Autor Tópico: Em que se baseia o capitalismo?  (Lida 26289 vezes)

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #100 Online: 12 de Novembro de 2009, 19:07:21 »
Citação de: Buckaroo Banzai
Acho que em grande parte o que aconteceria seria o segundo caso. As milícias não seriam bandidões, mas você, seus amigos, seus vizinhos, seus parentes e parentes deles, que não virariam de repente bandidos só porque não existe mais polícia, mas se tornariam a polícia para proteger uns aos outros e seus familiares e amigos. Se organizariam como pudessem contra os bandidos, que sabem que continuariam existindo e que se aproveitariam da situação.

Se juntariam com outros grupos que lhes parecem ser compostos de pessoas honestas, e se tornariam mais fortes, mutuamente protegidos. Com o tempo, conforme as coisas fossem ficando mais seguras para alguns grupos desses, uma vida cotidiana mais normal iria se estabelecendo, e as pessoas iriam se especializar em suas funções. Algumas pessoas parariam de fazer policiamento e iriam trabalhar em algo que fizessem melhor, enquanto outros passariam a ser policiais. Se estabeleceriam relações de comércio/troca entre elas. Eventualmente, grupos menores, ainda numa fase onde cada um se defende como pode, compra proteção desses grupos, e assim também podem ter uma vida mais normal. Porque esses grupos não se transformaram todos em tiranos.

No interim, acabam inventando alguma forma de moeda para agilizar as trocas. Isso acontece em algumas comunidades, criando moedas paralelas, apesar de existir a oficial. No começo seria confuso, como antes dos bancos centrais, mas não seria só uma questão de força no sentido mais brutal que essa colocação poderia descrever. No fim, é tudo garantido pela força, mas não de forma fundamentalmente diferente do que é agora, apenas com essa força menor, menos organizada e menos concentrada. Vários grupos pequenos mais fracos tendo que se defender de grupos de porte quase igual, mas menos numerosos - os bandidos - em vez de um grupo grande e forte com "dissidentes" (bandidos).

Haveriam várias gradações disso tudo. Desde as pessoas mais civilizadas que conseguiriam mais rapidamente recriar organizações "estadóides", passando por aqueles com maior dificuldade em entrar em acordos, e finalmente, aqueles que praticamente só se se organizam na base da força mesmo.

Em qualquer época e lugar sempre haverão pessoas pacatas e pessoas belicosas. Muitas pessoas são tão pacatas que mesmo na ausência de uma repressão que os limite, manterão-se "boazinhas" com os demais. Muitas pessoas são tão belicosas e selvagens que mesmo com um aparato repressivo como o que atualmente temos, mantém-se atacando outras visando extorquí-las. A maioria das pessas está em um meio termo: agem de forma "sociável" ou "selvagem" conforme as circustâncias externas permitem ou exigem.

Certamente continuariam existindo muitas comunidades ou "tribos" de pessoas pacatas. Mas acho difícil acreditar que elas conseguiriam se defender por muito tempo do ataque e dominação das "hordas" de pessoas mais selvagens. A história mostra de forma constante a dominação militar dos mansos pelos agressivos. Na melhor das hipóteses, o grupo forte armado dominante seria um grupo oriundo da própria comunidade, que estabeleceria aí uma espécie de "república" no início, evoluindo posteriormente para regimes menos democráticos à medida que os grupos dominantes (os fortes armados) se "acostumem" com o poder.

O que importa disso tudo é o fato de que é a força bruta, e não posses materiais, o detentor da última palavra. Direitos de propriedade dependem da força bruta para persistirem. A força bruta não depende de direitos de propriedade para impor sua vontade.

Portanto, plutocracia não combina com anarquia. A plutocracia pressupõe um aparato militar forte o suficiente para garantir a defesa da propriedade e dos contratos em toda uma sociedade.

Um exemplo de plutocracia, com algumas restrições, é o governo imperial e republicano no Brasil até os anos 30.

Citação de: Buckaroo Banzai
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Não haveria necessidade de "contratarem" polícia "privada". As própras milícias ou gangues dominariam naturalmente as comunidades desprotegidas, saqueando-as e "protegendo-as" do saque de outras milícias/gangues.

Não digo que não haveria nenhuma instância de grupos de gangues simplesmente agindo como gangues. Mas acredito que as pessoas de modo geral não são assim tão selvagens, pelo menos hoje não.

Nunca presenciou uma greve da polícia militar?

Quem já presenciou, teve uma amostra mínima, dentro de uma população de cultura altamente pacífica, do que ocorreria na ausência de uma força repressora sobre os indivíduos agressivos.
 
Citação de: Buckaroo Banzai
Em boa parte do tempo tentariam se organizar de forma civilizada e tão voluntária quanto possível. Isso eventualmente incluiria aqueles que conseguiram, dessa forma, se reorganizar em "neo-estados" mínimos (bem provavelmente mínimos) oferecendo aliança para os grupos de pessoas ainda tendo que cuidar mais precariamente da própria situação. Isso seria provavelmente na base de troca, de contrato. Aos poucos, dissolvendo o caos da anarquia impossível e restabelecendo alguma ordem, baseada no mínimo em parte em acordos não capitalistas, na qual se pode realmente viver.

É claro que as pessoas mansas tentariam se organizar de forma pacífica e civilizada, o problemas são as pessoas mais selvagens, que não teriam mais nenhum impedimento para suas ações. Não acredito (e nem a histórias mostra) que indivíduos pacíficos, não habituados à guerras, consigam vencer indivíduos agressivos e belicosos. Só no cinema, talvez.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #101 Online: 12 de Novembro de 2009, 19:10:30 »
Acho que a FIFA é só um monopólio privado do futebol, mas teoricamente seria possível haver outras empresas fazendo o mesmo, ainda que a FIFA pudesse, como poderia em qualquer "anarquia" capitalista, se negar a aceitar uma dupla associação com associações alternativas.
 
Meio como se pode criar campeonatos de corrida automobilística alternativos à fórmula 1 e a FIA não faz nada contra nós, a menos que estejamos violando direitos ou acordos com ela.
O problema é que esse monopólio é garantido por leis de governos.
Cada cidade, estado e país, tem federações únicas.
Se você tentar montar uma federação para representar o estado de são paulo, não vai conseguir, vai ser processado. Isso ocorre por já existir uma federação no estado e só pode existir uma.

Não sei quanto a isso, mas assumindo que seja o caso; por que um condomínio privado não poderia gerar exatamente a mesma situação, permitir apenas uma federação representante?

 
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São como os sindicatos, você não pode ter dois sindicatos para uma mesma categoria, embora o sindicato cobre imposto e a federação não.
Em todo caso são instituições políticas anti-capitalistas que exercem poder de pressão sobre o governo e assim mantém seus monopólios.

Mais ou menos a mesma pergunta. Por que organizações capitalistas que tenham um poder X, hoje do governo, não sofreriam pressão de outras organizações (capitalistas ou "anti-capitalistas") e assim manter monopólios?



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Como eu disse antes, nunca disse que a FIFA é necessária para se jogar futebol; era sobre regras do futebol, e só um exemplo um pouco melhor que a comparação com os ateus, que supõem que deus não exista. De quebra, acaba sendo um exemplo de como, apesar da "anarquia" capitalista, eventualmente surgem hierarquias que resultam em problemas análogos àqueles vistos no estado tradicional, sejam produto de organizações com ou sem fins lucrativos.
Não é um exemplo uma vez que é o estado quem garante a esse tipo de organização legitimidade.
Sindicatos e federações são provas do oposto, demosntram o malefício governamental.

Mesmo aceitando isso sem questionar, ainda não é nada que uma organização capitalista não pudesse fazer.


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Para algo mais objetivo nessa questão, mais próximo do que de fato está se discutindo, seria melhor dar exemplos de anarquia, de onde o governo falha ou é corrompido pela iniciativa privada e as coisas se tornam melhores com o relativo anarquismo decorrente. Ou alguma outra coisa, não sei bem o que poderia ser. É difícil pensar em como demonstrar que a anarquia seria melhor do que o que existe, uma vez que não existe na realidade, apenas platonicamente. Mas simplesmente dizer "o estado não funciona, então é melhor acabar completamente com ele,  nos comportarmos de acordo com meu ideal capitalista" é simplismo, uma falsa dicotomia, generalização apressada e cum hoc ergo propter hoc.
 
É ai que repousa o engano.
Não é possível "demonstrar" a anarquia, uma vez que ela não é algo, ela é apenas a ausência de algo.
Não se demonstram ausências tanto quanto não se demonstram inexistencias.

Só que (pela vigésima vez) a anarquia não é alegação da atual inexistência de governo, mas (nesse contexto pró-"anarquia") a afirmação de que da inexistência de estado se sucederiam organizações superiores, mais eficazes que o mesmo, e isso não é uma coisa que pode ser isenta de necessidade demonstração, aceita como verdade por default.



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São os governistas quem devem demonstrar que o estado cumpre com aquilo que se propõe.
Os anarquistas no entretanto demonstram que o estado não funciona, ele ao contrario, agrava os problemas e cria problemas novos.

Me repetindo novamente:

- Os "anarquistas", se não forem negacionistas de hierarquias e ordens emergentes ou anti-hierarquias e anti-ordens emergentes (e costumam dizer não ser), não podem negar que pode existir alguma eficácia em alguns sistemas de organização.

- Não é possível excluir daí (de sistemas de organização com alguma possível eficácia) o estado; o estado não é uma categoria a parte de ordem emergente, necessariamente absolutamente ineficaz em todos os aspectos, enquanto toda e qualquer outra ordem (ou desordem) emergente possível, além do estado, seria necessariamente superior.

Daí por diante, um debate racional, não fixado em falsas dicotomias, se daria sobre os problemas específicos do estado e possíveis alternativas não-estatais.



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O que você nega é sua utilidade, sua mínima eficiência, implicitamente afirmando algo que não é nulo como a inexistência de deuses ou duendes, mas que seja melhor, mais eficiente, do que se não existisse, e as pessoas agissem como bem entendessem, como fosse mais vantajoso para cada uma. Um "auto-oranizacionismo-espontâneo-capitalista", não  a inexistência de estado, mas sua ineficiência, inferioridade em resultados ideais se comparado a uma situação onde não existisse.
Claro que não Buckaroo, a anarquia apenas refuta a "doutrina" estatista, mas como o ateísmo ela não é por si um corpo doutrinário.
É o estado quem tem que provar sua doutrina, a anarquia não tem doutrina para provar.

A defesa da anarquia, do fim do estado, pressupõe uma superioridade em qualquer possível cenário resultante do fim do estado. Isso não é algo isento de necessidade de ser provado.



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Agora a anarquia aponta e demonstra a falsidade da doutrina estatista

Não, os anarquistas (ou ao menos você) simpesmente apontam falhas no estado (falhas não necessariamente negadas por aqueles que admitem a necessidade do estado) e, por generalização e dicotomia, supõem que tudo seria melhor sem ele, sem no entanto demonstrar.



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ela aponta como essa doutrina falha em cada ponto que se propõe resolver, como agrava esses problemas e como cria problemas novos.
Isso é tudo o que se precisa fazer.

Não, há um salto de lógica a concluir que, se algo tem falhas em sua função, então é melhor não simplesmente ter essa coisa.

