Acho que não. E no que difere um imposto do pagamento a uma empresa que fornece um serviço ou produto essencial?
A liberdade de dizer não ao serviço oferecido.
Quando alguém diz: "Compre isso ou eu te jogo num buraco fedido cheio de marmanjo querendo te estuprar", não está sendo diferente de um mafioso que oferece um serviço de "segurança" contra ele próprio.
Imposto é roubo e extorsão.
Venda é troca.
Você está falando de capitalismo como se fosse uma espécie de religião com mandamentos e não meramente o mercado.
Porque o capitalismo não é o mercado, ele é um conjunto de praticas de mercado.
O mercado é um fenômeno da natureza, ele existe não só no mundo humano, já existia no mundo humano antes do advento do capitalismo e continuou existindo nas nações socialistas.
Capitalismo, para o resto do mundo, é economia de mercado. Para o capitalismo, não são contra-produtivos o consumismo nem a exploração de mão de obra. Essas práticas, não são nem um pouco não-capitalistas, porque o capitalismo não tem mandamentos morais do tipo "não serás consumista" e "não explorarás mão de obra" -- como você mesmo disse, continuam existindo, há liberdade para elas. Se a sua idéia é ter um tipo de filosofia moral como o objetivismo, seria muito, muito conveniente outro nome que não capitalismo ou anarco-capitalismo, que sofresse menos do problema de tentar se apropriar de um termo usado universalmente para outro significado, e de preferência sendo mais descritivo dessas sugestões morais como "não explorarás mão de obra" e "não serás consumista".
Pois o resto do mundo está enganado.
O mercado é um fenômeno natural.
O capitalismo consiste em um conjunto de práticas para se atuar no mercado ou para lidar com ele.
Ele se baseia em praticas como a livre-concorrência e a divisão da força de trabalho na criação de riqueza nova e na troca dessa riqueza.
Por riqueza entenda produtos e serviços.
Ele é um sistema que se baseia na liberdade individual e no entendimento do homem como um agente livre de mercado.
Não existe de fato consumidor, patrão e empregado, essas denominações são transitórias e se referem a um momento especifico do trabalho conjunto entre todos os agentes do mercado.
Também não existe de fato compra e venda, o que é existe é troca e trabalho conjunto.
O mercado existe independente dessas praticas, o mercado não existe em função do capitalismo ou como criação dele.
Ah, então no capitalismo deve se tentar criar regras para que a concorrência seja mantida e não hajam monopólios?
O monopólio de fato não é anti-capitalista, apenas o monopólio imposto.
Uma empresa pode conseguir o monopólio de mercado por meio de práticas capitalistas, ou por ser a primeira empresa em um nicho novo.
A diferença é que qualquer um é livre, se quiser, para abrir uma empresa nova e tentar entrar nesse nicho de mercado e competir com tal empresa monopolista.
O capitalismo é contrario apenas a monopólios impostos pela força da lei e das armas como ocorrem com os monopólios estatais e de empreendimentos anti-capitalistas como o narcotrafico e as máfias.
Conclusão, você pode ter monopólio, só não pode tentar proibir que os outros queiram competir com você.
Se, em vez de ser algum corrupto do estado vendendo favores ilícitos, fosse algo perfeitamente legal (até por não existir exatamente "lei") praticado por uma empresa com o poder equivalente ao do estado nesse setor, aí ainda assim, não estaria tudo bem, por ser "anti-capitalista"? Não seria só uma associação mutuamente benéfica entre duas empresas?
Não entendi a pergunta.
E o que "o capitalismo" (implicitamente anarco-capitalismo) faz para garantir que as pessoas simplesmente não façam os negócios que lhes forem mais lucrativos individualmente, mesmo que às custas da livre-concorrência no mercado?
O capitalismo não faz nada, nem a anarquia.
O capitalismo é meramente um conjunto de praticas de mercado e a anarquia não tem proposta alguma.
A anarquia apenas refuta a utopia governista.
A anarquia é uma proposta de sistema, tanto quanto o ateismo é uma religião.
O que existem são anarquistas com idéias próprias, no caso dos que se dizem anarco-capitalistas, não só observam que o governo vai contra o capitalismo e reconhecem as praticas capitalistas como coerente, como sugerem como, quem sabe uma proposta alternativa, converter as instituições que compõe o governo em instituições capitalistas.
Ou seja, teríamos policias privadas em livre-concorrencia, empresas prestando serviços jurídico e de fiscalização em livre-concorrência e as teríamos fiscalizando se as prestadoras existentes não estão agindo com praticas anti-capitalistas.
