Fulano de Tal pode preferir a rede particular de saúde à pública, mas ele não é impedido de usar a rede pública.
No caso da saúde, sim, Gabriel, mas eu, por exemplo, estou PROIBIDO de ganhar comida do Fome Zero, por causa da minha renda.
Assim como ocorre com o Fome Zero, eu me encontro PROIBIDO de me beneficiar de vários programas sociais do Estado, sendo que aqueles que podem se beneficiar dele não fizeram nada para serem os escolhidos para recebê-los.
Pois bem: aí vem o Ensino Universitário Público... neste caso, eu não estou proibido de ser beneficiado por ele, bem como NINGUÉM que possui 2o Grau (sim, sou antigo mesmo) está, porque o Vestibular é aberto a todos, mesmo àqueles que não possuem dinheiro para pagar a taxa de inscrição, porque estes fazem a prova com o dinheiro de todos, inclusive o meu.
Daí, eu passo no Vestibular da FUVEST e um tal de Gabriel me diz que eu deveria PAGAR por estar recebendo um serviço que outros tentaram ter e não conseguiram, quando há programas como o Fome Zero para os quais eu tenho que pagar e não tenho nem o direito de tentar, porque eu simplesmente sou impedido de me beneficiar dele por causa da minha renda.
Tá vendo que absurdo, Gabriel?
Digamos que que a rede pública de saúde boa o suficiente para deixar Fulano em dúvida entre ser atendido nela ou num hospital particular. No caso de após pensar bem a respeito Fulano de Tal preferir usar o serviço particular, ele terá tomado uma decisão que nem todos tem condições financeiras de tomar. Se, por outro lado, ele tivesse preferido o atendimento público, ele não seria impedido de entrar no hospital.
Vide o que eu falei sobre o Fome Zero, Bolsa Escola, Bolsa Isso, Bolsa Aquilo, Bolsa Assada...
A questão é: é justo toda a sociedade pagar por um serviço que poucos afortunados podem usar? Eu não acho justo.
Salvo alguns sujeitos de QI estratosférico, não são "afortunados", não. Quando eu nasci, não apareceu nenhuma fada madrinha dizendo: "Oh, bebezinho, você está UNGIDO para ter vaga na Federal"... meu colégio era puxado e, além disso, estudei matéria que não foi dada lá. Mesmo assim, não consegui entrar na Primeira Opção, pô! Não foi nenhuma fada madrinha, não!
É como todo mundo ter que pagar para que todo loiro de olhos azuis possa chupar um picolé de limão por dia. É diferente de todo mundo pagar um imposto que torne o picolé de limão gratuito, de modo que todo mundo possa pegar um, mesmo os que preferirem comprar seus próprios picolés.
Já disse. Nenhuma fada unge bebês para que eles entrem na Federal, salvo alguns gênios. Eu tive que ralar, e ralar prá caramba para ter a minha vaga. Os vagabundos eram o tipo de pessoas que TINHAM MESMO QUE FICAR ATRÁS DE MIM NA CLASSIFICAÇÃO. Não se pode atribuir o meu sucesso com relação à estes à "coincidências", ou à "fadas madrinhas", ou à cor do meu cabelo ou à dos meus olhos, ou à outras metáforas.
Eu não consigo é acreditar que você acredite que são sempre os mais esforçados e os mais dedicads que passam no vestibular.
Uma coisa eu te digo, Gabriel: a média de esforço dos que são aprovados no vestibular é bem maior da média de esforço dos que não o são.
Entenda uma coisa: pode ter gente reprovada MAIS esforçada que alguns que passaram, mas não dá para dizer que quem passa não se esforçou.
Pega como exemplo a POLI-USP... para bater aqueles descendentes de orientais só ralando MMMMUUUUIIIITTTTOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!
E quem não teve as mesmas oportunidades?
SEMPRE vai ter alguém que não tem as mesmas oportunidades. Não dá para igualar!
Mesmo que todos tivesssem ensino IGUALZINHO, vai sempre ter um que era espancado pelo pai, vai sempre ter um que nasceu com Síndrome de Down, com QI baixo...
Sem contar que algumas pessoas são mais inteligentes do que outras, algumas pessoas ficam nervosas durante a prova, algumas pessoas podem ter potencial para passar em direito em uma universidade federal de primeira linha, mas mesmo assim desejarem cursar medicina numa universidade igualmente top e não passar pela concorrência bem mais feroz; podem inclusive tentar várias vezes, antes de desistirem e resolverem entrar numa particular; enfim, as coisas são muito mais complexas do que simplesmente se esforçar pra cacete.
É, mas, sem se esforçar prá cacete, NÃO ENTRA, a menos que o sujeito seja gênio, nos cursos procurados por 95% dos vestibulandos.
Beleza. Então quem está na universidade paga pela universidade para virar elite e ganhar mais do que os plebeus, enquanto os plebeus pagam - menos - pelos seus cursos técnicos. O que eu não concordo é com os pobres tirarem dinheiro do se próprio bolso para colocar no das elites.
Beleza. Então quem está sendo beneficiado pelo Fome Zero e não tem dinheiro para pagar Convênio Médico que vá comprar sua comida nos supermercados e que morra sem cuidado médico, enquanto as elites, que evitam mesmo utilizar a Saúde Pública, têm que pagar seus cursos universitários. O que eu não concordo é com os ricos terem que pagar impostos escorchantes para ficar assistindo aos pobres e ainda perderem um dos poucos serviços que ALGUNS DOS SEUS (muitos da elite não estudam em IES públicas) utilizam do Estado.