Autor Tópico: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas  (Lida 14172 vezes)

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Offline Fabi

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #175 Online: 29 de Maio de 2009, 13:19:18 »
Cuidado com o declive escorregadio, Fabi, mas a idéia é por aí mesmo...
:sorry: Mas é, ué.
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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #176 Online: 29 de Maio de 2009, 13:35:37 »
tb já lhes expliquei umas 500 vezes e aqui vai mais uma tentativa. A reinvindicação de cotas é justamente um questionamento desse método de seleção somente por mérito, uma vez que a fonte de financiamento é pública ... é uma reinvindicação de adotar uma seleção por mérito e por melhor proporcionalidade social ... sim a escola particular dá uma base muito melhor que a escola pública ... e eu acho que a universidade pública sabendo disso tem que gastar parte da sua gorda verba em educação superior para trabalhar para resolver esse problema tb ... não só ficar na boa como ela está atualmente

Okay, vão jogar pedras em mim agora, mas lá vai. Universidade não é para todos. Ponto. Administrador de empresa não precisa de universidade, precisa de curso técnico. Artista plástico não precisa de universidade, precisa de curso técnico (Historiador da arte é outra coisa). Operador de planilha de excel não precisa de universidade, precisa de curso técnico.

Por isso o sistema de admissão da universidade é meritocrático. Se você não pode ser engenheiro/médico/advogado/cientista/pesquisador, vai fazer outras coisas, que precisam "só" de curso técnico. Universidade não é assistência social. O problema é essa visão torta do brasileiro que "pra ser alguma coisa na vida precisa fazer universidade". Nem faculdade mais serve.

E pra resolver esse problema, só com educação de base. Reformar o ensino fundamental e o médio, ampliar a oferta de cursos técnicos de nível superior, não baixar o sarrafo da Universidade pra fazer um "papel social" que nem deveria existir. Universidade é um centro de geração de conhecimento e de formação de geradores de conhecimento. Se a pessoa não tem condições de se tornar um gerador de conhecimento, o trabalho pra ela é outro. Não por isso será menos digno.

Agora, se a questão é dar a todos as mesmas oportunidades para entrar na universidade, muita coisa tem que ser revista. Desde o próprio vestibular, porque tem muita gente que estuda nesses colégios-cursinho e passam no vestibular sem efetivamente aprender. pra isso temos que acabar com a mentalidade de estudar-pra-passar-na-prova-pra-passar-de-ano, de que o próprio Feynman reclamou quando ele esteve no brasil na década de 50. E adivinha como se resolve isso? Reformando a educação de base. Só que como o pellicer bem colocou, isso não dá voto porque só surte efeito daqui a 10, talvez 20 anos.

Mas baixar o nível dos alunos que entram na Unviersidade? Jamais. Isso vai destruir a Universidade.

Aí vem alguém e fala que a UNIP é Unviersidade e qualquer um que pagar entra. Aí eu pergunto qual a produção científica da UNIP. Pergunto qual é o fator de impacto médio dos periódicos em que a produção científica da UNIP é publicada. UNIP não é Universidade. É faculdade que usa uma brecha na definiçào legal de Unviersidade pra atrair as pessoas que acham que Faculdade é menos importante que Universidade e voltamos de novo à visão tyorta do brasileiro que precisa ser corrigida na educação de base...

Concordo em gênero, número e grau. Esta é outra distorção dos nazi-cotistas que nem sempre vem a tona nas discussões.

Offline Pellicer

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #177 Online: 29 de Maio de 2009, 13:44:36 »
Eu tb fiz Física na USP, fiz toda a minha escola regular em colégio público e passei no vestibular em segundo lugar (o que em Física não é nada difícil), e sei que lá a maioria dos professores não dão tanto valor às aulas como a maioria dos alunos desejassem ... conheço bem a universidade pública de perto e sei de muitos de seus problemas e suas qualidades, e para mim está mais que na hora da universidade pública responder pela verba que ela recebe ... Eu vi o curso de física começar essa divisão, acho que a minha foi a última turma onde a licenciatura e o bacharelado assistia aulas junto até o fim, eu tb vi que foram criadas disciplinas especiais para os alunos que mesmo sem sistema de cotas não aguentava a pancada que é o curso de física, lá a existencia de alunos de primeiro e segundo escalão é uma realidade até devido a natureza do curso, mas fico contente que vc me diz que lá já tem medidas tomadas para se adaptar o curso tb aos alunos de segundo escalão ... Eu lembro muito bem o argumento oficial da época ... se continuarmos com 70% de desistencia (aproximadamente isso), a verba para o institudo de física vai diminuir proporcionalmente .. uma pressão dessa para a universidade como um todo talvez possa forçar para soluçoes análogas ...

Se você fez física na USP, deve ter visto que a função primária da universidade não é nem ensinar, e sim pesquisar, produzir o conhecimento. Depois vem o ensino, e depois a extensão, que no IFUSP é insignificante. O próprio tempo gasto pelos professores nessas 3 "funções" da universidade refletem essas prioridades.

E citando um professor do IFUSP, evasão é problema nos presídios, no IFUSP é solução.

Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #178 Online: 29 de Maio de 2009, 13:46:21 »
Pior que não é pouco o número de alunos que se formam e não percebem qual a real função da universidad pública.

Universidade não é entidade filantrópica.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Orbe

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #179 Online: 29 de Maio de 2009, 14:27:43 »
Estou me retirando. Quem tiver paciência pra aturar isso, que se divirta.

