Autor Tópico: A Razão da não existência de Deus  (Lida 49941 vezes)

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Offline lusitano

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #475 Online: 03 de Janeiro de 2010, 11:45:59 »

Mussain:

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O que vc pode falar sobre a natureza exterior a nossa percepção que pode ser minimamente verificado de forma independente por qq pessoa?

Independentemente da natureza exterior, existir ou não e poder ser confirmada pelos mais diversos observadores, sem a sua experiência pessoal, que é algo interior, o exterior, não pode ser confirmado.

Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline lusitano

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #476 Online: 03 de Janeiro de 2010, 11:47:56 »
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FZapp:

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"Editor"
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- Garçom, tem uma mosca na minha sopa !
- Na verdade, sr, a sua percepção da natureza exterior é uma ilusão criada pelo seu cérebro para poder manter certa coerência perceptiva e assim reagir ao ambiente, porém não há 100 % de certeza dos objetos serem assim como interpretados.
- Mmm... bem, pode ser, mas e que tal essas asinhas batendo na colher?
- Mera ilusão perceptiva, sr
- Ilusão perceptiva vai ser sua gorjeta, seu safado ... :lol:

 :D :arrow: :ok: :arrow: :idea:

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Offline HFC

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #477 Online: 03 de Janeiro de 2010, 13:04:31 »
Acho que vc, lusitano, não percebeu que a afirmações sobre realidade exterior a nossa natureza imperceptíveis e indetectáveis (a qual daria apoio para a crença), e a de irrealismo da percepção natural, só funcionam como anedota.
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Offline FZapp

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #478 Online: 03 de Janeiro de 2010, 13:28:00 »
Pois é ! A piada perde a graça também se a explicam ! :lol:
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Offline lusitano

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #479 Online: 03 de Janeiro de 2010, 14:13:11 »
FZapp

Recapitulando... 1.ª forma.

Citar
Deus existe. Basta agora debater o que seria existência para o lusitano e para mim, por exemplo :?

A minha opinião já lhe dei... Agora dê a sua... :)
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Offline FZapp

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #480 Online: 03 de Janeiro de 2010, 14:18:00 »
Existência se dá no campo conceitual. Deuses, humanidade, humildade, liberdade, são conceitos.
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Offline lusitano

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #481 Online: 03 de Janeiro de 2010, 14:22:16 »
HFC

Citar
Acho que vc, lusitano, não percebeu que a afirmações sobre realidade exterior a nossa natureza imperceptíveis e indetectáveis (a qual daria apoio para a crença), e a de irrealismo da percepção natural, só funcionam como anedota. 

:| :arrow: :idea: :arrow: :?: Não devo ter percebido mesmo... E você percebeu?
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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #482 Online: 03 de Janeiro de 2010, 14:26:39 »
FZapp

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Existência se dá no campo conceitual. Deuses, humanidade, humildade, liberdade, são conceitos.

Então, o que é que existe como realidade?

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Offline FZapp

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #483 Online: 03 de Janeiro de 2010, 17:52:26 »
Você e eu, a grama do jardim e as formigas, o copo vazio e a garrafa de refri, o seu celular e o meu mouse, a bola de futebol, o pannetone, o chimarrão que estou tomando...
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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #484 Online: 03 de Janeiro de 2010, 19:26:20 »
FZapp

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"editor"

Citar
Então o que é que existe como realidade?

........................................................

Você e eu, a grama do jardim e as formigas, o copo vazio e a garrafa de refri, o seu celular e o meu mouse, a bola de futebol, o pannetone, o chimarrão que estou tomando...

Então existe pouca coisa... Não? Embora os diccionários, tenham milhares de palavras para definir e significar os mais variados conceitos. Ou será que fundamentalmente, só nós é que existimos? E todo o resto, é uma espécie de filme "tridimensional" projectado pelas nossas mentes? Dado que através das nossas imaginações, modelamos a "realidade", usando a mãos para criar toda a espécie de imagens objectivas... :arrow: :idea: :arrow: :)  
« Última modificação: 03 de Janeiro de 2010, 19:32:54 por lusitano »
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Offline Luiz Souto

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #485 Online: 03 de Janeiro de 2010, 19:46:18 »
Olha , não tive ânimo para ler todas as dezoito páginas prévias do tópico mas acho que do que li , tirando o descambamento no lerolerismo , sobra que a posição do Lusitano vêm de uma leitura algo simplista de Spinoza.

Admito que tenho má capacidade explicativa; todavia o meu ponto de vista, baseado num extracto da apresentação filosófica de Espinosa, é o seguinte:

“Toda a Natureza é Una; e Ela é Divina. Apesar Dela ser Tudo o que Há, e estar em todas as coisas, esta totalidade também deve ser entendida, como aquilo que convém compreender como Deus; e deve ser pensado como um sistema material de física e matemática.”

Em suma - só existe deus - em todas as formas possíveis e imaginárias, pessoais e impessoais; e a palavra que melhor o define é Natureza.

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Se o cerne da filosofia de Spinoza fosse apenas mudar o nome de Deus para Natureza sua refutação seria fácil e não estariam diversos filósofos e historiadores perdendo tempo a 400 anos com tal bobagem. Bastaria citar a refutação poética de outro lusitano pela voz de Alberto Caeiro:

Citar
(...)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
(...)

Fernando Pessoa , Há bastante metafísica em não pensar em nada

A questão é que Spinoza não muda o nome do seu objeto de análise de Deus para Natureza como forma de resolver a questão mas esta mudança é decorrência da resolução que ele propõe ao problema. E o problema é o dualismo cartesiano.
Descartes significa um ponto de inflexão na filosofia ocidental e seu método de dúvida racional , culminando no cogito ergo sum , rompe com o padrão de pensamento escolástico embora ainda use a terminologia deste. Utilizando apenas a razão , sem pressupostos anteriores ,  Descartes deduz a existência de Deus e que este cria duas substâncias distintas e incomensuráveis entre si : a matéria ( res extensa) e o pensamento ( res cogitans). Como se dá a relação entre a mente e o corpo se ambos são formados por substãncias distintas ? Para Descartes Deus é a causa desta união , a mente humana só pode atuar sobre a matéria porque esta ligação é mantida pelo poder divino ; este poder divino é que permite que os produtos da mente humana ( em especial na época , a matemática) possa se relacionar com o mundo material ( a equação puramente teórica da parábola corresponderá à trajetória do projetil).
Para Spinoza o sistema de Descartes é inaceitável por fazer a ordem do mundo derivar de um fator em última análise imprevisível que é a vontade de Deus , a ordem do Universo e suas leis poderiam ser outras se Deus quisesse e ele poderia mudá-las permitindo eventos milagrosos. Mas o que a Matemática e a Física mostram ao pensador do séc.XVII é que o Universo é mantido por relações regulares entre as forças , que não há aleatoriedade de uma vontade divina mas necessidade de relações causais.
O que Spinoza postula ( rompendo com o dualismo não só de Descartes mas  de toda a tradição desde Platão) é que só há uma substãncia possuidora de infinitos atributos , dos quais apenas o pensamento e a extensão são conhecidos dos seres humanos. A mente humana pode compreender o mundo material e análisá-lo não porque Deus faz a ligação entre ambos mas porque mente e matéria são aspectos diferentes de uma mesma coisa ; o Universo material é racional para nós e podemos vir a compreendê-lo porque nossa mente também é parte dele. Através de um racionalismo radical Spinoza instaura uma filosofia monista em que todo o Universo é uma única substãncia ( denominada indiferentemente Deus ou Natureza) cuja manifestação é a realidade e esta esta submetida a leis invariáveis e inexoráveis. Para Spinoza qualquer atribuição de vontade ou propósito à Deus/Natureza é uma ilusão dos sentidos humanos já que a Substãncia única está submetida ás suas própias leis. O estado atual do Universo é decorrência necessária e inexorável do estado anterior; se estou sentado digitando este post é porque todo o conjunto de causas pretéritas na formação da Terra levou necessariamente ao surgimento da espécie humana como tal. Para Spinoza não há livre-arbítrio ou aleatoriedade , apenas a incapacidade da mente humana em conseguir abarcar o conjunto dos fatores causais é que dá a ilusão de acaso.

Daí que o Deus de Spinoza não é um "Deus" no sentido usual e corrente do termo. As razões porque ele mantém a palavra e porque rejeitou veementemente a pecha de ateu é motivo de debate até hoje já que , objetivamente , o spinozismo é indistinguível do ateísmo. A razão possívelmente seja que o termo ateu no séc. XVII , além do teor negativo em termos de moral , estava ligado ao atomismo de Demócrito onde a causa do mundo era o movimento dos átomos e seu desvio devido a uma força aleatória ( clinamen) o que é inaceitável para Spinoza.
Portanto dar a Spinoza o título de panteísta é incorreto já que este termo significaria a divinização da natureza enquanto ele ultrapassa este nível e o supera: a Natureza é una.

Citação de: lusitano
Citação de: lusitano  em  Ontem às 20:11:59

Será que a natureza exterior à nossa percepção, existe independente da nossa consciência?

