Não seria uma condição nossa a vontade para a vida em oposto de uma vontade para a morte, o suicídio?
Claro, o instinto de sobrevivência nos direciona para a vida, mas algumas vezes por algum motivo esse instinto deixa de operar.
Algumas semanas atrás eu comentei lá no tópico das “perguntas idiotas” que um vizinho meu deu um tiro na cabeça. Era um amigo do meu pai que morava sozinho e estava doente. Meu pai o visitava duas vezes por dia para ajudar com os medicamentos e para bater papo. Ele sempre falava que não iria ficar invalido em uma cama e que quando percebesse que não daria conta de se manter por si mesmo cometeria suicídio, mas ninguém acreditava muito. Um dia antes de cometer suicídio entregou alguns pertencer pessoais para o meu pai guardar alegando que iria se internar em um hospital e que não poderia entrar com aqueles objetos, meu pai ficou meio sem entender mas pegou os objetos sem questionar. Na manhã seguinte atirou no ouvido direito com uma espingarda.
Muita gente reprovou a atitude desse senhor, mas ninguém ou quase ninguém que estava reprovando a atitude conseguia ver o sofrimento mental pelo qual estava passando.
Eu sei que existem pessoas que vivem sozinhas e que se encontram enfermas, mas mesmo assim tem um grande apego pela vida, mas cada caso é um caso.
Conheci um outro cara que tinha esposa duas filhas um bom trabalho e aparentemente não tinha problemas. Um dia antes do suicídio não apresentou nenhum tipo de alteração perceptível, realizou tarefas normais do cotidiano, mas de repente se enforcou. Logo em seguida mil teorias apareceram.... “Ele estava com câncer.....” , “.... estava sendo traído pela mulher....”, “uma pessoa dessa não tem deus no coração.....”, “estava sendo perseguidos por espíritos inimigos...” Tudo especulação, só o suicida poderia dar alguma explicação caso tivesse deixado alguma carta ou coisa do tipo, como não deixou não se pode ter a resposta definitiva.
Observando as pessoas nestes dois casos pude ver que um trecho do livro que citei acima
http://niilismo.com.br/ se encaixou perfeitamente.
“É claro que, se tivermos família, amigos, eles sofrerão por nossa morte; talvez possamos até sentir uma espécie de remorso adiantado; é normal que aqueles que nos são próximos se sintam culpados ou responsáveis. Entretanto, sentem-se realmente culpados não por terem ignorado nossos problemas e dores pessoais, mas por não nos terem impedido; somente agora, porque estão sofrendo, culpam-se pela imprudência de não terem protegido seu investimento. Nossa dor, nosso verdadeiro motivo para o suicídio, é algo que não lhes alcança a alma, algo que levamos conosco para nossos túmulos. Nenhuma lágrima será derramada pela dor que consumia o suicida; choram, todos, pelas explicações que inventam em suas próprias cabeças, pelo que perderam em suas vidas, não pela vida perdida.”