A FIFA é uma associação privada cujo negócio e a regulamentação do futebol.
Errado, ela é uma federação, um tipo de sindicato que sobrevive por decreto governamental e que tem o monopólio do futebol garantido por esse mesmo estado, gerando caos no setor o tornando atrativo até pra máfia russa.
Sei não.
Key FIFA Financials
Company Type Private - Association -
Fiscal Year-End December
2008 Sales (mil.) $957.0
2008 Employees 300
FIFA Company Description
This organization advocates keeping your foot, as well as your eye, on the ball. The Fédération Internationale de Football Association (FIFA) is the world's governing body for football (otherwise known as soccer in the US), the world's most popular sport. Overseeing more than 200 member associations, FIFA regulates the rules of play, sets standards for refereeing, and administers international transfers of players. It also organizes international competitions, including one of the world's largest sporting events, the World Cup, held every four years to determine the world's best soccer team. FIFA generates revenue primarily through broadcasting rights and sponsorships.
Acho que a FIFA é só um monopólio privado do futebol, mas teoricamente seria possível haver outras empresas fazendo o mesmo, ainda que a FIFA pudesse, como poderia em qualquer "anarquia" capitalista, se negar a aceitar uma dupla associação com associações alternativas.
Meio como se pode criar campeonatos de corrida automobilística alternativos à fórmula 1 e a FIA não faz nada contra nós, a menos que estejamos violando direitos ou acordos com ela.
Eu nunca disse que as pessoas precisam da FIFA, a analogia era só quanto as regras do futebol. Seguindo as da FIFA ou não, os jogadores precisam de um acordo não-capitalista para conseguir jogar.
Nunca vi pela rua ninguem consultar a FIFA ou qualquer organização monopolista antes de jogar uma pelada.
As pessoas apenas conversam entre si e decidem como jogar, sendo que grupos diferentes tomam decisões diferentes.
Demonstre que é preciso uma entidade central monopolista para se jogar futebol, cite um único exemplo onde sem a FIFA não se pode jogar e estamos conversados.
Como eu disse antes, nunca disse que a FIFA é necessária para se jogar futebol; era sobre regras do futebol, e só um exemplo um pouco melhor que a comparação com os ateus, que supõem que deus não exista. De quebra, acaba sendo um exemplo de como, apesar da "anarquia" capitalista, eventualmente surgem hierarquias que resultam em problemas análogos àqueles vistos no estado tradicional, sejam produto de organizações com ou sem fins lucrativos.
Não é a busca pelo lucro imediato versus algo sem fins lucrativos, nem organização centralizada (como em empresas e conglomerados capitalistas também) versus agentes individuais autônomos que fazem a diferença entre as coisas funcionarem ou não. A coisa é mais complexa do que as dicotomias que proliferam nesses debates de anarquia versus estado.
Para algo mais objetivo nessa questão, mais próximo do que de fato está se discutindo, seria melhor dar exemplos de anarquia, de onde o governo falha ou é corrompido pela iniciativa privada e as coisas se tornam melhores com o relativo anarquismo decorrente. Ou alguma outra coisa, não sei bem o que poderia ser. É difícil pensar em como demonstrar que a anarquia seria melhor do que o que existe, uma vez que não existe na realidade, apenas platonicamente. Mas simplesmente dizer "o estado não funciona, então é melhor acabar completamente com ele, nos comportarmos de acordo com meu ideal capitalista" é simplismo, uma
falsa dicotomia, generalização apressada e
cum hoc ergo propter hoc.
O ponto principal é que não existe anarquia funcional em lugar nenhum que se conheça, ela é um estado utópico, platônico, impossível de se manter porque hierarquias emergem uma hora ou outra.
Inversão do ônus da prova.
A anarquia não é algo, ela é a ausência do estado.
É você quem deve mostrar em qualquer lugar do mundo um governo que funcione e cumpra com o que promete.
Não é "inversão do ônus da prova".
Ateísmo não tem "ônus da prova" a (menos que alguém diga ter tal prova, obviamente), não é apenas por ser a "negação" de algo, mas especificamente por não assumir que algo, algo decididamente não palpável, exista. Se eu não digo que nada "a mais" existe, eu não tenho que provar nada, não estou dizendo nada demais, efetivamente nem estou dizendo nada. Se eu disser que existem os kataplurgs, o ônus da prova é meu. Os akataplurgistas não têm que provar que os kataplurgs não existem.
Com anarquia, a coisa não é igual só por causa do "a" na frente. Isso não é algo equivalente, em termos de algo que se pode aceitar sem exigir qualquer forma de evidência, a dizer que Zeus, fantasmas ou duendes não existem até que seja provada sua existência. O estado existe, você não nega isso.
O que você nega é sua utilidade, sua mínima eficiência, implicitamente afirmando algo que não é nulo como a inexistência de deuses ou duendes, mas que seja melhor, mais eficiente, do que se não existisse, e as pessoas agissem como bem entendessem, como fosse mais vantajoso para cada uma. Um "auto-oranizacionismo-espontâneo-capitalista", não a inexistência de estado, mas sua ineficiência, inferioridade em resultados ideais se comparado a uma situação onde não existisse.
Isso está longe de ser algo que se possa dar como verdade aceitável sem exigência de qualquer demonstração porque o estado nada mais é do que uma organização, sem fins lucrativos, com o objetivo essencial de criar alguma ordem naquilo que de outra forma seria um monte de gente com vontades conflitantes.
E isso não é algo intrinsecamente conflitante com aquilo que você provavelmente espera que ocorresse preponderantemente para a anarquia dar certo - as pessoas fariam acordos para lidar com conflitos, e seriam (não seriam proibidos de ser) em muitos casos "sem fins lucrativos".
