Se for adotada as cotas, as universidades e escolas públicas terão uma pressão a mais para trabalhar para melhorar o ensino básico também,
... não.
O contrário. Cotas diminuem a pressão pelo ensino básico, pois são justamente uma forma de contornar sua infeficiência em preparar os alunos.
Se vai ser assim ou o contrário, vai depender de como vão reagir à uma medida de pressão sobre o governo e as universidades públicas como cotas. Uma imposição desse tipo é uma amostra de que está algo errado e tanto o ensido de nível básico como o superior são responsáveis por isso. Se os governos, escolas públicas básicas e universidades vão trabalhar para melhorar ou para piorar, aí já é outra questão ... eu não sou do contra antecipadamente, ainda mais pq não tem muita gente trabalhando seriamente em outras alternativas, e se pensassem assim antes de se popularizar o ensino básico até este estaria elitizado hoje em dia ...
Uma "amostra do que está errado" já seria o baixo número de alunos do ensino público entrando nas faculdades públicas. Cotas já é uma forma de trabalhar para piorar ainda mais a situação.
Não conheço bem a história, mas ouço dizer que antes o ensino básico era muito bom, concorrido, sendo as particulares a última alternativa por falta de vaga, e não recurso para escapar à má-qualidade.
várias outras medidas, reavaliação do investimento educacional, etc terão que ser tomadas. O que não pode é o que acontece agora onde as universidades públicas recebem o dindin público e só ficam na sua ilha da fantasia intelectual inoperante.
Elas não formam profissionais, realizam pesquisas? O que mais quer que elas fizessem? Mutirões de construção de casas populares? Que os professores e alunos em vez de estudarem, passassem mais tempo fazendo e distribuindo sopa aos mendigos?
Multirões de melhoria da educação brasileira como um todo
Como o "universidade solitária", citado pela Nina?
... o que é que propostas como cotas estão pedindo
Cotas são só facilitações de entrada, e nada mais que isso, é uma versão racial/social do pagou-passou.
... e acho uma boa idéia pois vai forçar a universidade pública a trabalhar com isso tb ... afinal, a origem do dinheiro da universide pública, não é publica para o ensino público superior? Ou é para o ensino de elite superior?
Não existe distinção entre "público" e "elite", o ensino superior público é para os alunos capacitados, cidadãos, ricos ou pobres. Mas o fator crucial é a capacitação, não a pobreza ou a cor da pele. Se há "assimetrias" indesejáveis resultantes da seleção por capacidade, não é na seleção por capacidade que se deve corrigí-las. Ou, no máximo, de forma muito mais sutil, como sugeri em outros posts, preferências por nível sócio-econômico inferior (independentemente de ter podido investinr em ensino privado ou não), mas sem "baixar o nível", na verdade, talvez um pouco elevando para os que tem mais recurso financeiro, para os quais um resultado meramente suficiente seja comparativamente mais fácil, mais próximo de acomodação.
Ou seja, não "teria que" entrar 60% de pobres, ou uma porcentagem igual a do ensino público. O que se faz é mais ou menos se dar "bônus por pobreza", para dizer de forma bem resumida. Com a mesma pontuação, um candidato mais pobre leva vantagem com relação a um candidato mais rico. As cotas aí, não seriam para uma espécie de meta de preenchimento, mas um limite, para também evitar perder candidatos com desempenho acadêmico excepcionalmente bom, mais provavelmente esperado apenas dos mais ricos.
Acho que essa lógica não só satisfaz os ideiais de melhorar o acesso às camadas mais pobres sem comprometer a eficiência do que deve sim, ser um centro de excelência, de formação de profissionais, ao mesmo tempo em que pode talvez até melhorar as coisas inclusive nesse aspecto, porque não deixa as coisas fáceis demais de qualquer lado, seja para os pobres, que vão possivelmente ter maior quantidade de vagas por candidato, nem para os mais ricos, com melhores condições de se preparar; esses também tem que mostrar um desempenho excepcional, e talvez fosse interessante ter até um "currículo" uma vivência, que evidenciasse a dedicação aos estudos, também dos dois lados.
3 - que nas escolas públicas só tem aluno incompetente, preguiçoso, vagabundo, aproveitador (depois vcs reclamam que acho o discurso de vcs nazistas).
