Mercado é o processo das pessoas trocando, livremente, por acordo comum, coisas que têm por coisas que querem ter. Pode ser feito também pelo intermédio do dinheiro, torna tudo muito mais prátido do que trocas diretas apenas.
Eu incluiria ai além da questão das trocas, a criação de coisas novas através do trabalho.
"Mercado é o processo das pessoas trabalhando e criando coisas novas, depois trocando, livremente, por acordo comum, as coisas que têm por coisas que querem ter. Pode ser feito também pelo intermédio do dinheiro, torna tudo muito mais prátido do que trocas diretas apenas."
Mas isso é produção. Troca não requer produção, geralmente houve produção anterior, mas pode haver produção sem troca e troca sem produção.
O roubo é uma pratica anti-capitalista.
Roubo é um crime, uma violação da lei, e não afeta significativamente o mercado, nem vai exatamente "contra" ele além do fato de não ser uma troca livre entre pessoas, mas até aí, encontrar uma coisa útil que não é de ninguém, também não é. Para o processo do mercado, não importa se quem gasta o dinheiro ou quem tem algo de fato trabalhou por isso, se herdou, se encontrou, ou se roubou. O que importa é o valor do que se tem, não a sua origem.
E mesmo que o roubo em si seja uma violação do livre-mercado, pode até agir em seu favor, em situações onde por exemplo, aqueles que roubam uma grande quantidade de dinheiro gastariam mais do que o seu dono por direito, que talvez preferisse economizar. Seria "prejudicial" ao mercado apenas quando as pessoas estivessem praticamente preferindo roubar a trocar voluntariamente, mas isso é improvável.
A interferência possível nisso se dá a partir de criarmos uma desvantagem artificial ("anti-capitalista" como você gosta de dizer, só não-capitalsita, como eu prefiro dizer) para quem rouba, vende ou compra mercadorias roubadas.
Se [a regulação no mercado for] feita por instituições como o governo pode agravar o problema, uma vez que ao existir entidade com tal poder, empresários podem comprar os favores dela e eliminar a democracia de mercado.
Ora, mas por essa lógica de capitalista=bom, não tem nada de mal. Os empresários que compram favores do governo nada mais são do que empresários comprando favores de algo análogo a uma hiper-mega-empresa dona de vários monopólios, logo não é anti-capitalista, e portanto bom.
O mercado se auto-regula segundo a demanda do consumidor. Isso é democracia e o consumidor tem mais poder que o eleitor.
Sim. Por isso o mercado é o melhor sistema econômico de modo geral. Mas há exceções, como as citadas anteriormente, onde não acontece essa auto-regulação, onde as vantagens imediatas de agentes individuais incorrem em problemas coletivos a longo prazo.
O mercado não tem problemas com regulamentações, tem problema quando uma empresa anti-capitalista se diz no direto de ter o monopólio da lei.
Asnos do governo que não entendem nada de economia tentam decretar preços sem observar a lei da oferta e demanda, sindicatos fazem o mesmo com o salário mínimo e outras questões.
Quando se cria um governo com esse poder, você cria desequilíbrio, coloca gente incapaz com poder de mandar em milhares de empresas as quais não conhece, além de criar uma demanda por corrupção política que não pode ser barrada, tanto quanto não se pode barrar o narcotrafico.
Esses problemas que você atribui ao estado são de certa forma análogos aos problemas atribuídos ao mercado como se fossem algo inerente a ele ou como se fosse melhor ser substituído por algo drasticamente diferente, em vez de se lidar com eles de forma menos radical, incerta e comprometedora.
Uma breve definição de "estado", no que concerne a interferência econômica. É como um acordo entre as pessoas, criando regras que julgam serem melhor para todos, e que tem que ser impostas de acordo com a decisão majoritária, se ações discordantes puderem acarretar problemas aos demais.
Imagine uma aldeia anarco-capitalista, onde todos vivem anarco-capitalisticamente felizes, sem problemas oriundos de qualquer hierarquia anti-capitalista imaginável. Num belo dia, um cara que entendia muito de peixes e biologia se dá conta que se o consumo de peixes continuar como está, os peixes do lago deles acabam, e essa seria uma perda muito significativa para a comunidade, tanto para os consumidores, quanto para os pescadores locais.
Então eles se juntam e esboçam que, se a pesca for limitada de tal forma, não acabam com os peixes do lago, que têm mais tempo para se repopular, e isso acaba sendo melhor para todos a longo prazo, ainda que, vá diminuir os lucros em curto e médio prazo aqueles pescadores e vendedores que iriam vender mais peixe, e até os consumidores, para os quais o preço seria mais baixo com uma oferta mais abundante.
