Você quer universidade sem professor?
Isso, Gabriel, pague pouco e em breve você conseguirá equivaler a USP à UNIP, e aí pode privatizar, porque não fará mais diferença mesmo estudar em uma ou em outra.
Aliás, pq você foi pra São Carlos? Iria se a Universidade fosse equivalente a uma particular medíocre qualquer?
Mas você há de concordar que é uma porção muito grande do orçamento que é gasta com eles, se uma empresa gastasse 95% de seu orçamento com folha de pagamentos, como a Unicamp, ela não duraria uma semana antes de quebrar! E olha que orçamento da Unicamp é de 900 milhões de reais por ano. O da UFSCar está em 20 milhões.
Na Europa não se paga a aposentadoria dos professores. Está certo que lá a previdência social funciona melhor do que aqui... Um problema se emaranha no outro.
Eu não disse em nenhum momento que a USP e a Unicamp deveria baixar salários, só observei que sua receitas não dão conta das despesas.
Nem as delas nem as da maioria das universidades públicas. Você sabe que o ensino superior no Brasil está em crise e não é de hoje.
Mas o ponto é justamente esse: se você quer ensino de qualidade, não terá lucro. O objetivo da USP não é ter lucro, é formar os melhores profissionais.
As particulares conseguem lucro. Olhe quanto pagam aos professores e o tempo que estes têm para pesquisa.
Você reclama de algo que simplesmente faz o diferencial entre USP e UNIP. Se você é contra remunerar bem os professores, então você não é apenas a favor de cobrar mensalidades nas públicas, como também de extinguir a qualidade no ensino.
Nas empresas quem é melhor ganha maiores salários. Na USP (e outras estaduais de SP), a grande maioria dos professores são os melhores. Quer qualidade, pague por isso. É uma regra de mercado.
Eu sou totalmente contra desvalorizar anos de experiência, doutorados e pós-doutorados nas melhores universidades do mundo, só para que uma instituição que não tem fins lucrativos fique com a caixinha cheia.
Se você for ver o quadro de professores das particulares, verá que a maioria deles eram alunos medianos de pós-graduação (quando têm PG), com poucas publicações e que não teriam condições de serem professores da USP, por exemplo. Não tem o conhecimento necessário, independência científica ou conhecimento de como funciona a pesquisa no Brasil para dirigir um grupo. Eles, infelizmente, nunca produziriam como a média dos professores da USP. E estes são os professores que temos no setor privado, salvo raras exceções.
O fato de o Brasil cobrar muito imposto não justifica privatizar o ensino superior. Você realmente acha que o imposto vai pra educação, Gabriel? Só falta agora falar que não tem político corrupto no país.
Não falei necessariamente em privatizar. Sugeri cobrar contribuições dos já formados. Se bem que a privatização seria uma possível medida contra a corrupção.
Contra corrupção?
Mas primeiro o problema é que pagam muito aos professores, depois corrupção... o que os corruptos fazem com 5% do orçamento?
Você sabe que há a possibilidade se houver vagas. Pode-se abrir muitas vagas se pagarem mais professores. Isso tem sido feito na USP. Todo semestre há vagas pra transferência. Faz-se a prova e pronto.
São poucas vagas e os que ingressam em universidades públicas via transferência são tão privilegiados quantos os que ingressam via vestibular.
Privilégio.... não sei... privilégio pra mim é algo que não é adquirido necessariamente por competência.
Ou você acha que é pouca gente que pensa em passar no vestibular da UNIP e depois transferir para a USP? Ensino superior não é universal, é um direito restritíssimo.
Ué, estude mais e tente no próximo... vestibular tem todo ano.
O que vocês querem é premiar a estupidez dando a ela uma etiqueta de injustiça.
Eu sou contra premiar a estupidez ou preguiça.
Bom, uma coisa é certa. Faculdade estadual/federal é gratuita, mas não é pública. Pública é praça. O que significa que existem alguns requisitos pra entrar numa pública, e um deles é passar numa prova, justamente porque não há vagas pra todos. E se todos entrassem, com certeza nem todos saririam com um diploma.
Com certeza. Que paguem só os que entraram.
Então que paguem impostos pela escola pública só os que a usam, ou que paguem impostos para saúde só os que usam o SUS. Justiça deve ser pra todos, não apenas pros que não conseguem estudar pra passar num vestibular.
Gabriel, esta idéia de que algo na vida será justo é tão utópica quando querer pagar menos aos professores e manter a qualidade...
Não acho injusto que os alunos sejam selecionados pois as pessoas têm a chance de entrar. Custa esforço, mas NADA na vida é de graça. Nem a morte.
Também não acho injusto os alunos serem selecionados! Acho injusto todo mundo ter que pagar, já que não é um serviço oferecido universalmente, ao contrário da saúde, da segurança pública, da educação básica...
Você é que acha que não há restrição de vagas em escolas e creches, principalmente creches. E há tratamentos médicos que não são gratuitos, ou em que há filas onde espera-se mais de anos. Esse seu discurso parece ignorar que nada é tão certinho para dizer-se que apenas o ensino superior é para alguns. Mesmo os programas assistenciais do governo não atingem todos os que precisam ou que estariam no perfil.