Estou vendo que vc tá sem paciência, mas sem paciência com o seu dinheiro ou com o dinheiro dos outros? Pq a tal da elite intelectual que vc tanto defende não consegue fazer a sua "universidade dos sonhos da minha mãe" com recuros próprios. Para mim vcs estão mais para parasitas do que para qualquer outra coisa ....

Te garanto que o que eu pago de impostos anualmente, desde que me formei, já foi suficiente para pagar 5 cursos universitários completos de alto nível. Aliás, tudo que meus pais pagaram de impostos desde que nasci até o fim da minha faculdade, foi suficiente para pagar uns 20 ou 30 cursos universitários.

Então, palhaço, se enxerga antes de vir me chamar de "parasita". Enquanto você está aí defendendo vagabundo cotista, eu estou trabalhando e pagando impostos exorbitantes para sustentar gente como você que quer tudo fácil.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline HFC

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #180 Online: 29 de Maio de 2009, 14:55:23 »
Okay, vão jogar pedras em mim agora, mas lá vai. Universidade não é para todos. Ponto. Administrador de empresa não precisa de universidade, precisa de curso técnico. Artista plástico não precisa de universidade, precisa de curso técnico (Historiador da arte é outra coisa). Operador de planilha de excel não precisa de universidade, precisa de curso técnico.
Vamos abrir o guarda chuvas para as pedras! :D
Acho que aqui a discussão mudou do tema tópico (cotas) para qual é o interesse e a função da Universidade. Concordo com a maioria das idéias do Snow (há alguns problemas na idéia de abordagem do curso de Administração ...). Mas as funções básicas da Universidade são ensino, pesquisa e fomento, que estão ligadas entre si.

Por isso o sistema de admissão da universidade é meritocrático.
Bingo!  :ok: :ok:

Se você não pode ser engenheiro/médico/advogado/cientista/pesquisador, vai fazer outras coisas, que precisam "só" de curso técnico. Universidade não é assistência social.
Bingo!  :ok: :ok: De novo, mas ... Aqui temos um sério problema com nosso modo brasileiro de popularização do ensino.

O problema é essa visão torta do brasileiro que "pra ser alguma coisa na vida precisa fazer universidade". Nem faculdade mais serve.
Tem que ter um doutor na família!!! :wink:  :x

E pra resolver esse problema, só com educação de base. Reformar o ensino fundamental e o médio, ampliar a oferta de cursos técnicos de nível superior, não baixar o sarrafo da Universidade pra fazer um "papel social" que nem deveria existir. Universidade é um centro de geração de conhecimento e de formação de geradores de conhecimento. Se a pessoa não tem condições de se tornar um gerador de conhecimento, o trabalho pra ela é outro. Não por isso será menos digno.
Apoiado de novo, mas o problema é que a universidade pública tem sentido os efeitos das deficiências na formação dos alunos ingressantes. E a adoção da política de cotas piora tal detalhe, que continua sendo inflacionado pela deterioração do ensino pré-universitário.  Sempre fui partidário dos antigos sistemas vestibulares, não vejo ainda como o Brasil poderia usar um método próximo ao norte-estadunidense. Não conheço parâmetro de ensino para poder comparar o ensino no São Luis de São Paulo com o ensino em uma escola rural municipal da cidade de Registro, ou com uma escola estadual em Natal.

Agora, se a questão é dar a todos as mesmas oportunidades para entrar na universidade, muita coisa tem que ser revista. Desde o próprio vestibular, porque tem muita gente que estuda nesses colégios-cursinho e passam no vestibular sem efetivamente aprender.
E aí vem as aulas de Cálculo Zero!!! Ensino no Brasil, hoje, segundo minha visão (e acho que não estou tão longe da realidade), é só uma indústria de fachada. Tanto o público quanto o privado. No pré-universitário, a qualidade comum do produto final é ruim na esfera pública. Na esfera privada, o produto, geralmente é enganoso.  Nas universidades particulares o produto é geralmente enganoso. Nas públicas, ainda existe gente lutando para mudar essa idéia de indústria de produção de diplomas ... Mas nem todos conseguem ...  

Pra isso temos que acabar com a mentalidade de estudar-pra-passar-na-prova-pra-passar-de-ano, de que o próprio Feynman reclamou quando ele esteve no brasil na década de 50. E adivinha como se resolve isso? Reformando a educação de base. Só que como o pellicer bem colocou, isso não dá voto porque só surte efeito daqui a 10, talvez 20 anos.
Imagina que nosso dôtores vão dar ouvidos a um maconheiro e batuqueiro de pagode ateu. Eles estão querendo é formar acadêmicos! Universidade é um lugar sério! :o :biglol:

Mas baixar o nível dos alunos que entram na Unviersidade? Jamais. Isso vai destruir a Universidade.
Acho que vc está percebendo a intenção ... Fale baixo, podem querer levar vc para a desova ...


Aí vem alguém e fala que a UNIP é Unviersidade e qualquer um que pagar entra. Aí eu pergunto qual a produção científica da UNIP. Pergunto qual é o fator de impacto médio dos periódicos em que a produção científica da UNIP é publicada. UNIP não é Universidade.
Acho que já abordei o tema ...


É faculdade que usa uma brecha na definição legal de Universidade pra atrair as pessoas que acham que Faculdade é menos importante que Universidade e voltamos de novo à visão torta do brasileiro que precisa ser corrigida na educação de base...
Com a seriedade de nossos legisladores não é de se estranhar. Que tal fazer a estatística de quantos legisladores federais e/ou estaduais envolvidos com "universidades" particulares ...
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Offline HFC

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #181 Online: 29 de Maio de 2009, 14:59:42 »

Produção científica? O que é isso? É de comer?

