Exigir diploma de surf para quem quer atuar como administrador de confecção é outra bem diferente...
É claro que são diferentes. Uma atividade consiste (na maioria dos casos) em administrar marcas que fabricam bermuda de cós traseiro baixo pintadas com cores berrantes e outra consiste em produzir (em muitos casos) tablóides que se espremer sai sangue.
Mas no que importa à discussão são iguaizinhas. Você pode alegar os trágicos efeitos de um não formado publicando notícias (como se algo pudesse ser mais trágico neste sentido do que o Meia Hora ou o Cidade Alerta ou o A Tarde é Sua ) e deduzir daí a exigência de diploma para protejer a sociedade de tais efeitos do mau jornalismo. O cara que cursa faculdade de surf pode alegar os prejuízos econômicos e ambientais derivados de um campeonato organizado por um zé ruela qualquer que não tenha estudado ética ambiental, por exemplo.
Ele foi esperto e investiu na hora certa nos negócios certos. Mas eu duvido muito que ele administre isso tudo.
Os administradores formados não delegam poderes? É óbvio que ele não administra tudo sozinho, mas é o administrador supremo.
E se ele tivesse formação, talvez o "império" dele fosse duas vezes maior. Quem sabe?
Hipótese contrária ao fato. E de qualquer modo, vai ser exigente assim lá longe: o cara tem um banco, um hotel, uma emissora de tv com trocentas retransmissoras, uma fábrica de cosméticos e sei lá mais quantas outras coisas e você ainda acha pouco? Quantos administradores graduados que tenham começado a carreira vendendo caneta em trasporte público montaram metade disto?
Não considero cineasta uma categoria profissional e sim uma categoria de artistas. Assim como escultores, pintores, músicos, escritores...
Não são as duas coisas juntas?
Um dos motivos disso é essa defesa insana da liberdade de expressão acima de tudo. Chegamos a uma situação em que qualquer barbaridade pode ser dita, sem nenhuma consequência para o jornalista. Da censura passamos para a libertinagem.
Mas novamente isto não tem porcaria nenhuma a ver com diploma ou não diploma. Tem mais a ver com corporativismo de classe (o mesmo que exige a manutenção da exigência), tem a ver com impunidade...
Se vê bastante conteúdo tendencioso e informações incorretas em blogs.
Se vê bastante conteúdo tendencioso e informações incorretas na
mass media, não saímos do zero ainda.
Problema deles. A visão de um surfista (vulgo desocupado profissional) sobre a profissão de jornalista é irrelevante. Qualquer um pode também dizer que treina muito para ser o melhor intérprete do idioma klingon e conseguir patrocínio para concursos em convenções de Star Trek. Não deixaria de ser um desocupado também.
Pois é. Talento não depende de diploma. Mas o estudo de determinada área permite que o talento seja guiado e aprimorado. Talento apenas não tem grande utilidade.
Como já demonstrado à exaustão, não é exatamente verdade. O que não falta é gente nas mais diversas profissões humanas para as quais existem cursos acadêmicos e que nunca ingressaram em um deles e que sem estudo mas com muito talento conseguiram ser reconhecidas e invejadas pela imensa maioria dos profissionais e estudantes de tais áreas. No cinema, no jornalismo, no radialismo, na moda, na gastronomia, na administração... não precisa se esforçar muito para pipocarem nomes na sua cabeça.
Por outro lado a faculdade nestas áreas serve para lapidar aptidões, para suprimir algum talento que falte com uma abundância de técnica. Não diria que são inúteis, só não são indispensáveis.
A liberdade de expressão é só para "a casa dos outros". Na casa deles só diplomado se expressa...
Hipocrisia é sempre algo divertido de se ver.
Eu não ví a hipocrisia. A lei não determina a proibição de se exigir diploma. Determina o fim da obrigação de exigir. A maioria das empresas continuaram exigindo para algumas atividades, mesmo que não sejam mais obrigadas.
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De tudo neste debate a única discussão que presta é "se a exigência de diploma de jornalismo é substancial para que os tais efeitos nocivos de uma imprensa ruim sejam reduzidos".
A comparação entre o jornalismo praticado aqui e o praticado nos países onde nunca existiu tal regulamentação dizem que não. O fato de ser tão fácil de lembrar de blogs amadores de extrema qualidade e ao mesmo tempo lembrar de tantos impressos e programas jornalísticos da
mass media de péssima qualidade também dizem que não.
O resto é "eu acho que".