Autor Tópico: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão  (Lida 13412 vezes)

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Offline Stéfano

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #25 Online: 19 de Junho de 2009, 14:12:25 »
Se o STF não tivesse esta brilhante decisão, por acaso então cada revista científica deveria ter como editor um jornalista?
Sim, e até mesmo boletins informativos de uma empresa, por exemplo, deveriam ter um "jornalista responsável". É reserva de mercado.
"Alternative and mainstream Medicine are not simply different methods of treating ilness. They are basically incompatible views of reality and how the material world works." Arnold S. Relman

Offline Diegojaf

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #26 Online: 19 de Junho de 2009, 14:28:43 »
As faculdades de jornalismo devem ter feito um tremendo lobby.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Diego

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #27 Online: 19 de Junho de 2009, 14:35:07 »
Se o STF não tivesse esta brilhante decisão, por acaso então cada revista científica deveria ter como editor um jornalista?
Sim, e até mesmo boletins informativos de uma empresa, por exemplo, deveriam ter um "jornalista responsável". É reserva de mercado.

Era reserva de mercado...

Offline Stéfano

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #28 Online: 19 de Junho de 2009, 14:54:00 »
Se o STF não tivesse esta brilhante decisão, por acaso então cada revista científica deveria ter como editor um jornalista?
Sim, e até mesmo boletins informativos de uma empresa, por exemplo, deveriam ter um "jornalista responsável". É reserva de mercado.
Era reserva de mercado...
Agora, como já disseram, é seleção natural. Ainda acho que o diploma vai garantir vantagem no mercado, exceto (espero) em áreas de conhecimento específico fora do jornalismo, como ciências. Como nos negócios, o mercado valoriza o formado em administração, mas não é necessário ser administrador formado para dirigir uma empresa (e ninguém te obriga a contratar um para dirigir a sua).
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Offline Donatello

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #29 Online: 19 de Junho de 2009, 17:54:48 »
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EU acho, em minha humilde opinião, que há uma diferença gigantesca entre ser um surfista (vulgo desocupado profissional) e ser um profissional de qualquer área.
Einh?  O curso não forma surfistas... forma empreendedores em surf. Qual diferença você vê entre exigir um curso de jornalismo para quem queira produzir um tablóide popular de R$0,50 e exigir curso de surf para quem deseje lançar uma nova marca de bermudas coloridas que aparecem o cofrinho? A alegação de quem defende a regulamentação da primeira atividade é de que só quem estudou disciplinas como 'teoria da comunicação' e 'retórica e argumentação' pode ser suficientemente bom para escrever uma manchete espalhafatosa sobre chacina ocorrida na periferia (destas tipo:" Polícia invade Macacos e tomba cinco vagabas"). O segundo grupo pode alegar que só quem estudou 'história do surf' e 'geometria dos tubos e paredões' pode ser suficientemente bom para desenhar uma bermuda feia e desconfortável que fica caindo da bunda.

Não vejo a discrepância entre uma alegação e outra. Ambas me parecem igualmente absurdas.

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Para mim, o risco para a segurança dos outros é o mesmo.
Estranho como os jornalistas leigos norte-americanos, australianos, alemães, espanhóis, japoneses, chilenos não pareçam colocar mais as suas populações em risco que os jornalistas graduados brasileiros nos colocam. Por um acaso eu tenho hábito de ler jornais online em inglês (com certa sofreguidão) e principalmente em espanhol. E te garanto que o jornalismo "amador" de um El País ou de um The Australian não deixa nada a desejar ao jornalismo "profissional" de um O Globo, talvez muito pelo contrário. Este é o ponto.

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obs.: O mesmo Silvio Santos que muda a programação de sua emissora toda semana e está perdendo o segundo (eterno segundinho) lugar em audiência para a Recópia do bispo Macedo? Um perfeito exemplo do estrago que um leigo pode fazer, atuando onde deveria estar um profissional de comunicação.
Sim, o mesmo Silvio Santos que construiu um império econômico que inclui banco, rede de televisão de alcance nacional, hotel, fabricante de cosméticos e que é um dos maiores (ou o maior) magnatas do país... tudo isto a partir do quase nada (lembrando que a menção ao Silvio Santos era pelo seu talento como administrador: eu estava relacionando uma série de profissões para prática das quais se exije diploma ou filiação a sindicatos ou algo do tipo  e que, ao meu ver, não deveriam ter tais limitações e para sustentar meu ponto citei gênios de algumas destas profissões que nunca fizeram uma graduação relacionada a tais atividades e entretanto são invejados por 99 em cada 100 estudantes ou profissionais graduados das respectivas áreas)

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Certamente há uma grande diferença entre os youtubetards e um cineasta.
E você acha que a profissão de cineasta profissional deveria ser reservada a graduados em cinema? Esta era a pergunta.

Edit: vinha me equivocando na definição de profissão regulamentada. Por profissão regulamentada eu queria dizer aquelas cuja prática são exclusivamente abertas a quem fez algum curso profissionalizante específico, mas não é isso que se chama de profissão regulamentada. E errei de novo em dizer que, dentre as habilitações de comunicação social, só jornalismo era atividade privativa de diplomados (relações públicas também é atividade privativa de graduados).