Lembro de alguns momentos em que o que se pagava para pesquisadores no Brasil não dava tanta oportunidade de comer bem ... :D

Depois reclama-se da fuga de pesquisadores ... Esse produto, exportamos a custo zero para muitos países !
« Última modificação: 29 de Maio de 2009, 15:20:35 por Humberto Francis »
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #182 Online: 29 de Maio de 2009, 20:14:46 »
É difícil saber mesmo, quase só temos como achar... acho que eu talvez seja mais otimista quanto a maioria...

De qualquer forma, alguns pontos a considerar:

 - o que a gente costuma tomar conhecimento pela tv ou mídia não é necessariamente uma representação da vontade das pessoas de modo geral

 - penso que é muito provável que a maior parte das pessoas seja sim favorável a melhor educação, independentemente de serem contrários ou favoráveis a cotas, mas também a maior parte das pessoas simplesmente não é ativista, e logo não chama ativamente atenção da mídia por uma opinião mais ou menos trivial como essa, nem a mídia vai muito atrás de algo assim

 - populistas, manipuladores, esses sim, tendem a ser ativistas (não que todos ativistas sejam), vão tentar chamar atenção da mídia, e vão falar em nome de todo um grupo, como se fossem seus representantes escolhidos por unanimidade, quando na verdade agem por interesse próprio

Enfim, não estava de forma alguma defendendo os ativistas. Só acho que existem diferentes tipos de pessoas que podem dizer serem a favor de cotas e medidas parecidas, as pessoas comuns, que, talvez, acho que até provavelmente, estariam defendendo melhoria na educação básica em vez de cotas, se isso dependesse deles, se não estivessem só repetindo um "meme" lançado por ativistas/populistas com motivos escusos, que talvez em muitos casos nem pararam para analisar direito, ou, foram engabelados.

Talvez seja a realidade, mas a experiência que tenho é que o povo brasileiro sempre quer o caminho mais fácil. Essa é a cultura que se mantém... o velho "jeitinho brasileiro"... passar por cima de exigências, prazos e responsabilidades. E de preferência com o menor esforço possível.

Na graduação participei do projeto "Universidade Solidária". Na minha universidade faziam, além da versão nacional, a versão regional também. Participavam 13 municípios mais carentes da região oeste do Estado e dois bairros muito pobres em Cascavel. Minha equipe ficou a cargo do pior bairro... precisamos fazer um "senso" social do bairro para planejar a implantação de uma horta comunitária (projeto das C.Biológicas e Agrárias). Passamos em todas as casas do bairro veirificando o interesse da pessoas em participar do mutirão. Menos de 5% disse que tinha interesse em ajudar. Ouvi coisas do tipo "se vocês fizerem nós queremos, mas eu não vou fazer nada não!".

Não acho que a amostra seja tão pequena assim. Demoramos semanas pra fazer o senso... o bairro tinha umas 400 casas.

Que decepção :/

É até difícil de entender... supondo que não tivessem outras prioridades mais justificáveis...




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Eu realmente não sei dizer exatamente, talvez seja novamente só otimismo ou ingenuidade minha até. Não acho que a vasta maioria das pessoas sejam só uns festeiros arruaceiros que não querem saber de nada. Dos conhecidos meus, acho que a maioria pode até não ser extremos "Caxias", mas também não são totalmente displicentes, sem qualquer interesse, e não acho que sejam excepcionais. Não lembro especificamente de alguém falar sobre ter deixado de ter férias para estudar, mas festas, é praticamente implícito, mesmo simplesmente desde antes de faculdade já tinha gente que fazia isso, quando tinha relativa menor importância.

Eu não tive férias desde antes do terceiro ano. Era muito comum no meu colégio, que tinha uma filosofia voltada para aprovação no vestibular.

Agora, minha mãe dá aulas há muitos anos em um dos melhores colégios de Cascavel, da rede pública. Menos de 15% dos seus alunos se interessam em prestar vestibular, mesmo com a insistência dela. Ela volta a formação deles para que estejam preparados para o vestibular. Pede leitura de livros, trabalha diversas formas de redação... e os bons alunos, que são bons sempre e que nunca têm problemas de disciplina passam tranquilo. Uma aluna dela do segundo ano passou em Medicina. Prestou de novo no terceiro para poder cursar de verdade e ficou em 2o. lugar. Outra, fez C. Biológicas e defendeu o doutorado mês passado.

Há alunos excelentes na escola pública sim. Há pais e professores que não se importam em mostrar para eles o caminho do ensino superior. Mas também há os que tem a informação e não querem saber. Infelizmente, pelo menos na minha cidade natal, essa é a maioria.

Seria algo interessante de se verificar de forma menos semi-anedótica, um estudo de demografia do esforço, com um monte de variáveis e etc.

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Não quero de forma alguma colocar qualquer tom de asco playboyofóbico aqui, não se trata disso, de algum tipo de aversão ou inveja. Simplesmente acho que realmente "a barra está mais baixa" para o salto de quem tem melhores condições financeiras, e que talvez não fosse errado levar isso em consideração. Outro aspecto ainda é que, a eventual perda da vaga vai ter um impacto mais significativo quanto menores forem os recursos do candidato; quanto mais tranqüila for a situação financeira, menos dramático é ter que fazer outra prova.