É como dizer que, se uma empresa tem falhas na sua administração, obeteria-se melhores resultados com cada empregado, de todos os cargos e hierarquias, de repente se tornando um autônomo independente sem hierarquias rígidas, sem ninguém ter que obedecer aos superiores, mas fazer tudo como achar mais conveniente, podendo tanto seguir conselhos de ex-superiores, como se auto-promover se assim pensar ser melhor.



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O que você querem é a apresentação de uma "doutrina" melhor, mas isso a anarquia não dá.

Como eu já disse, ver falhas no governo, todos vêem; não é isso que faz de alguém um anarquista. O que os anarquistas fazem, é concluir que o melhor é não ter governo algum, cada um poder fazer o que quiser, ou se submeter a qualquer outra hierarquia que resultasse do fim do estado. Isso não é algo que se pode assumir apenas ao se admitir que o estado não é perfeito, não é uma afirmação não-onerosa.


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Isso está longe de ser algo que se possa dar como verdade aceitável sem exigência de qualquer demonstração porque o estado nada mais é do que uma organização, sem fins lucrativos, com o objetivo essencial de criar alguma ordem naquilo que de outra forma seria um monte de gente com vontades conflitantes.
E é isso que ele promete, mas é incapaz de fazer, e, é esse o problema que ele na verdade agrava.
É você quem tem que provar que o estado cumpre com seu papel e melhora esse problema.

Isso é muito cansativo.

- Você admitiu supor, que se batessem o martelo, e o estado acabasse, cada um pudesse fazer o que quiser, isso não resultaria numa plena anarquia eterna, mas que daí resultariam novas ordens sociais;

- a despeito do que você parece assumir, que qualquer ordem resultante seria isenta de falhas e cumpriria suas funções melhor do que o estado atual, na realidade não sabemos se as ordens e hierarquias que emergiriam seriam significativamente menos falhas do que a que se tem atualmente (não havendo nem garantias de que seriam menos falhas, em vez de mais falhas), e quanto o processo de emergência e estabelecimento de uma nova ordem iria custar.

- assim, a questão não é verdadeiramente de hierarquias versus anarquia, de organização versus desordem, centralização versus descentralização, mas de características específicas da ordem atual que talvez pudessem ser melhores se fossem diferentes. Algo menos dicotômico, e menos generalizador.

- ao mesmo tempo, não se tem idéia de como viria esse idealizado fim do estado, estamos falando de um sonho delirante sem conexão com a realidade, o que só torna tudo muito mais absurdo, e me faz me perguntar por que diabos eu insisto em perder tempo com algo tão distante da realidade e tão irrefutavelmente vago quanto isso.



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E isso não é algo intrinsecamente conflitante com aquilo que você provavelmente espera que ocorresse preponderantemente para a anarquia dar certo - as pessoas fariam acordos para lidar com conflitos, e seriam (não seriam proibidos de ser) em muitos casos "sem fins lucrativos". 
 
As pessoas se reuniriam para decidir como fazem para não sair na porrada e ficar todo mundo razoavelmente satisfeito. Só isso já é um "estadinho". Se acha que isso daria certo, o que é a expectativa mais otimista que posso ter da sua opinião, não tem nada de intrinsecamente errado com o estado também. 
Outras ordens de organização são irrelevantes para a anarquia em si.

Pode até ser, mas então a defesa da "anarquia" em si é algo ainda mais irrelevante por ser só uma fixação nas críticas ao estado, que não enxerga um palmo adiante disso, insistindo que a melhor alternativa seria que fosse decretada sua inexistência, ou com uma fé cega que daí tudo que resultaria seria necessariamente melhor, ou, simplesmente "neutro" quanto a isso, o que não torna o anti-estatismo minimamente mais racional.



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Hierarquias sempre surgem, eu mesmo proponho como substituto do governo uma hierarquia com base em instituições comprometidas com o capitalismo de livre mercado. Só que isso é outra questão, isso vai além da anarquia.

Isso não é, absolutamente, anarquia, é plutocracia. A menos que, sejam instituições comprometidas com um "capitalismo socialmente consciente".


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Sim, mas essa discussão já vai além da anarquia em si e trata sobre como substituir o governo.

Sim! É isso o fundamental da questão.

Além de ser simplesmente ficção falar vagamente do fim do estado (anarquia), como ninguém tem garantias de que iria necessariamente surgir algo melhor a partir disso, o melhor caminho a ser discutido é justamente o que poderiam ser as alternativas ao estado, e por que podemos esperar que seriam melhores, que não sofreriam das mesmas falhas, ou falhas ainda piores. Só dizer que o estado não cumpre o que deveria, até o PT faz, passou a maior parte de sua existência fazendo isso.




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No fim das contas, os melhores cenários "anarquistas" possíveis são emulações do estado e suas organizações, que nem necessariamente primam pelo capitalismo para serem as mais desejáveis. Levando isso em consideração, não só é difícil conceber vantagens significativas (ou mesmo diferenças), a situação atual é preferível a qualquer transição mais significativa, direta, rumo à anarquia.
Prove que é preferível.

Tem que haver uma ordem, alguma sempre surge.

A ordem resultante do fim da ordem atual pode ser pior ou melhor.

Se a ordem que  for pior, é preferível a atual.

Não temos garantia alguma de que não seria pior, portanto manter a ordem atual é o menos arriscado.


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O estado promove a ilusão de garantias constitucionais.
Na anarquia não existem garantias, mas no estado também não.
O estado no entanto, devido ao mito do "direito", agrava o problema, uma vez que passa a ser a única instituição com tal direito e quando não cumpre com seu papel nos deixa nas mãos dos bandidos.

Explique por que não haveria um análogo possível sem o estado.



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Pior ainda é quando o próprio estado, pelo direito que tem e ao monopólio da lei, age de forma criminosa.

Explique por que, sem o estado, não haveria possibilidade duma situação análoga.



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Nenhuma instituição não-estatista pode se dizer no direito a qualquer coisa, elas podem "fazer" qualquer coisa de maneira criminosa, mas não tem o direito e qualquer um pode se opor a elas e a pratica criminosa delas.
Com o estado isso não ocorre, ele tem o direito a fazer qualquer coisa, vá contra ele e o criminoso é você.
Como vê esse é mais um problema que ele agrava.

A questão aí é apenas semântica. O estado pode definir algo que consideraríamos como criminoso, como sendo crime, e praticar isso que consideramos crime, sem ele mesmo rotular assim.

Essa ações, no entanto, não são em nada diferentes dos crimes cometidos por agentes não-estatais, e nem necessariamente esses simplesmente aceitariam a adjetivação de "crime" para seus atos (o que não tem qualqer significância), e não é verdade que qualquer um vai "ter o direito" de fazer qualquer coisa contra um criminoso comum. Pode, semanticamente, ter, mas de fato, é uma situação análoga a impossibilidade de se defender do estado, quando isso ocorre.



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Se essa "proposta" não existir, então seja  bem vindo ao mundo de todas as outras pessoas que duvidam da eficiência do estado.
Propostas existem, mas não são o anarquismo em si.
O anarquismo apenas refuta a proposta estatista.

Não. Mais uma vez. A "proposta estatista" é simplesmente uma ordem para as pessoas se entenderem em vez de cada um fazer o que quiserem, mesmo contra os interesses de outros.

Mesmo na "anarquia" (ao menos quando, semanticamente, não é "anarquia", como o caso aqui) isso é esperado ocorrer,  uma vez decretado o fim do estado atual, só se supõe (por fé) que necessariamente resultaria nalguma outra ordem, melhor. Mesmo sem ter idéia, mesmo sem ter acontecido algo assim alguma vez.

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Cada anarquista assim como cada ateu é livre para acreditar no que quiser, não existe proposta na anarquia em si, assim como não existe doutrina no ateísmo.

Mais uma vez. Ateísmo, é "deus não existe". Anarquia, é "sem o estado, tudo ficaria melhor". De fato, podem acreditar em inúmeras possibilidades diferentes de como tudo ficaria melhor sem o estado, mas não é suficiente mostrar o óbvio de que o estado não é perfeito para demonstrar isso.

Se quer ter um "ismo" de só descer a lenha no estado, seria melhor "malarquia", nem sei se existe, meio como "malteísmo", aí você pode se isentar de defender de fato que o fim do estado seria melhor do que com ele, enquanto fala mal dele o quanto quiser, que ele é essencialmente ruim, apesar de ser "agnóstico" e evasivo quanto ao resultado de sua extinção.


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Eu mesmo tenho minha proposta, a substituição de cada agencia estatal por organizações capitalistas.
Isso resultaria na multiplicação das agencias do governo e não em sua destruição.
Seria mais fácil entender que estaríamos multiplicando o governo e os colocando para competir para ver quem faz o melhor trabalho.
Estaríamos também revogando o suposto "direito" estatal e assim eliminando um dos agravantes de problemas.

Acho que seria muito mais interessante expandir sobre como isso funcionaria, e como evitaria os problemas existentes com o estado.



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Pode falar tão mal quanto quiser do governo, mas o mais provável é que você preferiria viver nele tal como é do que se de repente escutasse nas rádios "acabou o estado. Não existe mais lei imposta pelo estado. Daqui por diante, todos ajam como considerarem melhor". Se ouvisse isso e ficasse animado em vez de aterrorizado, você é muito mais otimista do que eu. 
Isso porque você acha que o estado é capaz de melhorar alguma coisa, algo que ainda não provou. Gostaria de saber alguma garantia que o estado esteja conseguindo entregar.

Isso é tão surreal. Você fala como se efetivamente já não existisse estado, ao mesmo tempo em que as empresas capitalistas seriam todas perfeitas e cumprissem todas suas promessas, sem reclamações.
 


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Agora, anarquia não lida por si com a questão de como se organizar, ela apenas diz que o estado não é a única forma e que ele é uma forma ruim que agrava os problemas a que propõe corrigir.

O que todo mundo pode conceder momentanamente, no aguardo de uma alternativa claramente superior. Você não está falando com fanáticos que crêem fielmente no poder e na superioridade do estado sobre toda e qualquer possível forma de organização (com exceção talvez de eventuais comunistas). Com todas suas falhas, o estado existe, e em variados graus, funciona. Se existem alternativas melhores, fundamentalmente não-estatais, superiores a melhoras no estado, é um assunto interessante e mais objetivo do que falar vagamente em "anarquia", e que o estado "não funciona" e seria melhor não tê-lo.


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Sim. Mas como grupos compram poder do estado, então devemos é abolir o dinheiro. As pessoas também cometem a maior parte dos crimes, dos mais hediondos, por riqueza. Logo devemos ter o sistema de pobreza, não de riqueza.
O dinheiro é só moeda de troca, não é a riqueza real.
É impossível abolir a riqueza, mas é possível abolir o estado.
Não, não é isso. 
 
Como disse acima, na verdade não é diferente do que você provavelmente (na melhor das hipóteses) esperaria que ocorresse na "anarquia" como forma das pessoas se entenderem. Só que eu não espero que isso seja criado, uma vez que isso já existe.

Tem suas falhas, como teriam os acordos em "regime" de "anarquia", de fato tem.
A diferença é que na anarquia o poder é pulverizado e ninguém pode se dizer no "direito" de nada, uma vez que é derrubado o monopólio das leis.