Ou seja, a proposta é multiplicar o governo e converte-lo em instituições que seguem as praticas capitalistas.
Bem, se é uma filosofia moral, pregaria simplesmente, "isso é errado". Se é só o mercado, como o termo é comumente aceito, nada.
Como dito, o capitalismo se refere a um conjunto de praticas dentro do mercado.
Essas praticas hoje se encontram subordinadas as regras de empresas anti-capitalistas. (governo, sindicatos e federações)
Como proposta de sistema político-econômico muitos anarcocapitalistas (e isso varia gosto individual de cada anarcocapitalista) se limitam a propor a imposição dos princípios capitalistas a todas as instituições que hoje atuam no mercado, esses princípios de fato se resumem basicamente ao respeito a propriedade privada, a livre-concorrencia ao livre-contrato e respeito a esse contrato, bem como o respeito a propriedade intelectual.
O capitalismo como pratica na criação de riqueza nova inclui o uso do dinheiro e de técnicas de trabalho coletivo e de industrialização, praticas diversas que podem ser usadas livremente pelos capitalistas ou que podem ser ignoradas, já que o capitalismo é um sistema de liberdade.
Esses problemas que você atribui ao estado são de certa forma análogos aos problemas atribuídos ao mercado como se fossem algo inerente a ele ou como se fosse melhor ser substituído por algo drasticamente diferente, em vez de se lidar com eles de forma menos radical, incerta e comprometedora.
Uma breve definição de "estado", no que concerne a interferência econômica. É como um acordo entre as pessoas, criando regras que julgam serem melhor para todos, e que tem que ser impostas de acordo com a decisão majoritária, se ações discordantes puderem acarretar problemas aos demais.
Se as pessoas não sabem agir de maneira coerente e precisam de uma empresa com o direito de impor "regras", não vão se comportar nessa empresa de maneira coerente e vão impor seus anseios e não o que é melhor para todos.
O governo não consegue resolver o problema. Se ele é fruto de desgoverno e desordem entre indivíduos, esses mesmos indivíduos não são capazes de governar o governo, nem de se ordenar dentro dessa instituição.
Ela apenas agrava o problema ao concentrar ainda mais poder nas mãos dessas mesmas pessoas "desordenadas", dando a um grupo o poder de impor sua decisão aos outros grupos e assim semeando caos.
Pesos e medidas drasticamente diferentes dos dois lados. Do que você prefere, tudo ocorre às mil maravilhas; do outro, o pior cenário possível.
Como é a questão da segurança pública no anarquismo capitalista? "Não precisaria de polícia e todos seriam felizes para sempre produzindo riquezas, não roubando nem cometendo nada que alguém fosse considerar ruim". E se em vez disso, criássemos a polícia para nos proteger de hipotéticos criminosos, não fiéis aderentes do capitalismo? "Aí então essa polícia se associaria aos criminosos que não existiriam de outra forma, e juntos seriam um poder totalitário contra a população".
Já existe um poder e uma empresa com o monopólio da lei e das armas, essa empresa se baseia no roubo e impede a livre-concorrencia, o nome dela é governo.
Você teme uma coisa e justifica a criação dela, mas ainda mais poderosa, como sendo a solução.
Olhe a nossa policia e governo e veja como se associam ao crime organizado.
Nós já temos o que você teme, só que ainda pior dado o suposto "direito" que essa empresa tem a esse monopólio da lei e das armas que resulta em maior concentração de poder a essa empresa, do que teriam empresas capitalistas, mesmo em uma anarquia caótica onde elas tivessem que competir com mafias comuns.
Então diga, como um cidadão processa uma empresa numa anarquia capitalista.
Explique por que a empresa não pode simplesmente ignorar o infeliz e todos os hipotéticos "advogados" que ele puder pagar.
Você processa através de uma sistema judiciário privado da mesma forma que faz hoje com o sistema judiciário monopolista do governo.
Uma vez que o tribunal tome a decisão a empresa é obriga a pagar, sob pena de ser encaminhado a prisão o dono da empresa se ele tentar se recusar a pagar.
A lei não é criação do estado, envenenar pessoas é crime por isso ser errado e não por mero decreto estatal.
O estado apenas tomou posse do monopólio da lei, ao menos tenta tomar posse, mas a lei é natural.
Então nos explique como seria um cenário onde várias empresas tem suas próprias leis e etc, como uma pessoa processaria uma empresa.