Depende muito do valor e dos recursos da família. Pessoas muito ricas podem fazer uma pressão meramente psicológica, no sentido da perda de um ano de salário (já que o cara vai se formar um ano depois do que poderia), etc. Agora, a grande maioria das pessoas que estudam em escola particular não são ricas. São pessoas que sacrificam outros setores para poderem estudar em escolas melhores. Para estas, um ano a mais de cursinho é muito pesado.

Não vejo nenhuma diferença neste sentido com relação aos que são mais pobres.

O tempo todo, eu não estou nem considerando meramente o critério de escola particular vs pública, que acho mesmo tosco. Pode ter gente mais rica que não investe em educação, e gente mais pobre que investe, e várias gradações. Estou desconsiderando isso e pensando apenas na parte sócio econômica mesmo. "Cotas", ou qualquer que fosse o termo adequado para esses "bônus" de admissão que eu imaginei, poderiam valer mesmo para alguém que só tivesse estudado em escola particular a vida toda, dependendo da renda familiar.

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Por que menos significativa?

Pôxa Danniel, principalmente em Sampa tem tanta família que deixa de se vestir pra poder pagar uma escola melhorzinha sonhando que os filhos alcancem a USP... para estes, perder por um cotista, cuja família simplesmente não quis pagar por escola, deve ser triste demais...

Sim, não disse que é simples e sem exceções, o melhor critério.... inclusive postei um tópico recente sobre os países em desenvolvimento terem cada vez mais alunos em escolas particulares, vindos de famílias pobres mesmo (impressão de deja vu aqui, acho que talvez tenha já comentado desse tópico com você numa questão semelhante...)

Talvez isso pudesse ser na maior parte do tempo sanado se o critério não fossea escola ser particular ou pública, mas sim a renda familiar. Talvez até um critério adicional pudesse levar em consideração quantos % da renda se gasta com educação? Não sei...

Mas aí você continuaria punindo quem investe em educação. O ponto é que boa parte dos que usarão as cotas para entrar são aqueles que não precisam trabalhar, tem muito tempo livre, normalmente poderiam pagar por escolas privadas mas os pais preferem não gastar com isso: "o governo dá de graça, pra quê pagar?".

Justamente o contrário, estava apenas cogitando "pontuações bônus", não só mais ou menos inversamente proporcionais à renda e/ou patrimônio familiar, mas ao mesmo tempo positivamente correlacionadas com o investimento proporcional em educação.

A idéia sendo, a família é um tanto pobre, mas ainda assim investe em cursos meio extra-curriculares (inglês, profissionalizantes), ou escolas particulares, ganha pontos extras com relação a um candidato de uma família que tivesse a mesma renda, mas que não fizesse esses investimentos em educação.

Talvez uma "investigação"/entrevista mais detalhada pudesse averiguar se isso tem uma boa razão (tratamentos médicos, ou qualquer outra coisa menos supérflua que roupas, festas, videogame), aproximando o sistema do americano (a julgar pelo que vejo nos filmes, que tem entrevistas :D )


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E pode parecer anedota, mas isso é muito comum... Do jeito que vocês falam até parece que na USP só tem rico... se tem, estavão em outro departamento... pq na biologia todo mundo tá sempre sem dinheiro...

Eu não acho isso não. Acho que esse tema tende a criar esse tipo de impressões polarizadas, de qualquer forma. De um lado os vagabundos aproveitadores, do outro os vagabundos aproveitadores com dinheiro... a realidade tem mais nuances.

Pode ser pessimismo meu, realmente. Mas eu estou decepcionada demais com o povo brasileiro pra acreditar que seria diferente.

E eu por outro lado talvez algumas vezes seja otimista demais. Algumas vezes esqueço que existe gente que é simplesmente vagabunda e safada mesmo. Não sei se era real ou piada, mas no tópico de imagens engraçadas tinha um candidato a vereador descaradamente pedindo votos para ganhar essa mamata, seus "projetos de governo" eram só ganhos pessoais, etc. Independentemente disso ser piada ou não, é certo que esse tipo de coisa existe de forma menos aberrantemente honesta em admitir, e o ramo político é só uma das possíveis áreas onde aproveitadores podem tentar a sorte.

Offline Diegojaf

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #183 Online: 29 de Maio de 2009, 21:13:29 »
Estou me retirando. Quem tiver paciência pra aturar isso, que se divirta.

Estou vendo que vc tá sem paciência, mas sem paciência com o seu dinheiro ou com o dinheiro dos outros? Pq a tal da elite intelectual que vc tanto defende não consegue fazer a sua "universidade dos sonhos da minha mãe" com recuros próprios. Para mim vcs estão mais para parasitas do que para qualquer outra coisa ....

Te garanto que o que eu pago de impostos anualmente, desde que me formei, já foi suficiente para pagar 5 cursos universitários completos de alto nível. Aliás, tudo que meus pais pagaram de impostos desde que nasci até o fim da minha faculdade, foi suficiente para pagar uns 20 ou 30 cursos universitários.

Então, palhaço, se enxerga antes de vir me chamar de "parasita". Enquanto você está aí defendendo vagabundo cotista, eu estou trabalhando e pagando impostos exorbitantes para sustentar gente como você que quer tudo fácil.

Cartão pros dois.

Orbe, bastava ter denunciado.

E gilberto, se chamar mais alguém de nazista, parasita, fascista ou qualquer coisa do gênero, vou recomendar sua suspensão por 15 dias por esse comportamento.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Atheist

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #184 Online: 29 de Maio de 2009, 21:20:07 »
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Seria algo interessante de se verificar de forma menos semi-anedótica, um estudo de demografia do esforço, com um monte de variáveis e etc.