As pessoas se reuniriam para decidir como fazem para não sair na porrada e ficar todo mundo razoavelmente satisfeito. Só isso já é um "estadinho". Se acha que isso daria certo, o que é a expectativa mais otimista que posso ter da sua opinião, não tem nada de intrinsecamente errado com o estado também.
É uma questão mais complexa, não redutível a algo binário, sim ou não, mas nas particularidades de como as pessoas se organizam para amenizar conflitos de interesse. Na qualidade de suas decisões e como são obedecidas.
Poderia ser, por exemplo, especificamente o caráter autoritário do imposto, em comparação com contribuições voluntárias. Você poderia achar que deveriam só pagar o quanto quisesse, se quisesse. Mas não é garantido que as coisas fossem ser assim só por ser uma pretensa "anarquia". Até poderia ser que algumas comunidades comunistóides funcionassem assim, mas tenderiam a ir à falência.
Poderia ser que achasse que devesse poder discordar de certas leis e agir como achasse melhor (meio implícito em anarquia), mesmo que tivesse combinado com alguém que agiria de outra forma. Mas nada garante que a pessoa não vá retaliar como puder. Poderia sair numa boa, se você tiver como se defender, mas pode não ser o caso. Se você for uma pessoa comum, preferiria numa situação dessa viver num mega-condomínio onde houvesse uma segurança geral, onde as pessoas são protegidas umas das outras, em vez de terem seus capangas/guarda-costas que agem a mando do contratante.
No fim das contas, os melhores cenários "anarquistas" possíveis são emulações do estado e suas organizações, que nem necessariamente primam pelo capitalismo para serem as mais desejáveis. Levando isso em consideração, não só é difícil conceber vantagens significativas (ou mesmo diferenças), a situação atual é preferível a qualquer transição mais significativa, direta, rumo à anarquia.
Assim, mesmo que a posição fosse algo como um "anarquismo fraco", ou "não-estatismo", onde a pessoa se põe simplesmente a se dizer "cética quanto a eficiência do estado", mas (irritantemente confortavelmente) neutra quanto a qualquer resultado de sua extinção, ainda assim é uma posição onerosa pela incerteza do que viria a ocorrer sem ele, se estiver embutido nisso a defesa implícita de que, por duvidar da eficiência do estado, seria melhor que fosse extinto.
Se essa "proposta" não existir, então seja bem vindo ao mundo de todas as outras pessoas que duvidam da eficiência do estado.
Pode falar tão mal quanto quiser do governo, mas o mais provável é que você preferiria viver nele tal como é do que se de repente escutasse nas rádios "acabou o estado. Não existe mais lei imposta pelo estado. Daqui por diante, todos ajam como considerarem melhor". Se ouvisse isso e ficasse animado em vez de aterrorizado, você é muito mais otimista do que eu.
A coisa mais realista, mais pragmática pela qual um simpatizante do anarquismo deveria defender para ser levado a sério é diminuição (ou correção, se conseguir fugir um pouco mais da dicotomia "maior=pior, menor=melhor") do governo e governo mínimo, porque não há como haver uma transição imediata do estado para um não-estado, numa situação onde ninguém sabe como vai ser, e que não se tem bons motivos, muito menos exemplos concretos (geralmente as situações mais próximas na realidade apontam para o contrário) para acreditar que tenderia a ser muito melhor.
A geração de riqueza fruto do trabalho nos moldes capitalistas demonstra o caminho a seguir e dá incentivos de sobra para ir em direção dele.
O que não se vê é um só motivo em manter um estado que não funciona.
Como já foi dito, grupos usam do estado para dominar outros grupos.
Sim. Mas como grupos compram poder do estado, então devemos é abolir o dinheiro. As pessoas também cometem a maior parte dos crimes, dos mais hediondos, por riqueza. Logo devemos ter o sistema de pobreza, não de riqueza.
É assim que se raciocina só com dicotomias.
Não creio que as pessoas estejam preparadas para isso, e tenho sérias dúvidas sobre se um dia estarão, levando em conta a teoria de jogos. Por mais que fosse ideal uma sociedade onde todos agissem apenas voluntariamente, a realidade é tal que é necessário algum considerável grau de autoritarismo.
Então sua proposta para não permitir que as pessoas façam o que querem, é criar uma instituição super-poderosa através da qual elas podem fazer todo o que querem.
Isso é apenas ilógico.
Não, não é isso.
Como disse acima, na verdade não é diferente do que você provavelmente (na melhor das hipóteses) esperaria que ocorresse na "anarquia" como forma das pessoas se entenderem. Só que eu não espero que isso seja
criado, uma vez que isso
já existe.
Tem suas falhas, como teriam os acordos em "regime" de "anarquia", de fato tem. Se tem algo errado, é o que deve ser consertado, e nãose destruir tudo para fazer tudo de novo do zero, passando por uma obscura e imprevisível fase de anarquia-salve-se-quem-puder. Sem radicalismo, sem revolução, com calma.
Não sei nem como poderia se "instalar" uma anarquia num estalar de dedos, e não tenho motivos para esperar nada nem um pouco melhor do que o que temos agora se isso de alguma forma fosse alcançado.
Se tem perspectivas mais otimistas sobre uma transição tranqüila para a "anarquia" e uma posterior reorganização mais eficaz e justa (sem problemas análogos aos ocorridos no estado), sem custos maiores do que os que temos com as falhas do estado, acho que todos estaríamos interessados em ouvir.
(e meu palpite é que isso não seria algo que se pode definir como anarquia, mas que resultariam hierarquias que configurariam, no mínimo, um estado mínimo)