Mas o ponto é justamente esse: se você quer ensino de qualidade, não terá lucro. O objetivo da USP não é ter lucro, é formar os melhores profissionais.
E enquanto às melhores universidades do mundo? Harvard, Princeton, Yale, Stanford... São todas particulares e têm como objetivo o lucro. Se a educação que elas dão é literalmene superior é porque disputam um mercado altamente competitivo onde quem não tem qualidade ou quem não sabe gastar o dinheiro que ganha se ferra.
As particulares conseguem lucro. Olhe quanto pagam aos professores e o tempo que estes têm para pesquisa.
Muitas pagam mais do que as públicas. A maioria delas, no Brasil, não investe significativamente em pesquisa, e eu acho que seria muito interessante saber porque as universiades americanas acham importante investir em pesquisa e as brasileiras não e deveríamos estimular condições semelhantes por aqui. Mas eu não critico o governo por investir em pesquisa. O governo poderia muito bem cobrar mensalidades ou taxas dos já formados nas instituições públicas de ensino superior e continuar investindo em pesquisa. Ou, mesmo que as IFES fossem privatizadas, continuar investindo em pesquisa em centros de pesquisa, tais como o LNLS, o IPEN, o INPE, a FIOCRUZ, a EMBRAPA...
Você reclama de algo que simplesmente faz o diferencial entre USP e UNIP. Se você é contra remunerar bem os professores, então você não é apenas a favor de cobrar mensalidades nas públicas, como também de extinguir a qualidade no ensino.
Eu não sou contra remunerar bem os professores, eu sou contra uma situação financeira em que o orçamento da universidade chega ser 95 % gasto com folha de pagamentos! É um escândalo e um atestado de incompetência administrativa.
Nas empresas quem é melhor ganha maiores salários. Na USP (e outras estaduais de SP), a grande maioria dos professores são os melhores. Quer qualidade, pague por isso. É uma regra de mercado.
Acho que você está enganada quanto a uma coisa: São os professores das UNIP´s da vida que ganham mais, não os da USP:
http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_colunas/a_gois/id220702.htmEu sou totalmente contra desvalorizar anos de experiência, doutorados e pós-doutorados nas melhores universidades do mundo, só para que uma instituição que não tem fins lucrativos fique com a caixinha cheia.
Não é para ficar com a caixinha cheia. É para não ficar caindo aos pegaços sem dinheiro para investir em infra-estrutura e em aperfeiçoamento do material humano e dos laboratórios de pesquisa. Não se vive sem a caixinha cheia, não existe almoço grátis no capitalismo. Infelizmente as universidades estão se transformando em poços sem fundo de dinheiro público.
Se você for ver o quadro de professores das particulares, verá que a maioria deles eram alunos medianos de pós-graduação (quando têm PG), com poucas publicações e que não teriam condições de serem professores da USP, por exemplo. Não tem o conhecimento necessário, independência científica ou conhecimento de como funciona a pesquisa no Brasil para dirigir um grupo. Eles, infelizmente, nunca produziriam como a média dos professores da USP. E estes são os professores que temos no setor privado, salvo raras exceções.
Onde você encontrou o perfil dos professores das universidades particulares? Eu juro que procurei no Google e não achei nada.
Contra corrupção?
Mas primeiro o problema é que pagam muito aos professores, depois corrupção... o que os corruptos fazem com 5% do orçamento?
Que 5% do orçamento o quê
? Os corruptos descontam na fonte!
Privilégio.... não sei... privilégio pra mim é algo que não é adquirido necessariamente por competência.
O privilégio não está em entrar na universidade, está em entrar de graça.
Ué, estude mais e tente no próximo... vestibular tem todo ano.
Transferência também.
O que vocês querem é premiar a estupidez dando a ela uma etiqueta de injustiça.
Premiar a estupidez não. Só quero menos desculpas para botar a mão nos bolsos dos cidadãos, estúpidos ou não.
Eu sou contra premiar a estupidez ou preguiça.
Então tenho dezenas de conhecidos que deveriam ser jubilados na federal e na USP.
Então que paguem impostos pela escola pública só os que a usam, ou que paguem impostos para saúde só os que usam o SUS. Justiça deve ser pra todos, não apenas pros que não conseguem estudar pra passar num vestibular.
Já expliquei essa parte dezenas de vezes, se quiser discuti-la critique o que já escrevi sobre o assunto, pois não vou repetir os mesmos argumentos de novo.
Gabriel, esta idéia de que algo na vida será justo é tão utópica quando querer pagar menos aos professores e manter a qualidade...
Isso não é desculpara para perpetrarmos mais injustiças ou permitir que velhas injustiças permaneçam sem luta.
Você é que acha que não há restrição de vagas em escolas e creches, principalmente creches. E há tratamentos médicos que não são gratuitos, ou em que há filas onde espera-se mais de anos. Esse seu discurso parece ignorar que nada é tão certinho para dizer-se que apenas o ensino superior é para alguns. Mesmo os programas assistenciais do governo não atingem todos os que precisam ou que estariam no perfil.