É uma idéia interessante...

Offline Diegojaf

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #185 Online: 29 de Maio de 2009, 21:24:13 »
Ok, Daqui pra frente referências a nazismo e afins quando se referirem a demais foristas serão punidas com cartão. ¬¬
« Última modificação: 29 de Maio de 2009, 21:34:16 por Diegojaf »
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #186 Online: 29 de Maio de 2009, 22:02:07 »
Conheci um aluno da rede publica, que foi o primeiro colocado no vestibular de uma universidade publica!
Eu conheci um aluno que passou em primeiro lugar no vestibular que nunca pisou numa escola particular, e as escolas particulares ficaram disputando pra ele aparecer no comercial dizendo que estudou numa dessas escolas particulares.

Olha só que sacanagem... e o governo poderia acordar e ele aproveitar do sucesso do cara, fazer uma propaganda mais "quem se esforça, consegue", e elogiar também o sistema de ensino deles...

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #187 Online: 29 de Maio de 2009, 23:07:24 »
Se for adotada as cotas, as universidades e escolas públicas terão uma pressão a mais para trabalhar para melhorar o ensino básico também,

... não.

O contrário. Cotas diminuem a pressão pelo ensino básico, pois são justamente uma forma de contornar sua infeficiência em preparar os alunos.


Se vai ser assim ou o contrário, vai depender de como vão reagir à uma medida de pressão sobre o governo e as universidades públicas como cotas. Uma imposição desse tipo é uma amostra de que está algo errado e tanto o ensido de nível básico como o superior são responsáveis por isso. Se os governos, escolas públicas básicas e universidades vão trabalhar para melhorar ou para piorar, aí já é outra questão ... eu não sou do contra antecipadamente, ainda mais pq não tem muita gente trabalhando seriamente em outras alternativas, e se pensassem assim antes de se popularizar o ensino básico até este estaria elitizado hoje em dia ...

Uma "amostra do que está errado" já seria o baixo número de alunos do ensino público entrando nas faculdades públicas. Cotas já é uma forma de trabalhar para piorar ainda mais a situação.

Não conheço bem a história, mas ouço dizer que antes o ensino básico era muito bom, concorrido, sendo as particulares a última alternativa por falta de vaga, e não recurso para escapar à má-qualidade.


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várias outras medidas, reavaliação do investimento educacional, etc terão que ser tomadas. O que não pode é o que acontece agora onde as universidades públicas recebem o dindin público e só ficam na sua ilha da fantasia intelectual inoperante.

Elas não formam profissionais, realizam pesquisas? O que mais quer que elas fizessem? Mutirões de construção de casas populares? Que os professores e alunos em vez de estudarem, passassem mais tempo fazendo e distribuindo sopa aos mendigos?


Multirões de melhoria da educação brasileira como um todo

Como o "universidade solitária", citado pela Nina?


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... o que é que propostas como cotas estão pedindo

Cotas são só facilitações de entrada, e nada mais que isso, é uma versão racial/social do pagou-passou.



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... e acho uma boa idéia pois vai forçar a universidade pública a trabalhar com isso tb ... afinal, a origem do dinheiro da universide pública, não é publica para o ensino público superior? Ou é para o ensino de elite superior?

Não existe distinção entre "público" e "elite", o ensino superior público é para os alunos capacitados, cidadãos, ricos ou pobres. Mas o fator crucial é a capacitação, não a pobreza ou a cor da pele. Se há "assimetrias" indesejáveis resultantes da seleção por capacidade, não é na seleção por capacidade que se deve corrigí-las. Ou, no máximo, de forma muito mais sutil, como sugeri em outros posts, preferências por nível sócio-econômico inferior (independentemente de ter podido investinr em ensino privado ou não), mas sem "baixar o nível", na verdade, talvez um pouco elevando para os que tem mais recurso financeiro, para os quais um resultado meramente suficiente seja comparativamente mais fácil, mais próximo de acomodação.

Ou seja, não "teria que" entrar 60% de pobres, ou uma porcentagem igual a do ensino público. O que se faz é mais ou menos se dar "bônus por pobreza", para dizer de forma bem resumida. Com a mesma pontuação, um candidato mais pobre leva vantagem com relação a um candidato mais rico. As cotas aí, não seriam para uma espécie de meta de preenchimento, mas um limite, para também evitar perder candidatos com desempenho acadêmico excepcionalmente bom, mais provavelmente esperado apenas dos mais ricos.

Acho que essa lógica não só satisfaz os ideiais de melhorar o acesso às camadas mais pobres sem comprometer a eficiência do que deve sim, ser um centro de excelência, de formação de profissionais, ao mesmo tempo em que pode talvez até melhorar as coisas inclusive nesse aspecto, porque não deixa as coisas fáceis demais de qualquer lado, seja para os pobres, que vão possivelmente ter maior quantidade de vagas por candidato, nem para os mais ricos, com melhores condições de se preparar; esses também tem que mostrar um desempenho excepcional, e talvez fosse interessante ter até um "currículo" uma vivência, que evidenciasse a dedicação aos estudos, também dos dois lados.



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3 - que nas escolas públicas só tem aluno incompetente, preguiçoso, vagabundo, aproveitador (depois vcs reclamam que acho o discurso de vcs nazistas).

Não vi tudo, mas duvido que alguém tenha dito isso.



tb não vi tudo, mas essa é exatamente uma das críticas que muitos aqui fazem contra os possíveis alunos cotistas ...