Não vi tudo, mas duvido que alguém tenha dito isso.
tb não vi tudo, mas essa é exatamente uma das críticas que muitos aqui fazem contra os possíveis alunos cotistas ...
A crítica que fazem é que os não-vagabundos na maior parte do tempo conseguem entrar mesmo assim, não precisam das cotas.
Resposta: tem muito "vagabundo" na escola pública e na particular, agora é óbvio e ululante que os alunos que tem potencial e vontade na escola pública não tem em sua maioria estímulo, condições e nem noção de que podem investir na sua própria educação e estudo.
"Logo", devem cursar o ensino superior mesmo se menos preparados, de qualquer jeito mesmo?
"Logo" o ensino superior público deve gastar o seu dinheiro público para "também" investir nos atuais menos preparados, não de qualquer jeito, mas trabalhando para melhorar a educação como um todo.
Essencialmente, quer que parte das verbas do ensino superior sejam destinadas ao ensino médio, básico, e/ou no mínimo "supletivos simultâneos", em detrimento dos que não precisam dos "supletivos simultâneos"? Esses, ricos ou pobres, devem procurar formação em faculdades públicas ou outros países.
A atual universidade pública não está nem aí com isso
É essa a função dela? Você deveria estar falando "o atual ensino médio não está nem aí com isso".
Sim, ela recebe alunos do nível médio (logo tb tem responsabilidade sobre esses alunos), ela forma professores para o nível médio e fundamental (logo tem responsabilidades sobre esses professores), ela possui faculdades de pedagogia, recebe verbas para pesquisas em educação ... e a universidade pública não é co-responsável pela educação pública como um todo? O mais importante de tudo é que ela recebe verba pública ... de todos ....
Putz... então o ensino superior está ferrado... não pode mais se focar só em formar os melhores profissionais, tem que dar conta das falhas dos outros setores da educação, talvez da saúde, da economia, e de onde quer que possa estar indiretamente ligada. Apesar de outros setores diversos também serem financiados por impostos, mas não serem tão cobrados....

Parece que o que importa mesmo é pegar diploma para se dar bem, não? O ensino em si, é secundário.
, mas vive fazendo pressão para ter a sua verba garantida e sua "independência universitária" que traz pouco ou nenhum retorno.
"o ensino médio traz pouco ou nenhum retorno"
Traz sim, e muito ... ainda não é o ideal, mas é melhor que o país totalmente analfabeto antes da popularização do ensino público, onde esse mesmo ensino básico era elitizado ...
Bem, já ouvi dizer que era "o contrário", ao menos há algumas décadas, cursava em escolas particulares quem não tinha opção por terem acabado as vagas.
O ensino superior também pode não ser lá essas coisas, mas é melhor assim do que aceitando alunos independentemente do preparo escolar.
A universidade pública tem como papel principal a educação de nível superior
Isso, não de ensino médio.
Mas como já lhe respondi, a universidade pública tb é co-responsável com a qualidade do ensino médio ....
E com cotas, que tornam a qualidade do ensino médio "desnecessária" para a entrada na aculdade vai melhorá-lo? Não, só vai baixar o desempenho da faculdade.
5 - a universidade tem que selecionar por mérito.
Resposta: sim, por mérito e por aptidão. Agora se esse sistema de mérito ocasiona uma injustiça social, e está sendo custeado com o dinheiro dos injustiçados, tá mais que na hora de discutir que merda de mérito é esse?
Novamente, deveria começar a fazer essa pergunta mais em baixo. Para ilustrar a fraqueza da "lógica" que usa para a entrada na faculdade poderia simplesmente aplicá-la para os diplomas de uma vez (que, a menos que o vestibular seja inútil, também precisarão de cotas para não haver "exclusão", a menos que se exclua todos os alunos mais preparados, aí se teria igualdade).
Essa é uma das questões que o pessoal que pede cotas tá fazendo, qual é o nível de mérito pessoal e de responsabilidade institucional que está sendo praticado ... para mim quem paga a conta é que deve ter mais poder de reinvindicação e decisão ...
Só nas faculdades privadas mais porcarias existe o pagou-passou, isso não pode ser copiado nas públicas.
Faculdade não é para todos, é para os mais preparados ao curso. E todos pagam impostos, não existe essa "questão de responsabilidade institucional" em se ter mais pessoas pobres estudando lá, o ensino superior não tem poder para fazer com que eles se tornem mais preparados, é o ensino básico que tem, apenas. Essa "co-responsabilidade" não pode ser cobrada como se fosse a responsabilidade total, ainda por cima se a medida que se cobra como solução não é solução coisa nenhuma, só origem de problemas maiores.