O Rubens é um ótimo exemplo. Pergunte se ele estudou em particular ou se fez cursinho. Você sabe onde ele chegou. Agora, ficar em casa se lamentando por não ter nascido rico não ia levá-lo a lugar algum. A maioria simplesmente quer que seja feito por eles.
Há casos e casos. Conheço gente inteligente que fez cursinho pré-vestibular, se matou de estudar, tentou medicina várias vezes, mas bateu na trave em todas elas.
E minha prima entrou, depois do terceiro ano estudando em casa (pois não podia pagar o cursinho). Como não podia comprar livros ou pagar xerox, pegava os livros na biblioteca quando esta fechava, estudava a noite toda e devolvia pela manhã, pois tinha feito amizade com a bibliotecária. Hoje tem duas residências, e está concuindo o mestrado na Paulista.
Quem desiste o faz por vontade.
Minha vó tem 70 anos e vai prestar vestibular ano que vem... será que não falta é vontade pra maioria?
Quando fazia graduação trabalhei num programa chamado "Universidade Solidária". A biologia ficou encarregada da implantação de uma horta de plantas medicinais (fitoterápicos). Eu, então, tinha que perguntar de casa em casa na comunidade se havia interesse da implantação da horta comunitária.... as respostas variavam entre "sim", "não", e tinha uma classe interessante: "só se você fizer, porque eu não quer fazer não... dá muito trabalho"....
Isso também é muito normal.
Não fique pensando em todo pobre como um coitado. Tem muito acomodado nesse bolo aí.
Com certeza. E os pobres acomodados vão continuar pobres. Ou isso ou se filiarão ao PT e ganharão a presidência da república, onde continuarão acomodados. Mas também existe gente séria no bolo que quer mudar de vida, mas não consegue porque a vida é injusta. Não podemos fazer nada.
Gabriel, sempre haverá pobres.
Exato, a vida é injusta. Não podemos e também não devemos prejudicar outros tantos que conseguem por esforço próprio só porque alguns não conseguem. A grande maioria nem quer estudar mesmo.
Até parece que todos são sedentos por universidade assim.... você conhece o ensino público de base, Gabriel? Minha mãe dá aulas há 16 anos, e talvez uma dúzia dos seus alunos tenha feito faculdade.... mesmo com as camapanhas de incentivo dela e de oturos professores. Pra quê estudar mais? Dá muito trabalho! O negócio é arrumar um marido rico... ou então um negócio lucrativo de contrabando paraguaio.
Eu preferiria cobrar uma retribuição real, como a manutenção de cursinhos gratuitos para alunos carentes, onde os acadêmicos dariam aulas; ou a obrigação de engajamento em educação de ciência pelos pós-graduandos; cursos para a comunidade; campanhas educativas e lúdicas para crianças. Tudo isso é fácil de ser conduzido.
É uma alternativa, por que não? É um bom meio de os estudantes darem um retorno à sociedade.
A atuação profissional já é um retorno à sociedade. Quem senta sobre o diploma é que não contribui em nada.
Isso seria mais profícuo do que cobrar de quem dá duro pra fazer faculdade, mesmo ela sendo pública. Os filhinhos de papai quase sempre arrumam um jeitinho de burlar as regras, como alguns que moram no Crusp, por exemplo. Eles têm contatos, afinal.
Sem dúvida seria, o problema é que as universidades vão mal financeiramente.
Na verdade não concordo com isso. Nem mesmo a Federal poderia reclamar.
A realidade das Federais e Estaduais de SP não é a mesma das outras IES públicas. Acredite, você não sabe o que é uma universidade sem dinheiro.
Mas cobrar a mensalidade não é a solução. Na Unioeste, por exemplo, inquéritos admnistrativos e uma vistoria do governo levantou que a grande maioria dos professores que recebiam para fazer 20 horas de pesquisa e pela dedicação exclusiva davam aulas em particulares e não faziam pesquisa. Setores como transporte mantinha os carros nas casas dos funcionários. A macenaria tralhava para alguns funcionários e não dava conta dos pedidos do campus. Havia desvio de dinheiro e pessoas foram presas pois não chegou no hospital universitário a verba pra instalação do hospital-escola. Se tudo isso fosse modificado, poderíamos até ter papel higiênico nos banheiros!
A questão de gestão do dinheiro público é muito mais complexo do que dizer "A faculdade pública não tem verba, vamos cobrar dos alunos".
Eu temo que um dia talvez se torne necessário cobrar mensalidade dos estudantes mesmo sem o governo parar de usar recursos do orçamento para sustentar o ensino! Vai mal esse país...
Só depende da quantidade que é desviada...
Aparentemente na USP não há tal risco. Pelo menos não falta papel nos banheiros...
O que vai de mal a pior é a pesquisa, que cada vez tem menos apoio. FAPESP só financia projetos da moda. A gente costuma brincar que pra aprovar uma bolsa é preciso que o projeto contenha algumas palavras-chave, como CTE, nanotecnologia, cerrado, RNAi, genoma....
Ninguém quer saber de genética e evolução de peixes... :cry:
Projetos que não tem apelo da mídia são cada vez menos contemplados.