Caros amigos;
a grande obstáculo na refutação do ID é que, por não se tratar de uma teoria científica não cabe refutação nesta base. Entendo, mas o ID é exatamente a constatação de um fato que aguarda explicações. Quero dizer, ao se fazer ciência é necessário observar, experimentar teorias que expliquem o fato observado e concluir... Então, entendo que o ID seria um fato observável que aguarda análise, teoria e experimentação. Ainda que ao final se concluísse pela ausência do Designer.
Não, "ID" não é de forma alguma "constatação" de um fato, é uma tentativa, pobre, de explicação para um fato. O fato de haver coisas que, embora não tenham sido evidentemente inventadas e feitas por pessoas, se pareçam em algo com coisas inventadas e feitas por pessoas. No caso daquilo que geralmente se vê sob esse rótulo, adaptações dos seres vivos. Sob outros rótulos, para praticamente tudo, desde vulcões até a regularidade mecânica do universo.
Enquanto que de um lado (do científico) o estudo dessas coisas se deu focado nessas coisas e em como são, e como isso sugere como poderiam vir a ser, "ID" e congêneres ficaram apenas em "parece feito por alguém, logo deve ter sido feito por alguém", apenas fraseando isso de forma mais indireta, de aparência mais sofisticada, e envernizando com uma apresentação seletiva de um ou outro fato descoberto pelo outro lado, deixando de lado ou distorcendo os fatos mais inconvenientes.
De um lado, os resultados foram muito produtivos, do outro, apenas se tem "alguém fez", e não se "descobriu" mais nada sobre essa causa, nem sobre aquilo que se tenta explicar como "obra de alguém".
Alguns companheiros alegam que o ID está longe de ser inteligente pois apresenta muitas falhas. Desculpem mas ai está exatamente o ponto que justifica a evolução... as imperfeições são motivações evolucionistas com o propósito de que a parceria entre o Livre Arbítrio e o Designer conduza à perfeição. Ou seja, o trabalho "infinitamente repetido" aliado à inspiração seja a combinação ideal para um propósito cósmico.
Isso é um exemplo de, como disse anteriormente, como essa "hipótese" não pode ser refutada. Você esperaria que aspectos incondizentes com o esperado de um projeto inteligente fossem servir de refutação, mas não; é só um aspecto inteligente de um projeto maior. E explicação bem esfarrapada, para ser sincero. "Por que essa espécie de besouro têm asas, mesmo que elas ficam sempre presas sob hélitros fundidos? Ao que tudo indica, isso é uma pareceira entre o Livre Arbítrio e o Designer para conduzir à perfeitção evolucionista". Seja lá o que for que isso queira dizer.
Deísmo é mais intelectualmente defensável sem isso, o mais próximo ainda não completamente intragável são os argumentos de "ajuste fino", que, embora apenas levem o mesmo raciocínio (parece que alguém fez, logo alguém fez) para outro nível (leis do universo, em vez de pormenores dele), leva a vantagem de, tanto quanto sei, não haver ainda explicação tão sólida para as leis do universo serem tais como são, bem como se poupar de ridículos em tentar atribuir à invenção de seres inteligentes algo que não só apresenta características incondizentes com isso, como é satisfatoriamente explicado apenas com mecanismos ordinários.
No início deste tópico alguém lembrou que os criacionistas sempre batem na mesma tecla; podem vir com o mesmo livro em que apenas se trocou a capa, etc. Mas a refutação também é sempre igual: pensamento mágico, misticismo, etc.
Quantas formas diferentes pode haver de refutar um mesmo erro?
DI é "mágico". Isso nem é bem uma "refutação", é mais uma descrição. Misticismo, idem. Isso não deve ter sido o cerne de qualquer refutação que tenha lido, apenas adjetivações que não gostou, apesar de ser praticamente impossível fugir delas, praticamente fazem parte da definição da coisa.
Vamos fazer um exercício de imaginação; isto mesmo, imaginação: suponhamos que finalmente se concluísse pela existência de um designer. Ora, estaríamos repetindo a própria história da ciência, quando a cada inovação ou descoberta, por parecer extraordinária naquele momento, seu autor era execrado. Então, classificar o ID como fruto de mentes místicas e tendentes ao fanatismo religioso, não refutando com a razão, é repetir a história dos pioneiros da ciência, guardando-se as proporções.
Sempre tem esse argumento de "sou/somos o(s) novo(s) Galileu(s), tenham dó, vou/vamos revolucionar o conhecimento científico, aguardem só".
É simplesmente falsa a analogia. Eram os dogmas do pensamento religioso que motivavam a rejeição de Galileu/outros análogos verdadeiros. Na ciência não há "dogmas" do mesmo tipo, a rejeição a pseudociências não é dogmática, é pelas hipóteses não cumprirem os requisitos mínimos.
Novamente, as "refutações" são impossíveis.
O que se pode é tentar explicar como aquilo que supostamente pretende ser explicado já é satisfatoriamente entendido sem precisar se cogitar mecanismos desconhecidos/mágicos como "explicação" alternativa ou "complementar". Isso é praticamente sempre feito em algum momento (embora a paciência não seja infinita), então esse apelo à piedade aqui, "mas tentem refutar com razão", não cola.
Penso que, exatamente a Evolução, seja o maior argumento para o ID, e no entanto este elo que aproximaria a ciência de uma concepção teosófica racional, sequer é considerado nesta perspectiva.
Acho que você está confundindo ID com a noção de "ajuste fino do universo", que como disse, ainda leva alguma vantagem. É algo como "as leis do universo são tais que, produzem tudo aquilo que vemos, embora teoricamente existem infinitas outras possibilidades que não resultariam em nada disso, logo isso sugere um Criador", versus "o flagelo bacteriano é parte de uma adaptação fantástica que permite a disseminação de doenças de maneira que seria impossível por puro acaso, logo um Criador concebeu tal maravilha, bem como cada detalhe sordidamente sádico das doenças".