Autor Tópico: Problemas do SUS  (Lida 155160 vezes)

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Offline Diegojaf

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #775 Online: 23 de Maio de 2014, 16:05:51 »
Acabei de ler no blog do Rodrigo Constantino, que vou passar a acompanhar agora, pois descobri nos vídeos postados que ele tem blog na Veja:

“Ser médico no Brasil não compensa”, diz jovem médico


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Sou médico, tenho apenas 1 ano de formado e, por mais estranho ou ridículo que isso possa soar aos seus ouvidos, eu estou provavelmente passando por uma crise profissional. Mas tudo bem, isso também soa ridículo aos meus ouvidos.

A atual falência da infraestrutura nos serviços básicos (educação, saúde e segurança) não é segredo nenhum e ninguém é pego a laço pra trabalhar pro Estado.

As reclamações sobre a falta de condições e o cumprimento de meta "a qualquer custo" também não são exclusividade de médicos.

Mas eu acho muito irritante o mimimi de quem acabou de se formar (em qualquer área) e acha que descobriu o mundo escrevendo como tudo é uma merda, trabalha mais do que todo mundo, merece melhor, etc. Isso não é exclusividade de médicos recém formados ou do setor público. Qualquer recém formado encara esse tapa da realidade quando se forma.

Então eu pergunto, a completa descrença desse médico formado com um ano de profissão "no mundo" reflete o que os médicos formados há mais tempo pensam ou ele está exagerando de leve?
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Johnny Cash

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #776 Online: 23 de Maio de 2014, 16:09:09 »
Deixa eu lançar uma Evidência Anedótica clássica: todos, TODOS, os médicos recém formados que eu conheço e os já com muito tempo de profissão, estão ganhando muito bem.

Sobre os recém formados, mesmo os medíocres, estão colocando a mão em dinheiro que gente de alto padrão de outras formações não consegue mesmo com algum avanço na carreira.

A realidade que eu observo é completamente distinta dessa pintada.

Offline Diegojaf

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #777 Online: 23 de Maio de 2014, 16:12:06 »
Dei razão a ele até ele começar a falar mal de programas sociais. Segundo pesquisa, 75% dos recipientes do BF trabalham, mesmo que informalmente, o estado pagar por tratamento de viciados acontece no mundo inteiro, o auxílio reclusão foi criado em 1991, não pela Dilma ou PT e esta atrelado ao pagamento do INSS antes da prisão. Era um desabafo de um médico e virou mimimi de direita.

Não dou moral pra recém formado em área nenhuma. Geralmente é mimimi. Especialmente com um discurso de "não compensa ser médico". Me ajuda aí, compensa ser polícia com toda a merda que eu passo e não compensa ser médico? Me poupe.

Quando algum moleque me pergunta: "Compensa ser polícia?" Eu falo: "É uma merda, você rala demais, tem que prestar conta de tudo pra todo mundo, sua vida social morre uns 70%, você não pode frequentar todos os lugares, perde amigos, nunca vai ser rico (se for honesto) e vai ter que tirar do seu bolso pra trabalhar, muitas das vezes, mas se é o que você acha que nasceu pra fazer, vai compensar porque todo dia você vai ir pro trabalho sabendo que vai fazer o que ama e eu não consigo me imaginar deixando a área policial hoje."

Agora vem um cara com um ano de formado e diz: "Não, é uma merda, medicina é uma merda, ser médico no Brasil não compensa, não faz isso com sua vida."
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Lorentz

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #778 Online: 23 de Maio de 2014, 16:14:36 »
Acabei de ler no blog do Rodrigo Constantino, que vou passar a acompanhar agora, pois descobri nos vídeos postados que ele tem blog na Veja:





É, os Audi´s e BMW´s não compensam.





Não entendi.

Peraí! Está insinuando que ele... meu Deus que horror! ... está ganhando DINHEIRO (capitalista fdp) pra trabalhar e escrever um BLOG de atualizações constantes!?

Não estou insinuando, estou afirmando que ser médico no Brasil compensa sim, e muito.

Achei que estava falando do blogueiro e não do médico. De qualquer forma ele deixou claro que o salário não é motivo de reclamação. O que ele reclama é da falta de condições onde trabalha e da mera busca do governo pelo cumprimento das metas, só pra posar bonito nas estatísticas.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Barata Tenno

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #779 Online: 23 de Maio de 2014, 16:16:06 »
Dei razão a ele até ele começar a falar mal de programas sociais. Segundo pesquisa, 75% dos recipientes do BF trabalham, mesmo que informalmente, o estado pagar por tratamento de viciados acontece no mundo inteiro, o auxílio reclusão foi criado em 1991, não pela Dilma ou PT e esta atrelado ao pagamento do INSS antes da prisão. Era um desabafo de um médico e virou mimimi de direita.

Não dou moral pra recém formado em área nenhuma. Geralmente é mimimi. Especialmente com um discurso de "não compensa ser médico". Me ajuda aí, compensa ser polícia com toda a merda que eu passo e não compensa ser médico? Me poupe.

Quando algum moleque me pergunta: "Compensa ser polícia?" Eu falo: "É uma merda, você rala demais, tem que prestar conta de tudo pra todo mundo, sua vida social morre uns 70%, você não pode frequentar todos os lugares, perde amigos, nunca vai ser rico (se for honesto) e vai ter que tirar do seu bolso pra trabalhar, muitas das vezes, mas se é o que você acha que nasceu pra fazer, vai compensar porque todo dia você vai ir pro trabalho sabendo que vai fazer o que ama e eu não consigo me imaginar deixando a área policial hoje."