Responder não a esta pergunta funda o idealismo na sua forma mais radical.
Mas a atividade humana ( inclusive a sua participação neste forum) é baseada no fato de que o universo existe independente da mente humana individual que o percebe. Quando você cita a palestra do físico que fala sobre a interferência do observador sobre o fato observado na Física Quântica esquece que a Física ( e as ciências em geral) só existe pelo pressuposto de que a natureza exterior é independente de nossa mente.
E usar o Princípio da Indeterminação de Heisenberg para embasar um idealismo filosófico é uma canoa furada tão grande como querer usar a Teoria da Relatividade para embasar o relativismo moral: o que Heisenberg propôs foi uma explicação teórica para um fato observado em um campo determinado da ciência , extrapolá-lo para a realidade humana em geral cria apenas as confusões e lero-leros utilizados pelos esotéricos em geral.



- Garçom, tem uma mosca na minha sopa !
- Na verdade, sr, a sua percepção da natureza exterior é uma ilusão criada pelo seu cérebro para poder manter certa coerência perceptiva e assim reagir ao ambiente, porém não há 100 % de certeza dos objetos serem assim como interpretados.
- Mmm... bem, pode ser, mas e que tal essas asinhas batendo na colher ?
- Mera ilusão perceptiva, sr
- Ilusão perceptiva vai ser sua gorjeta, seu safado ...

:lol:
:rola:




Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Moro

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #486 Online: 03 de Janeiro de 2010, 20:33:06 »
Parabéns Luis, excelente texto. Ao invés de apelar ao bom senso, foi diretamente aos conceitos.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline lusitano

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #487 Online: 04 de Janeiro de 2010, 08:35:00 »
Luiz Souto

Excelente exposição a sua. :ok: Não há nada como encontrar alguém que sabe explicar-se :!: Todavia creio eu, que a tentação solipsista se mantém... :)

Entretanto - eu não me considero panteísta, ou naturalista - por interpretar mal Espinosa. Digamos, que ele me "ajudou" a reforçar a minha "crença".
« Última modificação: 04 de Janeiro de 2010, 08:41:06 por lusitano »
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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #488 Online: 11 de Janeiro de 2010, 16:05:42 »
FZapp
........
Editor

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oki-doki,...  então a natureza não existe?

Desconfio que o interpretei muito mal...:vergonha:

Em sua opinião, porque é que a Natureza não existiria? Se é que eu o estou perceber?

Citar
E a liberdade ? Existe ? Você já viu uma caminhando pela rua, talvez tomando um sorvete ? Ou quem sabe fumando crack?

E a Humanidade existe? Mmmm... então já viu o Mr Humanidade por aí, conversando com o povo ? Vestia terno ?

Desculpe-me, mas eu sou de compreensão lenta!!! :| Importa-se de esclarecer um pouco melhor, o seu estilo de filosofar?

« Última modificação: 13 de Janeiro de 2010, 11:32:27 por lusitano »
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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #489 Online: 12 de Janeiro de 2010, 09:07:16 »
Luiz Souto

...............
conselheiro

Citar
Portanto dar a Spinoza o título de panteísta é incorreto já que este termo significaria a divinização da natureza enquanto ele ultrapassa este nível e o supera: a Natureza é una.

O facto de Espinosa ser determinista, não implica que não seja "panteísta". Justamente porque a Natureza é una; e ele admitiu, que usar a palavra "Deus" ou Natureza, vai dar ao mesmo.

Citar
Será que a natureza exterior à nossa percepção, existe independente da nossa consciência?

................................................

Responder não a esta pergunta funda o idealismo na sua forma mais radical.
Mas a atividade humana ( inclusive a sua participação neste forum) é baseada no fato de que o universo existe independente da mente humana individual que o percebe.

Quando você cita a palestra do físico que fala sobre a interferência do observador sobre o fato observado na Física Quântica esquece que a Física ( e as ciências em geral) só existe pelo pressuposto de que a natureza exterior é independente de nossa mente.

Portanto - o facto da Natureza exterior, existir independente das nossas consciências - provavelmente, é uma suposição baseada numa ilusão colectiva. O que na realidade acontece de facto, é que os cientistas, partindo dessa persistente aparência, compararam as suas "evidências anedóticas" pessoais, e todos concordam entre si, que o melhor consenso, é concluir inabalavelmente que evidentemente, existe uma Natureza independente das nossas consciências. E que isso, é que é de facto, uma forma de pensar cientificamente genuína e matematicamente rigorosa. :arrow: :idea:

« Última modificação: 12 de Janeiro de 2010, 09:26:38 por lusitano »
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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #490 Online: 13 de Janeiro de 2010, 11:13:58 »
Caríssimos:

Permitam que vos apresente um dos meus advogados filosóficos.

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Princípios da Filosofia do Futuro/I

Wikisource, a biblioteca livre

........................................................... .........

Princípio 1: A tarefa dos tempos modernos foi a realização e a humanização de Deus – a transformação e a resolução da teologia na antropologia.

Princípio 2: O modo religioso ou prático desta humanização foi o Protestantismo. O Deus que é o homem, portanto o Deus humano, isto é, Cristo – é apenas o Deus do Protestantismo. O Protestantismo já não se preocupa, como o Catolicismo, com o que Deus é em si mesmo, mas apenas com o que Ele é para o homem; por isso, já não tem como aquele nenhuma tendência especulativa ou contemplativa; já não é teologia – é essencialmente só cristologia, isto é, antropologia religiosa.

Princípio 3: O Protestantismo, no entanto, negava o Deus em si ou Deus como Deus – pois só o Deus em si é verdadeiramente Deus – de um modo puramente prático; no plano teórico, deixava-o subsistir. Ele é; mas não é só para o homem, isto é, para o homem religioso – que Deus é um ser ultramundano, um ser que só algum dia se tornará objeto para o homem no céu. Mas o além da religião é o lado de cá da filosofia; a inexistência de objeto para a primeira constitui justamente o objeto da segunda.

Princípio 4: A elaboração, a resolução racional ou teorética do Deus que para a religião é transcendente e inobjetivo é a filosofia especulativa.

Princípio 5: A essência da filosofia especulativa nada mais é do que a essência de Deus racionalizada, realizada e atualizada. A filosofia especulativa é a teologia verdadeira, consequente, racional.

Princípio 6: Deus enquanto Deus – como ser espiritual ou abstrato, isto é, não humano, não sensível, acessível e objetivo só para a razão ou para a inteligência, nada mais é do que a essência da própria razão; mas esta é representada pela teologia comum ou pelo teísmo mediante a imaginação como um ser autônomo, diferente, distinto da razão. É pois uma necessidade interna, sagrada, que com a razão se identifique finalmente a essência da razão distinta da razão; portanto, que se reconheça, realize e atualize o ser divino como a essência da razão. Nesta necessidade se funda o grande significado histórico da filosofia especulativa.

A prova de que o ser divino é a essência da razão ou da inteligência reside em que as determinações ou propriedades de Deus – tanto quanto naturalmente estas são racionais ou espirituais – não são determinações da sensibilidade ou da imaginação, mas propriedades da razão.

“Deus é o ser infinito, o ser sem quaisquer limitações.” Mas se Deus não tem fronteiras ou limites, também a razão não tem quaisquer fronteiras. Se, por exemplo, Deus é um ser que se eleva acima das fronteiras da sensibilidade, também a razão igualmente o é. Quem não pode pensar nenhuma outra existência a não ser a sensível, quem, pois, possui uma razão limitada pela sensibilidade, possui por isso mesmo também um Deus limitado pela sensibilidade. A razão que pensa Deus como um ser ilimitado pensa em Deus apenas a sua própria ilimitação. O que para a razão é o ser divino é também para ela o ser verdadeiramente racional – isto é, a essência que corresponde perfeitamente à razão e, por isso mesmo, a satisfaz. Mas aquilo em que um ser se satisfaz nada mais é do que a sua essência objetiva. Quem se compraz num poeta é ele próprio uma natureza poética; e quem acha complacência num filósofo é ele próprio uma natureza filosófica e só esta satisfação torna objetiva a sua natureza para ele e para o outro. Mas a razão “não se detém nas coisas sensíveis, finitas; só se satisfaz no ser infinito” – por conseguinte, só neste ser é que se descortina a essência da razão.

“Deus é o ser necessário.” Mas esta sua necessidade funda-se no fato de que ele é um ser racional e inteligente. O mundo, a matéria, não tem em si o fundamento de por que é que existe e é assim como é; é-lhe de todo indiferente ser ou não ser, ser assim ou de outro modo.[1]

Pressupõe, pois, necessariamente como causa um outro ser e, claro está, um ser inteligente, autoconsciente e que age segundo razões e fins. Pois se a este outro ser se negar a inteligência surge de novo a questão pelo seu fundamento. A necessidade do Ser primeiro e supremo funda-se, portanto, no pressuposto de que só o intelecto é o ser supremo e primeiro, o ser necessário e verdadeiro. Assim como em geral as determinações metafísicas ou ontoteológicas só têm verdade e realidade quando se reconduzem às determinações psicológicas ou, antes, antropológicas, assim também a necessidade do Ser divino na antiga metafísica ou ontoteologia só tem sentido e intelecto, verdade e realidade, na determinação psicológica ou antropológica de Deus como ser inteligente. O Ser necessário é o ser que necessariamente se deve pensar e absolutamente afirmar, o ser que de nenhum modo se pode negar ou eliminar; mas apenas como um ser que a si mesmo se pensa. Por conseguinte, no ser necessário, a razão prova e ostenta apenas a sua própria necessidade e realidade.

