa, mas como estaria o mercado consumidor brasileiro apos esses acontecimentos?
Usem a imaginação.
1 - DDV, economicamente,
é a mesma coisa para o feijoeiro se o padeiro deixou de comprar seus feijões porque ele acha que pode produzir sozinho, porque ele achou um outro produto que substitua pelo feijão, ou porque alguém o ameaça a não comprar. Afinal,
em qualquer caso eu terei que procurar outra atividade para me empenhar e obter os bens que ele produz.
2 - A situação altamente improvável que você supôs, isto é, um cenário onde qualquer produto que um brasileiro (ou do feijoeiro) possa produzir com vantagem comparativa estivesse sob bloqueio em todos os lugares do mundo (ou por todos os potenciais compradores do feijoeiro),
torna a força protecionista do estado completamente irrelevante. Se por
qualquer motivo imaginável ninguém mais quiser comprar de brasileiros, então paciência! Os brasileiros terão que viver em um sistema econômico completamente fechado, totalmente isolados do resto do mundo. A situação que você propôs é idistiguível disso. Os estrangeiros não poderiam
sequer vender as ferramentas, afinal, toda troca, como você deve saber, envolve a aquisição de algo que se valoriza mais por algo que se valoriza menos, do ponto de vista de cada parte. Eles trocarão as ferramentas lá produzidas pelo nosso dinheiro. Dinheiro esse que, para ter valor, em algum momento inescapavelmente terá de ser gasto em algo produzido aqui. Mas, como você propôs, qualquer coisa produzida por brasileiros sofreria barreiras.
Em suma, a situação que você propôs é completamente inválida para o que estamos discutindo. Ela é análoga a uma situação em que pessoas de um país estivessem isoladas de tal forma que
sequer existissem, do ponto de vista econômico, para as demais.
Dado que algo assim jamais acontece, sempre há uma área na qual o país que sofreu bloqueio de algum produto (ou o feijoeiro) posssa produzir algo que os estrangeiros (ou os potenciais compradores do feijoeiro) demandam.
3 - Você parece não ter pegado o ponto. Na situação proposta, não há
demanda verdadeira por fábricas de ferramentas no brasil, visto que elas não são fruto de uma carência de ferramentas. As ferramentas podem sempre ser adquiridas daqueles que as fabricam no exterior. Essa demanda por fábricas de ferramentas foi criada artificialmente pelo governo que impõe barreiras. Assim como não há demanda verdadeira de aciarias pelos americanos, visto que ela também fora, no exemplo, criada por uma barreira do governo. As ferramentas não precisam ser produzidas pois já o são pelos americanos, a não ser que o governo brasileiro imponha uma barreira sobre a compra delas.
E sigo repetindo: mesmo com todos os governos de todos os demais países do mundo impondo restrições na importação de aço por seus habitantes, o melhor para os habitantes de um país em particular será sempre não sofrer restrição alguma.