Foi malz a indinorância :vergonha:
« Última modificação: 19 de Junho de 2009, 19:44:09 por Donatello van Dijck »

Offline Donatello

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #30 Online: 19 de Junho de 2009, 18:36:41 »
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Então coloque uma foto de alguem na primeira página dos jornais de grande circulação com uma manchete do tipo "Identificado homem que violentou e matou 15 adolescentes". E aí vejamos se a pessoa da foto sofre consequências drásticas em curto prazo.
Isto já acontece constantemente no jornalismo brasileiro atual, leia os noticiários do Rio de Janeiro e você vai encontrar centenas e centenas de casos que sem qualquer prova cabal pessoas foram noticiadas como culpadas por algum crime. Inúmeras outras atrocidades contra a ética jornalística ensinada nas faculdades de comunicação (respeito à privacidade, proteção incondicional das fontes, não espetacularização de notícias que possam gerar caos como acidentes envolvendo diversas vítimas) têm sido constantemente quebradas pelos jornalistas graduados que atuam nas nossas redações. Se a intenção era evitar que este tipo de coisa ocorresse, sinto mas não foi nem mínimamente suficiente nestas décadas todas.

Eficiente seria estabelecer possibilidades reais de punição para quem estampar foto de alguém o acusando de crime ou para quem extrapolar os limites do bom senso e da legalidade na investigação "jornalística" sobre o namoro de fulaninho com fulaninha ou para quem não tornar de fato irreconhecível o perfil e o timbre de voz de pessoas que venham a denunciar crimes em programas televisivos (muitas vezes a emissora faz uma interferência sonora ou uma distorção de imagem que permitem que o alcagoete seja reconhecido, já houve casos de pessoas que foram fuziladas por milicianos no Rio porque o repórter não teve o cuidado ético de preservar a integridade do entrevistado, que foi colocado sob risco de vida em funçaõ disso). E isto poderia perfeitamente ser aplicado a jornalistas formados ou não.

Se jornalistas (leigos ou não) souberem que vão pra cadeia se difamarem alguém eles provavelmente hesitarão, se jornalistas (bacharéis ou não) continuarem sabendo que a única punição cabível para este tipo de atitute é a consciência pesada na hora de dormir, muitos continuarão tendo atitudes anti-éticas como estas.
« Última modificação: 19 de Junho de 2009, 21:00:58 por Donatello van Dijck »

Offline Fabi

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #31 Online: 20 de Junho de 2009, 04:47:32 »
Mas já não acontece isso?

Mais ou menos isso.
Off: Pode parecer brincadeira mas é assim que anda a educação no Brasil. Pessoas desqualificadas dão aulas e depois perguntam "por que a educação no Brasil vai tão mal?"

Boas reportagens creio que sim. Afinal, são tão raras...
E são feitas por jornalistas "com diploma"... A verdade é que não precisa de muito para escrever uma boa reportagem. Qualquer um pode fazer.


Escrever é fácil. Claro que é. Qualquer criança faz isso. O problema é o que se escreve.
~
Mas não precisa de diploma pra escrever. Todo mundo faz. O problema nessa questão é: Por que eu vou ler uma matéria de um jornalista tapado sobre a saúde, se um médico especialista pode escrever?
O que você prefere? Um jornalista formado em jornalismo falando sobre cirurgias cardíacas, ou um cardiologista falando sobre cirurgias cardíacas?

Aí que reside o medo do conselho de jornalistas. Os jornalistas formados podem perder mercado para pessoas melhores, e que entendem mais de um assunto.
E pilotar um avião é mais fácil do que parece.

Quanto ao Flight Simulator não ter tempestades e etc., jogue e veja.

É só ligar o avião no piloto automático e sair voando. Mas e se o piloto automático não funcionar?

O Conselho Federal de Jornalismo* só quer exigir diploma pra restringir o número de pessoas no mercado, já que qualquer um** sabe escrever um texto ou "fazer reportagem".

E para valorizar a profissão também, creio eu.
Acredite é mais para restringir mercado. Há um tempo atrás, estudantes de jornalismo não podiam fazer estágio remunerado. E por que? Porque poderia tirar o emprego de "jornalistas formados", já que eles eram mais baratos.

Agora me diz, você contrataria um estudante do segundo ano de engenharia civil para construir um prédio de 30 andares? Ou você iria preferir um engenheiro formado com experiencia (mesmo que fosse muito mais caro)?

Se o STF falasse que o diploma de medicina não é obrigatório para exercer medicina, ia causar uma confusão enorme e a grande maioria seria contra. E por que? Eu posso escrever uma reportagem, é fácil. Mas não posso extrair meu apendice inflamado, preciso de um médico formado pra isso.  Entende? Você também não pode projetar um prédio de 30 andares, e se fizesse isso, quem garante que o prédio seria firme e seguro?

Jornalismo é fácil, medicina é dificil, engenharia é dificil, precisa de conhecimentos, anos de estudo, experiencia e etc, não é só pegar o papel e a caneta e escrever meia dúzia de bobagens, e publicar e esperar que alguém leia.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Fernando Silva

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #32 Online: 20 de Junho de 2009, 10:47:22 »
obs.: O mesmo Silvio Santos que muda a programação de sua emissora toda semana e está perdendo o segundo (eterno segundinho) lugar em audiência para a Recópia do bispo Macedo? Um perfeito exemplo do estrago que um leigo pode fazer, atuando onde deveria estar um profissional de comunicação.
Acho que o Silvio Santos está com algum problema.
Ele construiu um império a partir de quase nada e agora o está destruindo.
Talvez ele esteja ficando senil.

Um "profissional de comunicação" não teria feito o que ele fez, embora talvez fosse muito eficiente como "pau mandado", executando funções específicas num departamento qualquer.

Talento é talento, não se aprende na escola.

Offline Lua

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #33 Online: 20 de Junho de 2009, 14:55:03 »
Acho que o Silvio Santos está com algum problema.
Ele construiu um império a partir de quase nada e agora o está destruindo.
Talvez ele esteja ficando senil.