“Deus é o ser incondicionado, universal – Deus não é isto e aquilo – imutável, eterno ou intemporal.” Mas a incondicionalidade, a imutabilidade, a eternidade e a universalidade são também, segundo o próprio juízo da teologia metafísica, propriedades das verdades ou leis racionais, portanto propriedades da própria razão; que são, pois, as verdades racionais, imutáveis, universais, incondicionais, sempre e em toda a parte válidas, a não ser expressões da essência da razão?

“Deus é o ser independente, autônomo, que não precisa de nenhum outro ser para a sua existência e, por conseguinte, existe a partir de si e por si mesmo.” Mas também esta determinação metafísica abstrata só tem sentido e realidade como uma definição da essência do entendimento e enuncia apenas que Deus é um ser pensante e inteligente ou, inversamente, só o ser pensante é divino. Com efeito, só um ser sensível precisa de outras coisas fora dele para a sua existência. Eu preciso de ar para respirar, de água para beber, de luz para ver, de substâncias vegetais e animais para comer; mas de nada preciso, pelo menos imediatamente, para pensar. É-me impossível pensar um ser que respira sem ar, um ser que vê sem luz, mas posso pensar isoladamente para si o ser pensante. O ser que respira refere-se necessariamente a um ser a ele exterior; tem o seu ser essencial, graças ao qual é o que é, fora de si; mas o ser pensante refere-se a si mesmo, é o seu próprio objeto, tem a sua essência em si mesmo, é o que é, graças a si próprio.

Princípio 7: O que no teísmo é objeto é, na filosofia especulativa, sujeito; o que além é essência unicamente pensada e representada da razão é, aqui, a essência pensante da própria razão.

O teísta representa para si Deus como um ser pessoal existindo fora da razão, fora do homem em geral – pensa como sujeito acerca de Deus enquanto objeto. Pensa Deus como um ser que, segundo a sua representação, é um ser espiritual, não sensível, mas que, segundo a existência, isto é, segundo a verdade, é um ser sensível; pois, a característica essencial de uma existência objetiva, de uma existência fora do pensamento ou da representação, é a sensibilidade. Diferencia de si Deus no mesmo sentido em que distingue as coisas e os seres sensíveis como existindo fora dele; em suma, pensa Deus do ponto de vista da sensibilidade. O teólogo ou filósofo especulativo, pelo contrário, pensa Deus do ponto de vista do pensamento; por isso, não interpõe entre si e Deus a representação incômoda de um ser sensível; identifica assim, sem mais, o ser objetivo e pensado com o ser subjetivo e pensante.

A necessidade interna de que Deus, de um objeto do homem, se transforme em sujeito, em eu pensante do homem, deriva do que já se disse mais ou menos nestes termos: Deus é objeto do homem e só do homem, não do animal. Mas o que um ser é só se conhece a partir do seu objeto; o objeto a que necessariamente se refere um ser nada mais é do que a sua essência revelada. Assim, o objeto dos animais vegetarianos é a planta; é por este objeto que eles se distinguem essencialmente dos outros animais, os carnívoros. O objeto do olho é a luz, não o som, nem o odor. É porém no objeto do olho que se torna manifesta a sua essência. É, pois, a mesma coisa não ver ou não ter olhos. Por conseguinte, também na vida designamos as coisas e os seres apenas segundo os seus objetos. O olho é o “órgão da luz”. O que trabalha a terra é um camponês; quem tem a caça por objeto da sua atividade é um caçador; quem apanha peixes é um pescador, e assim por diante. Se, pois, Deus tal como é, necessária e essencialmente – é um objeto do homem, então na essência desse objeto exprime-se apenas a própria essência do homem. Imagina tu que, diante dos olhos de um ser pensante que vive noutro planeta ou cometa, se põem alguns parágrafos de uma dogmática cristã, que tratam do ser de Deus. Que concluiria um tal ser a partir desses parágrafos? Porventura a existência de um Deus, no sentido de dogmática cristã? Não! Concluiria apenas que existem seres pensantes na terra; descobriria nas definições que os habitantes da terra dão do seu Deus apenas definições da sua própria essência. Por exemplo, na definição – Deus é um espírito – apenas a prova e a expressão do seu próprio espírito; em suma, concluiria da essência e das propriedades do objeto para a essência e as propriedades do sujeito, e com plena razão; pois a distinção entre o que o objeto é em si mesmo e o que ele é para o homem não se enquadra nesse objeto. Essa distinção só é legítima no caso de um objeto que é dado de modo imediatamente sensível e, por isso mesmo, é também dado a outros seres exteriores ao homem. A luz não está aí só para o homem, afeta também os animais e igualmente as plantas e ainda as matérias inorgânicas: é um ser universal. Para experimentar o que é a luz, consideramos, pois, não apenas as impressões e os efeitos da mesma em nós, mas também noutros seres diferentes de nós. Por isso, aqui está necessária e objetivamente fundada a distinção entre o objeto em si mesmo e o objeto para nós, a saber, entre o objeto na realidade e o objeto no nosso pensamento e representação. Mas Deus é apenas um objeto do homem. Os animais e as estrelas glorificam Deus só na interpretação do homem. É, pois, inerente à essência do próprio Deus não ser objeto para qualquer outro ser fora do homem, ser um objeto especificamente humano, um segredo do homem. Mas, se Deus é tão-só um objeto do homem, que é que se nos revela na essência de Deus? Nada mais do que a essência do homem. Aquele para quem o Ser supremo é objeto é ele próprio o ser supremo. Quanto mais para os animais o homem for objeto, tanto mais eles se elevam, tanto mais se aproximam do homem. Um animal para o qual o objeto fosse o homem enquanto homem, o ser humano autêntico, já não seria nenhum animal, mas o próprio homem. Só seres de igual valor são objeto uns para os outros e, decerto, tais como são em si. A consciência do teísmo apreende também certamente a identidade do Ser divino e do ser humano; mas, porque ele, situando embora a essência de Deus no espírito, o representa ao mesmo tempo como um ser sensível e que existe fora do homem, também esta identidade é para ele objeto só como identidade sensível, como semelhança ou parentesco. Parentesco exprime o mesmo que identidade; mas a ele está simultaneamente associada a representação sensível de que os seres aparentados são dois seres independentes, isto é, sensíveis e exteriores um ao outro na sua existência.

Princípio 8: A teologia ordinária faz do ponto de vista do homem o ponto de vista de Deus; pelo contrário, a teologia especulativa faz do ponto de vista de Deus o ponto de vista do homem, ou antes, do pensador.

Deus, para a teologia comum, é objeto e, sem dúvida, como qualquer outro objeto sensível; mas, ao mesmo tempo, é para ela sujeito e, sem dúvida, sujeito exatamente como o sujeito humano; Deus produz coisas fora de si, tem relações consigo mesmo e com os outros seres fora dele existentes. Ama e pensa-se a si mesmo e, simultaneamente, também os outros seres; em suma, o homem faz dos seus pensamentos e até dos seus afetos pensamentos e afetos de Deus; faz da sua essência e do seu ponto de vista a essência e o ponto de vista de Deus. Mas a teologia especulativa vira tudo ao contrário. Por isso, na teologia ordinária, Deus é uma contradição consigo mesmo; deve ser um ser não humano, um ser supra-humano; mas, efetivamente, é um ser humano segundo todas as suas determinações. Na teologia ou filosofia especulativas, pelo contrário, Deus é uma contradição com o homem: deve ser a essência do homem – pelo menos, da razão – e no entanto é, na verdade, um ser não humano, um ser supra-humano, ou seja, abstrato. Na teologia ordinária, o Deus supra-humano é somente uma flor de retórica edificante, uma representação, um brinquedo da fantasia; na filosofia especulativa, pelo contrário, é verdade e coisa terrivelmente séria. A contradição violenta com que a filosofia especulativa deparou deve-se apenas ao fato de ela ter feito do Deus que no teísmo é apenas um ser da fantasia, um ser longínquo, indeterminado e nebuloso, um ser presente e determinado, e ter assim destruído o encantamento ilusório que um ser longínquo possui na bruma azulada da representação. Os teístas irritaram-se, porque a lógica, segundo Hegel, é a representação de Deus na sua essência eterna, pré-mundana, e porque trata, por exemplo na doutrina da quantidade, da grandeza extensiva e intensiva das frações, das potências, das relações de medida etc. Como, clamaram eles horrorizados, é que este Deus pode ser o nosso Deus? E, contudo, o que é Ele senão apenas o Deus do teísmo tirado da névoa da representação indeterminada para a luz do pensamento determinante, o Deus do teísmo tomado, por assim dizer, à letra, que tudo criou e ordenou com medida, número e peso? Se Deus tudo ordenou e criou com número e medida, então a medida e o número, antes de se realizarem nas coisas extradivinas, já estavam contidas e ainda hoje o estão no entendimento e, por conseguinte, na essência de Deus – entre o entendimento de Deus e a sua essência não há, pois, diferença alguma – não pertencerá também a matemática aos mistérios da teologia? Sem dúvida, a aparência de um ser na imaginação e na representação é inteiramente diferente da que tem na verdade e na realidade; não admira que os que se determinam apenas pelo exterior, pela aparência, tomem o único e mesmo ser como dois seres inteiramente diferentes.