Não existe um estado de anarquia de fato, se como você diz, é só a crítica ao estado.

Não existe garantia que em toda e qualquer ordem não imposta pelo estado,  o poder seria pulverizado e que ninguém poderia se dizer no "direito" a nada. Não existe garantia que com o poder sendo pulverizado e ninguém se podendo dizer no "direito" a nada, as coisas seriam melhores do que são.

Precisamos de mais especificidade e substância para chegar a algum lugar, para aceitar a viabilidae e superioridade duma alternativa ao estado.



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Se tem algo errado, é o que deve ser consertado, e nãose  destruir tudo para fazer tudo de novo do zero, passando por uma obscura e imprevisível fase de anarquia-salve-se-quem-puder. Sem radicalismo, sem revolução, com calma.
Ninguém falou sobre destruir nada.
O que está errado é o governo, é o monopólio estatal e esse suposto "direito" que da ao governo até o direito incontestável de roubar e chamar de criminoso quem esconde a própria riqueza para ser roubado menos (quem sonega imposto).
A anarquia só aponta isso, qualquer proposta apresentada é opinião individual.

A minha proposta é o capitalismo puro, é privatizar e multiplicar o governo em instituições capitalistas em livre-concorrência.
É a democracia do consumidor.

Você enxerga a possiiblidade de falhas nesse sistema? Quais seriam?


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Não sei nem como poderia se "instalar" uma anarquia num estalar de dedos, e não tenho motivos para esperar nada nem um pouco melhor do que o que temos agora se isso de alguma forma fosse alcançado. 
 
Qualquer coisa que viesse poderia ser tão ruim quanto o que temos hoje, mas nenhuma teria o "direito" a nada.

Então tudo se resume a uma questão semântica? Mas não temos nem garantia temos de que  não diriam ter o "direito" do que quer que fosse.


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Se tem perspectivas mais otimistas sobre uma transição tranqüila para a "anarquia" e uma posterior reorganização mais eficaz e justa (sem problemas análogos aos ocorridos no estado), sem custos maiores do que os que temos com as falhas do estado, acho que todos estaríamos interessados em ouvir.
Com organizações capitalistas você pode ter a maioria dos mesmos problemas que tem com o governo, mas não tem o agravante do pseudo-direito do governo, não tem o roubo obrigatório, tem maior poder de decisão devido a livre-concorrência e mesmo ao ter que lidar com instituições ou praticas anti-capitalistas, elas não podem mais se apoiar na concentração de poder do estado.

Bem, acho que o melhor caminho é prosseguir delineando melhor a alternativa em vez de meramente dizer por exemplo, que o imposto é um roubo e isso é crime.

Por exemplo, por que supõe que análogo ao imposto, no cenário que você vislumbra como alternativa, não poderia existir?


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De quebra agente ainda se livra de criminalidade criada pelo governo como o trafico de drogas.

A mesma pergunta, por que supõe que não existiria tráfico de drogas.

Offline DDV

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #102 Online: 12 de Novembro de 2009, 19:24:23 »
Vamos continuar com a brincadeira da anarquia.

Vamos supor, desse a louca num presidente, que então privatizasse tudo, legislativo, executivo e judiciário. Polícia e forças armadas. Podem ser vendidos inteiramente, ou em lotes. Dessa forma talvez evita-se em algo o caos do anarquia anterior, no sentido "o estado acabou", e o que se tem é mais uma plutocracia diretamente.

O que se sucede?


Você não especificou se essas instituiçõe sseriam vendidas todas a uma só pessoa/grupo, ou se seriam vendidas a donos diferentes. Tentarei responder o que provavelmente aconteceria em cada situação.

1-Caso todas as instituições passem a pertencer a um único grupo:

O Estado continuaria existindo, pelo menos por um tempo, Seria uma espécie de "reino" do comprador das instituições, pois mesmo mantendo todas as instituições funcionando como estavam, a última palavra em tudo seria dele. Todas as leis e atos do governo seriam reorganizadas para atender aos seus intersses particulares, eliminando concorrentes, etc etc.

O problema viria em seguida: como esse estado não teria nenhuma legitimidade ("legitimidade" é uma espécie de convicção ou sensação, por parte dos governados, de que determinado governo é "correto", "verdadeiro" ou "justo", e que portanto deve ser obedecido), qualquer desobediência ou insurreição contra o mesmo teria o apoio (ou pelo menos não seria "mal-visto") pelos cidadãos. Ninguém se importaria em obedecer ou acatar as leis e ordens desse governo. Várias localidades buscariam criar governos e leis próprias (é bem provável que tentassem restaurar o governo "legítimo" anterior, usando isso como uma espécie de bandeira cívica). Restaria portanto a repressão militar e o terror para mantê-lo.

Em resumo: o governo se manteria porcamente enquanto a maioria relevante das forças armadas se
mantivessem fiéis ao mesmo (é óbvio que não se manteriam).


2- Cada uma dessas instituições seria vendida a donos diferentes.

Nesse caso, apenas a pessoa que "arrematou" as forças armadas e/ou a polícia teria a última palavra. O legislativo dependeria dele para suas leis serem validadas. O judiciário dependeria dele para suas decisões serem cumpridas. O executivo dependeria dele para que suas obras fossem executadas fielmente (sem saques ou estelionatos) e os impostos necessários se mantivessem sendo coletados.

Enfim, o dono das forças armadas teria a última palavra, seria o "rei", o "poder moderador" ou "aiatolá". Isso supondo obviamente que as forças armadas o obedecessem (o que seria muito difícil de ocorrer).

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #103 Online: 12 de Novembro de 2009, 19:45:02 »
Não li tudo, mas encontrei por aí uma confusão muitíssimo comum que se faz no que diz respeito ao anarcocapitalismo, e que se não for sanada não será possível compreender qualquer coisa que um anarcocapitalista defende:

Anarcocapitalismo (ou qualquer que seja o nome) não se refere a um sistema de uma  sociedade utópica sem hierarquias e sem entidades que mantenham a lei e a ordem. Isso é uma completa besteira. Isso é, no máximo, a variedade de anarquismo defendida por hippies de esquerda. (Não gosto do termo anarquismo/anarcocapitalismo precisamente para não ser confundido com esse tipo de pessoa).

Compreendam que o ponto é esse: é a legitimidade da hierarquia em questão o que conta, e não a própria existência de uma hierarquia. Sempre, em qualquer relação humana, haverá hierarquias. O que se deve perguntar é se ela é ou não legítima.

Alguns dizem que o anarcocapitalismo é utópico porque sempre haverá hierarquias, e, com isso, sempre haverá estado. O erro (ou a confusão) está justamente em pensar que estado é sinônimo de hierarquia, lei e ordem. O estado como atualmente o conhecemos é apenas uma forma de se estabelecer uma hierarquia. Um grupo de gângsters que age em um local está estabelecendo ali uma hierarquia. Um homem que manda dentro de sua propriedade, um pai ou mãe dentro de uma família, ou um líder comunitário reconhecido pelos moradores de uma comunidade também estão estabelecendo, dentro da propriedade, dentro da família e dentro da comunidade, respectivamente, hierarquias.

O que é uma hierarquia legítima, ou o que é o próprio conceito de legitimidade, é uma discussão à parte que vem em seguida. Mas antes disso deve ser desfeita essa confusão entre estado e hierarquias, lei e ordem.


Tava sumido hein....


Na verdade, a ordem natural das coisas é o forte dominar o fraco. Isso ocorrerá sempre.

Como atenuar essa ordem natural?

Criando uma entidade (ou entidades) que impeçam o saque, o roube, o assassinato e a extorsão. Que garantam o direito de propriedade para o produtor de um bem, que garanta o cumprimento dos acordos firmados, e que impeça a esvravização de pessoas.

Isso aì acima são condiçoes mínimas para a existência do que chamamos "economia de mercado" ou "capitalismo". Sem essas condiçoes acima, não há economia de mercado ou capitalismo como o conhecemos. (Há outras condições, como a garantia da concorrência pelos estados, restringindo monopólios)

Essas condições acima dependem de um aparato militar que garanta o cumprimento das mesmas, ou seja, dependem do estado ou de algo semelhante.

Em resumo, é o estado que garante a economia de mercado como a conhecemos, e não o inverso.

Outra coisa: o termo anarco-capitalismo é contraditório, pois pressupõe de forma completamente injustificada uma ordem capitalista (cumprimento das condições essenciais já citadas) em uma sociedade sem nenhuma entidade para fazer cumprir essas condições, ou seja, de uma entidade que garanta a propriedade, que impeça a escravização de pessoas, que garanta o cumprimento dos contratos, a livre concorrência, etc etc.


Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #104 Online: 12 de Novembro de 2009, 19:52:35 »
Citação de: anarcapitalista
A diferença é que na anarquia o poder é pulverizado e ninguém pode se dizer no "direito" de nada, uma vez que é derrubado o monopólio das leis.

O que entendemos por "direitos" são convenções que as sociedades humanas adotam por julgarem conseguir viver melhor dessa forma.

Um exemplo: uma carpinteiro trabalha e produz uma cama.

Consideramos um "direito" desse carpinteiro a posso e o usufruto exclusivo dessa cama, bem como dar a ela a destinação que melhor lhe aprouver.

O porém, é que esse "direito" simplesmente não existe e não servirá de nada em uma sociedade sem uma entidade que o garanta. O "direito" que vigoraria seria o do mais forte, ou seja, um cara forte e armado simplesmente poderia tomar essa cama do carpinteiro e ponto.

A questão se resumiria a: as disputas pessoais devem ser regidas/determinadas por "direitos", ou pela força?
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #105 Online: 12 de Novembro de 2009, 22:18:19 »
O que importa disso tudo é o fato de que é a força bruta, e não posses materiais, o detentor da última palavra. Direitos de propriedade dependem da força bruta para persistirem. A força bruta não depende de direitos de propriedade para impor sua vontade.

Portanto, plutocracia não combina com anarquia. A plutocracia pressupõe um aparato militar forte o suficiente para garantir a defesa da propriedade e dos contratos em toda uma sociedade.

Não sugiro de maneira alguma que pudesse haver algo como uma espécie de poder absoluto do dinheiro, independentemente da força bruta.

Só que a força bruta pode ser comprada, não precisa ser tudo na base do literalmente fisicamente mais forte ou mais rápido no gatilho. Isso vale mesmo nos meios onde a violência é um meio praticamente "lícito" de se conseguir as coisas, como em gangues.

Um chefe de gangue não precisa depender da própria força bruta para ser o líder de sua gangue. Ele não precisa estar o tempo todo armado e ser pessoalmente capaz de se defender de qualquer um que tentar um motim. E mesmo que alguém de fato o mate, não significa que vai simplesmente tomar o lugar dele, que todos vão aceitar. E ele não deve essa relativa segurança aos direitos de propriedade ou à vida garantidos pelo estado. Essencialmente é como se vivesse num estado paralelo, onde o nosso não vale, mas ao mesmo tempo não é exclusivamente o domínio da força bruta.

E mesmo entre gangues, as coisas não precisam se acertar apenas na base de quem tem mais força, ou, não são independentes de se ter menos riqueza. Até porque, se necessário, riqueza compra força ou até mesmo acordo.