Um "profissional de comunicação" não teria feito o que ele fez, embora talvez fosse muito eficiente como "pau mandado", executando funções específicas num departamento qualquer.

Talento é talento, não se aprende na escola.

Não é de hoje que o Sílvio Santos age como se o SBT fosse uma receita de bolo: faz experimentações com base no que ele gosta ou de quem ele gosta. O telespectador nem pode se prender à sua grade de programação hoje, porque ela pode ser diferente amanhã. Quem gosta de séries então... é um sofrimento, já que ele retira série, coloca série diferente, corta a exibição no meio...

Sem dúvida ele precisa de alguém que avalie números e trabalhe de acordo com o que o público quer (e não o que ele quer). Se não fizer isso rápido, a SBT vai continuar perdendo terreno para a record e seus programas imbecis.


Eficiente seria estabelecer possibilidades reais de punição para quem estampar foto de alguém o acusando de crime ou para quem extrapolar os limites do bom senso e da legalidade na investigação "jornalística" sobre o namoro de fulaninho com fulaninha ou para quem não tornar de fato irreconhecível o perfil e o timbre de voz de pessoas que venham a denunciar crimes em programas televisivos (muitas vezes a emissora faz uma interferência sonora ou uma distorção de imagem que permitem que o alcagoete seja reconhecido, já houve casos de pessoas que foram fuziladas por milicianos no Rio porque o repórter não teve o cuidado ético de preservar a integridade do entrevistado, que foi colocado sob risco de vida em funçaõ disso). E isto poderia perfeitamente ser aplicado a jornalistas formados ou não.

Se jornalistas (leigos ou não) souberem que vão pra cadeia se difamarem alguém eles provavelmente hesitarão, se jornalistas (bacharéis ou não) continuarem sabendo que a única punição cabível para este tipo de atitute é a consciência pesada na hora de dormir, muitos continuarão tendo atitudes anti-éticas como estas.

Concordo plenamente, Donatello. O grande problema é que hoje a televisão, jornais e revistas precisam jorrar sangue ou lágrimas para agradar ao grande público. Pouco importam a ética e os valores desde que seja possível vender mais ou atingir altos índices de audiência. Um caso que achei absurdo e que não acompanhei em tempo real foi o do sequestro da Eloá: a tal 'jornalista' Sônia Abrão conversou com o sequestrador... :stunned: :stunned: Céus! Em que país estamos? Como um abutre caça níqueis como ela consegue interferir em um procedimento de negociação com um sequestrador? Isso é extrapolar os limites do bom senso. O que me consolou depois foi saber que a emissora foi processada pelo MPF.  :twisted:

Atualmente é inegável a influência que a mídia exerce sobre as pessoas. Em razão disso, faz-se necessário que nossos legisladores atuem no sentido de disciplinar e punir condutas abusivas. Não nego que existam meios de apurar e punir (criminal e civilmente), mas é preciso dotar de especialidade o que é objeto apenas de lei generalista. Se fulanino souber que poderá pegar até um ano de cadeia por fazer tal afirmação ou mesmo que poderá ser suspenso de sua categoria profissional por veicular informações falsas ou difamatórias, certamente as coisas poderão começar a entrar nos eixos... Obviamente, a lei será descumprida como todas são... mas não custa nada estabelecer punições reais e direcionadas para esse tipo de gente.  :ok:
« Última modificação: 20 de Junho de 2009, 15:00:18 por Lua »
"Ajusto-me a mim, não ao mundo" Anais Nin

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Offline Tex Willer

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #34 Online: 20 de Junho de 2009, 20:37:14 »
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Após derrubar diploma para jornalista, STF pensa em cobrá-lo no próprio concurso
Arnaldo Júnior

Do CorreioWeb

Quarenta e oito horas após derrubar a exigência do diploma para o exercício legal da profissão de jornalista em todo o país, o Supremo Tribunal Federal (STF) despertou para uma das várias consequencias que a medida já começa a causar no mercado de trabalho, em especial no serviço público. Para repor seu quadro de servidores, o próprio órgão já estava para lançar edital de inscrições. Um dos cargos oferecidos é para jornalista e exigia o – agora obsoleto – diploma de conclusão de curso na área de comunicação social com habilitação em jornalismo. Mas, após sua própria decisão, a Casa não sabe como resolver já o impasse sobre a escolha de seus futuros profissionais de comunicação.

O presidente do Supremo, Gilmar Mendes, que apregoou a liberdade de expressão ao relatar o processo que extinguiu a prerrogativa dos jornalistas diplomados, nesta sexta-feira não soube esclarecer se os próximos profissionais podem ter qualquer formação. “Não está excluída a possibilidade de que seja exigido diploma de jornalista ou de outra profissão. O STF precisa examinar”, esquivou-se.     

Pega de surpresa após a decisão tomada “dentro de casa”, a Comissão de Concursos do STF agora estuda a necessidade de retificar os pré-requisitos para o lançamento do próximo edital, que entre outras oportunidades prevê 14 vagas para jornalistas. E não foi só o STF que acordou para a nova realidade sem um “Plano B” na questão envolvendo os concursos públicos para jornalista. O Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram), Ministério da Justiça, Fundação Universidade de Brasília (FUB) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), já estão se reunindo com as respectivas entidades organizadoras dos certames e aguardam o que fazer. Só não sabem ao certo a quem perguntar.