Princípio 9: As propriedades ou predicados essenciais do Ser divino são as propriedades ou predicados essenciais da filosofia especulativa.

Princípio 10: Deus é espírito puro, ser puro, pura atividade – actus purus – sem paixões, sem determinações a partir de fora, sem sensibilidade, sem matéria. A filosofia especulativa é este espírito puro, esta pura atividade, realizada como ato de pensar – o Ser absoluto como pensamento absoluto.

Assim como outrora a abstração de todo o sensível e material foi a condição necessária da teologia, assim ela foi também a condição necessária da filosofia especulativa; só com a diferença de que a abstração da teologia, por ter apresentado o seu objeto, embora obtido por abstração, sob a forma de um ser sensível, era uma abstração por assim dizer sensível, ao passo que a abstração da filosofia especulativa é uma abstração espiritual e pensada, e só tem um significado científico ou teorético, não prático. O começo da filosofia cartesiana, a abstração da sensibilidade e da matéria é o começo da filosofia especulativa moderna. Mas Descartes e Leibniz consideravam esta abstração apenas como uma condição subjetiva para conhecer o Ser divino imaterial; representavam para si a imaterialidade de Deus como uma propriedade objetiva, independente da abstração e do pensamento; permaneciam ainda no ponto de vista do teísmo, faziam do ser imaterial apenas objeto e não sujeito, não o princípio ativo, nem a essência real da própria filosofia. Sem dúvida, também em Descartes e em Leibniz é Deus o princípio da filosofia; mas só enquanto objeto distinto do pensamento – por isso, só o princípio em geral, apenas na representação, não na realidade e na verdade. Deus é unicamente a causa primeira e universal da matéria, do movimento e da atividade; mas os movimentos e as atividades particulares, as coisas materiais determinadas e reais consideram-se e conhecem-se independentemente de Deus. Leibniz e Descartes são idealistas só no universal, mas na ordem do particular são materialistas. Só Deus é o idealista consequente, integral e verdadeiro, pois só ele representa para si todas as coisas sem obscuridade, isto é, no sentido da filosofia leibniziana, sem o auxílio dos sentidos e da imaginação. Ele é entendimento puro, ou seja, separado de toda a sensibilidade e materialidade; por conseguinte, para ele, as coisas materiais são puros seres inteligíveis, puros pensamentos; para ele não existe, em geral, matéria alguma, pois esta baseia-se apenas em representações obscuras, isto é, sensíveis. No entanto, em Leibniz, o homem também já tem em si uma boa porção de idealismo – como seria possível representar para si um ser imaterial sem uma faculdade imaterial e, por conseguinte, sem ter representações imateriais? – porque, além dos sentidos e da imaginação, ele possuí entendimento e o entendimento é justamente um ser imaterial, puro, porque pensante; só que o entendimento do homem não é perfeitamente puro, não é puro quanto à imensidade e infinidade como o entendimento ou o Ser divino. O homem, respectivamente este homem, Leibniz, é pois um idealista parcial, mitigado, e só Deus é um idealista integral, só Deus o “sábio perfeito”, como expressamente Wolf o chamou; isto é, Deus é a ideia do idealismo acabado e levado até ao fim do seu princípio específico, a ideia do idealismo absoluto da futura filosofia especulativa. Com efeito, que é o entendimento, que é a essência de Deus em geral? Nada mais do que o entendimento e a essência do homem separado das determinações que, sejam elas reais ou imaginárias, constituem, num momento dado, os limites do homem. Quem não tem o entendimento cortado dos sentidos e não considera os sentidos como limitações também não representa para si como o entendimento mais elevado e verdadeiro o entendimento privado dos sentidos. Mas que é a ideia de uma coisa a não ser a sua essência purificada das limitações e obscuridades em que incorre na realidade efetiva, onde se encontra em relação com as outras coisas? Assim, segundo Leibniz, o limite do entendimento humano reside em ele estar afeto ao materialismo, isto é, a representações obscuras; por seu turno, as representações obscuras surgem apenas em virtude de o ser humano se encontrar em relação com os outros seres, com o mundo em geral. Mas semelhante conexão não pertence à essência do entendimento; está, antes, em contradição com o mesmo, pois em si mesmo, na ideia, ele é um ser imaterial, ou seja, existe para si mesmo, é um ser isolado. E esta ideia, portanto este entendimento purificado de todas as representações materialistas, é justamente o entendimento divino. Mas o que em Leibniz era apenas ideia tornou-se verdade e realidade efetiva na filosofia ulterior. O idealismo absoluto nada mais é do que o entendimento divino realizado do teísmo leibniziano, o entendimento puro, sistematicamente levado a efeito, que despoja todas as coisas da sua sensibilidade, as transforma em puros seres inteligíveis, em coisas imaginárias, que não se contamina com algo de estranho e apenas se ocupa de si mesmo enquanto ser dos seres.

Nota:
É evidente que aqui, como em todos os parágrafos que envolvem e dizem respeito a temas históricos, eu falo e argumento não no meu sentido, mas no sentido do objeto invocado; portanto, aqui, no sentido do teísmo.
« Última modificação: 13 de Janeiro de 2010, 11:25:22 por lusitano »
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #491 Online: 13 de Janeiro de 2010, 11:19:52 »
Continuação:

Princípio 11: Deus é um ser pensante; mas os objetos que ele pensa e em si concebe não são, tal como o seu entendimento, distintos do seu ser; por isso, ao pensar as coisas, apenas a si mesmo se pensa, permanece, pois, em unidade ininterrupta consigo mesmo. Mas esta unidade do pensante e do pensado é o segredo do pensamento especulativo.

Assim, por exemplo, na lógica hegeliana, os objetos do pensar não são diferentes da essência do pensar. O pensar está aqui numa unidade ininterrupta consigo mesmo. Os seus objetos são apenas determinações do pensar, mergulham puramente no pensamento, nada têm para si que permaneça fora do pensar. Mas o que se passa com a essência da lógica verifica-se também com a essência de Deus. Deus é um ser espiritual e abstrato; mas é ao mesmo tempo o ser dos seres, que engloba em si todos os seres e, claro, na unidade com esta sua essência abstrata. Mas o que são os seres idênticos a um ser abstrato e espiritual? Em si mesmos, apenas seres abstratos – pensamentos. As coisas tal como são em Deus não são como são fora de Deus; pelo contrário, são tão diversas das coisas reais como as coisas, enquanto objeto da lógica, se distinguem das coisas enquanto objeto da intuição real. A que se reduz, pois, a diferença entre o pensar divino e o pensar metafísico? Apenas a uma diferença de imaginação, à diferença entre o pensar apenas representado e o pensar real.

Princípio 12: A diferença que existe entre o saber ou o pensar de Deus que, como arquétipo, precede as coisas e as cria e o saber do homem que, como cópia, se segue às coisas, nada mais é do que a diferença entre saber a priori ou especulativo e o saber a posteriori ou empírico.

O teísmo, embora conceba Deus como pensante ou espiritual, representa-o para si ao mesmo tempo como um ser sensível. Por conseguinte, ao pensar e à vontade de Deus associa imediatamente efeitos sensíveis, materiais – efeitos que estão em contradição com a essência do pensamento e da vontade, que nada mais exprimem do que o poder da natureza. Um tal efeito material – por conseguinte, uma simples expressão do poder sensível – é, acima de tudo, a criação ou a produção de um mundo real, material. A teologia especulativa, pelo contrário, transforma este ato sensível, que contradiz a essência do pensamento, num ato lógico ou teórico, transmuta a produção material do objeto em criação especulativa a partir do conceito. No teísmo, o mundo é um produto temporal de Deus – o mundo existe desde há alguns milhares de anos e, antes de ele ser gerado, Deus existia; pelo contrário, na teologia especulativa, o mundo ou a natureza existe depois de Deus, só segundo a ordem, segundo a importância: o acidente pressupõe a substância, a natureza pressupõe a lógica; segundo o conceito, mas não segundo a existência sensível, portanto não segundo o tempo.