Agora vem um cara com um ano de formado e diz: "Não, é uma merda, medicina é uma merda, ser médico no Brasil não compensa, não faz isso com sua vida."

Boa.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline _Juca_

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #780 Online: 23 de Maio de 2014, 16:17:08 »
Acabei de ler no blog do Rodrigo Constantino, que vou passar a acompanhar agora, pois descobri nos vídeos postados que ele tem blog na Veja:





É, os Audi´s e BMW´s não compensam.





Não entendi.

Peraí! Está insinuando que ele... meu Deus que horror! ... está ganhando DINHEIRO (capitalista fdp) pra trabalhar e escrever um BLOG de atualizações constantes!?

Não estou insinuando, estou afirmando que ser médico no Brasil compensa sim, e muito.

Achei que estava falando do blogueiro e não do médico. De qualquer forma ele deixou claro que o salário não é motivo de reclamação. O que ele reclama é da falta de condições onde trabalha e da mera busca do governo pelo cumprimento das metas, só pra posar bonito nas estatísticas.

Pra mim foi só desculpa pra reacionarismo.

Skorpios

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #781 Online: 23 de Maio de 2014, 16:23:06 »
Dei razão a ele até ele começar a falar mal de programas sociais. Segundo pesquisa, 75% dos recipientes do BF trabalham, mesmo que informalmente, o estado pagar por tratamento de viciados acontece no mundo inteiro, o auxílio reclusão foi criado em 1991, não pela Dilma ou PT e esta atrelado ao pagamento do INSS antes da prisão. Era um desabafo de um médico e virou mimimi de direita.

Não dou moral pra recém formado em área nenhuma. Geralmente é mimimi. Especialmente com um discurso de "não compensa ser médico". Me ajuda aí, compensa ser polícia com toda a merda que eu passo e não compensa ser médico? Me poupe.

Quando algum moleque me pergunta: "Compensa ser polícia?" Eu falo: "É uma merda, você rala demais, tem que prestar conta de tudo pra todo mundo, sua vida social morre uns 70%, você não pode frequentar todos os lugares, perde amigos, nunca vai ser rico (se for honesto) e vai ter que tirar do seu bolso pra trabalhar, muitas das vezes, mas se é o que você acha que nasceu pra fazer, vai compensar porque todo dia você vai ir pro trabalho sabendo que vai fazer o que ama e eu não consigo me imaginar deixando a área policial hoje."

Agora vem um cara com um ano de formado e diz: "Não, é uma merda, medicina é uma merda, ser médico no Brasil não compensa, não faz isso com sua vida."

Boa.
:clap:

Offline Derfel

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #782 Online: 23 de Maio de 2014, 17:13:22 »
Acabei de ler no blog do Rodrigo Constantino, que vou passar a acompanhar agora, pois descobri nos vídeos postados que ele tem blog na Veja:

“Ser médico no Brasil não compensa”, diz jovem médico


Citar
Sou médico, tenho apenas 1 ano de formado e, por mais estranho ou ridículo que isso possa soar aos seus ouvidos, eu estou provavelmente passando por uma crise profissional. Mas tudo bem, isso também soa ridículo aos meus ouvidos.

Se hoje eu pudesse dar um conselho a quem está prestando vestibular para medicina, eu aconselharia que desistisse enquanto há tempo. A não ser que esteja disposto a levar uma vida de sacrifícios sem resultados e decepções diárias. Ser médico no Brasil não compensa. Ser médico no Brasil não é para qualquer um.

Trabalho em um posto de saúde na periferia da capital paulista, onde todos pensam haver os melhores recursos. Possuímos apenas 6 consultórios médicos (minúsculos, diga-se de passagem), mas somos responsáveis por aproximadamente 37 mil pessoas. Eu, como médico do Programa de Saúde da Família, tenho que prestar assistência a aproximadamente 4 mil pessoas (cerca de mil famílias).

Faço atendimentos de clínica geral, pediatria, ginecologia e também realizo consultas de pré-natal. Mas o meu trabalho não se restringe apenas a consultas. O Ministério da Saúde determina que além de consultas, eu organize e execute ações educativas para a população, e ainda garanta consultas domiciliares àqueles pacientes que não podem se locomover até o posto de saúde. Mas como realizar um trabalho de qualidade quando não se tem estrutura para isso?

Comecei a trabalhar nessa unidade de saúde em março do ano passado e desde então vinha solicitando à administração alguns materiais básicos, como balança, balança pediátrica e régua antropométrica (aquela régua de madeira para medir o comprimento dos bebês). Após alguns longos meses de espera, enfiaram no meu consultório uma balança analógica (nova, tenho que dar o braço a torcer – e, sim, funcionava!), uma balança pediátrica enferrujada e uma régua antropométrica encardida com as marcações numéricas já bem apagadinhas.

Certa vez questionei à administração sobre a viatura da prefeitura que faria o transporte dos profissionais até a casa dos pacientes, uma vez que nem todos moram próximo ao posto de saúde; o que ouvi foram gargalhadas bem na minha cara e fui informado que deveria realizar as visitas domiciliares a pé ou usando o meu próprio carro. E é o que faço há pouco mais de 1 ano; vou às casas dos pacientes a pé mesmo… Ou vou com o meu próprio carro e o deixo estacionado lá, em uma área de risco, onde há tráfico de drogas e eventuais tiroteios, porque, é claro, a segurança nesse país também é uma fraude.