No caso do STF, a trapalhada só não é maior porque, no caso dos jornalistas, a função se enquadra no cargo de analista judiciário, onde apenas candidatos de nível superior podem concorrer – a princípio, até os “cozinheiros” formados. Para quem tem diploma de nível médio, pode concorrer a uma vaga ao tribunal no cargo de técnico judiciário, mas não como jornalista. Ou, como estes já “amanheceram jornalistas” também desde a última quinta-feira (18), podem tentar o sonho da profissão na iniciativa privada.

Projeto de Lei

O jornalista não diplomado e Ministro das Comunicações Hélio Costa e o deputado federal Miro Teixeira (PDT/RJ) defenderam nesta quinta-feira (18) a criação de um projeto de lei no Congresso Nacional exigindo a obrigatoriedade do documento para o exercício da profissão. Mas, sondado sobre a possibilidade, Gilmar Mendes descartou a hipótese de aprovação sobre um tema já julgado pelo Supremo. Mais do que isso, o ministro admitiu que a decisão tomada no caso dos jornalistas pode desencadear uma reação em cadeia, com a queda da regulamentação de várias profissões no país.
No setor privado, os profissionais tentam se recuperar do golpe que depreciou e praticamente inutilizou anos de mensalidades – no caso das faculdades particulares –, trabalhos acadêmicos, estágios, experiência, ideais e o orgulho diário de lutar por uma comunicação de qualidade. Os próprios empregadores também vão se adaptando à nova realidade. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão (Abert) afirmaram, por meio de seus representantes, que as empresas continuarão contratando profissionais formados em faculdades de jornalismo, apesar da decisão do STF.


fonte

Outra fonte no Portal Imprensa UOL
"A velhacaria e a idiotice humanas são fenômenos tão correntes, que eu antes acreditaria que os acontecimentos mais extraordinários nascem do seu concurso, ao invés de admitir uma inverossímil violação das leis da natureza".  - Hume

Offline Buckaroo Banzai

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #35 Online: 21 de Junho de 2009, 04:10:47 »

Falsa analogia. A atividade médica põe em jogo a integridade física de uma pessoa, enquanto a divulgação de notícias, por mais que seja algo sério, não tem qualquer conseqüência tão drástica em curto prazo.

Pode se especular que notícias falsas ou ruins também trariam problemas, mas isso não é garantido ocorrer de forma significativa ou tão impactante quanto na medicina, através da exigência do diploma.

Então coloque uma foto de alguem na primeira página dos jornais de grande circulação com uma manchete do tipo "Identificado homem que violentou e matou 15 adolescentes". E aí vejamos se a pessoa da foto sofre consequências drásticas em curto prazo.

As pessoas não costumam fazer isso por causa das faculdades de jornalismo? Por que não se vê tanto disso nos blogs ou em xerox vendidas nas esquinas, panfletos mimeografados, etc?

Offline Buckaroo Banzai

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #36 Online: 21 de Junho de 2009, 04:15:45 »
Citação de: Orbe
EU acho, em minha humilde opinião, que há uma diferença gigantesca entre ser um surfista (vulgo desocupado profissional) e ser um profissional de qualquer área.
[/quote]

Bem, um surfista ou esportista de qualquer outra modalidade poderia dizer que tem que treinar, suar muito para ser bom e ter patrocínio, perder horas com a família, enquanto jornalistas só precisam andar por aí, passear, se informar de ocorrências, papeando, e depois sentar a bunda na cadeira e digitar sobre essas últimas novidades (fofocas incluso), honestamente, sem disorcer. Ou gravar e passar para alguém digitar, de tão vagabundo que é o jornalista/fofoqueiro.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #37 Online: 21 de Junho de 2009, 04:21:11 »
Citação de: Tex Willer link=topic=20722.25.html#msg457600

No setor privado, os profissionais tentam se recuperar do golpe que depreciou e praticamente inutilizou anos de mensalidades – no caso das faculdades particulares –, trabalhos acadêmicos, estágios, experiência, ideais e o orgulho diário de lutar por uma comunicação de qualidade.

Eis aqui uma das razões que raramente vão admitir com sinceridade. Deve ser bem chato mesmo querer entrar na profissão quando havia a obrigatoriedade de formação como pré-requisito, gastar uma dinheirama - sem nem necessariamente aprender tanto quanto gostariam, pelo visto - e ver isso tudo ir pelo ralo, de certa forma. Os outros podendo começar a trabalhar (como talvez alguns deles mesmos já se julgassem capazes antes de cursar a faculdade) e fazer cursos de forma mais dinâmica, enquanto já trabalham no que gostam, e ganham, mais do que gastam, com a profissão.

:/

Offline Fernando Silva

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #38 Online: 21 de Junho de 2009, 09:55:35 »
Talento não depende de diploma e jornais devem poder contratar quem eles quiserem.
Por outro lado, para evitar problemas legais e ações na justiça, jornais devem ter em sua equipe advogados e outros profissionais que os orientem sobre o que publicar e como.

Da mesma forma, escritores, poetas e músicos não precisam de diploma, mas quem publica seu trabalho deve saber o que está fazendo.

Offline Donatello

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #39 Online: 21 de Junho de 2009, 10:44:02 »
Citação de: Tex Willer link=topic=20722.25.html#msg457600

No setor privado, os profissionais tentam se recuperar do golpe que depreciou e praticamente inutilizou anos de mensalidades – no caso das faculdades particulares –, trabalhos acadêmicos, estágios, experiência, ideais e o orgulho diário de lutar por uma comunicação de qualidade.