No entanto, o teísmo transfere para Deus não só o saber especulativo, mas também o saber sensível e empírico e, claro está, na sua mais elevada realização. Mas assim como o saber pré-mundano, pré-objetal de Deus encontrou a sua realização, a sua verdade e realidade no saber a priori da filosofia especulativa, assim também o saber sensível de Deus encontrou a sua realização, a sua verdade e a sua realidade nas ciências empíricas da época moderna. O saber sensível mais perfeito, e portanto divino, nada mais é do que o saber plenamente sensível, o saber dos mais ínfimos pormenores e das particularidades menos perceptíveis – “Deus é Onisciente”, diz S. Tomás de Aquino, “porque conhece as mínimas coisas” – o saber que não abarca indistintamente, num tufo, os cabelos da cabeça de um homem, mas os conta e os conhece a todos um a um. Mas este saber divino que, na teologia, é apenas uma representação, uma fantasia, tornou-se um saber racional efetivo, um saber telescópico e microscópico da ciência natural. A ciência contou as estrelas do céu, os ovos nos corpos dos peixes e das borboletas, os pontos nas asas dos insetos para os distinguir uns dos outros; só na lagarta do bicho-da-seda dos salgueiros ela demonstrou anatomicamente a existência de 288 músculos na cabeça, de 1647 músculos no corpo, 2186 músculos no estômago e nos intestinos. Que mais se pretende ainda? Temos, pois, aqui um exemplo concreto da verdade de que a representação humana de Deus é a representação que um indivíduo humano para si faz do seu gênero, de que Deus, enquanto totalidade de todas as realidades ou perfeições, nada mais é do que a totalidade sinoticamente compendiada para uso do indivíduo limitado, das propriedades do gênero repartidas entre os homens e que se realizam no decurso da história mundial. O domínio das ciências naturais é, segundo o seu âmbito quantitativo, de todo inabarcável para um homem isolado. Quem pode ao mesmo tempo contar as estrelas do céu e os músculos e nervos do corpo da lagarta? Lyonet perdeu a vista à força de estudar a anatomia da lagarta do salgueiro. Quem pode ao mesmo tempo observar as diferenças que existem entre os cumes e os abismos da Lua e as diferenças que existem entre as inúmeras amonitas e terebrátulas? Mas o que o homem isolado não sabe nem pode sabem-no e conseguem-no os homens em conjunto. Assim, o saber divino que conhece ao mesmo tempo todas as singularidades tem a sua realidade no saber da espécie.

O que se passa com a onisciência divina passa-se também com a onipresença divina, que também se realizou no homem. Enquanto um determinado homem observa o que ocorre na Lua ou em Urano, outro observa Vênus ou as vísceras da lagarta, ou qualquer outro lugar onde, até então, sob o domínio do Deus onisciente e onipresente nenhum olhar humano penetrara. Sim, enquanto o homem observa esta estrela do ponto de vista da Europa, observa simultaneamente a mesma estrela do ponto de vista da América. O que é absolutamente impossível a um homem só, é possível a dois. Mas Deus está ao mesmo tempo em todos, em todos os lugares, onisciência ou onipresença só existe na representação, na imaginação e, por conseguinte, não se deve passar por alto a importante distinção já várias vezes mencionada entre a coisa apenas imaginada e a coisa real. Na imaginação podem, sem dúvida, abarcar-se com um só olhar os 4059 músculos de uma lagarta, mas na realidade em que eles existem numa exterioridade recíproca só podem ver-se um após o outro. Assim também um indivíduo limitado pode representar para si, na sua imaginação, o âmbito do saber humano como limitado; mas se quisesse realmente apropriar-se desse saber, jamais chegaria alguma vez ao seu termo. Tomemos como exemplo uma só ciência, a História, e decomponhamos pelo pensamento a história mundial na história dos países particulares, esta na história de cada província e, por seu turno, esta nas crônicas das cidades e as crônicas das cidades nas histórias das famílias, nas biografias. Como é que alguma vez um homem singular chegaria ao ponto em que pudesse clamar: eis-me aqui no termo do saber histórico da humanidade! Assim também o tempo da nossa vida, tanto o passado como o futuro possível, por mais que conseguíssemos prolongá-lo, nos aparece, à luz da imaginação, extraordinariamente curto e é por isso que, nos momentos de tal imaginação, nos sentimos forçados a completar esta brevidade evanescente aos olhos da nossa imaginação por uma vida imensa e sem fim após a morte. Mas como pode ser longo, na realidade, um só dia e até uma só hora! Donde provém esta diferença? Nasce do fato de o tempo da representação ser o tempo vazio, portanto, nada entre o ponto inicial e o ponto final do nosso cálculo; mas o tempo da vida real é o tempo cheio, onde montanhas de dificuldades de toda a espécie separam o agora do instante seguinte.

Princípio 13: A absoluta ausência de pressupostos – o início da filosofia especulativa – nada mais é do que a ausência de pressupostos e de começo, a asseidade do ser divino. A teologia distingue em Deus propriedades ativas e propriedades passivas, mas a filosofia transforma também as propriedades passivas em ativas – transforma todo o ser de Deus em atividade, mas em atividade humana. Isto vale igualmente para o predicado deste parágrafo. A filosofia nada pressupõe – isto quer simplesmente dizer: abstrai de todos os objetos imediatos, isto é, fornecidos pelos sentidos, distintos do pensamento, em suma, de tudo aquilo de que se pode abstrair sem cessar de pensar e faz deste ato de abstração de toda a objetalidade o seu próprio começo. Mas que outra coisa é, então, o Ser absoluto senão o ser a que nada se pressupõe, a que nenhuma coisa é dada e necessária fora dele, o ser abstraído de todos os objetos, de todas as coisas sensíveis dele distintas e inseparáveis, portanto o ser que o homem pode tomar como objeto só mediante a abstração destas mesmas coisas? Se queres chegar a Deus deves libertar-te a ti mesmo de tudo aquilo de que Deus é livre e, por isso, só te libertas realmente quando para ti o representas. Se, pois, pensas em Deus como num ser sem a pressuposição de qualquer outro ser ou objeto, então pensas em ti mesmo sem a pressuposição de um objeto exterior; a propriedade que transferes para Deus é uma propriedade do teu pensamento. Só que, no homem, é agir o que em Deus é ser ou o que, como tal, é representado. Por conseguinte, que é o Eu de Fichte que diz – “sou simplesmente porque sou” –, que é o pensamento puro e sem pressupostos de Hegel senão o ser divino da antiga teologia e metafísica, transformado em essência atual, ativa e pensante do homem?

Princípio 14: Como realização de Deus, a filosofia especulativa é simultaneamente a posição e a supressão ou negação de Deus; simultaneamente teísmo e ateísmo: pois Deus só é Deus – Deus no sentido da teologia – enquanto é representado como um ser autônomo distinto do ser do homem e da natureza. O teísmo que, enquanto posição de Deus, é ao mesmo tempo a negação de Deus ou, inversamente, enquanto negação de Deus é simultaneamente a sua afirmação, é o panteísmo. O teísmo genuíno ou teológico, porém, nada mais é do que o panteísmo imaginário, e este nada mais é do que o teísmo verdadeiro e real.

O que separa o teísmo do panteísmo é apenas a imaginação, a representação de Deus como ser pessoal. Todas as determinações de Deus – e Deus é necessariamente determinado, de outro modo é nada, e não será objeto de uma representação – são determinações da realidade, ou da natureza, ou do homem, ou dos dois conjuntamente. Por isso, determinações panteístas; pois, tudo o que não distingue Deus da natureza ou do homem é panteísmo. Portanto, só segundo a sua personalidade ou existência, mas não segundo as suas determinações, ou segundo o seu ser, é que Deus é distinto do mundo, da totalidade da natureza e da humanidade: ou seja, só é um ser diferente, enquanto representado, mas na verdade não é nenhum outro ser. O teísmo é a contradição entre a aparência e a essência, a representação e a verdade; o panteísmo é a unidade de ambos – o panteísmo é a verdade nua do teísmo. Quando se olham de frente e se tomam a sério, quando se levam até ao fim e se realizam, todas as representações do teísmo conduzem necessariamente ao panteísmo. O panteísmo é o teísmo consequente. O teísmo pensa para si Deus como a causa, mas como uma causa viva, pessoal, como o criador do mundo: Deus produziu o mundo pela sua vontade. Mas a vontade não basta. Onde existe a vontade deve também existir o entendimento: aquilo que se quer é apenas mister do entendimento. Sem entendimento, não há objeto algum. As coisas que Deus criou estavam portanto em Deus antes da sua criação, como objetos do seu entendimento, como seres inteligíveis. O entendimento de Deus é, segundo a teologia, o cúmulo de todas as coisas e essencialidades. De outro modo, donde têm surgido a não ser do nada? E é indiferente se representas autonomamente para ti este nada na tua imaginação ou se o transferes para Deus. Mas Deus contém ou é tudo só no modo ideal, no modo da representação. Este panteísmo ideal leva, porém, necessariamente ao panteísmo real ou efetivo; não é, de fato, longa a distância do entendimento de Deus à sua essência, não é longa a distância entre a sua essência e a realidade de Deus. Como haveria de separar-se em Deus o entendimento da essência e a essência da realidade ou da existência? Se as coisas estão no entendimento de Deus, como haveriam elas de ser exteriores à sua essência? E se são consequências do seu entendimento, por que não hão de ser consequências da sua essência? E se, em Deus, a sua essência é imediatamente idêntica à sua realidade efetiva, se a existência de Deus não se pode separar do conceito de Deus, como haveria então de separar-se o conceito da coisa e a coisa real no conceito que Deus tem das coisas, por conseguinte, como admitir em Deus esta distinção que unicamente constitui a natureza do entendimento finito e não divino, a distinção entre a coisa na representação e a coisa fora da representação? Se nenhumas coisas tivermos exteriores ao entendimento de Deus, também depressa nenhumas coisas teremos exteriores à sua essência e, por fim, também nenhumas exteriores à existência de Deus – todas as coisas existem em Deus e, claro, de fato e na realidade, não apenas na representação; pois, onde elas existem só na representação – tanto de Deus como do homem –, por conseguinte, onde existem tão-só no modo ideal ou, antes, imaginário em Deus, existem ao mesmo tempo fora da representação; fora de Deus. Se fora de Deus não tivermos mais coisas nem mundo, também não temos nenhum Deus exterior ao mundo – também não temos um ser apenas ideal, representado, mas um ser real; temos então, em suma, o espinosismo ou o panteísmo.