Como penso que, no fim das contas, acabam se dando melhor os que podem comprar mais força, e não os literalmente mais fortes em si, acho que resultando dessa hipotética vaga e misteriosa extinção do estado, a tendência seria se chegar em algo que ao menos penso que seja melhor descrito como plutocrático, uma hora ou outra. Não seria uma plutocracia "pura" onde as pessoas misteriosamente esqueceram do poder da força bruta, mas onde o poder econômico compra a força bruta para se manter. Não é um mundo dominado por hordas de bárbaros sangüinários, mas pelos mais ricos, com diversos graus de moralidade. Com áreas também mais dominadas por criminalidade mais violenta, de qualquer forma. Bastante parecido com como é hoje.



Agora eu vou bancar o "anarquista" um pouco, ainda que o melhor talvez fosse chamar isso de "privatista", acho, e que eu mesmo não seja exatamente uma coisa ou outra, mas meio que um "agnóstico fatalista".

Citação de: Buckaroo Banzai
Acho que em grande parte o que aconteceria seria o segundo caso. As milícias não seriam bandidões, mas você, seus amigos, seus vizinhos, seus parentes e parentes deles, que não virariam de repente bandidos só porque não existe mais polícia, mas se tornariam a polícia para proteger uns aos outros e seus familiares e amigos. Se organizariam como pudessem contra os bandidos, que sabem que continuariam existindo e que se aproveitariam da situação.

Se juntariam com outros grupos que lhes parecem ser compostos de pessoas honestas, e se tornariam mais fortes, mutuamente protegidos. Com o tempo, conforme as coisas fossem ficando mais seguras para alguns grupos desses, uma vida cotidiana mais normal iria se estabelecendo, e as pessoas iriam se especializar em suas funções. Algumas pessoas parariam de fazer policiamento e iriam trabalhar em algo que fizessem melhor, enquanto outros passariam a ser policiais. Se estabeleceriam relações de comércio/troca entre elas. Eventualmente, grupos menores, ainda numa fase onde cada um se defende como pode, compra proteção desses grupos, e assim também podem ter uma vida mais normal. Porque esses grupos não se transformaram todos em tiranos.

No interim, acabam inventando alguma forma de moeda para agilizar as trocas. Isso acontece em algumas comunidades, criando moedas paralelas, apesar de existir a oficial. No começo seria confuso, como antes dos bancos centrais, mas não seria só uma questão de força no sentido mais brutal que essa colocação poderia descrever. No fim, é tudo garantido pela força, mas não de forma fundamentalmente diferente do que é agora, apenas com essa força menor, menos organizada e menos concentrada. Vários grupos pequenos mais fracos tendo que se defender de grupos de porte quase igual, mas menos numerosos - os bandidos - em vez de um grupo grande e forte com "dissidentes" (bandidos).

Haveriam várias gradações disso tudo. Desde as pessoas mais civilizadas que conseguiriam mais rapidamente recriar organizações "estadóides", passando por aqueles com maior dificuldade em entrar em acordos, e finalmente, aqueles que praticamente só se se organizam na base da força mesmo.

Em qualquer época e lugar sempre haverão pessoas pacatas e pessoas belicosas. Muitas pessoas são tão pacatas que mesmo na ausência de uma repressão que os limite, manterão-se "boazinhas" com os demais. Muitas pessoas são tão belicosas e selvagens que mesmo com um aparato repressivo como o que atualmente temos, mantém-se atacando outras visando extorquí-las. A maioria das pessas está em um meio termo: agem de forma "sociável" ou "selvagem" conforme as circustâncias externas permitem ou exigem.

Certamente continuariam existindo muitas comunidades ou "tribos" de pessoas pacatas. Mas acho difícil acreditar que elas conseguiriam se defender por muito tempo do ataque e dominação das "hordas" de pessoas mais selvagens.

Mas essencialmente é isso que acontece agora, as tribos pacíficas se defendendo das hordas de selvagens, em enormes coalizões. Ainda que imperfeitamente.

É meio como se houvesse uma "segurança pública S.A." a qual todos pagássemos através de pagamentos embutidos em outros produtos e serviços, e que também se comprometesse (mas nem sempre conseguisse) a proteger as pessoas independentemente de quanto pagam pela segurança (em tese).


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A história mostra de forma constante a dominação militar dos mansos pelos agressivos. Na melhor das hipóteses, o grupo forte armado dominante seria um grupo oriundo da própria comunidade, que estabeleceria aí uma espécie de "república" no início, evoluindo posteriormente para regimes menos democráticos à medida que os grupos dominantes (os fortes armados) se "acostumem" com o poder.

Ainda que essa coisa de poder e psicologia seja algo bastante complexo, não vejo diferença fundamental de uma situação onde a polícia e as forças armadas fossem privadas, especialmente se suficientemente grandes.

A polícia e as forças armadas hoje não dominam as pessoas apesar do poder para isso (principalmente em países como o Brasil, onde a população é extremamente desarmada), ainda se limitam a cumprir suas funções estabelecidas (ainda que imperfeitamente, com abusos e exceções).

Se fosse uma questão de mansos versus aqueles com poder de domínio, simplesmente seria impossível o estado de não viver sob regimes militares.

E não vejo diferença fundamental na possibilidade da polícia e forças armadas cumprirem suas funções corretas, e não dominarem o povo, sendo eles "estado" ou empresa. Se não há lei contra uma empresa de segurança privada se voltar contra aqueles que deveriam proteger, de fato podem fazer, mas não necessariamente são mais propensos a fazer só por isso. Da mesma forma, não é só não ser legal um golpe de estado que ele não irá ocorrer. A diferença está no papel, e mesmo uma empresa pode ter uma espécie de declaração simbólica equivalente, onde proibe a si mesma de agir da maneira considerada por todos como incorreta.

 

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Citação de: Buckaroo Banzai
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Não haveria necessidade de "contratarem" polícia "privada". As própras milícias ou gangues dominariam naturalmente as comunidades desprotegidas, saqueando-as e "protegendo-as" do saque de outras milícias/gangues.

Não digo que não haveria nenhuma instância de grupos de gangues simplesmente agindo como gangues. Mas acredito que as pessoas de modo geral não são assim tão selvagens, pelo menos hoje não.

Nunca presenciou uma greve da polícia militar?

Quem já presenciou, teve uma amostra mínima, dentro de uma população de cultura altamente pacífica, do que ocorreria na ausência de uma força repressora sobre os indivíduos agressivos.

Não lembro. O que acontece? Gente comum, que não era bandido, de repente aproveita a oportunidade, em grande número?

Não sou exatamente adepto da idéia de "nobre selvagem" ou algo assim, mas não sei, não esperaria que uma porcentagem significativa da população seja composta de bandidos em potencial, apenas latentes pela existência da polícia. Não digo que é 0%, mas acho que também não deve ser algo tremendamente significativo.


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Citação de: Buckaroo Banzai
Em boa parte do tempo tentariam se organizar de forma civilizada e tão voluntária quanto possível. Isso eventualmente incluiria aqueles que conseguiram, dessa forma, se reorganizar em "neo-estados" mínimos (bem provavelmente mínimos) oferecendo aliança para os grupos de pessoas ainda tendo que cuidar mais precariamente da própria situação. Isso seria provavelmente na base de troca, de contrato. Aos poucos, dissolvendo o caos da anarquia impossível e restabelecendo alguma ordem, baseada no mínimo em parte em acordos não capitalistas, na qual se pode realmente viver.

É claro que as pessoas mansas tentariam se organizar de forma pacífica e civilizada, o problemas são as pessoas mais selvagens, que não teriam mais nenhum impedimento para suas ações. Não acredito (e nem a histórias mostra) que indivíduos pacíficos, não habituados à guerras, consigam vencer indivíduos agressivos e belicosos. Só no cinema, talvez.

Eu não sei, acho que é diferente a situação da greve policial de um estado de anarquia. Acho que daria uma sensação de "agora ferrou", enquanto que a greve é vista só como algo temporário que se espera que acabe rapidamente.

Offline _Juca_

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #106 Online: 12 de Novembro de 2009, 22:47:01 »
ok, me explique então, como se eu fosse uma criança, como seriam as leis em uma sociedade anarquista, quem as fariam,  ou se existiriam de fato, ou se existiria mais de uma lei para uma mesma questão, ou se existiria alguma garantia da ordem, ou se mesmo existiria a polícia e se eu seria obrigado a seguir alguma lei? E não precisa ficar dizendo que o governo não faz nada disso , ok? Você já falou bastante, gostaria de saber como funcionaria as leis ou se existiriam de fato?

Acho que o modelo do anarcapitalista seria aquele do Universo 2099 da Marvel. A polícia seria privada e só quem pode pagar teria direito a segurança.

Talvez o Homem-Aranha e o Super Homem poderiam garantir a ordem... :biglol:

Offline Moro

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #107 Online: 12 de Novembro de 2009, 23:04:03 »
não, porque seriam verdadeiramente capitalistas, e não precisariam de polícia e nem cometeriam abusos.
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Offline _Juca_

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #108 Online: 12 de Novembro de 2009, 23:16:07 »
não, porque seriam verdadeiramente capitalistas, e não precisariam de polícia e nem cometeriam abusos.

hmmm, explica, please?

Offline Moro

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #109 Online: 12 de Novembro de 2009, 23:17:17 »
to zoando... ele falou que não precisaríamos de polícia para prender um sequestrador, porque o sequestrador não vai sequestrar porque vai saber que isso é contra o capitalismo e contra a geração de riqueza  :olheira:

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Offline _Juca_

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #110 Online: 12 de Novembro de 2009, 23:25:19 »
É que esses posts ficaram tão compridos, que eu não dei conta de ler tudo, tenho patroa e filhote pra dar atenção também... :lol:

Offline anarcapitalista

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #111 Online: 13 de Novembro de 2009, 02:48:00 »
Vocês estão sendo ilógicos, assim a discussão perde o ponto.

você sempre parte do mesmo anti-estatismo sistêmico e nós é que estamos sendo ilógicos?

O pensador conservador Michael Oakeshott acha isso o mais engraçado entre os ultra-liberais e progressistas em geral: não há resposta CIRCUNSTÂNCIAL, mas uma resposta universal para todos os problemas humanos.

Nem sempre a mesma resposta serve para todos os problemas, como você deve saber.
Mais um que refuta a si próprio através de uma inversão.
A resposta de vocês para tudo é o estado central, enquanto para os anarquistas, a resposta é circunstancial, deve ser localizada e dada pelos envolvidos na situação, não por uma burocracia central.
O anarquismo não propõe uma solução única para tudo, ele refuta a solução única dada por vocês.

Como já disse antes, o ônus da prova cabe a quem defende o estado.
São vocês quem devem demonstrar que a resposta estado cumpre com qualquer das coisas a que propõe resolver.

Errado.

Com exceção das sociedades COMUNISTAS tribais, não há registro na história da espécie humana de sociedades onde a AUSÊNCIA de Estado tenha melhorado a vida das pessoas.

Você defende uma uotpia e o ônus da prova cabe aos outros????

Aponte, por favor, onde o anarco-capitalismo foi aplicado e deu certo, acho que não vai encontrar.

