Caro Derfel.
Felizmente este é um direito seu, assegurado em um Estado Democrático, ainda que não concorde com a sua escolha.

O argumento "vou votar na pessoa X porque minha região nunca foi tão beneficiada" não é bom, porque isto pode ser usado no sentido inverso, como aqui no Sul onde alguém poderia afirmar que "não vou votar na pessoa X porque nunca a minha região teve tão pouca atenção", acrescido deste complemento "mesmo sendo nós que damos a maior parte da grana".
Veja bem, minha visão é a visão de um mineiro que mora no NE (e olha que sou um mineiro bairrista). Você está sugerindo que votemos em um canditato que não dá a devida atenção onde moramos? Sinto muito, mas acho os benefícios que a região onde moramos recebe é sim um fator a ser analisado na escolha do candidato. E existe ainda, no caso do N e NE, um outro caso a ser considerado: a diminuição da desigualdade entre os entes da Federação. As regiões S e SE contribuem mais com os recursos da União? Sim, mas isso não deve ser usado como justificativa para o não desenvolvimento de outras áreas do País. A partir da diminuição da desigualdade regional, o peso de estados como SP diminui e aumenta o peso do restante do País. São ações de incentivo assim que fazem com que haja instalação de indústrias com fábricas de automóveis na Bahia e no Paraná: se não houvesse estímulos onde seriam implantadas? No maior mercado consumidor: São Paulo. Outros pólos acabaram surgindo como o tecnológico de Campina Grande, na Paraíba, e o pólo digital de Recife.
O mesmo coronelismo que é apoiado pelo PT nacional seja no Maranhão (família Sarney), seja em Alagoas (família Collor), seja em qualquer outro lugar onde possa cumprir sua meta de "Realpolitik", rejeitando o seu passado, que hoje se sabe era mera propaganda.
Seja no RN com a família Alves. Mas, ainda assim, o PT representa em muitos desses locais uma escapatória do coronelismo local. Ainda deve-se notar que existe uma diferença entre o PT nacional e o PT regional, haja vista o recente atrito do PT nacional com o do Maranhão (?) que não admitia a associação com a família Sarney.
Concordo em parte! O aspecto de trazer o Nordeste para o século XXI é positivo. Não há contestação quanto a isto.
Mas qual foi o custo político? Escândalos econômico-político-partidários sem precedentes na História recente pós-governos militares e uma aliança com a escória do PMDB.
Situação semelhante ocorreu com o PSDB, que em nome da "governabilidade", fez uma aliança com o "cancro" do PFL. E por isto foi escorraçado pelo PT, que agora repete o mesmo ato e não quer ser criticado.
E aqui temos que ser pragmáticos. O Brasil, apesar de ser presidencialista, possui uma estrutura parlamentarista. O Executivo tem grande parte de sua automia controlada pelo Legislativo, diferente do que ocorre com os EUA, por exemplo, no Brasil é quase impossível governar sem a maioria no congresso e essa maioria significa acordo com partidos majoritários, como o PMDB. O PSDB, na época, também precisou do PMDB (e contava ainda com o apoio do PFL), é uma concessão pela governabilidade. Em um eventual governo Serra, o PMDB estará presente, novamente. O governo do PT tinha duas opções: governava com o PMDB ou se associava apenas com aqueles com que se identificava ideologicamente e não governava. Na minha opinião, a única forma de haver uma ruptura disso seria uma associação PSDB-PT, o que me parece muito improvável nos próximos 8 anos.
Pelos exemplos conhecidos "ad nauseam" em todas as unidades da federação, tenho sérias duvidas quanto à 'candura' petista no estado do RN.
Acrescente-se o fato de que o PMDB é o pilar do atual governo federal.
Mas, em honra ao Derfel, aceitarei a informação dele. Até prova em contrário.
Sobre o PMDB já falei acima. Sobre o PT local, conheço pessoalmente alguns nomes e realmente são comprometidos (o que não significa que todos no PT local sejam santos, muito pelo contrário). Por outro lado também conheço pessoalmente alguns nomes de outros partidos e... bem, deixa para lá

É tudo uma questão do menos pior.
Caro Derfel
Eu não concordo pelos seguintes motivos:
Primeiro. Da amostra do "quadro" petista que eu conheço (e muito bem), a preocupação com o país e com a população (se é que existe) ocupa um dos últimos lugares em termos de prioridade. O que eles realmente se importam é com o aparelhamento do Estado e com a obtenção de benesses para o partido e para o seu grupo às expensas da sociedade e usando o anacrônico discurso esquerdista de "defesa do povo contra a rapinagem burguesa".
Aqui noto algum ranço. Realmente existem muitos como o descrito, mas existem também muitos que realmente se importam com o bem público (no bom sentido). E são bem preparados politica e academicamente (não tomem o Lula como parâmetro para nível acadêmico do PT). E, ultimamente, começam a despontar também administrativamente.
Segundo. O "quadro" do PSOL está mais para um 'retrato 3X4 meio borrado', sem contar que a mentalidade político-econômica deles repousa no século XIX. O 'quadro' do PSDB é realmente expressivo, mas é frequentemente sub-utilizado e, em algumas oportunidades, mal-utilizado.
Não quero dizer que concordo ou aprovo as ideias do PSOL (ou do PT ou do PSDB), mas o PSOL, a despeito da sua mentalidade do século XIX, possui uma certa identidade político-ideológica (como o PT e o PSDB) que outras agremiações não possuem, sendo apenas uma legenda para alguém se candidatar.
Terceiro. Felizmente há movimentos de revitalização política em todos os partidos grandes e também nos pequenos. Vejo com simpatia o crescimento do PV e o renascimento do PL, pelo menos aqui no Paraná, após este ter sido submetido a uma investida e controle por membros de uma infame igreja cristã neopentecostal.
Quanto ao PL (possui mesmo uma identidade?) não conheço, mas o PV, aqui em Natal, é uma negação, só mais uma sigla dominada por outro clã político. No Rio, com o Gabeira, parece interessante.