O teísmo representa para si Deus como uma essência puramente imaterial. Mas determinar Deus como imaterial nada mais significa do que determinar a matéria como um nada, como algo de inessencial: pois somente Deus é a medida do real. Só Deus é ser, verdade, essência; só é aquilo que vale para Deus e em Deus; o que é negado por Deus não é. Derivar a matéria de Deus nada mais significa do que querer fundamentar o seu ser no seu não-ser; pois deduzir é fornecer uma razão, um fundamento. Deus produziu a matéria, mas como, por que e a partir de quê? O teísmo não fornece qualquer resposta a estas perguntas. A matéria é, para ele, uma existência puramente inexplicável, ou seja, ela é o limite, o fim da teologia. Contra ela embate, tanto no pensamento como na vida. Por conseguinte, como é que eu, a partir da teologia, sem a negar, posso deduzir o fim e a negação da teologia? Como obter um princípio da explicação e uma informação onde se lhe esvai o entendimento? Como, a partir da negação da matéria ou do mundo, que constitui a essência da teologia, a partir da proposição “a matéria não existe”, extrair a afirmação da matéria, a proposição “ela existe” e, claro, pese ao Deus da teologia? Como a não ser mediante simples ficções? As coisas materiais só podem deduzir-se de Deus se o próprio Deus se determinar como um ser materialista. Só assim é que Deus, de uma causa puramente representada e imaginada, se transforma na causa efetiva do mundo. Quem não se envergonha de fazer sapatos também não se envergonha de ser e de se chamar sapateiro. Hans Sachs era ao mesmo tempo sapateiro e poeta, mas os sapatos eram obra das suas mãos e as suas poesias obra da sua cabeça. Tal efeito, tal causa. Mas a matéria não é Deus; pelo contrário, ela é o finito, o não divino, a negação de Deus – e os adoradores e adeptos incondicionais da matéria são ateus. Eis porque o panteísmo religa o ateísmo ao teísmo – a negação de Deus a Deus: Deus é um ser material ou, na linguagem de Espinosa, um ser extenso.

Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #492 Online: 13 de Janeiro de 2010, 11:22:13 »
Continuação:

Princípio 16: O panteísmo é a negação da teologia teorética, o empirismo a negação da teologia prática – o panteísmo nega o princípio, e o empirismo as consequências da teologia.

O panteísmo faz de Deus um ser atual e material; o empirismo, a que também pertence o racionalismo, faz de Deus um ser ausente, longínquo, irreal e negativo. O empirismo não nega a Deus a existência, mas todas as determinações positivas, porque o seu conteúdo é apenas um conteúdo finito, empírico e, por consequência, o infinito não é nenhum objeto para o homem. Quanto mais determinações nego a um ser, tanto mais o ponho fora de uma relação comigo, tanto menos poder e influência sobre mim lhe concedo, tanto mais livre me torno a seu respeito. Quanto mais qualidades tenho tanto mais existo também para os outros, tanto maior é, igualmente, o âmbito das minhas ações e da minha influência. E quanto mais um ser existe tanto mais coisas também dele se sabem.

Toda a negação de uma propriedade de Deus é, pois, um ateísmo parcial, uma esfera da irreligiosidade. Se a Deus retiro a propriedade, retiro-lhe igualmente o ser. Se, por exemplo, a simpatia e a misericórdia não são propriedades de Deus, então estou só para mim na minha dor – Deus não está aí como meu consolador. Se Deus é a negação de todo o finito, então o finito é também, logicamente, a negação de Deus. Só se Deus pensa em mim – assim conclui o religioso – é que tenho também fundamento e motivo para nele pensar; apenas no seu ser-para-mim reside o fundamento do meu ser-para-ele. Por conseguinte, para o empirismo, o ser teológico já não existe, na verdade, nada é de real; ele não transfere este não-ser para o objeto, mas unicamente para si, para o seu saber. Não recusa o ser a Deus, isto é, o ser morto, indiferente; mas recusa-lhe o ser que se demonstra como ser, o ser ativo, perceptível, que interfere na vida. Afirma Deus, mas nega todas as consequências que estão necessariamente ligadas a esta afirmação. Rejeita a teologia, abandona-a; não por razões teóricas, mas por aversão, por repugnância perante os objetos da teologia, isto é, por um sentimento obscuro da sua irrealidade. A teologia é nada, pensa para si o empirista; mas acrescenta: para mim, isto é, o seu juízo é um juízo subjetivo, patológico; com efeito, não tem a liberdade, e também não o prazer e a vocação de trazer os objetos da teologia diante do tribunal da razão. Eis a vocação da filosofia. Por conseguinte, a tarefa da filosofia moderna consistiu apenas em elevar o juízo patológico do empirismo de nada ter a ver com a teologia a um juízo teórico e objetivo – de transformar a negação indireta, inconsciente e negativa da teologia, em negação direta, positiva, consciente. Como é, pois, ridículo querer reprimir o “ateísmo” da filosofia sem, ao mesmo tempo, reprimir o empirismo da empiria! Como é ridículo perseguir a negação teórica do Cristianismo e, no entanto, deixar ao mesmo tempo subsistir as suas negações práticas, que pululam nos tempos modernos! Como é ridículo imaginar que, com a consciência, isto é, o sintoma do mal, também se suprimiu ao mesmo tempo a causa do mal! Sim, como é ridículo! E, contudo, como é rica, em tais ridicularias, a História! Repetem-se em todas as épocas críticas. Não admira; no passado, acha-se tudo bom, reconhece-se a necessidade das mudanças e revoluções ocorridas; mas, perante a aplicação ao caso presente, resiste-se sempre com as mãos e com os pés; por miopia e preguiça, faz-se do presente uma exceção à regra.

Princípio 17: A elevação da matéria a uma essencialidade divina é imediatamente e ao mesmo tempo a elevação da razão a uma essencialidade divina. O que o teísta por necessidade anímica, por aspiração a uma beatitude ilimitada, por meio da imaginação, recusa a Deus, afirma-o o panteísta de Deus, por necessidade racional. A matéria é um objeto essencial para a razão. Se não existisse matéria alguma, a razão não teria nenhum estímulo e material para pensar, não teria conteúdo algum. Não é possível eliminar a matéria, sem eliminar a razão; não se pode reconhecer a matéria sem reconhecer a razão; os materialistas são racionalistas. Mas o panteísmo só indiretamente afirma a razão como uma essencialidade divina – ao transformar o ser da imaginação, que é o ser pessoal de Deus no teísmo, num objeto racional e num ser da razão; a apoteose direta da razão é o idealismo. O panteísmo leva necessariamente ao idealismo. O idealismo está para o panteísmo, tal como este está para o teísmo.