Uma vez, em um determinado mês no ano passado eu não cumpri as metas de visitas domiciliares e consultas exigidas pelo Ministério da Saúde, e fui duramente cobrado por isso. Argumentei com a administração, já que naquele mês eu havia sido convocado para muitas reuniões durante o expediente. Além disso, argumentei dizendo que é impossível prestar uma assistência minimamente decente e de qualidade com consultas de 15 minutos de duração, como é determinado; fora o fato de que é exigido que se faça, em média, visitas a 6 casas para avaliação geral de todos os membros da família em um período de 3 horas. Não existe qualidade nisso. A resposta que obtive foi “Não estamos falando de qualidade. Estamos falando de meta, estamos falando de números. Cumpra a meta.”

Essa demanda, não vem só por parte da administração. Essa cobrança vem também dos pacientes, que não conseguem entender que nós, funcionários desse sistema falido, somos tão vítimas do descaso quanto eles. Não há infraestrutura, não há funcionários suficientes e consequentemente não há consultas suficientes. Já tive a porta do meu consultório chutada, já tive o meu consultório invadido por pacientes que não conseguiram vaga de consulta, já colocaram o dedo na minha cara, já tentaram me agredir, já fui chamado de preguiçoso, vagabundo, imprestável, filho da p*ta e tudo mais… E, sim, já fui ameaçado.

Perceba que em momento algum eu me queixei do meu salário, em momento algum eu disse que estou financeiramente insatisfeito. Mas não sou pago para servir de outdor para propaganda política. Não sou pago para fazer milagres em um ambiente sem recursos. Não sou pago para salvar o mundo!

Eu estou cansado desse sistema falido. Cansado de acordar cedo, atender 33 pacientes em um único dia e ainda ouvir que se a população está desassistida, a culpa é minha. Cansado de ser fantoche propagandista desse governo imundo.

Ouvir a senhora Dilma Rousseff (que não teria competência para ser presidente sequer de uma associação de moradores), dizer hipocritamente que os médicos cubanos (coitados trazidos ao país sob um sistema de semi-escravidão em um golpe de maketing eleitoreiro) são mais atenciosos que os médicos brasileiros me enoja. Ao que me consta, ela não tratou o seu linfoma com um médico cubano ou em um hospital sucateado do SUS, mas no Hospital Sírio-Libanês com ótimos médicos brasileiros, os melhores especialistas desse país.

O Bolsa-família, sistema de compra de votos disfarçado de programa social vai receber aumento de 10% este ano, curiosamente no ano de eleições, onde a senhora Dilma se candidata à reeleição. E ironicamente essa notícia foi dada por nossa nada excelentíssima justamente no dia do trabalhador, ou seja, quem não trabalha vai receber aumento de salário no dia do trabalhador. E, pasmem, por inúmeras vezes já ouvi pacientes falando durante a consulta que não precisam trabalhar porque recebem o Bolsa-família. Mas tudo bem, como ela mesma diz, estamos trazendo 36 milhões de brasileiros para cima da linha de pobreza extrema, diminuindo o índice de pobreza em 70% dentro de 11 anos e superando a meta da ONU. Tá ótimo! Educação e saúde de qualidade para quê? Batemos a meta e é isso que importa.

E o Bolsa-recomeço? Iniciativa bonita desse governo tão solidário, não fosse um tiro no pé, assumindo sua incompetência em garantir reabilitação aos dependentes químicos. Então o jeito que encontraram foi pagar reabilitação aos usuários de crack em clínicas de reabilitação privadas, a um valor mensal de 1.350 reais… E os meus agentes de saúde trabalhando arduamente para receber a metade disso no final do mês.

Melhor ainda é o Auxilio-reclusão, onde a família de um detento recebe 682 reais por mês. Já ouvi pacientes falando que acham até bom os maridos estarem presos, porque recebem uma grana todo mês. Ah, tudo bem, esse “auxílio” só é pago às famílias dos detentos que contribuem para a Previdência Social. Mas me parece irônico oferecer qualquer benefício ou auxílio a alguém que cometeu um crime. Me parece que o sujeito não precisa pensar duas vezes antes de realizar qualquer ato criminoso, ele não precisa se preocupar caso, eventualmente (sim, eventualmente), for preso, pois sua família ficará bem. Enfim, opinião pessoal. Podem me julgar.

Então basicamente aqui, funciona assim:

Tem uma penca de filhos e não quer trabalhar? Tudo bem, nós garantimos o seu sustento, pois temos dinheiro para isso.

Se viciou em drogas e quer se recuperar? Bom, nós não temos competência para isso, mas temos dinheiro, então pagamos quem tem competência para fazer isso por nós.

Cometeu crime e foi preso? Tudo bem, essas coisas acontecem. A gente garante o sustento da sua família. Não se preocupe, também temos dinheiro pra isso.

Quer ser um sujeito decente e ganhar dinheiro honestamente? Bom… Aí… Aí a gente faz assim: você vem, obedece as nossas regras direitinho e tem que trabalhar bastante para receber o salário. Mas a gente desconta uma porcentagem da sua grana todo mês, viu? Porque afinal de contas a gente tem todos esses programas sociais pra dar conta e alguém tem que financiar isso, né? Ah! E tem que cumprir as metas, viu?! Se não a gente briga… E não garantimos infraestrutura ou qualquer condição de trabalho, porque a gente não gasta dinheiro com essas futilidades… E no início do ano tem o Imposto de Renda… Ah! E de vez em quando a dona Dilma vai na TV falar mal de vocês.