A crítica que fazem é que os não-vagabundos na maior parte do tempo conseguem entrar mesmo assim, não precisam das cotas.


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Resposta: tem muito "vagabundo" na escola pública e na particular, agora é óbvio e ululante que os alunos que tem potencial e vontade na escola pública não tem em sua maioria estímulo, condições e nem noção de que podem investir na sua própria educação e estudo.

"Logo", devem cursar o ensino superior mesmo se menos preparados, de qualquer jeito mesmo?

"Logo" o ensino superior público deve gastar o seu dinheiro público para "também" investir nos atuais menos preparados, não de qualquer jeito, mas trabalhando para melhorar a educação como um todo.

Essencialmente, quer que parte das verbas do ensino superior sejam destinadas ao ensino médio, básico, e/ou no mínimo "supletivos simultâneos", em detrimento dos que não precisam dos "supletivos simultâneos"? Esses, ricos ou pobres, devem procurar formação em faculdades públicas ou outros países.


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A atual universidade pública não está nem aí com isso
É essa a função dela? Você deveria estar falando "o atual ensino médio não está nem aí com isso".

Sim, ela recebe alunos do nível médio (logo tb tem responsabilidade sobre esses alunos), ela forma professores para o nível médio e fundamental (logo tem responsabilidades sobre esses professores), ela possui faculdades de pedagogia, recebe verbas para pesquisas em educação ... e a universidade pública não é co-responsável pela educação pública como um todo? O mais importante de tudo é que ela recebe verba pública ... de todos ....

Putz... então o ensino superior está ferrado... não pode mais se focar só em formar os melhores profissionais, tem que dar conta das falhas dos outros setores da educação, talvez da saúde, da economia, e de onde quer que possa estar indiretamente ligada. Apesar de outros setores diversos também serem financiados por impostos, mas não serem tão cobrados.... :/

Parece que o que importa mesmo é pegar diploma para se dar bem, não? O ensino em si, é secundário.

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, mas vive fazendo pressão para ter a sua verba garantida e sua "independência universitária" que traz pouco ou nenhum retorno.

"o ensino médio traz pouco ou nenhum retorno"

Traz sim, e muito ... ainda não é o ideal, mas é melhor que o país totalmente analfabeto antes da popularização do ensino público, onde esse mesmo ensino básico era elitizado ...

Bem, já ouvi dizer que era "o contrário", ao menos há algumas décadas, cursava em escolas particulares quem não tinha opção por terem acabado as vagas.

O ensino superior também pode não ser lá essas coisas, mas é melhor assim do que aceitando alunos independentemente do preparo escolar.


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A universidade pública tem como papel principal a educação de nível superior

Isso, não de ensino médio.

Mas como já lhe respondi, a universidade pública tb é co-responsável com a qualidade do ensino médio ....

E com cotas, que tornam a qualidade do ensino médio "desnecessária" para a entrada na aculdade vai melhorá-lo? Não, só vai baixar o desempenho da faculdade.



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5 - a universidade tem que selecionar por mérito.
Resposta: sim, por mérito e por aptidão. Agora se esse sistema de mérito ocasiona uma injustiça social, e está sendo custeado com o dinheiro dos injustiçados, tá mais que na hora de discutir que merda de mérito é esse?

Novamente, deveria começar a fazer essa pergunta mais em baixo. Para ilustrar a fraqueza da "lógica" que usa para a entrada na faculdade poderia simplesmente aplicá-la para os diplomas de uma vez (que, a menos que o vestibular seja inútil, também precisarão de cotas para não haver "exclusão", a menos que se exclua todos os alunos mais preparados, aí se teria igualdade).


Essa é uma das questões que o pessoal que pede cotas tá fazendo, qual é o nível de mérito pessoal e de responsabilidade institucional que está sendo praticado ... para mim quem paga a conta é que deve ter mais poder de reinvindicação e decisão ...

Só nas faculdades privadas mais porcarias existe o pagou-passou, isso não pode ser copiado nas públicas.

Faculdade não é para todos, é para os mais preparados ao curso. E todos pagam impostos, não existe essa "questão de responsabilidade institucional" em se ter mais pessoas pobres estudando lá, o ensino superior não tem poder para fazer com que eles se tornem mais preparados, é o ensino básico que tem, apenas. Essa "co-responsabilidade" não pode ser cobrada como se fosse a responsabilidade total, ainda por cima se a medida que se cobra como solução não é solução coisa nenhuma, só origem de problemas maiores.



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Os movimentos de cotas é justamente o questionamento desse mérito com o dinheiro dos outros ... como os que atualmente que tem o mérito e são beneficiados com a sua universidade pública com o dinheiro dos outros não fazem nada para diminuir as disparidades sociais na universidade pública, os "sem méritos" que estão pagando a conta estão começando a querer mudar um pouco essa história ....

Cotas é o questionamento desse sistema de méritos que a décadas dá cotas de 80% das vagas das universidades púbicas para os alunos oriundos das escolas particulares ... achamos que o dinheiro público investido nas universidades públicas deva procurar, incentivar e trabalhar para que os alunos das escolas públicas também sejam selecionados por mérito em igual proporcionalidade com os alunos das escolas particulares, pois todos pagam os mesmos impostos ... vc está me entendendo pq eu tb acho a sua lógica furada, assim como vc acha a minha furada tb? Só que eu mostrei a sua lógica furada sem ir para o argumento do absurdo como vc faz ... pq aí é muito fácil achar um absurdo em tudo ...