Tal objeto, tal sujeito. Segundo Descartes, a essência das coisas corpóreas, o corpo como substância, não é objeto dos sentidos, mas apenas do entendimento; justamente por isso, não são também os sentidos, mas o entendimento, segundo Descartes, a essência do sujeito perceptivo do homem. Só a essência é dada como objeto à essência. A opinião, segundo Platão, tem apenas como objeto as coisas inconsistentes, e por isso é ela própria o saber mutável e variável – precisamente apenas opinião. A essência da música é para o músico a essência suprema – portanto, o ouvido constitui o órgão supremo; ele prefere perder os olhos em vez dos ouvidos; o naturalista, pelo contrário, prefere perder os ouvidos em vez dos olhos, porque a sua essência objetiva é a luz. Se divinizo o som, divinizo o ouvido. Se, pois, digo como o panteísta: a divindade ou, o que é a mesma coisa, o ser absoluto, a verdade e a realidade absolutas, são objeto apenas para a razão, unicamente da razão, então declaro que Deus é uma coisa ou um ser racional e expresso assim indiretamente apenas a verdade e a realidade absolutas da razão. É, pois, necessário que a razão retorne a si mesma, inverta este autorreconhecimento invertido, se proclame diretamente como a verdade absoluta e se transforme de imediato, sem a interposição de um objeto, em seu próprio objeto, como verdade absoluta. O panteísta diz o mesmo que o idealista, só que aquele diz de modo objetivo ou realista o que este afirma de forma subjetiva ou idealista. O segundo tem o seu idealismo no objeto – fora da substância, fora de Deus, nada existe, todas as coisas são apenas determinações de Deus. O primeiro tem o seu panteísmo no eu – fora do eu nada há, todas as coisas existem apenas como objetos do eu. No entanto, o idealismo é a verdade do panteísmo; com efeito, Deus ou a substância é apenas o objeto da razão, do eu, do ser pensante. Se não creio em Deus e não penso em geral nenhum Deus, não possuo Deus algum; Ele existe para mim apenas por meio de mim, para a razão unicamente através da razão; – o a priori, o ser primeiro, não é pois o ser pensado, mas o ser pensante; não é o objeto, mas o sujeito. Assim como a ciência da natureza foi da luz para o olho, assim também necessariamente a filosofia se virou dos objetos do pensamento para o eu penso. Que é a luz, enquanto ser iluminante, clarificante, enquanto objeto da óptica, sem o olho? Nada. E a ciência da natureza não vai mais longe. Mas – pergunta agora a filosofia – que é o olho sem consciência? Igualmente nada – ver sem consciência ou não ver é a mesma coisa. Só a consciência do ver é a realidade do ver, ou a visão real. Mas por que é que crês que existe algo fora de ti? Porque vês, ouves, sentes alguma coisa. Por conseguinte, este alguma coisa só é algo de real, um objeto real enquanto objeto da consciência – por conseguinte, a consciência é a absoluta realidade ou efetividade, a medida de toda a existência. Tudo o que existe só existe como existente para a consciência, como consciente; com efeito, ser é primeiramente consciência. Assim se realiza no idealismo a essência da teologia; no eu, na consciência, a essência de Deus. Sem Deus, nada pode ser, nada se pode pensar; no sentido do idealismo, isto significa: tudo existe só como objeto, real ou possível, da consciência; ser significa ser objeto, portanto pressupõe a consciência. As coisas e o mundo em geral são uma obra, um produto do ser absoluto, de Deus; mas este ser absoluto é um eu, um ser consciente pensante – por conseguinte, o mundo, como Descartes magnificamente assere a partir do ponto de vista do teísmo, é um ens rationis divinae, um ser de razão, uma quimera de Deus. Mas este ser de razão é no teísmo, na teologia, também só uma vaga representação. Realizemos, pois, esta representação, executemos, por assim dizer, praticamente o que no teísmo é apenas teoria, e temos então o mundo como produto do eu (Fichte) ou – pelo menos, tal como nos aparece, como o intuímos – como uma obra ou produto da nossa intuição, do nosso entendimento (Kant). “A natureza é deduzida das leis da possibilidade da experiência em geral.” “O entendimento não tira as suas leis (a priori) da natureza, mas prescreve-lhas.” O idealismo kantiano, onde as coisas se regulam pelo entendimento e não o entendimento pelas coisas, nada mais é, pois, do que a realização da representação teológica do entendimento divino, o qual não é determinado pelas coisas, mas antes as determina. Como é, pois, insensato aceitar o idealismo no céu, o idealismo da imaginação, como uma verdade divina e rejeitar o idealismo da terra, isto é, o idealismo da razão, como um erro humano! Negais o idealismo? Então negai também Deus! Deus é apenas o criador do idealismo. Se não quereis as consequências, não queirais também o princípio! O idealismo nada passa do teísmo racional ou racionalizado. Mas o idealismo kantiano é ainda um idealismo limitado – o idealismo do ponto de vista do empirismo. Para o empirismo, Deus, segundo o esboço acima fornecido, é ainda apenas um ser na representação, na teoria – teoria no sentido corrente, no sentido mau – e não um ser na realidade e na verdade; é uma coisa em si, mas já não é uma coisa para o empirismo; com efeito, as coisas são para ele apenas as coisas empíricas, reais. A matéria é a única matéria do seu pensamento, por conseguinte, já não tem material algum para Deus; Deus existe, mas é para nós uma tabula rasa, um ser vazio, um simples pensamento. Deus – Deus tal como o representamos e pensamos é o nosso eu, o nosso entendimento, o nosso ser; mas este Deus é apenas um fenômeno de nós para nós, não Deus em si. Kant é o idealismo ainda enredado no teísmo. Muitas vezes, já há muito que, na prática, nos libertamos de uma coisa, de uma doutrina, de uma ideia, mas não estamos ainda livres dela na cabeça; ela já não é nenhuma verdade no nosso ser – talvez nunca o tenha sido – mas é ainda uma verdade teórica, isto é, um limite da nossa cabeça. Porque toma as coisas com a máxima profundeza, a cabeça é também a última a libertar-se. A liberdade teórica é, pelo menos em muitas coisas, a última das liberdades. Quantos não são republicanos de coração, de disposição anímica, mas na cabeça não conseguem ir além da monarquia; o seu coração republicano naufraga nas objeções e dificuldades que o entendimento suscita. Assim, pois, acontece também com o teísmo de Kant. Ele realizou e negou a teologia na moral, o ser divino na vontade. A vontade é, para Kant, o ser verdadeiro, originário, incondicionado, que começa em si mesmo. Kant reivindica, pois, efetivamente os predicados da divindade para a vontade; por conseguinte, o seu teísmo tem ainda só o significado de um limite teórico. O Kant liberto do limite do teísmo é Fichte – o “Messias da razão especulativa”. Fichte é o idealismo kantiano, mas do ponto de vista do idealismo. Segundo Fichte, só do ponto de vista empírico é que existe um Deus distinto de nós, existente fora de nós; mas, na verdade, do ponto de vista do idealismo, a coisa em si, Deus – Deus é efetivamente a coisa em si – é tão-só o eu em si, ou seja, o eu distinto do indivíduo, do eu empírico. Fora do eu, não há Deus algum: “a nossa religião é a razão”. Mas o idealismo fichteano é unicamente a negação e a realização do teísmo abstrato e formal, do monoteísmo; não do teísmo religioso, material, cheio de conteúdo, do teísmo trinitário, cuja realização é primeiramente o idealismo “absoluto”, o de Hegel. Ou: Fichte realizou o Deus do panteísmo só na medida em que ele é um ser pensante, mas não enquanto é um ser extenso e material. Fichte é o idealismo teísta, Hegel, o idealismo panteísta.

Princípio 18: A filosofia moderna realizou e suprimiu o ser divino separado e distinto da sensibilidade, do mundo e do homem – mas só no pensamento, na razão e, claro está, numa razão igualmente separada e distinta da sensibilidade, do mundo, do homem. Isto é, a filosofia moderna demonstrou unicamente a divindade do entendimento – aceitou apenas o entendimento abstrato como o ser divino e absoluto. A definição que Descartes propõe de si como espírito – a minha essência consiste unicamente no pensamento – é a definição que de si fornece a filosofia moderna. A vontade do idealismo kantiano e fichteano é, de igual modo, puro ser do entendimento e a intuição que Schelling, em oposição a Fichte, uniu ao entendimento é pura fantasia e nenhuma verdade, portanto, não se toma em consideração.

A filosofia moderna derivou da teologia – nada mais é do que a teologia resolvida e metamorfoseada em filosofia. Por conseguinte, a essência abstrata e transcendente de Deus só podia realizar-se e suprimir-se de um modo abstrato e transcendente. Para transformar Deus em razão, importava que a própria razão revestisse a natureza do ser divino e abstrato. Os sentidos, diz Descartes, não fornecem nenhuma realidade verdadeira, nenhuma essência, nenhuma certeza – só o entendimento separado dos sentidos proporciona a verdade. Donde promana esta cisão entre o entendimento e os sentidos? Deriva apenas da teologia. Deus não é um ser sensível, é antes a negação de todas as determinações da sensibilidade, só se conhece graças à abstração a seu respeito; mas é Deus, isto é, o ser mais verdadeiro, mais real e mais certo. Donde, pois, advirá a verdade aos sentidos – aos sentidos que são ateus natos? Deus é o ser no qual a existência não se pode separar da essência e do conceito, o ser que só se pode pensar como existente. Descartes transforma este ser objetivo numa essência subjetiva, a prova ontológica numa prova psicológica; transforma o “Deus pode pensar-se, logo existe” em “penso, logo existo”. Assim como em Deus não se pode separar a existência do conceito, assim também não é possível separar em mim – enquanto espírito, que é a minha essência – o ser do pensamento; e, como além, também aqui esta indissociabilidade constitui a essência. Um ser que só existe – quer seja em si ou para mim, não importa – como pensado, como objeto da abstração de toda a sensibilidade, também se realiza e subjetiviza necessariamente apenas num ser que só existe como pensante, cuja essencialidade é apenas o pensar abstrato.

Princípio 19: A consumação da filosofia moderna é a filosofia de Hegel. A necessidade e a justificação históricas da filosofia moderna religam-se, pois, sobretudo com a crítica de Hegel.

Princípio 20: A nova filosofia, segundo o seu ponto de partida histórico, tem a mesma tarefa e posição perante a filosofia anterior, que esta teve em relação à teologia. A nova filosofia é a realização da filosofia hegeliana, da filosofia anterior em geral – mas uma realização que é ao mesmo tempo a sua negação e, claro está, uma negação livre de contradição.