Não está fácil… Me sinto como se precisasse apagar um incêndio tendo apenas minha boca, um pouco de saliva e umas cuspidinhas fracas.

Mas tudo bem, daqui a 1 mês tem Copa do Mundo. O Brasil é lindo, Deus é brasileiro e já já a gente esquece tudo isso, né?

Fonte original

Os ingleses e canadenses babam de inveja quando lêem isso! Chupa, gringaiada!
Só que o que ele coloca não é sobre o Brasil, mas sobre São Paulo. Ele reclama que atende 4 mil pessoas (que na verdade não atende, ele é responsável por elas), mas esse é o limite alto. O Ministério financia equipes para cobertura a partir de 2 mil pessoas e recomenda a média de 3 mil. Não existe número de atendimentos mínimo na ESF (ver portaria 2488/2011), o que existe é uma recomendação muito antiga, dos primórdios da ESF e que já não está valendo, que dizia 32 pacientes em 8 horas e ainda alguns gestores municipais usam esse número mágico (pelo visto é o que acontece em São Paulo). O que se deve ter é um planejamento da equipe, onde deve constar os atendimentos  agendados e absorver a demanda espontânea. Visitas domiciliares, acompanhamento de grupos e promoção à saúde fazem parte da Atenção Básica e, principalmente, da Saúde da Família (atender apenas em consultório é o que talvez ele tenha aprendido no hospital). Também para isso não existem números de meta pelo MS, novamente é um planejamento da equipe de acordo com a necessidade do território. Reuniões também fazem parte do trabalho da equipe, reuniões de planejamento e educação permanente. É por essas e outras que defendo que devemos ir migrando aos poucos para uma equipe da ESF mais profissional, composta apenas com especialistas em Saúde da Família e Comunidade (e não com recém-formados como ocorre hoje).
Ele reclama da falta de instrumental, mas isso é de competência do município. Da mesma maneira os carros e deve-se questionar por que o estado de SP ou o município não forneçam meios para isso.

Como exemplo, o estado do RS tem feito um movimento bom nesse sentido: http://www.saude.rs.gov.br/conteudo/7847/?Munic%C3%ADpios_ter%C3%A3o_acesso_a_novos_incentivos_para_qualifica%C3%A7%C3%A3o_das_equipes_de_Sa%C3%BAde_da_Fam%C3%ADlia

Essas metas que são colocadas no artigo, são metas do município. Metas do ministério são no âmbito da saúde, por exemplo: proporção de gestantes com 7 ou mais consultas acompanhas;

Sobre as consultas:
http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CRMPB/pareceres/2002/18_2002.htm

Sobre indicadores de metas do MS:
http://189.28.128.100/dab/docs/sistemas/Pmaq/manual_instrutivo_pmaq_site_anexo.pdf
http://portalweb04.saude.gov.br/sispacto/Instrutivo_Indicadores_2012.pdf

Regulação da Atenção Básica e ESF:
http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/110154-2488.html

Offline Fabrício

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #783 Online: 23 de Maio de 2014, 17:14:53 »
Tá bom, o cara é chorão, concordo, e dizer que ser médico não compensa é um evidente exagero, mas nem uma palavra a respeito da crônica falta de estrutura que ele comenta? Por ser recém formado automaticamente TUDO o que ele fala é merda?

Ele só vai poder reclamar quando tiver aí pelo menos uns 10 - 20 anos de profissão? Quando já tiver ligado a tecla do "foda-se" ou desistido?

Ser recém formado tem várias desvantagens, como vocês falaram e eu concordo, mas tem a vantagem de que o cara recém formado e que queira trabalhar reclama, como ele está reclamando. Reclamar do salário, de que não compensa ser médico, do bolsa família que não tem nada a ver com o assunto em questão realmente é babaquice dele, mas e da falta de estrutura? Não seria correto um médico reclamar disso, não seria prova de que o cara quer fazer um bom trabalho e se frustra por não conseguir?
"Deus prefere os ateus"

Offline Fabrício

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #784 Online: 23 de Maio de 2014, 17:18:14 »
Acabei de ler no blog do Rodrigo Constantino, que vou passar a acompanhar agora, pois descobri nos vídeos postados que ele tem blog na Veja:

“Ser médico no Brasil não compensa”, diz jovem médico


Citar
Sou médico, tenho apenas 1 ano de formado e, por mais estranho ou ridículo que isso possa soar aos seus ouvidos, eu estou provavelmente passando por uma crise profissional. Mas tudo bem, isso também soa ridículo aos meus ouvidos.

Se hoje eu pudesse dar um conselho a quem está prestando vestibular para medicina, eu aconselharia que desistisse enquanto há tempo. A não ser que esteja disposto a levar uma vida de sacrifícios sem resultados e decepções diárias. Ser médico no Brasil não compensa. Ser médico no Brasil não é para qualquer um.

Trabalho em um posto de saúde na periferia da capital paulista, onde todos pensam haver os melhores recursos. Possuímos apenas 6 consultórios médicos (minúsculos, diga-se de passagem), mas somos responsáveis por aproximadamente 37 mil pessoas. Eu, como médico do Programa de Saúde da Família, tenho que prestar assistência a aproximadamente 4 mil pessoas (cerca de mil famílias).