Não sou o autor do trecho comentado acima. A proporção da origem dos alunos de escolas públicas e particulares é tão irrelevante quanto a proporção de torcidas de futebol que eles representam. Ninguém ganha nada com uma faculdade formando menos alunos por ano, na verdade os impostos que você tanto gosta de lembrar (e esquecer que os ricos, ou meramente alunos que cursaram escola particular, não necessariamente ricos, também pagam) estão sendo pior investidos dessa maneira, isso deveria ser óbvio.


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Idem... sempre esse questionamento por algum motivo apressado e superficial, não questionando a raiz do problema, ao mesmo tempo em que sua lógica cria outros tantos.

Vc pode achar a minha lógica superficial, como eu acho a sua, aí empatamos ...

Por achismo, sim, mas o ponto é que não é achismo. A lógica de simplesmente mudar a proporção das origens dos alunos é sim, superficial. Não se importa com as causas disso, não se importa com as conseqüências, simplesmente vê a superfície do problema quer tentar corrigir também na superfície. Mas nem é na superfície que surge o problema, nem é aí que ele pode ser realmente corrigido.

Cotas simplesmente fazem menos alunos se formarem, tornam as faculdades menos eficientes, isso é um investimento inferior dos impostos de todos, e não fará com que, magicamente, o ensino médio público melhore o preparo dos vestibulandos e então as faculdades voltem a funcionar como se tivessem só os alunos mais aptos ao curso sendo aceitos.

Já se perguntar, qual é a causa do problema, e como corrigir essa causa, por definição, não pode ser uma análise superficial. A causa é que o ensino público dá menor preparo. Ignorar isso e enfiar alunos com menor preparo lá de qualquer jeito não resolve ou traz qualquer ganho, além meramente do número, da porcentagem de alunos vindos de escolas públicas e particulares ser igual. Não fará nem com que o número de formados de ambas as origens seja igual, a menos que se faça uma segunda cota, de diplomas mesmo, algo com essencialmente a mesma lógica.




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A questão se resume em:

- não são necessariamente os ricos a cursar escolas particulares, a tendência nos países subdesenvolvidos é de até mais da metade dos alunos pobres cursarem escolas particulares em alguns lugares, apesar da disponibilidade da escola gratuita

eu não tenho nada contra escolas particulares ... só acho que as universidades pública devem ser socialmente justas pois recebem dinheiro público ... lá alunos das escolas públicas e particulares devem ter as mesmas chances estudarem

Eu tenho uma preocupação similar, mas o problema é que a lógica do sistema de cotas é falha para isso.

Se na escola pública mal tinha professores e os alunos ficavam só dançando, jogando futebol com latinhas, e desenhando na lousa, com aprovação automática, é ridículo querer dar as mesmas chances de estudar num curso superior. Pela lógica das cotas, eles devem entrar, no lugar de quem está preparado, se não tiverem sido satisfeitas as cotas ainda.

Leia o post que eu fiz sobre estudos de cotas ao redor do mundo. É assim, cotas não resolvem, simplesmente. Não trazem nenhuma justiça social, só injustiças e perdas para todos os lados.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #188 Online: 23 de Novembro de 2009, 21:21:17 »
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O tribunal racial da UnB
ROBERTA FRAGOSO MENEZES KAUFMANN

 

Você já ouviu falar de Tribunal Racial? Só na Alemanha, nos tempos de Hitler? E no Brasil? Pois saiba que em Brasília, a poucos metros da Corte Constitucional, a UnB resolveu instalar uma Comissão Racial, de composição secreta, que, com base em critérios secretos, define quem é branco e quem é negro no Brasil.

Desnecessário comentar sobre o verdadeiro massacre ao princípio da igualdade, da razoabilidade e da dignidade da humana.

Em pleno século XXI, o item 7, e subitens, do Edital n o02/2009 do vestibular Cespe/UnB ressuscitou os ideais nazistas, hitlerianos, de que é possível decidir, objetivamente, a que raça a pessoa pertence.

Em outras palavras: será constitucional que uma comissão composta por pessoas arbitrariamente escolhidas pelo Cespe diga a que raça alguém pertence? Quais são os critérios utilizados? Em um país altamente miscigenado, como o Brasil, saber quem é ou não negro vai muito além do fenótipo. Após a Nigéria, somos o país com maior carga genética africana do mundo! Nesse sentido, importa mencionar a recente pesquisa de ancestralidade genômica realizada em líderes negros brasileiros pelo geneticista Sérgio Pena. Na ocasião, observou-se que a aparência de uma pessoa diz muito pouco em relação à ancestralidade.

O sambista Neguinho da BeijaFlor, por exemplo, possui 67,1% de ascendência europeia.

A mesma coisa pode ser afirmada em relação à ginasta Daiane dos Santos e à atriz Ildi Silva, nas quais a ascendência europeia é maior do que a africana.

Assim, no Brasil, há brancos na aparência que são africanos na ancestralidade. E há negros, na aparência, que são europeus na ascendência! O professor Sérgio Pena, no estudo denominado Retrato Molecular do Brasil, chegou à conclusão de que, além dos 44% dos indivíduos autodeclarados pretos e pardos, existem no Brasil mais 30% de afrodescendentes, dentre aqueles que se declararam brancos, por conterem no DNA a ancestralidade africana, principalmente a materna (a medicina comprova a história de miscigenação precoce).

Nessa linha, infinitos são os questionamentos possíveis em relação aos critérios segregatórios (se é que existe algum critério) de definição racial utilizados pela tal comissão.