Eis aqui uma das razões que raramente vão admitir com sinceridade. Deve ser bem chato mesmo querer entrar na profissão quando havia a obrigatoriedade de formação como pré-requisito, gastar uma dinheirama - sem nem necessariamente aprender tanto quanto gostariam, pelo visto - e ver isso tudo ir pelo ralo, de certa forma. Os outros podendo começar a trabalhar (como talvez alguns deles mesmos já se julgassem capazes antes de cursar a faculdade) e fazer cursos de forma mais dinâmica, enquanto já trabalham no que gostam, e ganham, mais do que gastam, com a profissão.

:/

Eu já era contra a obrigatoriedade quando comecei a cursar jornal, se a UERJ deferir meu pedido de rematrícula (tinha sido cancelada por abandono) eu devo voltar ao curso nos próximos meses, mas nesta altura do campeonato (30 anos) a intenção era mesmo de seguir carreira acadêmica ou prestar concursos então a mudança não afeta meus planos.

Por outro lado, mesmo com a obrigatoriedade do diploma, já havia curso de jornalismo demais para um mercado tão pouco vasto. Como manter uma faculdade de comunicação é barato demais e como a profissão de jornalista tem um baita [í]glamour[/i] as universidades de esquina abriam curso de jornalismo em qualquer boteco por 200 merrecas a mensalidade (e obviamente, para preencher as vagas tão numerosas, aceitavam como alunos gente que não sabia escrever o suficiente nem para passar do primário para o ginásio). Não sei se isso vai acabar mudando em função da nova regulamentação, com a liberação talvez o diploma de jornalismo perca o glamour e se torne inviável abrir tantas vagas. Tomara que sim.

Offline Orbe

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #40 Online: 21 de Junho de 2009, 17:39:09 »
Einh?  O curso não forma surfistas... forma empreendedores em surf. Qual diferença você vê entre exigir um curso de jornalismo para quem queira produzir um tablóide popular de R$0,50 e exigir curso de surf para quem deseje lançar uma nova marca de bermudas coloridas que aparecem o cofrinho? A alegação de quem defende a regulamentação da primeira atividade é de que só quem estudou disciplinas como 'teoria da comunicação' e 'retórica e argumentação' pode ser suficientemente bom para escrever uma manchete espalhafatosa sobre chacina ocorrida na periferia (destas tipo:" Polícia invade Macacos e tomba cinco vagabas"). O segundo grupo pode alegar que só quem estudou 'história do surf' e 'geometria dos tubos e paredões' pode ser suficientemente bom para desenhar uma bermuda feia e desconfortável que fica caindo da bunda.

Não vejo a discrepância entre uma alegação e outra. Ambas me parecem igualmente absurdas.

Ah tah... não tinha entendido do que se tratava o curso.

Mas o que você disse não faz sentido. Exigir diploma de jornalismo para quem quer atuar como jornalista é uma coisa. Exigir diploma de surf para quem quer atuar como administrador de confecção é outra bem diferente...

Sim, o mesmo Silvio Santos que construiu um império econômico que inclui banco, rede de televisão de alcance nacional, hotel, fabricante de cosméticos e que é um dos maiores (ou o maior) magnatas do país... tudo isto a partir do quase nada (lembrando que a menção ao Silvio Santos era pelo seu talento como administrador: eu estava relacionando uma série de profissões para prática das quais se exije diploma ou filiação a sindicatos ou algo do tipo  e que, ao meu ver, não deveriam ter tais limitações e para sustentar meu ponto citei gênios de algumas destas profissões que nunca fizeram uma graduação relacionada a tais atividades e entretanto são invejados por 99 em cada 100 estudantes ou profissionais graduados das respectivas áreas)

Ele foi esperto e investiu na hora certa nos negócios certos. Mas eu duvido muito que ele administre isso tudo. E se ele tivesse formação, talvez o "império" dele fosse duas vezes maior. Quem sabe?

E você acha que a profissão de cineasta profissional deveria ser reservada a graduados em cinema? Esta era a pergunta.

Não considero cineasta uma categoria profissional e sim uma categoria de artistas. Assim como escultores, pintores, músicos, escritores...

Isto já acontece constantemente no jornalismo brasileiro atual, leia os noticiários do Rio de Janeiro e você vai encontrar centenas e centenas de casos que sem qualquer prova cabal pessoas foram noticiadas como culpadas por algum crime. Inúmeras outras atrocidades contra a ética jornalística ensinada nas faculdades de comunicação (respeito à privacidade, proteção incondicional das fontes, não espetacularização de notícias que possam gerar caos como acidentes envolvendo diversas vítimas) têm sido constantemente quebradas pelos jornalistas graduados que atuam nas nossas redações. Se a intenção era evitar que este tipo de coisa ocorresse, sinto mas não foi nem mínimamente suficiente nestas décadas todas.

Um dos motivos disso é essa defesa insana da liberdade de expressão acima de tudo. Chegamos a uma situação em que qualquer barbaridade pode ser dita, sem nenhuma consequência para o jornalista. Da censura passamos para a libertinagem.



Off: Pode parecer brincadeira mas é assim que anda a educação no Brasil. Pessoas desqualificadas dão aulas e depois perguntam "por que a educação no Brasil vai tão mal?"

Nem tão desqualificadas assim. Afinal, para ser professor ainda precisa pelo menos um diploma.

E são feitas por jornalistas "com diploma"... A verdade é que não precisa de muito para escrever uma boa reportagem. Qualquer um pode fazer.

Todo mundo diz que qualquer um pode fazer o que Andy Warhol fazia. Todo mundo diz que qualquer um pode fazer o que o Jô Soares faz. Qualquer um acha que pode ser professor. Todo mundo acha que pode ser psicólogo/psiquiatra... Acho que é muito fácil banalizar quando se está de fora.