A não ser que você apresente como paradigma o que aconteceu na Somália:

../forum/topic=16363.0.html 
Eu é que pergunto onde o governo deu certo.
Quem tem que provar qualquer coisa aqui é quem apresenta a proposta.
A anarquia se limita em refutar o corpo doutrinário estatista... tem que repetir isso até quando?

Offline anarcapitalista

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #112 Online: 13 de Novembro de 2009, 02:51:45 »
to zoando... ele falou que não precisaríamos de polícia para prender um sequestrador, porque o sequestrador não vai sequestrar porque vai saber que isso é contra o capitalismo e contra a geração de riqueza  :olheira:
Eu não disse isso, falei foi sobre multiplicar a policia em sistema de livre-concorrência.
Disse também que a natureza do mercado por si da aos indivíduos o incentivo para agir da forma correta, bem como inevitavelmente pune o mal comportamento.

O que se vê no Brasil hoje, por exemplo, não é impunidade, é o contrario disso.

Offline anarcapitalista

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #113 Online: 13 de Novembro de 2009, 03:21:13 »
Essas condições acima dependem de um aparato militar que garanta o cumprimento das mesmas, ou seja, dependem do estado ou de algo semelhante.

Em resumo, é o estado que garante a economia de mercado como a conhecemos, e não o inverso.

Outra coisa: o termo anarco-capitalismo é contraditório, pois pressupõe de forma completamente injustificada uma ordem capitalista (cumprimento das condições essenciais já citadas) em uma sociedade sem nenhuma entidade para fazer cumprir essas condições, ou seja, de uma entidade que garanta a propriedade, que impeça a escravização de pessoas, que garanta o cumprimento dos contratos, a livre concorrência, etc etc.
Você já se perguntou o motivo das forças armadas respeitarem o governo?
Que motivos levam um general ou brigadeiro a deixar panacas como Lula, Sarnei e outros do naipe no poder?

Segundo sua ótica e descrições, meia dúzia de tubarões dentro das forças armadas poderiam simplesmente tomar tudo bancar os reis.
Eles controlam o exercito, eles possuem as armas, mas ainda assim se subordinam a autoridade do governo.

Offline anarcapitalista

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #114 Online: 13 de Novembro de 2009, 03:56:27 »
Não sei quanto a isso, mas assumindo que seja o caso; por que um condomínio privado não poderia gerar exatamente a mesma situação, permitir apenas uma federação representante?

Mais ou menos a mesma pergunta. Por que organizações capitalistas que tenham um poder X, hoje do governo, não sofreriam pressão de outras organizações (capitalistas ou "anti-capitalistas") e assim manter monopólios?
A multiplicidade de instituições poderia gerar situações análogas a do estado, mas isso não é argumento que defenda a existência dele.
Você está tentando refutar a ausência do estado, apontando aquilo que já existe com ele.
Só que (pela vigésima vez) a anarquia não é alegação da atual inexistência de governo, mas (nesse contexto pró-"anarquia") a afirmação de que da inexistência de estado se sucederiam organizações superiores, mais eficazes que o mesmo, e isso não é uma coisa que pode ser isenta de necessidade demonstração, aceita como verdade por default.
O ponto do anarquismo é refutar a idéia de que o estado entrega o que promete.
Uma vez demonstrado isso, não se discute "o que fazer sem o estado". A discussão é sobre como se organizar e ponto, estado não entra mais em questão, está refutado.
Não é preciso demonstrar qualquer forma de organização superior, elas podem ser tão ruins quanto ou podem ter a maioria dos mesmos problemas.
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São os governistas quem devem demonstrar que o estado cumpre com aquilo que se propõe.
Os anarquistas no entretanto demonstram que o estado não funciona, ele ao contrario, agrava os problemas e cria problemas novos.

Me repetindo novamente:

- Os "anarquistas", se não forem negacionistas de hierarquias e ordens emergentes ou anti-hierarquias e anti-ordens emergentes (e costumam dizer não ser), não podem negar que pode existir alguma eficácia em alguns sistemas de organização.

- Não é possível excluir daí (de sistemas de organização com alguma possível eficácia) o estado; o estado não é uma categoria a parte de ordem emergente, necessariamente absolutamente ineficaz em todos os aspectos, enquanto toda e qualquer outra ordem (ou desordem) emergente possível, além do estado, seria necessariamente superior.
Não é preciso demonstrar superioridade, apenas a falta de funcionalidade do estado.

Em resumo, a defesa do estado se baseia no apontamento de determinados problemas e na apresentação do estado como a solução destes.
Uma vez que se verifica que o estado não soluciona os problemas a que se propõe, agrava alguns deles, bem como se verificam problemas novos criados pelo próprio estado, a existência do estado deixa de ter justificativa, independentemente de qualquer coisa, ele perde a sua razão de ser.

Uma vez entendido isso é possível discutir qualquer proposta alternativa sem cair em inversões, e, mais importante ainda, sem achar que observar tais problemas existindo sem o estado, refuta a alternativa ao estado.

Trocando em miúdos, a discussão não é sobre demonstrar algo melhor que o estado, ou sobre se existe forma de organização superior a ele que justifique seu fim.
A discussão se limita a como se organizar.

Enquanto esse ponto não for entendido toda discussão perde o foco.
« Última modificação: 13 de Novembro de 2009, 04:22:00 por anarcapitalista »

Offline anarcapitalista

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #115 Online: 13 de Novembro de 2009, 04:40:17 »
É como discutir sobre uma chuva eterna.

Está chovendo sem parar, isso é um problema para os homens... alguém um dia sugere que, para resolver o problema e parar a chuva, é preciso pegar um monte de algodão, encharcar de nitrato de prata e atira-los nas nuvens.
Começam a fazer isso no mundo inteiro e a cobrar pelo serviço que não funciona e ainda enche as ruas de algodão. Muito tempo se passa e a humanidade esquece os tempos antes dessa prestação de serviço não existir.

Então começa a discussão de dois malucos que não se entendem:

 |( - Nós não precisamos desses idiotas atirando algodão na rua.

 ::) - Precisamos sim! Sem eles quem vai cuidar da chuva?

 |( - Mas a chuva está ai com tudo...

 ::) - Só porque está chovendo nada garante que sem eles as coisas não seriam pior.

 |( - Mas eles não estão resolvendo o problema e ainda estão atirando algodão na rua.

 ::) - Em qualquer situação alternativa, sem atirar algodão com nitrato nas nuvens, a chuva não poderia continuar caindo igual?

 |( - Acabar com a chuva é irrelevante na questão, o fato é que o que eles estão fazendo não funciona e eles ainda jogam algodão na rua.

 ::) - Você não está isento então de provar que sem eles a chuva iria acabar ou ao menos diminuir.

 |( - Proposta para a chuva é outra historia, embora eu tenha idéias sobre ela.

 ::) - Na ausência deles, as suas idéias não podem resultar em algo parecido, não poder chover como agora?

 |( - Sim, mas o ponto não é esse.

 ::) - Então a sua solução pode resultar no mesmo problema, mas não existem garantias de que as coisas não vão é ficar ainda pior sem eles.

 |( - Propostas para acabar com a chuva são outra história, o ponto não é esse.

 ::) - E como você acha que podemos nos virar sem eles? Olha a chuva, você é louco? Fala sobre essa utopia de viver sem esses homens e não prova que sua proposta não vai piorar as coisas.

 |( - Utopia é essa proposta de acabar com a chuva atirando algodão, eu não apresento proposta para que possa dizer que ela é utópica.

 ::) - Mas não esta isento de provar que sem eles choveria menos. Mostre um único lugar do mundo onde não atirem algodão nas nuvens e que chova menos. Você não pode mostrar porque essa utopia não existe em lugar nenhum, ninguém é louco de viver sem fazer isso, afinal... como ficaríamos na chuva sem alguém pra cuidar dela?
« Última modificação: 13 de Novembro de 2009, 04:44:53 por anarcapitalista »

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #116 Online: 13 de Novembro de 2009, 12:03:10 »
Não sei quanto a isso, mas assumindo que seja o caso; por que um condomínio privado não poderia gerar exatamente a mesma situação, permitir apenas uma federação representante?

Mais ou menos a mesma pergunta. Por que organizações capitalistas que tenham um poder X, hoje do governo, não sofreriam pressão de outras organizações (capitalistas ou "anti-capitalistas") e assim manter monopólios?
A multiplicidade de instituições poderia gerar situações análogas a do estado, mas isso não é argumento que defenda a existência dele.
Você está tentando refutar a ausência do estado, apontando aquilo que já existe com ele.

Não. Estou apenas perguntando para que começar tudo de novo do zero, sem saber no que vai dar, o que vai nos custar chegar a outra organização substituta, se pode ser tudo a mesma porcaria - ou pior - no fim das contas.


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Só que (pela vigésima vez) a anarquia não é alegação da atual inexistência de governo, mas (nesse contexto pró-"anarquia") a afirmação de que da inexistência de estado se sucederiam organizações superiores, mais eficazes que o mesmo, e isso não é uma coisa que pode ser isenta de necessidade demonstração, aceita como verdade por default.
O ponto do anarquismo é refutar a idéia de que o estado entrega o que promete.
Uma vez demonstrado isso, não se discute "o que fazer sem o estado". A discussão é sobre como se organizar e ponto, estado não entra mais em questão, está refutado.

A "discussão sobre como se organizar" é equivalente a "o que fazer sem o estado".

A "refutação do estado" é assim, totalmente tudo-ou-nada? Não poderia ser que, algumas coisas que o estado faz, já sejam como a gente imaginaria que deveríamos nos organizar? Ou será que isso é absolutamente impossível para qualquer circunstância, e como o estado faz deve ser um parâmetro inicial de como não se deve fazer?


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Não é preciso demonstrar qualquer forma de organização superior, elas podem ser tão ruins quanto ou podem ter a maioria dos mesmos problemas.

É o que estou dizendo o tempo todo.

Só penso que, sem ter garantias, o mais seguro é ser "conservador". Não decretar o fim do estado e então seja o que deus quiser, mas se perguntar, por exemplo, qual é a coisa na qual o estado mais atrapalha negativamente na vida das pessoas? Como seria se isso fosse privatizado? Seria necessariamente melhor, só por ser privatizado, ou quem tomasse conta disso poderia fazer tão ou mais ineficientemente a mesma coisa, sem grande chance de não dar na mesma? Se poderiam, será que não seria também possível, já que não começamos por mandar o estado inteiro às favas, conceber regras estatais que impedissem que essa área, se privada, fosse tão ruim ou pior quanto é sendo estatal? [...] Qual a segunda coisa na qual o estado mais atrapalha?

E assim por diante. Obviamente as coisas não precisam ser pensadas na ordem de que mais atrapalham, mas simplesmente as alternativas deveriam ser mais concretas e analizadas uma a uma, em vez de ser um salto de fé no escuro. O que não só depende de muita fé (ainda que estranhamente você admita esse "agnosticismo"), como é pura ficção, não vai acontecer. O estado não vai acabar num estalar de dedos, a menos que acontecesse algo muito catastrófico, então o único rumo minimamente realista nesse sentido é se pensar em reduções graduais do estado quanto a atuações específicas.





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São os governistas quem devem demonstrar que o estado cumpre com aquilo que se propõe.
Os anarquistas no entretanto demonstram que o estado não funciona, ele ao contrario, agrava os problemas e cria problemas novos.