Nota:
As diferenças entre materialismo, empirismo, realismo e humanismo são, naturalmente, indiferentes no presente escrito.
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline Sabedoria

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #493 Online: 13 de Janeiro de 2010, 17:59:32 »
Lendo o pensamento do Lusitano, e dentro dos fundamentos a quem nos fundamentamos, me motiva dizer o que segue: O Fundamento de todo pensar em verdade e justiça impõe ao pensador a precedência sobre todos e tudo. O pensador que partir de certo um tempo (momento), sem considerar estes princípios, já começa em êrro. Antes de qualquer pensador, (antes) as árvores e seus frutos. Antes da árvore no processo das gerações como sistema, anterior a todos e tudo: o Princípio. Hoje aqui eu estou e também o Lusitano, mas devo por Princípio do Fundamento, ao Lusitano honra, para que também eu alcance o benefício deste salutar. Porque enveredar por pensamentos que..? certamente semearam em muitos...? A essência precederá a forma; as idéias no pensamento, e com o suporte da Razão (do Fundamento): o poder do juizo e julgamentos. O poder de juizo e julgar, no Climax, É A Escência, de cujo poder recebemos, e recebemos em desenvolver, se buscá-Lo. Uso O Maiúsculo porque É Particular A Fonte e Fundamento; e fora dEste, somente "eu sozinho" ou "eu moldado a grupos e partidos de homens" todos sem suporte. Se alguém quiser chamar à essência de Deus , está nominando O Eterno. Este proceder é salutar a todo o homem, certamente! Vejo a importância de avaliações dos pensamentos como estímulo de direcionamento prático de propostas cada vez mais elevadas. Alvos impossíveis às considerações comuns, nos tornam para a direção e sentido em subida. Alvos pequenos nos atraem para o chão. Porque as convicções da Essência Fundamentadas, nos tornam pensar e ser segundo O Padrão Maior em Sabedoria e alegria, e na busca, de harmonia com todos. Nos alegremos com aquele que está ao meu lado e, também embora longe, muito perto. Que possamos dizer : Recebi fartura e possuo gratidão.
Me alegro com o lusitano... Lembrando: Quem É Consciente é Pessoa e não energia... Verdade e realidade são palavras distintas.
« Última modificação: 13 de Janeiro de 2010, 21:50:55 por Sabedoria »

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #494 Online: 14 de Janeiro de 2010, 17:14:05 »
Pô, gente... Já chega, a graça passou... ...ou esse cara ta drogado ou ta tirando onda ou realmente tem um extremo complexo de superioridade.

Offline lusitano

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #495 Online: 14 de Janeiro de 2010, 18:35:12 »
HFC

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lusitano, em  02 Jan 2010, 20:11:59:

Será que a natureza exterior à nossa percepção, existe independente da nossa consciência?

........................................................... ............

O que vc pode falar sobre a natureza exterior a nossa percepção que pode ser minimamente verificado de forma independente por qq pessoa?

Talvez me tenha exprimido mal... O que eu acredito, que pretendo dizer - é que o observador e o observado - são interdependentes. Isto é: a minha Natureza interior, faz parte da Natureza exterior.

Por exemplo: eu fisicamente, sou constituído por 75% de água; os restantes 25%, são os gases resultantes da respiração e da substância dos alimentos que ingeri;  digero, e ainda estou digerindo.

Ora tudo o que eu sou - é um fantástico edifício mais ou menos inteligente - por onde constantemente flui o exterior.

Digamos - que paradoxalmente - sou 100% exterior a mim próprio :!: :idea: :!: :idea: :!: Tem ou não tem piada :?: :?: :?:  

Sem contar que existe - o "problema" solipsista - por resolver com eficácia. :)



 
« Última modificação: 15 de Janeiro de 2010, 07:58:26 por lusitano »
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline lusitano

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #496 Online: 14 de Janeiro de 2010, 20:33:13 »
Sabedoria

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Lendo o pensamento do Lusitano, e dentro dos fundamentos a quem nos fundamentamos, me motiva dizer o que segue: O Fundamento de todo pensar em verdade e justiça impõe ao pensador a precedência sobre todos e tudo. O pensador que partir de certo um tempo (momento), sem considerar estes princípios, já começa em êrro.


:ok: :arrow: :idea: :arrow: O fundamento de todo o pensar, na verdade, é o fundamento de toda a espécie de pensamento e precede todo e qualquer pensamento... :arrow: :) :arrow: :?: :?: :?:

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Antes de qualquer pensador, (antes) as árvores e seus frutos. Antes da árvore no processo das gerações como sistema, anterior a todos e tudo: o Princípio.

O princípio do pensamento fundamental portanto... :) :arrow: :idea:

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Hoje aqui eu estou e também o Lusitano, mas devo por Princípio do Fundamento, ao Lusitano honra, para que também eu alcance o benefício deste salutar. Porque enveredar por pensamentos que..? certamente semearam em muitos...? A essência precederá a forma; as idéias no pensamento, e com o suporte da Razão (do Fundamento): o poder do juizo e julgamentos.


:arrow: :ok: :arrow: :idea: :arrow: :) :arrow: Para bom entendedor meia palavra basta. :arrow: :?: :!: :?: :!: :?: :!: :arrow: :idea:

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O poder de juizo e julgar, no Climax, É A Escência, de cujo poder recebemos, e recebemos em desenvolver, se buscá-Lo. Uso O Maiúsculo porque É Particular A Fonte e Fundamento; e fora dEste, somente "eu sozinho" ou "eu moldado a grupos e partidos de homens" todos sem suporte.


Exacto! A fonte e o fundamento, de todo o poder particular de julgar. :arrow: :?: :ok: :arrow: :) :arrow: :idea: :arrow: :?: :?: :?:  

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Se alguém quiser chamar à essência de Deus , está nominando O Eterno. Este proceder é salutar a todo o homem, certamente! Vejo a importância de avaliações dos pensamentos como estímulo de direcionamento prático de propostas cada vez mais elevadas.


 :) :arrow: :ok: :arrow: Concordo. :arrow: :) :!: :!: :!:

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Alvos impossíveis às considerações comuns, nos tornam para a direção e sentido em subida. Alvos pequenos nos atraem para o chão. Porque as convicções da Essência Fundamentadas, nos tornam pensar e ser segundo O Padrão Maior em Sabedoria e alegria, e na busca, de harmonia com todos.


Hum... ... ... Devemos ambicionar maiores voos espirituais, porque dessa forma alcançaremos uma maior harmonia pessoal e social. :arrow: :idea: :arrow: :)

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Nos alegremos com aquele que está ao meu lado e, também embora longe, muito perto. Que possamos dizer : Recebi fartura e possuo gratidão.

Acredito na omnipresença, daquilo que é o fundamento de qualquer tipo de pensamento, principalmente o humano, porque é a Natureza absoluta de todo e qualquer tipo de pensamento, que possa existir. :) :arrow: :ok: :arrow: :idea:

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Me alegro com o lusitano... Lembrando: Quem É Consciente é Pessoa e não energia... Verdade e realidade são palavras distintas.

Obrigado pela sua alegria. Aprecio pessoas com essa disposição de espírito; e concerteza, que acredito na diferença entre palavras absolutamente distintas: verdade, deus, realidade, consiência, pessoa, energia, matéria... ... ... Etc.

 
« Última modificação: 15 de Janeiro de 2010, 08:19:08 por lusitano »
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Offline Moro

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #497 Online: 15 de Janeiro de 2010, 01:12:43 »
Ok, deixa o Lusa conversar com o Sabedoria e mostrar para nós as conclusões.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Gigaview

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #498 Online: 15 de Janeiro de 2010, 02:04:02 »
Ok, deixa o Lusa conversar com o Sabedoria e mostrar para nós as conclusões.

Putz...mas que papo profundo!!!  :maluco: Certas discussões, se não estivessem registradas, seriam inacreditáveis.
Essa dupla chega a ser uma apologia às drogas. Em todos os sentidos.  :hihi:
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline lusitano

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Re: A Razão da não existência de Deus
« Resposta #499 Online: 15 de Janeiro de 2010, 09:43:11 »
Gigaview

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Agnóstico, hoje às 01:12:43:

Ok, deixa o Lusa conversar com o Sabedoria e mostrar para nós as conclusões.

........................................................... ......................................

Putz...mas que papo profundo!!! :maluco: Certas discussões, se não estivessem registradas, seriam inacreditáveis. :hihi:


Caríssimo e magnífico, Gigaview - agradeça a sua altíssima e reverendíssima divindade - a extraordinária tecnologia científica moderna, o privilégio maravilhoso de assistir em primeira mão, a uma das mais fantásticas e espectaculares partidas de "lero-lero", que só presenciando, jamais se acreditaria. :arrow: :idea: :arrow: :) :D :) :) :D :) :)

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Essa dupla chega a ser uma apologia às drogas. Em todos os sentidos. :hihi:


Talvez - se você o diz - com tanto sentimento... :arrow: :idea: :arrow: :| :) :| :) :| :) :| :arrow: Todavia atrevo-me a colocar uma certa dúvida na sua razoável e especulativa afirmação...

Está emitindo uma assertiva simplesmente opinativa, ou antes pelo contrário, tem uma fé inabalável, que o seu espirituoso dito, corresponde a uma verdade absoluta?

Se for o caso - também eu sou de opinião - que determinados fármacos, de preferência com receita médica, podem de facto operar "milagres alucinatórios"; mais ou menos bem-fazejos, em termos de acção sobre o sistema nervoso central e a sua genial criação: a fantástica e maravilhosa, consciência humana. :arrow: :idea: :arrow: :ok: :) :ok: :) :ok: :)
« Última modificação: 15 de Janeiro de 2010, 09:50:16 por lusitano »
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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