Cara, fala sério, Eu congrego em uma igreja na Ilha do Governador, no sub-bairro do Jardim Guanabara (um miolo de classe média-alta dentro do bairro). Estava eu agora no culto matinal, quando aconteceu um tiroteio na rua de cima. Parecia que era na porta da igreja. Foram uns cinqüenta tiros. Aparentemente de pistola. Foi um alvoroço. Depois, ao fim do culto, procurei me informar e falaram que foi seqüestro de um magnata. Outros disseram que foi o seqüestro de um bicheiro e outros ainda, que foi assalto à residência de algum endinheirado. Não sei... Só sei que essa é a realidade desta cidade. Um absurdo. Não estamos seguros em lugar nenhum. Aonde chegaremos? Ainda bem que não havia levado minha família à igreja, posto que normalmente, meus filhos ficam correndo no pátio lá fora. O Rio de Janeiro é mesmo uma vergonha.
Ressuscitei este tópico pra falar do comportamento da membresia, como exemplo do tratamento do medo. Metade da congregação ficou centrada, sem expressar nenhum medo aparente. A outra metade entrou em desespero. Tinha gente que eu conheço há décadas, chorando e se desesperando. Uma senhora alcoólatra, que está freqüentando recentemente, desmaiou. Entendo que neste caso ela não seja alguém preparado, mas crente que é crente mesmo não poderia ficar com medo. Ainda mais porque estávamos no meio do culto. O pastor, muito calmo, pediu que todos se sentassem, mas não adiantou. Não houve como controlar a turba em pânico.
Não aceito este tipo de coisa. Aliás, independente do credo. Seja crente, católico, espírita, muçulmano ou o que for. Se há uma fé declarada, a própria morte não pode ser algo a temer. Talvez, temer a morte de um filho, esposa , pai, irmão, alguém amado, se justifique, mas a própria morte não. Entendo que as religiões existem justamente pela tentativa do homem de tratar seu pós-morte. O desespero mostra dúvida. No fundo no fundo, a pessoa não crê realmente.