Está querendo dizer que só existe triângulo-enquanto-conceito-lógico-matemático na "cabeça de alguém"**. É isso?
Se for, por que segue dai que teria de haver uma inteligência maior como causa dessas coisas? Analogias não provam coisa alguma, só ajudam na exposição de uma idéia ou argumento.
** entenda o termo entre aspas não literalmente, mas como um exemplo do que seria inteligência
É o velho problema aun no resuelto que está nas bases da Metafísica: realismo x nominalismo.
O triangulo equilátero (ou qq. outro, bien sûr
) "existe"
Existe na natureza e existe enquanto abstração e conceito nas nossas cabeças.
Mas aí, alguns resolvem concluir que há a necessidade de uma outra cabeça ou de alguma realidade transcendente para que isso seja possível.
É bem mais simples supor é uma forma eficaz de reduzir a multiplicidade do mundo à unidade, de classificar, apreender, etc.
O mundo se reduziria a um caos total, se não fosse possivel abstrair nada de nada e dentro das nossas cacholas tem uma coisa esponjosa que tem por função interpretar o que vem dos sentidos e abstrair. Onde a necessidade de um deus ou de um mundo transcendente de idéias?
Nessas idéias do micrômegas, me parece haver ecos de (uma fase do) platonismo: aquela em que Platão considerava que abstrações** tinham uma existencia idealizada e perfeita, totalmente à parte as coisas concretas das quais "extraímos" aquelas abstrações. Mas, posteriormente, ele mesmo percebeu isso (argumento do terceiro homem) e abandonou a idéia. Mas ele sustentou por um tempo existirem coisas como "unidade", "doisidade",... a parte os 1,2,... da matemática.
** E não era qualquer abstração não: Platão não considerava que não existiam ideias de coisas ridículas e desprezíveis como, por exemplo, chapéus e lodo. Porem ele mesmo descartou essa idéia, como bem mostra o diálogo Parmênides.