Faço atendimentos de clínica geral, pediatria, ginecologia e também realizo consultas de pré-natal. Mas o meu trabalho não se restringe apenas a consultas. O Ministério da Saúde determina que além de consultas, eu organize e execute ações educativas para a população, e ainda garanta consultas domiciliares àqueles pacientes que não podem se locomover até o posto de saúde. Mas como realizar um trabalho de qualidade quando não se tem estrutura para isso?

Comecei a trabalhar nessa unidade de saúde em março do ano passado e desde então vinha solicitando à administração alguns materiais básicos, como balança, balança pediátrica e régua antropométrica (aquela régua de madeira para medir o comprimento dos bebês). Após alguns longos meses de espera, enfiaram no meu consultório uma balança analógica (nova, tenho que dar o braço a torcer – e, sim, funcionava!), uma balança pediátrica enferrujada e uma régua antropométrica encardida com as marcações numéricas já bem apagadinhas.

Certa vez questionei à administração sobre a viatura da prefeitura que faria o transporte dos profissionais até a casa dos pacientes, uma vez que nem todos moram próximo ao posto de saúde; o que ouvi foram gargalhadas bem na minha cara e fui informado que deveria realizar as visitas domiciliares a pé ou usando o meu próprio carro. E é o que faço há pouco mais de 1 ano; vou às casas dos pacientes a pé mesmo… Ou vou com o meu próprio carro e o deixo estacionado lá, em uma área de risco, onde há tráfico de drogas e eventuais tiroteios, porque, é claro, a segurança nesse país também é uma fraude.

Uma vez, em um determinado mês no ano passado eu não cumpri as metas de visitas domiciliares e consultas exigidas pelo Ministério da Saúde, e fui duramente cobrado por isso. Argumentei com a administração, já que naquele mês eu havia sido convocado para muitas reuniões durante o expediente. Além disso, argumentei dizendo que é impossível prestar uma assistência minimamente decente e de qualidade com consultas de 15 minutos de duração, como é determinado; fora o fato de que é exigido que se faça, em média, visitas a 6 casas para avaliação geral de todos os membros da família em um período de 3 horas. Não existe qualidade nisso. A resposta que obtive foi “Não estamos falando de qualidade. Estamos falando de meta, estamos falando de números. Cumpra a meta.”

Essa demanda, não vem só por parte da administração. Essa cobrança vem também dos pacientes, que não conseguem entender que nós, funcionários desse sistema falido, somos tão vítimas do descaso quanto eles. Não há infraestrutura, não há funcionários suficientes e consequentemente não há consultas suficientes. Já tive a porta do meu consultório chutada, já tive o meu consultório invadido por pacientes que não conseguiram vaga de consulta, já colocaram o dedo na minha cara, já tentaram me agredir, já fui chamado de preguiçoso, vagabundo, imprestável, filho da p*ta e tudo mais… E, sim, já fui ameaçado.

Perceba que em momento algum eu me queixei do meu salário, em momento algum eu disse que estou financeiramente insatisfeito. Mas não sou pago para servir de outdor para propaganda política. Não sou pago para fazer milagres em um ambiente sem recursos. Não sou pago para salvar o mundo!

Eu estou cansado desse sistema falido. Cansado de acordar cedo, atender 33 pacientes em um único dia e ainda ouvir que se a população está desassistida, a culpa é minha. Cansado de ser fantoche propagandista desse governo imundo.

Ouvir a senhora Dilma Rousseff (que não teria competência para ser presidente sequer de uma associação de moradores), dizer hipocritamente que os médicos cubanos (coitados trazidos ao país sob um sistema de semi-escravidão em um golpe de maketing eleitoreiro) são mais atenciosos que os médicos brasileiros me enoja. Ao que me consta, ela não tratou o seu linfoma com um médico cubano ou em um hospital sucateado do SUS, mas no Hospital Sírio-Libanês com ótimos médicos brasileiros, os melhores especialistas desse país.

O Bolsa-família, sistema de compra de votos disfarçado de programa social vai receber aumento de 10% este ano, curiosamente no ano de eleições, onde a senhora Dilma se candidata à reeleição. E ironicamente essa notícia foi dada por nossa nada excelentíssima justamente no dia do trabalhador, ou seja, quem não trabalha vai receber aumento de salário no dia do trabalhador. E, pasmem, por inúmeras vezes já ouvi pacientes falando durante a consulta que não precisam trabalhar porque recebem o Bolsa-família. Mas tudo bem, como ela mesma diz, estamos trazendo 36 milhões de brasileiros para cima da linha de pobreza extrema, diminuindo o índice de pobreza em 70% dentro de 11 anos e superando a meta da ONU. Tá ótimo! Educação e saúde de qualidade para quê? Batemos a meta e é isso que importa.

E o Bolsa-recomeço? Iniciativa bonita desse governo tão solidário, não fosse um tiro no pé, assumindo sua incompetência em garantir reabilitação aos dependentes químicos. Então o jeito que encontraram foi pagar reabilitação aos usuários de crack em clínicas de reabilitação privadas, a um valor mensal de 1.350 reais… E os meus agentes de saúde trabalhando arduamente para receber a metade disso no final do mês.

Melhor ainda é o Auxilio-reclusão, onde a família de um detento recebe 682 reais por mês. Já ouvi pacientes falando que acham até bom os maridos estarem presos, porque recebem uma grana todo mês. Ah, tudo bem, esse “auxílio” só é pago às famílias dos detentos que contribuem para a Previdência Social. Mas me parece irônico oferecer qualquer benefício ou auxílio a alguém que cometeu um crime. Me parece que o sujeito não precisa pensar duas vezes antes de realizar qualquer ato criminoso, ele não precisa se preocupar caso, eventualmente (sim, eventualmente), for preso, pois sua família ficará bem. Enfim, opinião pessoal. Podem me julgar.