Me repetindo novamente:

- Os "anarquistas", se não forem negacionistas de hierarquias e ordens emergentes ou anti-hierarquias e anti-ordens emergentes (e costumam dizer não ser), não podem negar que pode existir alguma eficácia em alguns sistemas de organização.

- Não é possível excluir daí (de sistemas de organização com alguma possível eficácia) o estado; o estado não é uma categoria a parte de ordem emergente, necessariamente absolutamente ineficaz em todos os aspectos, enquanto toda e qualquer outra ordem (ou desordem) emergente possível, além do estado, seria necessariamente superior.
Não é preciso demonstrar superioridade, apenas a falta de funcionalidade do estado.

Em resumo, a defesa do estado se baseia no apontamento de determinados problemas e na apresentação do estado como a solução destes.
Uma vez que se verifica que o estado não soluciona os problemas a que se propõe, agrava alguns deles, bem como se verificam problemas novos criados pelo próprio estado, a existência do estado deixa de ter justificativa, independentemente de qualquer coisa, ele perde a sua razão de ser.

Não se trata de "não ser preciso demonstrar a superioridade" de uma forma categórica, universal. Isso é válido para você, por razões subjetivas, você por algum motivo não se pergunta se qualquer possível alternativa a uma situação seria garantidamente melhor do que uma situação presente que não parece funcionar antes de pular cegamente para qualquer outra situação. Outras pessoas, provavelmente a maioria, é mais exigente, não se convencem de que qualquer alternativa é melhor ("mesmo que não necessariamente for") apenas porque a situação atual parece bastante ruim. Isso até pode ser verdade em alguns casos, mas de modo geral, não é o que se pensa com o estado. Se assim fosse, nem precisaria estar discutindo isso, já seríamos todos "anarquistas", provavelmente todas pessoas, o estado simplesmente "evaporaria" em inexistência com a percepção universal de que simplesmente absolutamente não funciona.

Mais:

- essa "verificação" de que o estado não resolve e só agrava os problemas feita aqui não é de fato uma verificação mas uma generalização precipitada. Uma verificação seria destrinchar uma a uma todas as instâncias em que isso o corre, e, preferivelmente ter alguma comparação de como poderia ser melhor com alguma alternativa não-estatal, o que é difícil de fazer uma vez que é consideravelmente raro ter se exemplos reais de soluções não-estatais para tudo, mas ao menos poderia-se tentar especular mais solidamente (com mais do que "tudo idealmente seria substituido por instituições pró-capitalismo e o poder pulverizado") em vez de só querer que todos aceitem esse salto de fé no escuro;

- Como alguma organização é inevitável, e como é o que se buscaria imediatamente a partir de um hipotético e fantasioso estado de "anarquia" inicial, então, alguma organização é melhor do que nenhuma. Simplesmente destruir, evaporar com a organização atual, não só é fantasioso, como não fará com que uma necessariamente melhor surja imediatamente, sem representar custos;


Entenda, nem estou "defendendo o estado". Estou defendendo simplesmente a manutenção da ordem, que, por acaso, acontece de se dever em boa parte ao estado, até que se imagine algo que ao menos pareça seguramente melhor e para qual a transição seja viável, não fantasiosa e revolucionária e encharcada de fé em algum mundo melhor sem o estado.



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Uma vez entendido isso é possível discutir qualquer proposta alternativa sem cair em inversões, e, mais importante ainda, sem achar que observar tais problemas existindo sem o estado, refuta a alternativa ao estado.

Conceber a possibilidade de que pode dar tudo na mesma ou pior, não é uma "refutação" da "alternativa ao estado" (até porque o tempo todo ela tem sido absolutamente envolta em névoa, fica segura num estado platônico onde é bela e perfeita justamente por seu estado etéreo, sem nunca ser colocada à tapa no chão, no mano a mano do mundo real). É uma "refutação" de que é necessariamente melhor mudar cegamente para qualquer coisa que seja, de que toda e qualquer atuação presente do estado em qualquer coisa que seja é necessariamente a pior situação possível para resolução daquilo que ele se propõe a resolver.

Se em vez disso, se conversasse sobre coisas como "veja só, como o estado faz isso tão porcamente mal. Não seria melhor se fosse assim e assado? Ou então, desse jeito e desse outro mesmo. Ainda poderia ser que acontecesse isso e isso, mas é muito preferível ao que acontece com o estado, que é isso e isso. E o mais importante, é que não podemos ter essas melhoras se ainda dirigido pelo estado de qualquer maneira; se o estado tentasse fazer isso, a tendência seria que não desse certo, por causa disso e daquilo. Tivemos um exemplo disso quando naquele outro país [...]" -- aí chegaria-se em algum lugar. De caso em caso, no fim de vários deles, você anuncia vitorioso, "voilá, e então temos uma anarquia! Eu não disse? eu não disse?" ou qualquer que seja a "quia" resultante disso.

Serão muito poucas as pessoas a conseguir engolir a generalização de que o estado é uma forma de organização fundamentalmente diferente de todas as outras possíveis, de forma que seja necessariamente a pior possível, em qualquer situação. Então não só é mais realista falar de caso a caso, porque é muito, muito mais provavel que a mudança no mundo real se desse assim, como é livre de toda a confusão relacionada ao termo "anarquia" e mais objetivo, mais próximo de convencer as pessoas de que o estado não é o melhor, quando se mostra hipotéticas alternativas aparentemente melhores para cada situação.


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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #117 Online: 13 de Novembro de 2009, 15:04:36 »
Citação de: Buckaroo Banzai
Não sugiro de maneira alguma que pudesse haver algo como uma espécie de poder absoluto do dinheiro, independentemente da força bruta.

Só que a força bruta pode ser comprada, não precisa ser tudo na base do literalmente fisicamente mais forte ou mais rápido no gatilho. Isso vale mesmo nos meios onde a violência é um meio praticamente "lícito" de se conseguir as coisas, como em gangues.

A força bruta pode ser comprada se as seguintes condições forem aceitas:

1- O possuidor da força bruta seja "bonzinho" ou "fair" com o possuidor do dinheiro por vontade própria.

2- O possuidor do dinheiro tenha algum "trunfo" que dissuada o possuidor da força bruta de tentar saqueá-lo (Ex:o possuidor do dinheiro também faz parte de um grupo ou organização possuidora de poder e força, ou então existe uma entidade que garanta a sua integridade material e física, como o estado);


Você falou que mesmo entre as gangues criminosas existem compra e venda de serviços. É Claro que existem! Mas por quê?

Simplesmente porque ambas as partes envolvidas na transação tem as "costas-quentes". Quando duas gangues ou organizações criminosas negociam, cada uma delas tem poder físico suficiente para desencorajar um ataque ou "traição" por parte da outra. É por isso que os negócios podem ocorrer.

Ou seja, as compras e vendas relativamente seguras só ocorreriam entre individuos em equilíbrio de forças, que estejam ambos recebendo cobertura de alguma organização ou grupo armado.

No caso, se um indivíduo tem dinheiro (em uma anarquia) e consegue usá-lo para comprar serviços de grupos armados, é porque ele já tem previamente a cobertura de um grupo ou organização armada que garanta a posse do seu dinheiro.

Ou seja, o poder físico precede e tem preeminência sobre o econômico.

Caso um sujeito não tenha mais nada além de dinheiro (ligações pessoais a grupos poderosos, influência, respeito, alianças e acordos, etc) será comido vivo na primeira oportunidade que aparecer.

Citação de: Buckaroo Banzai
Um chefe de gangue não precisa depender da própria força bruta para ser o líder de sua gangue. Ele não precisa estar o tempo todo armado e ser pessoalmente capaz de se defender de qualquer um que tentar um motim. E mesmo que alguém de fato o mate, não significa que vai simplesmente tomar o lugar dele, que todos vão aceitar. E ele não deve essa relativa segurança aos direitos de propriedade ou à vida garantidos pelo estado. Essencialmente é como se vivesse num estado paralelo, onde o nosso não vale, mas ao mesmo tempo não é exclusivamente o domínio da força bruta.

Correto, existe sim uma espécie de "estado paralelo" mesmo nestas situações.

Quando alguém, ou algum grupo, tem força suficiente para dominar tudo, o estado daí surgido será a expressão de sua vontade e de seus interesses. Não precisar comentar muito.

Porém, quando ninguém tem força suficiente para dominar uma área, o equilíbrio de forças e interesses entre grupos diferentes e rivais garante um conjunto de "normas" informais bem básicas que todos respeitam, por acharem arriscado ou de alto custo/benefício quebrá-las.

Mas perceba que essas normas informais só são respeitadas para com os indivíduos que fazem parte dos grupos ou organizações que entraram em acordo. Apenas as pessoas de dentro desses grupos teriam essa "proteção". Não haveria proteção automática para toda e qualquer pessoa independente do grupo ao qual ela pertence ou da força desse grupo. Seria tudo um jogo de forças mesmo.

O importante é ressaltar (mais uma vez), que seria a força bruta o fiel da balança nesse equilíbrio. Posses materiais em si mesmas (sem ter nada a garantí-las) seriam inócuas para deixar alguém poderoso ou mesmo protegido.

Citação de: Buckaroo Banzai
E mesmo entre gangues, as coisas não precisam se acertar apenas na base de quem tem mais força, ou, não são independentes de se ter menos riqueza. Até porque, se necessário, riqueza compra força ou até mesmo acordo.

Conforme já dito, a riqueza só consegue ser usada para comprar poder/influência/acordos se o possuidor da mesma já tiver previamente uma proteção por parte de grupos ou organizações armadas que permita uma capacidade mínima de dissuassão.

Ex: Numa negociação entre 2 gângsteres, cada um possui sua força bruta a dissuadir o ataque do outro.
      
     Numa negociação ente 1 gângster e 1 empresário normal, o segundo tem a proteção do estado que  garante que sua riqueza lhe estará sempre disponível para oferecer a outros conforme sua vontade. Não é fácil ou mesmo possível que o gângster tome as riquezas do empresário e as coisas fiquem por isso mesmo, havendo o estado.

Numa negociação entre 1 gângster e 1 empresário norma, numa anarquia, não tendo o empresário a cobertura de nenhum grupo, organização, bando, clã ou guilda armada, ele será comido vivo junto com sua riqueza.
  
 
Citação de: Buckaroo Banzai
Como penso que, no fim das contas, acabam se dando melhor os que podem comprar mais força, e não os literalmente mais fortes em si, acho que resultando dessa hipotética vaga e misteriosa extinção do estado, a tendência seria se chegar em algo que ao menos penso que seja melhor descrito como plutocrático, uma hora ou outra. Não seria uma plutocracia "pura" onde as pessoas misteriosamente esqueceram do poder da força bruta, mas onde o poder econômico compra a força bruta para se manter. Não é um mundo dominado por hordas de bárbaros sangüinários, mas pelos mais ricos, com diversos graus de moralidade. Com áreas também mais dominadas por criminalidade mais violenta, de qualquer forma. Bastante parecido com como é hoje.

Errado. Os que se darão melhor não são os que podem "comprar" mais força, são os que podem reunir e organizar mais força, reunião essa baseada em vínculos mais fortes, constantes e seguros do que a promessa de dar dinheiro (supondo que o dinheiro esteja seguro o suficiente para poder ser dado quando o possuidor quiser, a quem quiser).



