Autor Tópico: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste  (Lida 12648 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #25 Online: 17 de Maio de 2010, 14:35:57 »
Em resumo: o que temos hoje com o BF é uma relação normal entre patrões e empregados miseráveis sem o fator "fome" fazendo parte dessa equação. E isso é bom.

Abraços,
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Mr. Mustard

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.918
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #26 Online: 17 de Maio de 2010, 14:40:07 »
Para o DDV, o BF precisa ser vitalício (estou assumindo que sim, já que não houve resposta da pergunta anterior).

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #27 Online: 17 de Maio de 2010, 14:48:08 »
Para o DDV, o BF precisa ser vitalício (estou assumindo que sim, já que não houve resposta da pergunta anterior).

Não defendo que seja vitalício, e já coloquei antes que deve haver exigências e contrapartidas.

Mas, dada a mixaria que é, eu nem me importo tanto se for vitalício. Se isso ajuda estas pessoas a não passarem fome, tô nem aí.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Mr. Mustard

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.918
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #28 Online: 17 de Maio de 2010, 15:01:31 »
Para o DDV, o BF precisa ser vitalício (estou assumindo que sim, já que não houve resposta da pergunta anterior).

Não defendo que seja vitalício, e já coloquei antes que deve haver exigências e contrapartidas.

Mas, dada a mixaria que é, eu nem me importo tanto se for vitalício. Se isso ajuda estas pessoas a não passarem fome, tô nem aí.

Juceli Alves, 47, nove filhos, diz que teme perder os R$ 134 mensais do Bolsa Família se for registrada: "É melhor contar com o certo"

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #29 Online: 17 de Maio de 2010, 15:04:22 »
Para o DDV, o BF precisa ser vitalício (estou assumindo que sim, já que não houve resposta da pergunta anterior).

Não defendo que seja vitalício, e já coloquei antes que deve haver exigências e contrapartidas.

Mas, dada a mixaria que é, eu nem me importo tanto se for vitalício. Se isso ajuda estas pessoas a não passarem fome, tô nem aí.

Juceli Alves, 47, nove filhos, diz que teme perder os R$ 134 mensais do Bolsa Família se for registrada: "É melhor contar com o certo"

Pelo menos agora os trabalhadores miseráveis e os seus patrões estão do mesmo lado.  :biglol:
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Diegojaf

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 24.204
  • Sexo: Masculino
  • Bu...
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #30 Online: 17 de Maio de 2010, 15:41:59 »
Uma das queixas recorrentes é que o BF reduziu bastante a disponibilidade de mão-de-obra barata que sempre caracterizou muitas regiões brasileiras.

É de se esperar que muita gente vá chiar por isso. Normal.

Muita gente terá que pagar e tratar melhor os trabalhadores que contrata, coisa à qual não estão ainda acostumados.


Se o Bolsa Família acabar amanhã, como ficam esses trabalhadores?

Vão ter que se submeter de novo aos patrões e aos salários de sempre, não?

DDV, não se alteram as relações de trabalho através de programa social, isso é uma baita forçada da sua parte.

Um programa social só pode alterar isso se se tornar vitalício. Mas o Bolsa Família é temporário, certo?   

Um dos problemas citados na reportagem é que eles não querem ser registrados, independente do salário, a senhora dos 9 filhos não quer trocar o certo (Bolsa Família) pelo duvidoso (contrato de trabalho).

Com isso, o fazendeiro vai preferir pagar um salário maior pra 10 funcionários pra cuidar do pastos do que não pagar o salário pras 170 pessoas trabalharem sem registro e depois tomar na b... uma multa do Ministério do Trabalho por estar empregando funcionários de forma irregular...

A grande maioria dos empregos não qualificados no Norte-Nordeste já é irregular. Encontrar na zona rural nordestina alguém ganhando o salário mínimo é bem raro.

A informalidade e irregularidade já eram disseminadas bem antes do BF, até mesmo nas cidades grandes. O problema agora é mais a falta de gente querendo os mesmos salários de antes do que a necessidade de formalização (que parecia não existir antes).

Contratos de trabalho em colheitas são feitos de acordo com produção + um piso mínimo estabelecido de acordo com as cooperativas/sindicatos de funcionários. Se o cara quer registrar, ele está disposto a pagar por um valor acordado entre os demais funcionários. A meu ver, o problema não é deles não estarem querendo trabalhar, mas estarem querendo trabalhar de forma irregular, o que coloca em risco o empregador diante do Ministério do Trabalho.

Então, diante da impossibilidade do empregador de conseguir pessoal o suficiente para realizar o trabalho, eles mudaram o ramo de atuação de café para gado. O mercado local se adaptou, mas eliminou 160 vagas de trabalho...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Blues Brother

  • Nível 16
  • *
  • Mensagens: 422
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #31 Online: 17 de Maio de 2010, 16:20:56 »
Uma das queixas recorrentes é que o BF reduziu bastante a disponibilidade de mão-de-obra barata que sempre caracterizou muitas regiões brasileiras.

É de se esperar que muita gente vá chiar por isso. Normal.

Muita gente terá que pagar e tratar melhor os trabalhadores que contrata, coisa à qual não estão ainda acostumados.