Mas não precisa de diploma pra escrever. Todo mundo faz. O problema nessa questão é: Por que eu vou ler uma matéria de um jornalista tapado sobre a saúde, se um médico especialista pode escrever?
O que você prefere? Um jornalista formado em jornalismo falando sobre cirurgias cardíacas, ou um cardiologista falando sobre cirurgias cardíacas?

Aí que reside o medo do conselho de jornalistas. Os jornalistas formados podem perder mercado para pessoas melhores, e que entendem mais de um assunto.

Depende do objetivo da publicação. Se for um periódico científico, é melhor que seja o cardiologista. Se for uma revista como a Super(des)interessante ou a Galileu, pode ser o jornalista mesmo.

É só ligar o avião no piloto automático e sair voando. Mas e se o piloto automático não funcionar?

Como eu já disse, pilotar um avião não é tão difícil quanto parece. Mesmo sem piloto automático.

Acredite é mais para restringir mercado. Há um tempo atrás, estudantes de jornalismo não podiam fazer estágio remunerado. E por que? Porque poderia tirar o emprego de "jornalistas formados", já que eles eram mais baratos.

Agora me diz, você contrataria um estudante do segundo ano de engenharia civil para construir um prédio de 30 andares? Ou você iria preferir um engenheiro formado com experiencia (mesmo que fosse muito mais caro)?

Se o STF falasse que o diploma de medicina não é obrigatório para exercer medicina, ia causar uma confusão enorme e a grande maioria seria contra. E por que? Eu posso escrever uma reportagem, é fácil. Mas não posso extrair meu apendice inflamado, preciso de um médico formado pra isso.  Entende? Você também não pode projetar um prédio de 30 andares, e se fizesse isso, quem garante que o prédio seria firme e seguro?

Jornalismo é fácil, medicina é dificil, engenharia é dificil, precisa de conhecimentos, anos de estudo, experiencia e etc, não é só pegar o papel e a caneta e escrever meia dúzia de bobagens, e publicar e esperar que alguém leia.

Se escrever uma boa reportagem fosse tão simples, haveria um número gigantesco de ótimos veículos de informação.



As pessoas não costumam fazer isso por causa das faculdades de jornalismo? Por que não se vê tanto disso nos blogs ou em xerox vendidas nas esquinas, panfletos mimeografados, etc?

Se vê bastante conteúdo tendencioso e informações incorretas em blogs.

Bem, um surfista ou esportista de qualquer outra modalidade poderia dizer que tem que treinar, suar muito para ser bom e ter patrocínio, perder horas com a família, enquanto jornalistas só precisam andar por aí, passear, se informar de ocorrências, papeando, e depois sentar a bunda na cadeira e digitar sobre essas últimas novidades (fofocas incluso), honestamente, sem disorcer. Ou gravar e passar para alguém digitar, de tão vagabundo que é o jornalista/fofoqueiro.

Problema deles. A visão de um surfista (vulgo desocupado profissional) sobre a profissão de jornalista é irrelevante. Qualquer um pode também dizer que treina muito para ser o melhor intérprete do idioma klingon e conseguir patrocínio para concursos em convenções de Star Trek. Não deixaria de ser um desocupado também.  ::)



Talento não depende de diploma e jornais devem poder contratar quem eles quiserem.

Pois é. Talento não depende de diploma. Mas o estudo de determinada área permite que o talento seja guiado e aprimorado. Talento apenas não tem grande utilidade.



Citar
Após derrubar diploma para jornalista, STF pensa em cobrá-lo no próprio concurso

A liberdade de expressão é só para "a casa dos outros". Na casa deles só diplomado se expressa...  :biglol:

Hipocrisia é sempre algo divertido de se ver.  ::)
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Luiz Souto

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #41 Online: 21 de Junho de 2009, 20:24:07 »
Quando na década de 70 criaram a obrigatoriedade do diploma de jornalista o Pasquim (que era só formado por "amadores") publicou uma série de charges do Ziraldo sacaneando a medida.
A mais legal era um cara de braços abertos declarando:
"Faculdade de Comunicação : se você tem talento não precisa fazer , se você não tem talento não adianta fazer"
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Lion

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #42 Online: 21 de Junho de 2009, 20:49:23 »
Eu penso como lei de mercado
Se o curso de jornalismo prepara tão bem quando falam, o próprio mercado vai continuar selecionando e remunerando os jornalistas para jornais, redações, etc.

Eu disse isso para uma garota que está estudando jornalismo, mas ela não se conformou.
Pelo pouco tempo que ficamos conversando eu acho que o mercado não vai ser muito tolerante com ela  ::)

Offline O Grande Capanga

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #43 Online: 21 de Junho de 2009, 22:51:41 »
Se alguma mídia precisa de alguém que faça uma função de jornalista, quem ela chamaria se não fosse um formado em jornalismo?

Só se for uma pessoa que aprendeu na prática a ser jornalista.

Offline O Grande Capanga

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #44 Online: 21 de Junho de 2009, 22:54:21 »
Sim, o mesmo Silvio Santos que construiu um império econômico que inclui banco, rede de televisão de alcance nacional, hotel, fabricante de cosméticos e que é um dos maiores (ou o maior) magnatas do país... tudo isto a partir do quase nada (lembrando que a menção ao Silvio Santos era pelo seu talento como administrador: eu estava relacionando uma série de profissões para prática das quais se exije diploma ou filiação a sindicatos ou algo do tipo  e que, ao meu ver, não deveriam ter tais limitações e para sustentar meu ponto citei gênios de algumas destas profissões que nunca fizeram uma graduação relacionada a tais atividades e entretanto são invejados por 99 em cada 100 estudantes ou profissionais graduados das respectivas áreas)

Ele foi esperto e investiu na hora certa nos negócios certos. Mas eu duvido muito que ele administre isso tudo. E se ele tivesse formação, talvez o "império" dele fosse duas vezes maior. Quem sabe?

