Ser muito produtivo significa ser muito demandado e pouco ofertado.
Ser muito produtivo = ser bastante rentável. Tente gerar bastante renda ofertando algo (produto/serviço) que já seja abundantemente ofertado.
Você está dizendo que ser muito produtivo implica necessariamente em ser pouco ofertado. Em outas palavras, a produtividade varia inversamente com a oferta.
Está dizendo então que, se em uma determinada localidade existem 1000 trabalhadores sem qualificação que conseguem limpar 2 casas por dia em média, e se de repente passar a haver 2000 trabalhadores sem qualificação no local (devido à imigração), eles passarão a poder limpar menos de 2 casas por dia em média. É isso?
Correto, mas a mão-de-obra humana (da qual estávamos falando, lembra?) é super-ofertada, e não pouco ofertada. E (conforme já disse naquela postagem) não é possível reduzir a oferta de pessoas para fazer os salários aumentarem (na maioria dos casos. Alguns países tentam fazer isso expulsando imigrantes) da mesma forma que se pode fazer com mercadorias.
Se você realmente acredita que pode aumentar o padrão de vida geral por meio de um decreto que obrigue os empregadores a pagar mais, então você acaba de descobrir a fórmula para criar riqueza a partir do nada.
Se a mão de obra de uma dada atividade é superofertada e, em consequência, o preço dela é baixo, o que você quer fazer?
Não é uma criação de riqueza a partir do nada, é apenas uma pequena transferência de riqueza dos empresários para os trabalhadores.
Na verdade, o salário
real é determinado pelos empresários quase sempre. Por quê? Porque são eles que controlam os preços. Se um determinado nível de salário
nominal for considerado alto demais pela maioria dos empresários, os preços de seus produtos irão subir de forma que o salário
real se mantenha como antes. Quando pequenas elevações do salário nominal (como o salário mínimo) não constituem problema muito grande para o capital de giro dos empresários, mas apenas reduz um pouquinho seus lucros, os preços não costumam subir muito (a concorrência dos empresários que aceitam margens menores de lucros impede isso) e o salário
real se eleva de fato, embora geralmente menos do que o nominal.
Contrariar as leis da economia não funciona nunca.
O próprio fato de haver um produto (seres humanos) que não pode ter sua oferta reduzida frente a preços baixos contraria a lei que diz que a oferta tende a diminuir quando os preços são baixos. Ou seja, estamos trabalhando com uma situação atípica, onde o mercado sozinho não trás resultados satisfatórios como normalmente traria caso não houvesse essa atipia.
Forçar os empregadores a pagar um salário tal para seus funcionários, maior do que eles poderiam pagar se não houvesse restrição, apenas retirará deles recursos que seriam investidos em coisas realmente rentáveis, como a ampliação da produção e a contratação de mais gente. A produção poder ser diminuída ou funcionários demitidos. O resultado: se por um lado uns tem empregos remunerados com o "mínimo", muitos outros acabam não tendo acesso a emprego algum. Isso já foi apontado aqui no tópico.
Não dá para afirmar que o dinheiro estaria em "melhores mãos" com os empresários do que com os trabalhadores. Os trabalhadores costumam gastam uma fatia maior do que ganham em bens de consumo do que os empresários, já que o salário baixo deixa poucas "sobras" para poupar. O resultado disso em nível global é o aumento da circulação do dinheiro na economia e da demanda efetiva, o que incentiva novos investimentos para o aumento da produção (com mais empregos) da economia.
Redução dos custos com mão-de-obra não necessariamente conduz a uma ampliação da demanda por mais mão-de-obra, já que o empresário pode ter aumento imediato do lucro sem precisar aumentar a produção e considerando que a renda média dos trabalhadores se reduzirá bastante => redução do mercado consumidor.
O seu argumento de que as coisas são diferentes entre a mão de obra humana e mercadorias, porque não é possível reduzir a oferta de pessoas, não faz sentido. A mão de obra humana para uma dada atividade pode sim, como sempre é, reduzida, na medida em que não há uma única atividade disponível para trabalho. Ainda que isso não fique claro, os diferentes setores também competem por profissionais. Um faxineiro deve receber um salário tal que seja suficiente para que ele não decida ser engraxate, funcinário do McDonald's ou porteiro.
Isso se torna relevante se a oferta de vagas fosse maior ou pelo menos próxima da oferta de trabalhadores, o que está MUITO longe da realidade.
Em termos macroeconômicos, não faz muita diferença se o dinheiro fica nas mãos dos empresários ou dos trabalhadores. Nas mãos dos primeiros, podem ser investidos (caso a demanda efetiva global os encoraje a isso, o que não é muito de se esperar em um cenário de redução da renda média das pessoas) ou consumidos (aumentando a demanda efetiva, gerando empregos e rendas). Nas mãos dos trabalhadores o dinheiro mais seguramente será consumido (o que aumenta a demanda efetiva global, incentivando novos investimentos). Em suma: não faz muita diferença, em termos macroeconômicos, se é o empresário ou o trabalhador que vai gastar o dinheiro.
Ser produtivo necessariamente implica ser pouco ofertado.
??!!
Você está dizendo que a água necessariamente tem pouca utilidade (já que custa tão pouco), ou que o caviar necessariamente tem muito mais utilidade do que a água por custar muito mais?!
Explique-nos.
Está perfeitamente claro, pelo que eu disse nessa citação e anteriormente à ela, que a água é barata porque é abundante. Como você sabe, o valor não é determinado apenas pela utilidade mas também pela oferta (e o preço tende a ser um reflexo do valor, mas não é o valor). Água não é rentável. Ofertar água não rende porque ela já é abundante. Nesse sentido se diz que a oferta de água (ou o produto água) não é algo produtivo, em um lugar onde tal oferta (ou o produto) seja abundante.
Não entendi nada.
Vamos nos manter com os trabalhadores para não embananar tudo: o que você afirma equivale a dizer que uma recente chegada de milhares de imigrantes sem qualificação em um país (aumento da oferta de trabalhadores) necessariamente tornará os trabalhadores menos produtivos (por exemplo, limpando em média menos casas por dia do que antes). É isso que se deduz da sua afirmação de que "ser muito produtivo implica em ser pouco ofertado".