Aqui vai uma anedota que talvez condiza com este tópico. Infelizmente é apenas mais um exemplo de acontecimentos corriqueiros em um hospital público:
Minha cunhada é enfermeira, especializada em partos e com doutorado. Ela é chata, briguenta, estridente, mas também muito competente no seu trabalho. Ela, além disso, é professora de uma faculdade e estava certo dia com seus alunos em uma maternidade pública aqui de Fortaleza. Num certo momento, todos os médicos de plantão saíram para lanchar ao mesmo tempo, uma atividade que costuma lhes ocupar por uma meia hora. Ela então recebeu um chamado da recepção: uma futura mãe havia acabado de romper a bolsa. Ela foi até lá e levou a mulher para a sala de consulta, para medir sua pressão e verificar o coração do bebê, etc. Grande erro, que lhe custou uma enorme bronca da obstetra que chegou de seu lanche mais tarde e alegou que minha cunhada estaria passando por cima da autoridade dos médicos. Essa mesma médica em seguida ligou para a direção, de forma que minha cunhada está agora proibida de trazer seus estudantes para a maternidade. Ok, talvez a médica tenha exagerado, e talvez a enfermeira tenha se excedido. Porém... mais tarde o funcionário da recepção veio falar com ela. Ele lhe disse que só arriscou a chamá-la porque, da última vez em que uma situação como essa havia ocorrido, uma mulher começou a sangrar na sala de espera, mas não haviam médicos (tinho ido, adivinhem, fazer um lanche). Segundo ele, a mulher, ainda sangrando, se apoiou em uma parede, e foi escorregando lentamente até ficar sentada, desacordada, numa poça de sangue. Morreu pouco depois.
Como disse no começo, já ouvi inúmeras histórias semelhantes. O que percebo é que existe um massacre silencioso acontecendo todos os dias no Brasil, cometido por uma multidão de médicos arrogantes, incompetentes e desumanos.