Ou talvez ele não tivesse ousadia prá se arriscar tanto (um chute no que acredito que ele fez) se fosse formado.

Offline O Grande Capanga

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #45 Online: 21 de Junho de 2009, 22:58:19 »
Problema deles. A visão de um surfista (vulgo desocupado profissional) sobre a profissão de jornalista é irrelevante. Qualquer um pode também dizer que treina muito para ser o melhor intérprete do idioma klingon e conseguir patrocínio para concursos em convenções de Star Trek. Não deixaria de ser um desocupado também.  ::)

Então todo esportista é um desocupado profissional. :\

Offline Fabi

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #46 Online: 22 de Junho de 2009, 04:17:28 »
Todo mundo diz que qualquer um pode fazer o que Andy Warhol fazia. Todo mundo diz que qualquer um pode fazer o que o Jô Soares faz. Qualquer um acha que pode ser professor. Todo mundo acha que pode ser psicólogo/psiquiatra... Acho que é muito fácil banalizar quando se está de fora.
Mas eu conheço o curso de jornalismo, conheço estudantes de jornalismo, e conheço jornalistas. E também conheço quem cursa química, engenharia, psicologia e física.

Fazendo um paralelo entre jornalismo e psicologia.
Aqui tem a grade curricular do curso de psicologia: http://www.ufpr.br/adm/templates/p_template=1&Cod=390&hierarquia=6.3.2.42.1
E aqui tem a grade curricular do curso de jornalismo: http://www.ufpr.br/adm/templates/p_template=1&Cod=326&hierarquia=6.3.2.10.1

Alguns comentários:

Jornalismo: História Contemporânea III (coisa que deveríamos aprender no ensino médio)
Língua Portuguesa I ( X-D precisa mesmo de comentários? O único comentário é: a educação básica tá horrível porque lingua portuguesa a gente deveria saber quando saímos da escola)
Teoria da Comunicação I
Teoria do Jornalismo I
Laboratório de Jornalismo Impresso
Técnicas Básicas de TV

Matérias simples que parecem mais de um curso técnico.

Psicologia:
Neuroanatomia Funcional (não aprendemos no ensino médio)
Antropologia das Sociedades Complexas (e isso então... nem se fossemos o ensino médio de maior qualidade do mundo)
História da Psicanálise (não aprendemos na escola também)
Psicologia da Abordagem Fenomenológica– Existencialista
Neurofisiologia Aplicada à Psicologia
Genética e Evolução – Psicologia
Tópicos Especiais em Psicologia das Organizaçõese do Trabalho
Métodos de Avaliação Psicológica: Testes

Ah e ainda tem psiquiatria, mas primeiro precisa fazer medicina. Vamos ver algumas matérias de medicina:
Bioquímica I
Anatomia Médica I
Biofísica I
Parasitologia Médica I
Propedêutica Médica

Sério que não dá pra ver a diferença gritante entre Jornalismo e outras profissões que precisam de diploma?

E eu já disse, querem exigir diploma só para não ter tanta concorrência. Um livro de 100 páginas explicando algumas técnicas de jornalismo é suficiente para ser jornalista, ou um curso técnico. Se o conselho federal de jornalistas pudesse, ele proibiria as pessoas de escrever até em blogs, acredite...
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Fabi

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #47 Online: 22 de Junho de 2009, 04:24:57 »
Se o STF não tivesse esta brilhante decisão, por acaso então cada revista científica deveria ter como editor um jornalista?
Sim, e até mesmo boletins informativos de uma empresa, por exemplo, deveriam ter um "jornalista responsável". É reserva de mercado.
Exatamente. Eles queriam que edição gráfica (sei lá, algo assim) fosse feito só por quem tivesse diploma de jornalismo.  X-D

Só pra ver onde eles queriam chegar, daqui a pouco iriam exigir que qualquer um  que escrevesse um texto tivesse diploma de jornalismo. Aí até o clube cético teria que ter um jornalista com diploma.

(Ri 3 dias quando o Lula vetou essa lei :hehe: , e quase que gostei do Lula, ele quase que ganha o meu apoio para um terceiro mandato). Se der espaço a FENAJ vai censurar todo mundo em prol dos jornalistas com diploma.
« Última modificação: 22 de Junho de 2009, 04:29:52 por Fabi »
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

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Offline Zibss

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #48 Online: 22 de Junho de 2009, 09:09:48 »
A necessidade do curso específico de jornalismo

Sem dúvida, a universidade é um símbolo histórico da evolução da humanidade. Foi através dela que a ciência se desenvolveu, ganhou força e passou a ser um meio inquestionável para promover melhorias à sociedade. Em nosso caso particular, é certo que o curso superior em jornalismo fomenta a pesquisa científica específica na área. Ela existe para que sejam analisados práticas e vícios que impedem a boa comunicação. Vejam como exemplo a hipótese do " Agenda Setting" e a hipótese do " Newsmaking" .

Para que fique mais claro, oferecemos uma pequena exposição desses conhecimentos específicos de comunicação. Tomamos como fonte a clara exposição feita pelo professor Antônio Hohlfeldt, doutor em Comunicação da PUC do Rio Grande do Sul, no livro Teorias da Comunicação: conceitos, escolas e tendências. Iniciemos pela hipótese do " Agenda Setting" . Este estudo analisa vários pressupostos:

 a) O fluxo contínuo de informação: a avalanche informacional que nos leva ao processo de entropia.

b) A influência sobre o receptor não no curto prazo, mas sim a médio e longo prazos. O que resulta em aquilatar, com maior precisão, os efeitos provocados pelos meios de comunicação.

c) A capacidade dos medias de influenciar o público, a médio e longo prazo, não no como pensar sobre determinado assunto, mas sobre o quê pensar.