Então basicamente aqui, funciona assim:

Tem uma penca de filhos e não quer trabalhar? Tudo bem, nós garantimos o seu sustento, pois temos dinheiro para isso.

Se viciou em drogas e quer se recuperar? Bom, nós não temos competência para isso, mas temos dinheiro, então pagamos quem tem competência para fazer isso por nós.

Cometeu crime e foi preso? Tudo bem, essas coisas acontecem. A gente garante o sustento da sua família. Não se preocupe, também temos dinheiro pra isso.

Quer ser um sujeito decente e ganhar dinheiro honestamente? Bom… Aí… Aí a gente faz assim: você vem, obedece as nossas regras direitinho e tem que trabalhar bastante para receber o salário. Mas a gente desconta uma porcentagem da sua grana todo mês, viu? Porque afinal de contas a gente tem todos esses programas sociais pra dar conta e alguém tem que financiar isso, né? Ah! E tem que cumprir as metas, viu?! Se não a gente briga… E não garantimos infraestrutura ou qualquer condição de trabalho, porque a gente não gasta dinheiro com essas futilidades… E no início do ano tem o Imposto de Renda… Ah! E de vez em quando a dona Dilma vai na TV falar mal de vocês.

Não está fácil… Me sinto como se precisasse apagar um incêndio tendo apenas minha boca, um pouco de saliva e umas cuspidinhas fracas.

Mas tudo bem, daqui a 1 mês tem Copa do Mundo. O Brasil é lindo, Deus é brasileiro e já já a gente esquece tudo isso, né?

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Os ingleses e canadenses babam de inveja quando lêem isso! Chupa, gringaiada!
Só que o que ele coloca não é sobre o Brasil, mas sobre São Paulo. Ele reclama que atende 4 mil pessoas (que na verdade não atende, ele é responsável por elas), mas esse é o limite alto. O Ministério financia equipes para cobertura a partir de 2 mil pessoas e recomenda a média de 3 mil. Não existe número de atendimentos mínimo na ESF (ver portaria 2488/2011), o que existe é uma recomendação muito antiga, dos primórdios da ESF e que já não está valendo, que dizia 32 pacientes em 8 horas e ainda alguns gestores municipais usam esse número mágico (pelo visto é o que acontece em São Paulo). O que se deve ter é um planejamento da equipe, onde deve constar os atendimentos  agendados e absorver a demanda espontânea. Visitas domiciliares, acompanhamento de grupos e promoção à saúde fazem parte da Atenção Básica e, principalmente, da Saúde da Família (atender apenas em consultório é o que talvez ele tenha aprendido no hospital). Também para isso não existem números de meta pelo MS, novamente é um planejamento da equipe de acordo com a necessidade do território. Reuniões também fazem parte do trabalho da equipe, reuniões de planejamento e educação permanente. É por essas e outras que defendo que devemos ir migrando aos poucos para uma equipe da ESF mais profissional, composta apenas com especialistas em Saúde da Família e Comunidade (e não com recém-formados como ocorre hoje).
Ele reclama da falta de instrumental, mas isso é de competência do município. Da mesma maneira os carros e deve-se questionar por que o estado de SP ou o município não forneçam meios para isso.

Como exemplo, o estado do RS tem feito um movimento bom nesse sentido: http://www.saude.rs.gov.br/conteudo/7847/?Munic%C3%ADpios_ter%C3%A3o_acesso_a_novos_incentivos_para_qualifica%C3%A7%C3%A3o_das_equipes_de_Sa%C3%BAde_da_Fam%C3%ADlia

Essas metas que são colocadas no artigo, são metas do município. Metas do ministério são no âmbito da saúde, por exemplo: proporção de gestantes com 7 ou mais consultas acompanhas;

Sobre as consultas:
http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CRMPB/pareceres/2002/18_2002.htm

Sobre indicadores de metas do MS:
http://189.28.128.100/dab/docs/sistemas/Pmaq/manual_instrutivo_pmaq_site_anexo.pdf
http://portalweb04.saude.gov.br/sispacto/Instrutivo_Indicadores_2012.pdf

Regulação da Atenção Básica e ESF:
http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/110154-2488.html


Derfel, eu vejo as coisas pela ótica do usuário do SUS (coisa que, graças a Deus, não sou) e não de quem está dentro do sistema, como você. Se eu precisasse do SUS (bate na madeira), pouco me importaria de quem é a culpa pela merda de serviço prestado, o que interessa para mim é se estou sendo bem atendido ou não. Se não estou, não me interessa se a culpa é do governo Federal, estadual, municipal, ou seja lá que for.

Eu gostaria que o SUS prestasse um atendimento minimamente razoável (e repito, NÃO sou usuário do SUS). Desculpas e explicações de que o sistema não funciona por isso ou aquilo não resolvem nada.
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #785 Online: 23 de Maio de 2014, 17:19:04 »
Brasil atinge meta da ONU e reduz mortalidade infantil



Até o boneco da propaganda do SUS é feio e mal feito  :biglol:...
Esse não é o bonequinho do SUS. É um desenho que apareceu há algum tempo na internet e depois ficou rodando.