Vamos fazer o seguinte: já mostrei em grande quantidade os porquês de uma anarquia não ser compatível com plutocracia. Se você continua achando que é, baseado em crenças sobre uma suposta "honestidade" natural e inamovível nas pessoas fortes armadas (as que teriam o poder de fato numa anarquia), só nos resta mostrar exemplos do que falamos na história.

Não conheço NENHUMA época e lugar na história, em todo o planeta, onde uma anarquia tenha resultado em algo minimamente parecido como que você acha que seria. Todos os lugares com relativa ou total anarquia na história humana se comportaram, com pouquíssimas diferenças contigentes, como o quadro que eu apresentei. Alguns exemplos são a China e Egito pré-unificação e a Europa pós-queda do Império Romano.

Citei também os relatos de grende florescimento comercial e econômico possibilitados por impérios que unificaram vastos domínios, mesmo sendo tais impérios famosos por seu caráter predatório e cleptocrata. Mesmo esses impérios garantiram uma ordem altamente favorável aos negócios inexistente previamente.

Para completar: se você acha que a compra de força bruta é uma forma segura ou mesmo factível de adquirir poder, leia a opinião de Maquiavel sobre os condotieres, que são os mercenários que eram muito usados pelos reinos italianos. E perceba que eles já eram assim em um momento não-anárquico, imagine com anarquia!
 







Citação de: Buckaroo Banzai


A polícia e as forças armadas hoje não dominam as pessoas apesar do poder para isso (principalmente em países como o Brasil, onde a população é extremamente desarmada), ainda se limitam a cumprir suas funções estabelecidas (ainda que imperfeitamente, com abusos e exceções).

Se fosse uma questão de mansos versus aqueles com poder de domínio, simplesmente seria impossível o estado de não viver sob regimes militares.


Isso ocorre devido a um equilíbrio de forças. As forças armadas, a polícia e os demais grupos da sociedade que poderiam se armar não formam um todo homogêneo, agindo como se fossem um só. Eles agem conforme seus limites, limites esses impostos pelos limites de sua própria força e pela dependência que possuem em relação aos demais.

É desse equilíbrio de forças e interesses que um estado pode ser mantido. Mesmo o estado mais tirânico precisa manter e manejar algum equilíbrio de forças entre os membros armados de seu séquito (dos quais ele depende para se manter no poder). Ideologias (como a religião, as tradições, as idéias políticas) também ajudam bastante a manter a coesão.

O "segredo" dos estados democráticos é justamente aumentar a dependência dos governantes em relação aos governados, fracionando os poderes e atribuições o máximo que pode, para manter um equilíbrio.


Citação de: Buckaroo Banzai
E não vejo diferença fundamental na possibilidade da polícia e forças armadas cumprirem suas funções corretas, e não dominarem o povo, sendo eles "estado" ou empresa. Se não há lei contra uma empresa de segurança privada se voltar contra aqueles que deveriam proteger, de fato podem fazer, mas não necessariamente são mais propensos a fazer só por isso. Da mesma forma, não é só não ser legal um golpe de estado que ele não irá ocorrer. A diferença está no papel, e mesmo uma empresa pode ter uma espécie de declaração simbólica equivalente, onde proibe a si mesma de agir da maneira considerada por todos como incorreta.

Uma empresa comandando essas instituições eliminaria o equilíbrio de poderes e interesses que a manteriam. Surfiriam rapidamente dissidência e "subversão" até a completa derrubada da mesma. Expliquei acima os fatores que permitem esse equilíbrio de forças e interesses.



 
Citação de: Buckaroo Banzai"
Citação de: DDV
Nunca presenciou uma greve da polícia militar?

Quem já presenciou, teve uma amostra mínima, dentro de uma população de cultura altamente pacífica, do que ocorreria na ausência de uma força repressora sobre os indivíduos agressivos.

Não lembro. O que acontece? Gente comum, que não era bandido, de repente aproveita a oportunidade, em grande número?

Não sou exatamente adepto da idéia de "nobre selvagem" ou algo assim, mas não sei, não esperaria que uma porcentagem significativa da população seja composta de bandidos em potencial, apenas latentes pela existência da polícia. Não digo que é 0%, mas acho que também não deve ser algo tremendamente significativo.


Então realmente você nunca presenciou uma greve da polícia militar, pelo que diz. Eu já há 8 anos atrás.

Não, não são as pessoas pacíficas que viram bandidos. Essas ficam trancadas em casa, sem poderem sair sequer para comprar pão, enquanto as ruas são dominadas por verdadeiras hordas, que altivamente saqueiam tudo o que encontram pelo caminho. Praticamente não há uma loja ou mercadinho que fique intacto. Vê-se nos jornais fotos de pessoas chorando por terem todos os bens de seu negócio ou mesmo de sua casa saqueados. Vê-se MUITAS pessoas, antes bem "normais", carregando eletrodomésticos saqueados de lojas na cabeça, nenhum carro que se arrisca a sair na rua fica intacto. Todo mundo trancando as casas com fortes correntes, improvisando barras de ferro ou madeira para fortalecer as portas.

O mais importante: TODOS as lojas, mercados e empresas não funcionam. Apenas as que tinham seguranças armados conseguiram ficar imunes ao saque.

Ou seja, é mesmo verdade que sem o estado a economia ficaria melhor, de vento em popa??!!

Isso ocorreu em um local e época onde o povo tem uma cultura extremamente pacífica e cordial. E sabendo todos
que isso não seria por tempo indeterminado.



Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #118 Online: 13 de Novembro de 2009, 15:13:32 »
Essas condições acima dependem de um aparato militar que garanta o cumprimento das mesmas, ou seja, dependem do estado ou de algo semelhante.

Em resumo, é o estado que garante a economia de mercado como a conhecemos, e não o inverso.

Outra coisa: o termo anarco-capitalismo é contraditório, pois pressupõe de forma completamente injustificada uma ordem capitalista (cumprimento das condições essenciais já citadas) em uma sociedade sem nenhuma entidade para fazer cumprir essas condições, ou seja, de uma entidade que garanta a propriedade, que impeça a escravização de pessoas, que garanta o cumprimento dos contratos, a livre concorrência, etc etc.
Você já se perguntou o motivo das forças armadas respeitarem o governo?
Que motivos levam um general ou brigadeiro a deixar panacas como Lula, Sarnei e outros do naipe no poder?

Segundo sua ótica e descrições, meia dúzia de tubarões dentro das forças armadas poderiam simplesmente tomar tudo bancar os reis.
Eles controlam o exercito, eles possuem as armas, mas ainda assim se subordinam a autoridade do governo.


Expliquei isso na postagem anterior que respondo a Buckaroo banzai.

O que ocorre é que na situação atual existe um equilíbrio de poder e interesses.

É óbvio que se todos (ou a maioria) dos chefes militares do país quisessem dar um golpe de estado, o golpe de estado ocorreria tranquilamente. Mas não é o que acontece. A maior parte dos chefes armados do país atualmente são contra ditaduras e apóiam as instituições ou mesmo o governo atual.

Existe também toda uma conjuntura política que tende a pender a balança dos interesses para um lado ou outro. Nessa balança também estão incluidos fatores externos. Nos anos 60, a balança pendia fortemente a favor de ditaduras aqui na América Latina. Hoje pende ao contrário.

Em resumo, é o equilíbrio de forças e poderes que permite a existência de um estado. E o "segredo" do estado democrático é a maior fragmentação dos poderes e uma menor independência dos governantes em relação aos governados ou a outras instituições, comparativamente a uma ditadura.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #119 Online: 13 de Novembro de 2009, 17:39:56 »
Não. Estou apenas perguntando para que começar tudo de novo do zero, sem saber no que vai dar, o que vai nos custar chegar a outra organização substituta, se pode ser tudo a mesma porcaria - ou pior - no fim das contas.
A "discussão sobre como se organizar" é equivalente a "o que fazer sem o estado".
O não funciona. Ele é incapaz de promover a ordem que promente entregar.
Isso significa que o que temos hoje já é a AUSÊNCIA DE ORDEM.
Então não existe pior, o que se tem hoje é a concretização do caos, é o que ocorre quando o homem não consegue se organizar.

Já estamos no pior cenário.
Qualquer tentativa de promover ordem que venha a falhar, vai resultar naquilo que já temos hoje.
Então o governo é irrelevante na questão, ele é o que surge quando a ordem não existe, ele é o  reflexo do problema é a reprodução do comportamento criador de caos.

Todo analfabeto do trafico quando assume o controle da favela, cria suas leis e as impõe aos moradores, também tem seus tribunais que julgam quem as descumpre a aplicam suas penas. O governo é só mais um engrossando o caldo, é uma instituição descontrolada que as pessoas usam para fazerem o que querem fazer.
A "refutação do estado" é assim, totalmente tudo-ou-nada? Não poderia ser que, algumas coisas que o estado faz, já sejam como a gente imaginaria que deveríamos nos organizar? Ou será que isso é absolutamente impossível para qualquer circunstância, e como o estado faz deve ser um parâmetro inicial de como não se deve fazer?
O monopólio do estado elimina qualquer chance de ordem ao eliminar a democracia.
Citar
Não é preciso demonstrar qualquer forma de organização superior, elas podem ser tão ruins quanto ou podem ter a maioria dos mesmos problemas.

É o que estou dizendo o tempo todo.

Só penso que, sem ter garantias, o mais seguro é ser "conservador". Não decretar o fim do estado e então seja o que deus quiser, mas se perguntar, por exemplo, qual é a coisa na qual o estado mais atrapalha negativamente na vida das pessoas? Como seria se isso fosse privatizado? Seria necessariamente melhor, só por ser privatizado, ou quem tomasse conta disso poderia fazer tão ou mais ineficientemente a mesma coisa, sem grande chance de não dar na mesma? Se poderiam, será que não seria também possível, já que não começamos por mandar o estado inteiro às favas, conceber regras estatais que impedissem que essa área, se privada, fosse tão ruim ou pior quanto é sendo estatal? [...] Qual a segunda coisa na qual o estado mais atrapalha?
A forma de raciocinar está errada. Você raciocina com base no estado como se ele promovesse alguma ordem.
Enquanto continuar enfiando o estado na história não tem como discutir a criação de uma ordem.
Como eu já disse, qualquer falha na promoção da ordem, vai resultar no que já temos hoje que é o que sempre se viu no mundo, a comparação com o estado é irrelevante.

Remover o estado não faz diferença. Você o remove e se não estabelecer ordem ele retorna.
Remova o estado e o resultado vai ser aquilo que você já tem hoje, os mesmos problemas. Esses problemas levam a briga entre as pessoas e ao surgimento de diversas formas de associação como governos, mafias, etc...
Não se trata de "não ser preciso demonstrar a superioridade" de uma forma categórica, universal. Isso é válido para você, por razões subjetivas, você por algum motivo não se pergunta se qualquer possível alternativa a uma situação seria garantidamente melhor do que uma situação presente que não parece funcionar antes de pular cegamente para qualquer outra situação.
A anarquia é o entendimento que o governo não funciona.
Se ele não funciona ele é irrelevante, ele não melhora as coisas, o que significa que não se pode piorar sem ele.

