1- Você acha que os desempregados da indústria de aço acharão facilmente alguma colocação em alguma outra atividade.
Facilmente não. Se por acaso eu disse "facilmente" em algum momento (realmente não me lembro), então retiro. Repito o que disse no último post: facilmente absorvidos ou não, o que importa é que sejam aproveitados em alguma área onde produzam coisas que realmente sejam demandadas, e não coisas cuja demanda foi artificialmente criada por barreiras (ou seja, a demanda por
mais ferramentas).
Assim, o Brasil cria uma barreira de importação contra alguma dessas atividades (ferramentas, por exemplo), e os consumidores daqui passarão a comprar ferramentas daqui (um pouco mais caras) ao invés de importarem. Elas compram ferramentas um pouco mais caras em troca dos milhões de empregos e rendas que os ex-produtores de aço recuperam. Os empregos da produção de ferramentas que existiam nos EUA são transferidos para o Brasil.
[...]
Não. Essa indústria de aço será uma NOVA oportunidade de lucro para os empresários e de emprego/renda para milhões de pessoas. É uma oportunidade que não existia antes, pois a concorrência do aço brasileiro não permitia.
Você fala "os recursos investidos na indústria de aço americano seriam melhor utilizados se comprassem aço brasileiro com eles", que afirmação estranha! Os recursos dos empresários que investem na nova indústria de aço NÃO seriam todos usados para comprar aço como essa frase sua sugere, nem de longe. Esses recursos seriam usados para investirem em outras áreas mais lucrativas (caso existam).
O mais correto seria você dizer "Os recursos DOS CONSUMIDORES DE AÇO seriam melhor utilizados comprando aço brasileiro do que aço americano". Para as pessoas que participarão da produção de aço americana, é uma nova e ótima oportunidade de empregos, rendas e lucros.
Eu, sinceramnete, não vejo margem para outra interpretação no que eu disse. Tudo aquilo que está sendo gasto
a mais pelos americanos relacionado direta ou indiretamente com a nova indústria do aço americano estava, antes da imposição da barreira, disponível para que o consumidor americano gastasse em outras coisas que demanda.
Você segue se atendo apenas às "consequências visíveis" da adoção de uma determinada política. É claro que são criados muitos empregos com empreendimentos do estado - tanto aqueles em que o estado participa de forma indireta (criando barreiras para incentivar uma determinada indústria) quanto aqueles em que é o próprio estado o empreendedor. "Oh, veja: o estado impôs uma bareira para o aço/construiu um novo estádio e agora há muitas aciarias gerando empregos/há um grande estádio com pessoas trabalhando nele!" Já os efeitos negativos dessas medidas nunca são tão palpáveis, e por isso são tomados como inexistentes. Cada dólar/real gasto com esses empreendimentos é um dólar/real a menos gasto com as outras indústrias que produziriam coisas realmente demandadas, deixando de gerar emprego e renda
nelas.
Você está dizendo que os dólares que os consumidores de aço pagam a mais ao comprar aço seriam, na situação anterior, gastos comprando outras coisas de lá, é isso?
NADA MAIS ERRADO! Se agora eles gastam 100 dólares com aço americano, antes gastavam 90 dólares com aço brasileiro. 100-90 = 10, ou seja, antes eles tinham 10 dólares livres para gastar lá, agora gastam 100 dólares lá. Percebe?
Os empregos de lá agradecem e MUITO às barreiras contra o aço brasileiro!
(Os valores que coloquei são fictícios, só para ilustrar e exemplificar)
Novamente: a moeda de um país, para ter algum valor no estrangeiro, precisa necessariamente ser gasta, em algum momento, em algo produzido no país de origem. Foi por não perceber isso que fracassou completamente a sua tentativa de usar como argumento, anteriormente, a situação hipotética de um país que "não podia vender nada" para o resto do mundo, por causa de bloqueios sofridos em todas as áreas em que podia vender algo. Agora você torna a incorrer no mesmo erro.
Só a observação de algo tão básico já desmonta por completo a idéia por você apresentada de que "quanto mais dinheiro os habitantes de um país gastarem dentro dele (da forma como você diz) melhor".
Tente não tomar o dinheiro
a própria riqueza. Daí você observa o dinheiro sendo gasto lá fora e conclui que "a riqueza está indo embora", e que políticas de restrição são boas porque "mantém a riqueza aqui".
Tento isso em vista, não importa
onde o dinheiro dos habitantes de um país é gasto. O que importa é apenas que seja gasto
da forma mais eficiente possível, isto é, comprando coisas de qualquer um que possa oferecê-las por um preço menor.
E a conclusão inevitável disso tudo continua sendo a mesma: mesmo com todos os governos de todos os demais países do mundo impondo restrições na importação de um determinado produto por seus habitantes, o melhor para os habitantes de um país em particular será sempre não sofrer restrição alguma.