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #786 Online: 23 de Maio de 2014, 17:21:31 »
Brasil atinge meta da ONU e reduz mortalidade infantil



Até o boneco da propaganda do SUS é feio e mal feito  :biglol:...
Esse não é o bonequinho do SUS. É um desenho que apareceu há algum tempo na internet e depois ficou rodando.

Continua feio pra caramba  :lol:.
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #787 Online: 23 de Maio de 2014, 18:13:25 »

Derfel, eu vejo as coisas pela ótica do usuário do SUS (coisa que, graças a Deus, não sou) e não de quem está dentro do sistema, como você. Se eu precisasse do SUS (bate na madeira), pouco me importaria de quem é a culpa pela merda de serviço prestado, o que interessa para mim é se estou sendo bem atendido ou não. Se não estou, não me interessa se a culpa é do governo Federal, estadual, municipal, ou seja lá que for.

Eu gostaria que o SUS prestasse um atendimento minimamente razoável (e repito, NÃO sou usuário do SUS). Desculpas e explicações de que o sistema não funciona por isso ou aquilo não resolvem nada.


Ai é que esta a questão, deveria interessar se a culpa é federal, estadual ou municipal, pra você saber de quem deve cobrar. Ficar gritando que a culpa do PT não resolve se a culpa for do estado e o estado é comandado pelo PSDB.
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Offline Fabrício

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #788 Online: 23 de Maio de 2014, 18:20:29 »

Derfel, eu vejo as coisas pela ótica do usuário do SUS (coisa que, graças a Deus, não sou) e não de quem está dentro do sistema, como você. Se eu precisasse do SUS (bate na madeira), pouco me importaria de quem é a culpa pela merda de serviço prestado, o que interessa para mim é se estou sendo bem atendido ou não. Se não estou, não me interessa se a culpa é do governo Federal, estadual, municipal, ou seja lá que for.

Eu gostaria que o SUS prestasse um atendimento minimamente razoável (e repito, NÃO sou usuário do SUS). Desculpas e explicações de que o sistema não funciona por isso ou aquilo não resolvem nada.


Ai é que esta a questão, deveria interessar se a culpa é federal, estadual ou municipal, pra você saber de quem deve cobrar. Ficar gritando que a culpa do PT não resolve se a culpa for do estado e o estado é comandado pelo PSDB.

Eu não culpo o PT pelo SUS, onde você me viu "gritando" isso? O SUS já era ruim muito antes do PT assumir o poder, pelo menos isso não podemos colocar na conta dele, embora ele não tenha melhorado a situação em nada.

A cobrança de melhorias do SUS deveria ser feita do poder público, em todas as esferas. Não é obrigação do usuário ficar entendendo esse cipoal de regulamentos e regras que regem o SUS. O governo Federal, municipal ou estadual tem responsabilidade, não é admissível que o governo federal diga simplesmente "ah, isso é responsabilidade do governo estadual, lavo minhas mãos" e vice-versa. Se houvesse um mínimo de preocupação com o usuário final, cada esfera de governo deveria fazer sua parte e cobrar das outras esferas que fizesse a sua, independente do partido que estivesse governando em cada uma delas.
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Offline Derfel

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #789 Online: 23 de Maio de 2014, 18:37:54 »
Mas é responsabilidade do profissional que trabalha nele saber.

Offline Fabrício

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #790 Online: 23 de Maio de 2014, 18:48:18 »
Mas é responsabilidade do profissional que trabalha nele saber.

Sim.
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Offline Barata Tenno

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #791 Online: 23 de Maio de 2014, 19:30:38 »

Derfel, eu vejo as coisas pela ótica do usuário do SUS (coisa que, graças a Deus, não sou) e não de quem está dentro do sistema, como você. Se eu precisasse do SUS (bate na madeira), pouco me importaria de quem é a culpa pela merda de serviço prestado, o que interessa para mim é se estou sendo bem atendido ou não. Se não estou, não me interessa se a culpa é do governo Federal, estadual, municipal, ou seja lá que for.

Eu gostaria que o SUS prestasse um atendimento minimamente razoável (e repito, NÃO sou usuário do SUS). Desculpas e explicações de que o sistema não funciona por isso ou aquilo não resolvem nada.


Ai é que esta a questão, deveria interessar se a culpa é federal, estadual ou municipal, pra você saber de quem deve cobrar. Ficar gritando que a culpa do PT não resolve se a culpa for do estado e o estado é comandado pelo PSDB.

Eu não culpo o PT pelo SUS, onde você me viu "gritando" isso? O SUS já era ruim muito antes do PT assumir o poder, pelo menos isso não podemos colocar na conta dele, embora ele não tenha melhorado a situação em nada.

A cobrança de melhorias do SUS deveria ser feita do poder público, em todas as esferas. Não é obrigação do usuário ficar entendendo esse cipoal de regulamentos e regras que regem o SUS. O governo Federal, municipal ou estadual tem responsabilidade, não é admissível que o governo federal diga simplesmente "ah, isso é responsabilidade do governo estadual, lavo minhas mãos" e vice-versa. Se houvesse um mínimo de preocupação com o usuário final, cada esfera de governo deveria fazer sua parte e cobrar das outras esferas que fizesse a sua, independente do partido que estivesse governando em cada uma delas.
Eu não disse que você esta culpando o PT, me referia ao cara que escreveu o texto, ele claramente critica o governo federal de algo que ele não tem culpa.