Eles fazem uma ação similar a de um estado, e não fizeram nada de ruim. Talvez tenham tido uma margem de segurança para a repopulação dos peixes um pouco acima do que seria necessário, e nesse caso, perderam lucro que não precisava ser perdido, mas ainda assim, se sairiam melhor do que se não tivessem feito essa regulamentação.
Uma situação similar, poderia resultar num cartel, onde as decisões dos pescadores não visassem só a continuidade desse recurso para a comunidade, mas apenas a maximização de seus lucros. Daí é melhor que esse tipo de acordo da sociedade envolva não só as partes mais diretamente financeiramente interessadas ou ligadas às atividades, mas de alguma forma, a "sociedade toda", de forma mais eficiente do que simplesmente comprando, doando, ou boicotando.
Esse tipo de organização de fato pode ter problemas gravíssimos, assim como como problemas gravíssimos podem resultar do mercado de modo geral ou de uma "organização com fins lucrativos de curto prazo". Mas nenhum deles é, em essência, algo fundamentalmente ruim, do qual fosse melhor nos livrarmos completamente.
Você percebe que o governo já é uma mega empresa que se diz no direito de mandar em tudo e, por suas praticas anti-capitalistas, tem muito mais poder do que qualquer agente econômico um dia poderá ter em uma plutocracia?
Hora da pergunta-Eryn-Brokovich. Viu esse filme? Você achou justo que as famílias que tiveram problemas de saúde devido à água contaminada pela empresa recebessem alguma indenização?
Se acredita que sim, como algo análogo ocorreria numa anarquia capitalista? Como exatamente uma comunidade iria "processar" uma rica empresa, que não tem que responder ao governo, mas apenas ao mercado?
Se o governo tem mais poder do que qualquer agente econômico individual, tanto melhor. Acredito que o governo poderia provavelmente ser muito, muito menor, e assim melhorar exponencialmente a vida de todos, mas ao mesmo tempo, não é dispensável. Ainda estamos num ponto onde pode até ser muito ruim com ele, mas seria muito pior totalmente sem ele.
Em uma anarquia capitalista, existe maior equilíbrio de força entre empresários e existe a democracia do consumidor, já que o consumidor controla o lucro de uma empresa e pode escolher entre duas empresas qual ele vai apoiar. Isso é democrático, a existência do governo é que elimina isso.
Não existem anarquias capitalistas.
Está descrevendo sua utopia, como gostaria que fosse, vilanizando o status quo, como uma versão do mundo bizarro dos comunistas radicais totalmente contrários ao mercado.
Duas empresas oferecem carvão.
Uma planta pinheiros no interior para colocar seu produto no mercado, o outro desmata e usa mão de obra infantil.
Na democracia do consumidor, é você quem escolhe de quem vai comprar, ou seja, quem vai apoiar. O bom empresário pode mostrar a diferença do trabalho dele para o do outro. Democracia pura, é o consumidor quem vai eleger um ou outro quando comprar.
Você tem ciência de que situações análogas de fato ocorrem, e as empresas que usam mão de obra infantil e outras práticas condenáveis não vão a falência? (e também não são na maior parte do tempo subsidiadas pelo estado para evitar isso)
Isso ocorre simplesmente porque esse tipo de coisa pode possibilitar um produto mais barato, de qualidade igual, superior, ou não muito inferior. E o consumidor pode preferir, pois custa menos. E muitas vezes nem vai saber como é produzido aquilo que compra na bonita prateleira do supermercado.
Na existência de um governo, o empresário ruim pode simplesmente pagar a governantes para criar leis que dificultem a vida do outro empresário, pode até conseguir que se proíba o corte de pinheiros e derruba de vez o outro empresário.
Você não consegue imaginar análgos em transações onde não há o envolvimento do governo?
Numa anarquia capitalista, esses análogos, seriam ações ilegais, seriam corrupção, algo contra o qual de alguma forma as pessoas pudessem fazer algo mais do que um boicote para tentar combater?
A menos que haja uma empresa "Estado S.A.", que seria uma espécie de terceirização universal de ombudsman/SAC, para a qual as demais tem que responder e cumprir certas regras, não.
Esse poder político elimina a democracia do consumidor e do livre mercado.
Onde existe governo não é possível democracia.
Tanto o poder político quanto o econômico podem ser anti-democráticos. O poder político, em todos os exemplos que você deu, se torna anti-democrático por corrupção pelo poder econômico, então não há razão pela qual supor que seria um pouco sequer menos anti-democrático se só existisse o outro, sem qualquer contrabalanço. O estado pode, em muitos casos ser falho, ineficiente, mas não tenho conhecimento sobre haver qualquer tendência geral de melhora da democracia em situações onde o estado está menos presente.