O problema é que ao contrário da rifa, nós não temos escolha sobre se pagaremos ou não pagaremos impostos.
E onde está a justiça em dividir os custos para beneficiar só os mais competentes? Existem coisas que não dependem só do esforço pessoal, o histórico da pessoa e uma ajudinha da genética também contam.
Não é mais justo em vez de uns pagarem para os outros cada um pagar o seu? As pessoas que não tem condições de pagar cursos caros estudariam nas universidades públicas, mas pagariam depois de formados uma fração do salário enquanto estivessem empregados, seria uma forma de empréstimo.
O importante é manter o máximo possível de jovens nas universidades gastando o mínimo possível, e universidades públicas infelizmente gastam demais.
Gabriel, onde universidades públicas gastam demais? Pagando bem os professores?
A vida não é justa, Gabriel. Justo seria eu ser como a Gisele, com 3m de pernas, mas não sou. Vou reclamar pra quem? Pro governo, que não me deu 3m de pernas? Pro meu bisavô que casou com uma suiça baixinha?
Numa sociedade precisamos ter o engenheiro e o pedreiro também. Infelizmente há o dono do caminhão e aquele que carrega pedras pra pôr no caminhão. Nem todos podem ser os donos, e nem todos podem carregar as pedras. Uma socieadade é baseada na multiplicidade de funções. Observem as abelhas.
Alguns conseguem romper barreiras sociais, culturais e econômicas e desempenhar uma função diferente do que seria normal. Por exemplo, uma bóia-fria que vira modelo ou um favelado que se forma em direito. Essas pessoas são sortudas e muitas vezes muito esforçadas, mas são exceção. E não há suporte para que esta seja a regra.
Nem todos usufruem dos impostos que pagam. Quem não viaja, não usufrui dos impostos para manter as estradas. Quem tem plano de saúde, não usa a saúde pública, então não usa recursos públicos. Quem estuda em colégio particular, não usa a verba destinada pra educação. E quem não faz faculdade pública não usa a verba do ensino superior. Você acha possível uma separação justa em todos os sentidos?
É preciso muito cuidado para não cair na onda assistencialista do governo dos pobres. Essa história de dar tudo pro cidadão é imoral, mas é claro que eles gostam.
Talvez houvesse profissionais qualificados para montar-se outra USP, outra UNICAMP, outra UNESP. E provavelmente há recursos para tal também. Mas ia resolver o problema? Não. O que ia acontecer era a desvalorização de todas as profissões, coisa que já acontece com cursos populares (que tem em qualquer universidade/faculdade). Aí o cara tem diploma e vai acabar fazendo a mesma coisa que faria sem diploma. Conheço fisioterapeuta que é vendedora em loja, graduado em Educação Física que é recepcionista de consultório médico...