O usuário, assim como todo cidadão, tem a responsabilidade de saber se o governo cumpre sua função, pra cobrar isso na urna. Sem saber de quem é a responsabilidade, como você vai saber quem precisa ser cobrado e decidir seu voto?

E esse é o problema da maioria dos cidadãos, ele não sabe quem cobrar, não sabe o que é responsabilidade de quem, não sabe quem fez o que, quem deveria ter feito e não fez. Por isso é fácil enganar o cidadão, principalmente os com pouca educação.
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #792 Online: 23 de Maio de 2014, 20:20:24 »
Tá bom, o cara é chorão, concordo, e dizer que ser médico não compensa é um evidente exagero, mas nem uma palavra a respeito da crônica falta de estrutura que ele comenta? Por ser recém formado automaticamente TUDO o que ele fala é merda?

Ele só vai poder reclamar quando tiver aí pelo menos uns 10 - 20 anos de profissão? Quando já tiver ligado a tecla do "foda-se" ou desistido?

Ser recém formado tem várias desvantagens, como vocês falaram e eu concordo, mas tem a vantagem de que o cara recém formado e que queira trabalhar reclama, como ele está reclamando. Reclamar do salário, de que não compensa ser médico, do bolsa família que não tem nada a ver com o assunto em questão realmente é babaquice dele, mas e da falta de estrutura? Não seria correto um médico reclamar disso, não seria prova de que o cara quer fazer um bom trabalho e se frustra por não conseguir?

Não procede. O ponto central do mimimi dele é de que a profissão de médico não compensa no Brasil. É a única coisa que diferencia o que ele já escreveu de outros textos do tipo "estou de saco cheio".

O resto da "crítica" dele nada mais é do que a repetição do que todo mundo já sabe e outros, com muito mais propriedade e experiência já escreveram sobre, inclusive sugerindo melhorias e de maneira mais técnica e com muito menos ódios pelos programas sociais e pelo governo.
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #793 Online: 24 de Maio de 2014, 00:23:54 »
acho que ninguém culpa o PT pelo estado do SUS aqui. O SUS é uma porcaria muito antes do PT.  Talvez o PT seja mais engraçado ao dizer que alcançamos a perfeição ou que Londres morre de inveja.. mas claramente todos meteram a mão e ferraram com a gestão do SUS. 
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #794 Online: 25 de Maio de 2014, 22:36:40 »
acho que vem mais um show do SUS no fantástico. Derfel da um look, na perfeição canadense do SUS.
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #795 Online: 25 de Maio de 2014, 22:45:11 »
116 hospitais publicos
Berraria, não há equipamentos nem antibióticos.
Relatório do TCU: Falta quase tudo é sobra desorganização.

A mulher com dois aneurismas, um estourado,  desde abril não consegue tratamento,  a filha da moça foi à justiça. Segundo o relatório isso é comum,  e mesmo as decisões da justiça são ignoradas.

Sem remédios, antibióticos...  sujeira.

O TCU diz que encontrar esse cenário é comum no sus e mesmo na emergência não há médicos, até nos grandes hospitais da capital.
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #796 Online: 25 de Maio de 2014, 22:50:02 »
Em mais de 80% dos hospitais públicos os administradores dizem que não há médicos. No maior hospital público de Cuiabá muitas vezes não há nenhum médico. Isso acontece muito e o médico conta que recebe ordens para mentir a hora do óbito.

Muitos médicos faltam,  gente chorando, filhos morrendo,  LINDO DERFEL OLHA O SUS QUE VOCÊ acredita..

O SUS perde 12 leitos por dia em média, além dos interditados por falta de profissionais, equipamentos ou remédios.

Gente a mais de 10 dias em maçãs no corredor... No maior hospital de Salvador o senhor com hemorragia cerebral há mais de um mês na maca
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #797 Online: 25 de Maio de 2014, 22:55:32 »
Ha ainda em 30% dos hospitais há equipamentos como tomógrafos encaixotados.. não sabem onde colocar.. sem técnicos mas já foi comprado.

Lembra a mulher dos dois aneurismas, ela esperou 40 dias e...  morreu.  O que é comum.

E sabe o que falta segundo os administradores? GESTÃO. Sabe o que o ministério da saúde disse? Que vai contratar mais médicos. 

Isso é gestão pública.....  Parabéns ao SUS e espero que os ideólogos petistas parem de vomitar besteiras nesse fórum e reconheçam a merda que é o SUS. Ideologia não serve para Nada Derfel, Juca e Pasteur.
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Re:Problemas do SUS
« Resposta #798 Online: 25 de Maio de 2014, 22:58:36 »
Não é possível analisar tudo o que foi mostrado e vir depois com um "na verdade está tudo bem".

O secretário da saúde (?) que apareceu dizendo que "mas tudo que foi mostrado foi paciente em ambiente hospitalar e em macas confortáveis", ignorando completamente o cenário dantesco, me deu até enjoo.

Offline Moro

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #799 Online: 25 de Maio de 2014, 22:59:50 »
Aconselho a treinar gerenciar uma empresa privada, com uma pressão imensa em cima da cabeça por resultado com ameaça velada de demissão, um mundo onde documentos enviesados e pensamentos malucos (Londres nos inveja)  não vale para nada. Um mundo onde o que é uma merda é uma merda e não há maneira de criar um relatório onde a merda se torne um sistema maravilhoso.

Como disse lá trás, é como o álcool, para sair da crise tem que se reconhecer quando se está no fundo do poço, o sus está abaixo do fundo, e seus gestores pensam que estão entregando serviços canadenses.
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