E devem mudar, pois saúde pública e educação básica
deveriam ser oferecidos universalmente. Quanto à educação superior, você mesma disse que ela não deve ser oferecida universalmente, e é precisamente por esse motivo que eu não acho que ela deva ser gratuita.
E minha prima entrou, depois do terceiro ano estudando em casa (pois não podia pagar o cursinho). Como não podia comprar livros ou pagar xerox, pegava os livros na biblioteca quando esta fechava, estudava a noite toda e devolvia pela manhã, pois tinha feito amizade com a bibliotecária. Hoje tem duas residências, e está concuindo o mestrado na Paulista.
Existem casos e casos. Não se pode discutir uma política pública baseando-se no que aconteceu com a sua prima.
Quem desiste o faz por vontade.
Minha vó tem 70 anos e vai prestar vestibular ano que vem... será que não falta é vontade pra maioria?
Falta de oportundade também conta. Aposto que sua prima do exemplo anterior teve que se esforçar bem mais do que muita gente que passou com ela.
Gabriel, sempre haverá pobres.
A questão é quão pobres serão os pobres? Sem dúvida há pobres na Suécia, mas não tão pobres quantos os pobres da Somália. Será que não pode existir pobreza com dignidade e possibilidades?
Exato, a vida é injusta. Não podemos e também não devemos prejudicar outros tantos que conseguem por esforço próprio só porque alguns não conseguem. A grande maioria nem quer estudar mesmo.
Quem está falando em prejudicar, não quero prejudicar ninguém! Eu estudo em universidade federal, esqueceu? E eu acharia justo após formado colaborar mensalmente com algum "dízimo" com a universidade em que me formei para ajudá-la nos gastos com ensino.
Até parece que todos são sedentos por universidade assim.... você conhece o ensino público de base, Gabriel? Minha mãe dá aulas há 16 anos, e talvez uma dúzia dos seus alunos tenha feito faculdade.... mesmo com as camapanhas de incentivo dela e de oturos professores. Pra quê estudar mais? Dá muito trabalho! O negócio é arrumar um marido rico... ou então um negócio lucrativo de contrabando paraguaio.
Não precisa ser sedento por universidade! A pessoa tem que ter direito à opção, como você tem direito a optar por usufruir ou não do sistema público de saúde.
A atuação profissional já é um retorno à sociedade. Quem senta sobre o diploma é que não contribui em nada.
Estou falando em serviços gratuitos. Olha só, a sociedade paga para você se formar, você exerce a profissão e a sociedade paga para você pelo seu serviço. Cadê seu retorno?
Na verdade não concordo com isso. Nem mesmo a Federal poderia reclamar.
A realidade das Federais e Estaduais de SP não é a mesma das outras IES públicas. Acredite, você não sabe o que é uma universidade sem dinheiro.
Eu sei que existem universidades que estão muito piores, mas isso não altera o fato de as universidades públicas do estado de São Paulo ambém estarem em crise, uma crise menos grave, mas uma crise.
Mas cobrar a mensalidade não é a solução. Na Unioeste, por exemplo, inquéritos admnistrativos e uma vistoria do governo levantou que a grande maioria dos professores que recebiam para fazer 20 horas de pesquisa e pela dedicação exclusiva davam aulas em particulares e não faziam pesquisa. Setores como transporte mantinha os carros nas casas dos funcionários. A macenaria tralhava para alguns funcionários e não dava conta dos pedidos do campus. Havia desvio de dinheiro e pessoas foram presas pois não chegou no hospital universitário a verba pra instalação do hospital-escola. Se tudo isso fosse modificado, poderíamos até ter papel higiênico nos banheiros!
Você não disse se Unioste cobrava mansalidades ou não
. Mas isso aí é corrupção e sem a devida fiscalização pode ocorrer com ou sem mensalidades.
A questão de gestão do dinheiro público é muito mais complexo do que dizer "A faculdade pública não tem verba, vamos cobrar dos alunos".
Na verdade a minha preocupação não era exatamente com o caixa das universidades, mas com a ética de a sociedade sustentar a educação superior de uma elite. A questão com o caixa surgiu porque eu falei que talvez fosse necessário para a própria sobrevivência das universidades cobrar contribuições dos alunos além de receber os impostos que não deveria estar recebendo. Todo dinheiro é dinheiro, Nina.
Eu temo que um dia talvez se torne necessário cobrar mensalidade dos estudantes mesmo sem o governo parar de usar recursos do orçamento para sustentar o ensino! Vai mal esse país...
Não disse que eu tinha dito o que eu disse que disse?!
Só depende da quantidade que é desviada...
Aparentemente na USP não há tal risco. Pelo menos não falta papel nos banheiros...
A USP não é a única universidade pública brasileira.
O que vai de mal a pior é a pesquisa, que cada vez tem menos apoio. FAPESP só financia projetos da moda. A gente costuma brincar que pra aprovar uma bolsa é preciso que o projeto contenha algumas palavras-chave, como CTE, nanotecnologia, cerrado, RNAi, genoma....
Ninguém quer saber de genética e evolução de peixes... :cry:
Projetos que não tem apelo da mídia são cada vez menos contemplados.
É que dinheiro não é bem um artigo em abundância.