Por exemplo: quantos por cento de ancestralidade africana fazem alguém ser considerado negro? E se a pessoa for africana na ancestralidade, mas branca na aparência, e nunca tiver sofrido preconceito e/ou discriminação, isso faz com que ela também possa ser beneficiária da medida? E se o indivíduo negro estrangeiro tiver acabado de chegar ao Brasil para aqui ser residente, ele também pode ser beneficiário da política? E se o negro não descender de escravos, terá direito? E o branco na aparência que comprovar descender de negros escravos, poderá ter acesso privilegiado? E o negro que descender de negros que possuíram escravos, também poderá ser beneficiário? Por outro lado, admitir que uma "Banca Racial" decida quem é negro no Brasil, utilizando-se de critérios arbitrários e ilegítimos, lastreada em perguntas do tipo "Você já namorou um negro?"; "Você já participou de passeatas em favor da causa negra?", é totalmente ofensivo a os princípios da igualdade, moralidade, publicidade e autonomia universitária.

A questão que se levanta não é superficial: se não se pode definir objetivamente os verdadeiros beneficiários de determinada política pública, então sua eficácia será nula e meramente simbólica.

De fato, a estupidez humana parece não encontrar limites.

ROBERTA FRAGOSO MENEZES KAUFMANN é advogada.


http://www.linearclipping.com.br/PDFs/948742.pdf


http://www.unb.br/noticias/unbagencia/cpmod.php?id=48193

Offline FxF

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #189 Online: 24 de Novembro de 2009, 11:34:24 »
Você já ouviu falar de Tribunal Racial? Só na Alemanha, nos tempos de Hitler?
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Offline gustavo

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #190 Online: 25 de Novembro de 2009, 11:59:46 »
Fico imaginando o que acontece quando os estudantes que passaram por cotas chegarem ao mercado de trabalho, não será uma escolha díficil para o RH.
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Offline O Grande Capanga

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #191 Online: 25 de Novembro de 2009, 12:05:14 »
Fico imaginando o que acontece quando os estudantes que passaram por cotas chegarem ao mercado de trabalho, não será uma escolha díficil para o RH.

E como o RH vai saber que o fulano de tal foi cotista?

Offline gustavo

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #192 Online: 25 de Novembro de 2009, 12:13:06 »
Ok, Daqui pra frente referências a nazismo e afins quando se referirem a demais foristas serão punidas com cartão. ¬¬

??

http://en.wikipedia.org/wiki/Godwin's_law
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Offline gustavo

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #193 Online: 25 de Novembro de 2009, 12:14:52 »
Fico imaginando o que acontece quando os estudantes que passaram por cotas chegarem ao mercado de trabalho, não será uma escolha díficil para o RH.

E como o RH vai saber que o fulano de tal foi cotista?

Cor negra? Qualquer outra caracteristica que seja facilmente reconhecida?
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Offline O Grande Capanga

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #194 Online: 25 de Novembro de 2009, 14:01:33 »
Fico imaginando o que acontece quando os estudantes que passaram por cotas chegarem ao mercado de trabalho, não será uma escolha díficil para o RH.

E como o RH vai saber que o fulano de tal foi cotista?

Cor negra? Qualquer outra caracteristica que seja facilmente reconhecida?

E se o sujeito não for negro, já que há cotas pra egressos de escola públicas?

E quem disse que todo negro será cotista?

Offline Barata Tenno

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #195 Online: 25 de Novembro de 2009, 14:48:11 »
Aí e que esta.... Depois da criação da cota todo negro vai ser considerado cotista, telha ele entrado dessa maneira ou não. Tem como o empregador pedir as notas que o candidato a vaga tirou na universidade?Porque na verdade não importa como o cara entrou na faculdade e sim como ele saiu dela.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Pellicer

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #196 Online: 25 de Novembro de 2009, 15:14:58 »
Aí e que esta.... Depois da criação da cota todo negro vai ser considerado cotista, telha ele entrado dessa maneira ou não. Tem como o empregador pedir as notas que o candidato a vaga tirou na universidade?Porque na verdade não importa como o cara entrou na faculdade e sim como ele saiu dela.

Uma pessoa sempre pode ir na faculdade pedir o histórico escolar, que tem essas informações, mas eu não sei se RH costuma pedir isso. Bolsa de mestrado e doutorado pede sempre.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #197 Online: 26 de Novembro de 2009, 00:00:30 »
O Thomas Sowell, autor de "ações afirmativas ao redor do mundo", fala qualquer coisa sobre discriminação por se supor que negros tenham se beneficiado de cotas, mas não lembro se era algo empiricamente verificado, ou se era apenas especulação.

Offline FxF

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #198 Online: 26 de Novembro de 2009, 00:41:23 »
Aí e que esta.... Depois da criação da cota todo negro vai ser considerado cotista, telha ele entrado dessa maneira ou não. Tem como o empregador pedir as notas que o candidato a vaga tirou na universidade?Porque na verdade não importa como o cara entrou na faculdade e sim como ele saiu dela.
Mas também há a questão da "fama" que os que se formaram na faculdade tem.

E essa fama não se dá só por terem terminado a faculdade, também é intencificada pelo processo de seleção.

O empregador pode simplesmente pensar "falam bem de quem se formou aí, mas será que vale para quem 'trapaceou' no processo de seleção?"

Offline Barata Tenno

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #199 Online: 26 de Novembro de 2009, 00:47:34 »
Mas indiferente de como o cara entrou na faculdade, as notas necessarias pra se formar são as mesmas.
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