A tentativa de criar ordem tem chances de ter sucesso, mas caso falhe não faz diferença pois você apenas continua com o que já tem, a ausência de ordem.
Outras pessoas, provavelmente a maioria, é mais exigente, não se convencem de que qualquer alternativa é melhor ("mesmo que não necessariamente for") apenas porque a situação atual parece bastante ruim. Isso até pode ser verdade em alguns casos, mas de modo geral, não é o que se pensa com o estado. Se assim fosse, nem precisaria estar discutindo isso, já seríamos todos "anarquistas", provavelmente todas pessoas, o estado simplesmente "evaporaria" em inexistência com a percepção universal de que simplesmente absolutamente não funciona.

Mais:

- essa "verificação" de que o estado não resolve e só agrava os problemas feita aqui não é de fato uma verificação mas uma generalização precipitada. Uma verificação seria destrinchar uma a uma todas as instâncias em que isso o corre, e, preferivelmente ter alguma comparação de como poderia ser melhor com alguma alternativa não-estatal, o que é difícil de fazer uma vez que é consideravelmente raro ter se exemplos reais de soluções não-estatais para tudo, mas ao menos poderia-se tentar especular mais solidamente (com mais do que "tudo idealmente seria substituido por instituições pró-capitalismo e o poder pulverizado") em vez de só querer que todos aceitem esse salto de fé no escuro;
Não é preciso comparar com a ausência de estado, isso não existe.
O ônus da prova cabe a proposta estatista.
O estado se propõe a uma infinidade de coisas, é então preciso demonstrar que ele cumpre o que propõe.
Uma vez que se verifica ponto a ponto que nada do que o estado promete é entregue, fica claro que ele não funciona, não é preciso comparar com o que seria sem ele.

O que você sugere é como ter uma cicatriz e então alguém propor que passar barro todo dia elimina a cicatriz.
Basta constatar que se, após anos tentando tudo que é tipo de barro a cicatriz continua lá, então passar barro não funciona.
O barro é irrelevante, não é preciso comparação de como a cicatriz ficaria se parássemos de passar o barro com como está agora com o barro.

O ônus da prova cabe a quem da a proposta.
Demonstre que ele funciona em algum ponto.

Offline anarcapitalista

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #120 Online: 13 de Novembro de 2009, 17:57:22 »
Expliquei isso na postagem anterior que respondo a Buckaroo banzai.

O que ocorre é que na situação atual existe um equilíbrio de poder e interesses.

É óbvio que se todos (ou a maioria) dos chefes militares do país quisessem dar um golpe de estado, o golpe de estado ocorreria tranquilamente. Mas não é o que acontece. A maior parte dos chefes armados do país atualmente são contra ditaduras e apóiam as instituições ou mesmo o governo atual.

Existe também toda uma conjuntura política que tende a pender a balança dos interesses para um lado ou outro. Nessa balança também estão incluidos fatores externos. Nos anos 60, a balança pendia fortemente a favor de ditaduras aqui na América Latina. Hoje pende ao contrário.

Em resumo, é o equilíbrio de forças e poderes que permite a existência de um estado. E o "segredo" do estado democrático é a maior fragmentação dos poderes e uma menor independência dos governantes em relação aos governados ou a outras instituições, comparativamente a uma ditadura.
Exato, em especial no que diz respeito a apoiar as instituições ou mesmo o governo.
As pessoas apoiam o governo pois essa é a forma como raciocinam. É ai a origem do problema.

O que temos hoje é o resultado natural do comportamento humano.
Esse caos que descreveu no post anterior, leva o homem a formar grupos de poder, não só no intuito de exercer poder de dominação sobre o outro, mas no intuito de se proteger e tentar garantir relativa paz para que possa levar sua vida.
O que temos hoje é um equilíbrio entre esses poderes que são o resultado natural de pessoas livres e desordenadas agindo da forma como bem entendem.

Elimine todos os governos e forças armadas do mundo, lançando o restante das pessoas em caos e verá o mesmo processo se repetindo.
« Última modificação: 13 de Novembro de 2009, 18:00:02 por anarcapitalista »

Offline anarcapitalista

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #121 Online: 13 de Novembro de 2009, 20:26:52 »
O mais importante: TODOS as lojas, mercados e empresas não funcionam. Apenas as que tinham seguranças armados conseguiram ficar imunes ao saque.

Ou seja, é mesmo verdade que sem o estado a economia ficaria melhor, de vento em popa??!!
Sim, ficaria muito melhor sem ele.
Hoje a economia é escravizada e saqueada pelo estado, uma instituição que gera crise e estrangula o mercado.

A necessidade de instituições capazes de garantir a segurança não pressupões a necessidade do estado.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #122 Online: 13 de Novembro de 2009, 21:29:10 »
Desisto.

As alternativas não-estatais para tudo vão continuar irrefutáveis em sua existência platônica, etérea e nebulosa, onde são perfeitas e maravilhosas, sem nunca serem contrastadas com o que existe na realidade, que também é "refutado" de forma absurdamente generalizada, "não funciona", como se não existisse, e no entanto, não estamos na tal "anarquia" que decorreria dessa inexistência.

É uma pena, porque o assunto de verdade eu acho bem interessante, ao mesmo tempo em que esse posicionamento só acaba causando descrédito a eventuais possíveis, não-fantasiosas, reduções na máquina do estado.

Eu pensava que tentar discutir esse tipo de coisa com comunistas é que era perda de tempo.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #123 Online: 13 de Novembro de 2009, 21:55:57 »
Vamos fazer o seguinte: já mostrei em grande quantidade os porquês de uma anarquia não ser compatível com plutocracia. Se você continua achando que é, baseado em crenças sobre uma suposta "honestidade" natural e inamovível nas pessoas fortes armadas (as que teriam o poder de fato numa anarquia), só nos resta mostrar exemplos do que falamos na história.

Eu não tenho qualquer crença sobre "honestidade natural das pessoas fortes armadas".

Não sei mais como explicar. Talvez seja diferença de semântica. Porque, da forma como você diz, não existe outra coisa além de domínio da força bruta, em qualquer situação. Mesmo com estado. Com exceção dum estado hippie budista. A diferença é que, com estado, há o estado, daí se dá outros nomes, podendo ser até tirania ou despotismo se quem está no poder faz mais uso da força do estado parar arbitrariedades do que regras que as pessoas tendem a considerar mais justas.

Ao mesmo tempo, acredito em duas coisas: 1 - que é praticamente impossível de deixar de existir o dinheiro por muito tempo, principalmente uma vez que já existiu, e que já é quase nossa segunda natureza; e 2 - que independentemente do quanto as pessoas possam ser na verdade "bandidos latentes", a maioria, ao menos 50%+1 das pessoas, é razoavelmente honesta, tem alguns princípios, não é um assassino potencial apenas mantido em estado latente pelo estado.

Então eventualmente chegaria o ponto em que pessoas com grandes concentrações de riqueza teriam também proteção, mesmo que não soubessem dar um soco. Como um "estado paralelo" um pouco mais civilizado do que o dos bandidos mais típicos, com todo um contínuo de posicionamentos morais, desde o equivalente aos criminosos de colarinho branco que mandam gente fazer serviços sujos mais universalmente considerados ilegais; passando por algo que seria equivalente a empresários de poucos escrúpulos, meio como os questionados por tipos como Michael Moore e outros em filmes como "corporation", cujas ações no são tão consensualmente "crimes"; e finalmente chegando mais próximo do que seria o ideal do ponto de vista desse pessoal.

Efetivamente, patrocinariam uma espécie de "estado privado" mais escancarada ou admitidamente oligárquico (não por benevolência deles, saindo de graça para todos, mas provavelmente pagos por todos ou quase todos que se beneficiam de uma forma que, tecnicamente, não seria "imposto", mas na prática daria no mesmo), não livre de corrupção, assim como o estado "público", e seus diversos graus de comprometimento com a corrupção ao redor do mundo, bem como com as empresas.


Citação de: DDV
Não, não são as pessoas pacíficas que viram bandidos. Essas ficam trancadas em casa, sem poderem sair sequer para comprar pão, enquanto as ruas são dominadas por verdadeiras hordas, que altivamente saqueiam tudo o que encontram pelo caminho. Praticamente não há uma loja ou mercadinho que fique intacto. Vê-se nos jornais fotos de pessoas chorando por terem todos os bens de seu negócio ou mesmo de sua casa saqueados. Vê-se MUITAS pessoas, antes bem "normais", carregando eletrodomésticos saqueados de lojas na cabeça, nenhum carro que se arrisca a sair na rua fica intacto. Todo mundo trancando as casas com fortes correntes, improvisando barras de ferro ou madeira para fortalecer as portas.

O mais importante: TODOS as lojas, mercados e empresas não funcionam. Apenas as que tinham seguranças armados conseguiram ficar imunes ao saque.

Ou seja, é mesmo verdade que sem o estado a economia ficaria melhor, de vento em popa??!!

Isso ocorreu em um local e época onde o povo tem uma cultura extremamente pacífica e cordial. E sabendo todos
que isso não seria por tempo indeterminado.

Bem, eu não estou dizendo que sem o estado a economia ficaria melhor.

De qualquer forma, essa situação tem diversas peculiaridades que impossibilitam uma generalização. Não saberia dar exemplos, mas é certo que existam lugares do mundo onde o contingente policial seja bem menor; ao mesmo tempo, não acontece esse rompante de criminalidade proporcional ao que você presenciou. O que deve ter acontecido é que já se tratava de um lugar com muita, normalmente prevenida pela polícia, ao mesmo tempo em que a população, desarmada (pela lei brasileira) não tem as menores condições de se defender senão ficando atrás das grades ou protegidos por um pequeno contingente de seguranças autorizados.




Offline anarcapitalista

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Re: Em que se baseia o capitalismo?
« Resposta #124 Online: 14 de Novembro de 2009, 02:04:09 »
Desisto.

As alternativas não-estatais para tudo vão continuar irrefutáveis em sua existência platônica, etérea e nebulosa, onde são perfeitas e maravilhosas, sem nunca serem contrastadas com o que existe na realidade, que também é "refutado" de forma absurdamente generalizada, "não funciona", como se não existisse, e no entanto, não estamos na tal "anarquia" que decorreria dessa inexistência.

É uma pena, porque o assunto de verdade eu acho bem interessante, ao mesmo tempo em que esse posicionamento só acaba causando descrédito a eventuais possíveis, não-fantasiosas, reduções na máquina do estado.

Eu pensava que tentar discutir esse tipo de coisa com comunistas é que era perda de tempo.
Eu me sinto da mesma forma buckaroo, mas o problema está partindo de você ao pedir por uma comparação impossível e irrelevante.

Você insiste quem querer comparar o hoje, com uma ausência do hoje.

Vou repetir o ultimo trecho:
Não é preciso comparar nada com a ausência de estado, isso não existe.

O que você sugere é como ter uma cicatriz e então alguém propor que passar barro todo dia elimina a cicatriz.
Basta constatar que se, após anos tentando tudo que é tipo de barro a cicatriz continua lá, então passar barro não funciona.
O barro é irrelevante, não é preciso comparação de como a cicatriz ficaria se parássemos de passar o barro com como está agora com o barro.

O ônus da prova cabe a quem da a proposta.
Demonstre que a proposta funciona em algum ponto.

 

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