" Ou seja, dependendo dos assuntos que venham a ser abordados – agendados – pela mídia, o público termina, a médio e longo prazos, por incluí-los igualmente em suas preocupações. Assim, a agenda de mídia de fato passa a se constituir também na agenda individual e mesmo na agenda social" , analisa Hohlfeldt (6).

Certamente, tais conhecimentos são muito úteis para um editor ou um repórter analisar, de forma crítica e fundamentada, como anda a cobertura jornalística do veículo em que atua sobre diversos assuntos. A importância aumenta se lembrarmos de pautas como eleições, política em geral e economia.

Outro estudo específico aplicado diretamente sobre a atuação do jornalista, do qual repórteres e editores deveriam ter total conhecimento, é a hipótese do Newsmaking. Vejamos o conceito definido por Hohlfeldt sobre tal pesquisa.

" A hipótese do Newsmaking dá especial ênfase à produção de informações, ou melhor, à potencial transformação dos acontecimentos cotidianos em notícia. Deste modo, é especialmente sobre o emissor – no caso o profissional da informação, visto enquanto intermediário entre acontecimento e sua narratividade, que é notícia – que está centrada a atenção destes estudos, que incluem sobremodo o relacionamento entre fontes primeiras e jornalistas, bem como as diferentes etapas da produção informacional, seja ao nível da captação da informação, seja em seu tratamento e edição e, enfim, em sua distribuição" . (6)

Tais estudos sobre a comunicação – sobre as coberturas jornalísticas e a atuação do jornalista profissional – demonstram apenas uma fagulha da importância de um curso específico obrigatório, que estimula aos profissionais da área a uma análise contínua e específica de seu exercício profissional durante toda a vida.

Além das pesquisas aqui apresentadas, se soma ainda a perspectiva da hipótese da Espiral do Silêncio, dos estudos da Semiótica e diversos outros aplicados sobre a produção dos meios de comunicação. Sem essa base específica, eleva-se o perigo acrítico com a nossa produção diária nos mídias, incorrendo em vícios e práticas imperceptíveis a profissionais não especializados. O que, por si só, já impede uma produção ética e equilibrada.

Notem ainda que todas as pesquisas aqui apresentadas são reconhecidas como hipóteses e não em teorias, sem prejuízo algum. Muito pelo contrário. Isso porque as teorias apresentam paradigmas fechados, acabados e rígidos, o que é muito frágil para as ciências humanas e sociais, que certamente não são exatas. Assim, a concepção de hipótese se encaixa melhor porque representam sistemas abertos e inacabados, admitindo, portanto, o desenvolvimento contínuo, sem invalidar sua perspectiva teórica.

Outros exemplos simples e particulares que mostram a importância e, sim, a necessidade do estudo obrigatório na área de jornalismo são os estudos específicos desenvolvidos pelos jornalistas em nossos cursos de mestrado e doutorado. Pegamos como exemplo a pesquisa desenvolvida pelo jornalista Leão Serva, em sua dissertação de mestrado, que se transformou no livro Jornalismo e Desinformação, que detectou vícios e erros contínuos na produção jornalística. Atentamo-nos na seguinte crítica:

" O jornalismo veste como novos muitos fatos que em verdade não o são. Esse foco exclusivo nos fatos novos se deve, de acordo com a lógica do meio, à convicção de que a curiosidade do leitor se dá por novidades, não por textos que descrevem o desenvolvimento de notícias publicadas nos dias anteriores. Procurando apresentar apenas novidades, o jornalismo acentua ou mesmo amplia o desconhecimento do fato noticiado. Ele deve apresentar a notícia como absolutamente inusitada, deve fazer com que o mesmo leitor informado sinta desconhecer o fato descrito, se surpreenda com ele, ainda quando tudo poderia ser previsto com base nas informações anteriores. Fatos paradigmáticos do passado devem ser esquecidos, o acompanhamento do desenrolar de uma história é descontinuado para que o seu desfecho seja novamente tão surpreendente quanto o fato gerador" . (7)

Esse tipo de análise só se tornou possível através de um jornalista profissional que trabalhou durante anos em um jornal e, depois, voltou à universidade para analisar o seu próprio ofício e desvendar os erros cometidos dentro de uma pós-graduação específica em comunicação. Algo que certamente não seria possível se Leão Serva acreditasse que o jornalismo apenas " se aprende na prática" .

Isso demonstra que o jornalismo não pode ser reduzido à mera técnica de apuração, redação e edição de notícias. Ou seja, não pode ser simplificado ao mecanismo de construção do lead. A simples aprendizagem da técnica não desenvolve no profissional o que a real pesquisa científica sobre o jornalismo é capaz de suscitar.

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=388DAC002

Offline Zibss

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Re: STF decide:Diploma de jornalismo não é obrigatório ao exercício da profissão
« Resposta #49 Online: 22 de Junho de 2009, 09:10:51 »
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Só pra ver onde eles queriam chegar, daqui a pouco iriam exigir que qualquer um  que escrevesse um texto tivesse diploma de jornalismo. Aí até o clube cético teria que ter um jornalista com diploma.

Falácia do declive escorregadio.

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Se der espaço a FENAJ vai censurar todo mundo em prol dos jornalistas com diploma.

Outra falácia do declive escorregadio.

 

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