Por que você imagina que se uma empresa polui o rio de onde bebo água, ela "tem" que me pagar uma indenização, devido a "leis naturais". Como seria isso?
Em um sistema judiciário você tem um grupo de pessoas arbitrando sobre uma questão.
A maioria dos casos legais envolvem questões comuns e de consenso, matar é errado, envenenar a agua que os outros bebem também.
Esse tipo de questão não acarreta em problemas e vai existir nas diversas legislações anarquistas.
Outras questões trazem problemas e a tentativa de investigar e entender o que é certo ou errado se da o nome de ética.
É na ética que os grupos de indivíduos agrupados em cidades vão ter que tentar se basear na definição de suas regras.
Cada região, cidade e condomínio vai chegar a entendimentos diferentes sobre essas regras e elas serão aplicadas pelas instituições capitalistas contratadas para isso.
Sim, regras absurdas irão surgir em toda parte refletindo a maturidade dos indivíduos de determinada região.
Isso é o mesmo que já ocorre hoje, até pouco tempo o Brasil aceitava a chamada defesa da honra, que na pratica dava o direito ao marido traido bater ou até matar a esposa, hoje em teocracias islâmicas o código penal é patético e inclui coisas muito mais absurdas.
Como vê, o governo não resolve o problema, ele ao contrario impõe a lei que segue a maturidade da sociedade, levando grupos mais maduros dentro dessa mesma sociedade a aceitar essas regras absurdas.
As regras devem então ser decididas regionalmente e localmente, como se faz com regras de um condomínio.
É diferença esta no fato de que essas legislação não segue um monopólio estatal e deve se basear em um principio de legislação mínima e setorizada, em geral auto-regulamentação envolvendo apenas as partes afetadas e, caso necessário, uma instituição capitalista aceita pelas partes para servir de mediadora na criação dessas regras.
Pessoas podem ter perspectivas utópicas sobre o governo, mas em si não é utopia.
Não mesmo, ele é uma distopia fruto dessas perspectivas utópicas.
O anarquismo é assim como o ateismo um conceito negativo, as afirmações e suposições vem dos governistas, os anarquistas apenas as negam e demonstram sua falsidade.
Errado. O anarquismo afirma que da inexistência da entidade "estado", emergirá uma ordem superior a obtida com ele.
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Não, ele apenas aponta que o governo não resolve os problemas que se propõe a resolver, e, ao contrario, os agrava e ainda cria problemas novos.
Os anarquistas assim como os ateus tem suas visões pessoais, o que é diferente de dizer que o anarquismo em si tem propostas.
Ele apenas refuta a proposta governista.
Pouca intervenção econômica não é o caso, não sou contra isso, mas isso não é exatamente ausência de estado. Ainda existe a lei imposta pelo estado, e não apenas essa suposta "lei natural" consensual(?), imposta, ou largamente obedecida sem a necessidade de qualquer imposição (talvez por fiel aderência ao "capitalismo") por agentes independentes.
As pessoas criam regras próprias de acordo com a localidade e peculiaridade de cada situação.
As regras surgem com espontaneidade sem necessidade da autoridade central, por vezes regras boas, por vezes regras ruins, mas localmente e pra casos específicos e por meios dos indivíduos envolvidos.
O governo nem ao menos consegue impor de fato suas leis centrais, isso é em grande parte um mito, uma ilusão.
Vide o caso das drogas e de todas as organizações que escolhes desrespeitar a lei.
Só obedece a lei do governo quem quer ou quem tem medo.
A lei não vem do governo ele não controla de fato ela, apenas pretende controlar.
Em são paulo não existe lei estatal contra o beijo gay na rua, mas existe uma regra social velada que todos seguem.
O governo proíbe as drogas, mesmo assim muito fazem uso dela.
Aqui você reduz tudo a quantidade de poder, e omite as diferenças de função. É exatamente como no caso da polícia, dizer que seria melhor não se ter polícia e exércitos, por que são um monte de gente armada, e portanto, exatamente iguais aos bandidos.
Eu não defendi em momento algum o fim dessas instituições.
Eu defendi o contrario, a multiplicação delas em sistema de livre-concorrência por meio de empresas privadas e capitalistas.
É você quem está defendendo que um monopólio estatal é melhor que outros meios que, supostamente se tornariam todos criminosos.
Não, é simplesmente o mercado e ausência de intervenção estatal.
O mercado pune a si próprio através de crises econômicas.
O governo impede que o mercado se regule ao intervir e recompensar os agentes causadores da crise ao dar a eles rios de dinheiro publico.