Os movimentos de cotas é justamente o questionamento desse mérito com o dinheiro dos outros ... como os que atualmente que tem o mérito e são beneficiados com a sua universidade pública com o dinheiro dos outros não fazem nada para diminuir as disparidades sociais na universidade pública, os "sem méritos" que estão pagando a conta estão começando a querer mudar um pouco essa história ....
Cotas é o questionamento desse sistema de méritos que a décadas dá cotas de 80% das vagas das universidades púbicas para os alunos oriundos das escolas particulares ... achamos que o dinheiro público investido nas universidades públicas deva procurar, incentivar e trabalhar para que os alunos das escolas públicas também sejam selecionados por mérito em igual proporcionalidade com os alunos das escolas particulares, pois todos pagam os mesmos impostos ... vc está me entendendo pq eu tb acho a sua lógica furada, assim como vc acha a minha furada tb? Só que eu mostrei a sua lógica furada sem ir para o argumento do absurdo como vc faz ... pq aí é muito fácil achar um absurdo em tudo ...
Não sou o autor do trecho comentado acima. A proporção da origem dos alunos de escolas públicas e particulares é tão irrelevante quanto a proporção de torcidas de futebol que eles representam. Ninguém ganha nada com uma faculdade formando menos alunos por ano, na verdade os impostos que você tanto gosta de lembrar (e esquecer que os ricos, ou meramente alunos que cursaram escola particular, não necessariamente ricos, também pagam) estão sendo pior investidos dessa maneira, isso deveria ser óbvio.
Idem... sempre esse questionamento por algum motivo apressado e superficial, não questionando a raiz do problema, ao mesmo tempo em que sua lógica cria outros tantos.
Vc pode achar a minha lógica superficial, como eu acho a sua, aí empatamos ...
Por achismo, sim, mas o ponto é que não é achismo. A lógica de simplesmente mudar a proporção das origens dos alunos é sim, superficial. Não se importa com as causas disso, não se importa com as conseqüências, simplesmente vê a superfície do problema quer tentar corrigir também na superfície. Mas nem é na superfície que surge o problema, nem é aí que ele pode ser realmente corrigido.
Cotas simplesmente fazem menos alunos se formarem, tornam as faculdades menos eficientes, isso é um investimento inferior dos impostos de todos, e não fará com que, magicamente, o ensino médio público melhore o preparo dos vestibulandos e então as faculdades voltem a funcionar como se tivessem só os alunos mais aptos ao curso sendo aceitos.
Já se perguntar, qual é a causa do problema, e como corrigir essa causa, por definição, não pode ser uma análise superficial. A causa é que o ensino público dá menor preparo. Ignorar isso e enfiar alunos com menor preparo lá de qualquer jeito não resolve ou traz qualquer ganho, além meramente do número, da porcentagem de alunos vindos de escolas públicas e particulares ser igual. Não fará nem com que o número de formados de ambas as origens seja igual, a menos que se faça uma segunda cota, de diplomas mesmo, algo com essencialmente a mesma lógica.
A questão se resume em:
- não são necessariamente os ricos a cursar escolas particulares, a tendência nos países subdesenvolvidos é de até mais da metade dos alunos pobres cursarem escolas particulares em alguns lugares, apesar da disponibilidade da escola gratuita
eu não tenho nada contra escolas particulares ... só acho que as universidades pública devem ser socialmente justas pois recebem dinheiro público ... lá alunos das escolas públicas e particulares devem ter as mesmas chances estudarem
Eu tenho uma preocupação similar, mas o problema é que a lógica do sistema de cotas é falha para isso.
Se na escola pública mal tinha professores e os alunos ficavam só dançando, jogando futebol com latinhas, e desenhando na lousa, com aprovação automática, é ridículo querer dar as mesmas chances de estudar num curso superior. Pela lógica das cotas, eles devem entrar, no lugar de quem está preparado, se não tiverem sido satisfeitas as cotas ainda.
Leia o post que eu fiz sobre
estudos de cotas ao redor do mundo. É assim, cotas não resolvem, simplesmente. Não trazem nenhuma justiça social, só injustiças e perdas para todos os lados.