Veja o que ocorreu com essa ultima crise, eles receberam bilhões.
Essa é uma das formas que o governo agrava as coisas, ele tira das pessoas a responsabilidade delas.
Você está sugerindo que é porque em alguns países o estado proíbe mão-de-obra infantil, que, em outros, onde ele não proíbe, ela é explorada - não pela não-proibição do último, mas pela proibição no outro?
Não, eu estou dizendo que o governo não corrige esse problema social que é, na verdade fruto da miséria, bem como dizendo que ele agrava o problema ao atrapalhar a criação de riqueza e ao tirar das pessoas a responsabilidade delas.
O Brasil tem governo que proíbe mão-de-obra infantil, mas continua tendo mão-de-obra infantil.
Ele não resolve o que se propõe a resolver, mas quando rouba de quem cria riqueza atrapalhando a poupança e aumenta o preço de tudo, tanto com os impostos, quanto com a impressão de dinheiro e por fim com o monopólio do petróleo (em um país onde todo transporte depende basicamente dele).
Ele ainda cria uma burocracia cara que atrapalha a criação de empresas, elimina empregos através de leis trabalhistas (fruto do sindicato que rouba o trabalhador na folha de pagamento), cria mafias esportivas através da federações.
Por fim, depois de tudo isso, ele tira das pessoas a responsabilidade que tem em cuidar da própria vida e em lutar para melhora-la.
Ele incentiva o comportamento de mendicância e evita que as pessoas busquem a solução dos problemas, uma vez que tudo se torna "obrigação do governo".
Ao invés das pessoas buscarem corrigir um problemas, elas se limitam a reclamar que o governo não resolve.
É como um buraco na rua calçada que o governo não tampa e que qualquer um poderia tampar com um saco de cimento.
Todo dia uma dúzia de gente tropeça e reclama que o governo não faz nada, reclamam, reclamam e também não fazem nada.
Você só fala, fala, mas não explica essa parte sobre como as pessoas teriam as tais leis naturais através das quais poderiam processar umas às outras se infringidas.
Eu não preciso dar propostas, embora eu tenha idéias sobre.
O fato é que o governo não resolve o problema, ele apenas o agrava.
Só de eliminar o governo você já elimina um agravante e elimina os problemas novos criados pelo governo, embora todos os problemas que citou continuem existindo.
Como resolver esses problemas é outra história.
Gostaria de saber sua visão sobre os direitos do consumidor, como eles surgiram e como são uma medida anti-capitalista que prejudica o poder do consumidor em comparação ao que eles teriam sem esses direitos legais anti-capitalistas estatais, mas apenas com poder econômico. Nos descreva esse engodo, como o estado convenceu a todos de que realmente existem esses direitos, e que o estado precisaria garanti-lo, em vez dele ser dado espontaneamente pelo mercado. Daí, talvez possa expandir sobre como tudo seria melhor sem os direitos redundantes e inúteis conferidos pelo estado em sua impostura de benevolente, só com essa boa vontade das empresas verdadeiramente benevolentes que levam em consideração em primeiro lugar a satisfação do freguês, e depois o lucro.
Eu não preciso explicar como garantir nada, o fato é que o governo também não consegue garantir nenhum desses supostos direitos que ele pretende garantir.
Olhe as queixas no procon.
Quando o próprio governo cuidava da telefonia, um telefone custava o preço de um carro e podia levar até cinco anos para ser instalado.
Hoje qualquer um pode ter um telefone e ele é instalado em média em uma semana, temos além disso internet com banda larga sendo oferecida.
Que regras o governo tem que tentar impor e exigir?
Nenhuma.
A empresa oferece um serviço, você contrata se quiser.
As regras quem determina é quem oferece o serviço, você só aceita se quiser, uma vez que não é obrigado a contratar o serviço.
Uma vez aceito o contrato, ambas as partes tem que seguir suas especificações.
Se não está contente com o serviço oferecido e com as condições da empresa, procure a concorrência, se nenhuma te satisfaz, tem ai uma oportunidade de mercado.
Ofereça um serviço melhor com condições melhores a vai ganhar rios de dinheiro. Você é livre para isso.
O governo só grava qualquer problema existente aumentando os custos de se inserir no setor e criando leis que favorecem e protegem determinadas empresas, é assim que ele elimina a democracia de mercado e impede a livre-concorrência, em especiais nos setores onde existe o monopólio natural devido aos autos custos. (setores de gas encanado, tv a cabo, telefonia, etc...)