Se o Bolsa Família acabar amanhã, como ficam esses trabalhadores?

Vão ter que se submeter de novo aos patrões e aos salários de sempre, não?

DDV, não se alteram as relações de trabalho através de programa social, isso é uma baita forçada da sua parte.

Um programa social só pode alterar isso se se tornar vitalício. Mas o Bolsa Família é temporário, certo?   


Eliminando-se o fator fome, permitirá que a maioria dessas pessoas tenham melhores rendimentos e mais tempo para investirem em qualificação pessoal ou outros meios de melhorarem de vida. Obviamente que isso dependerá de cada uma delas, mas é óbvio que a situação atual delas está muito mais propícia a progredirem do que antes.

E como eu disse antes, o valor pago é irrisório, o impacto no orçamento é insignificante: para quê tanto arrancamento de cabelos? Deixem os miseráveis serem menos infelizes, pô!


Os miseráveis continuarão miseráveis porque não recuperarão nunca sua autonomia, DDV.

O programa não tem a perspectiva de reintegrá-los ao mercado de trabalho. É bem simples.


Offline Blues Brother

  • Nível 16
  • *
  • Mensagens: 422
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #32 Online: 17 de Maio de 2010, 16:47:08 »
Repito: até mesmo nas grandes cidades, relações irregulares de trabalho eram e são a regra (nas zonas rurais do Norte-Nordeste então...fica até sem graça falar).

Antes, os patrões não queriam assinar carteiras, para pagarem abaixo do salário mínimo, não pagarem férias, décimo-terceiro, FGTS, INSS, etc.

Agora, são os empregados muito pobres que não querem assinar carteiras para não perderem o BF.

Não vejo o que mudou tanto. Só enxergo mesmo o maior salário e benefícios exigidos pelos últimos após o BF.

Ah! Sim. Acabem com os patrões, quem sabe o problema não se resolva.

Francamente...

Leia isto aqui de novo:

DDV, não se alteram as relações de trabalho através de programa social, isso é uma baita forçada da sua parte.

Um programa social só pode alterar isso se se tornar vitalício. Mas o Bolsa Família é temporário, certo?   


Ixe....vou até parar por aqui, começaram postar coisa sem sentido.


Claro que é possível alterar relações de trabalho e até de mercado com certas iniciativas estatais. TODA a atividade agropecuária da Europa e do aço nos EUA só existe por causa de subsídios estatais. Ninguém fica se esguelando por isso.

Um exemplo: os cartéis dos postos de combustíveis. Seria muito mais eficaz e barato se fazer dumping estatal contra esses cartéis do que ficar com essas repressõezinhas de merda que fazem hoje. Acabaria-se com o cartel rapidinho. Não sem antes alguém dizer que "não se alteram relações de mercado com iniciativas estatais". :)


DDV, eu disse programa social.

Se você citar o caso de um único país que tenha alterado suas relações de trabalho única e exclusivamente através de um programa social, eu respeitosamente calo a minha boca.





Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #33 Online: 17 de Maio de 2010, 18:24:36 »
Ixe....vou até parar por aqui, começaram postar coisa sem sentido.

Claro que é possível alterar relações de trabalho e até de mercado com certas iniciativas estatais. TODA a atividade agropecuária da Europa e do aço nos EUA só existe por causa de subsídios estatais. Ninguém fica se esguelando por isso.

Um exemplo: os cartéis dos postos de combustíveis. Seria muito mais eficaz e barato se fazer dumping estatal contra esses cartéis do que ficar com essas repressõezinhas de merda que fazem hoje. Acabaria-se com o cartel rapidinho. Não sem antes alguém dizer que "não se alteram relações de mercado com iniciativas estatais". :)

É fora do tópico.

A palavra cartel pode soar muito forte em algumas cidades.

Em Curitiba, por exemplo, há uma competição acirrada de preços com um único perdedor: os proprietários dos estabelecimentos varejistas.

1) Os entes federativos não perdem jamais, pois há uma "miríade" de impostos, boa parte cobrada na fonte: IRPJ; CSSL; PIS; COFINS; ICMS; ISS e a CIDE.

2) A Petrobrás também não perde: Produz e refina a totalidade do combustível. É monopólio.

3) As distribuidoras não perdem, pois são poucas, poderosas e controlam o mercado. É cartel.

Por fim, os donos de postos. Eles é que realmente arrecadam e ou repassam para o 1, 2 e 3. Mas eles tem de arcar com o risco do negócio, pois que são os empresários. Assaltos, concorrência desleal, imposições draconianas das distribuidoras, ações trabalhistas, notificações do Procon, fiscalizações do Meio Ambiente, entre outros fatores que encarecem e desestimulam o negócio.

Houve meses em anos recentes que a margem de lucro bruta de um posto de combustíveis foi de R$ 0,08/l. Sim , oito centavos de real por litro.

Então não são em todas as cidades que há cartelização.
« Última modificação: 17 de Maio de 2010, 18:29:35 por Geotecton »
Foto USGS

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #34 Online: 17 de Maio de 2010, 19:02:24 »
Em que ano e qual era o preço na bomba?

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #35 Online: 17 de Maio de 2010, 19:07:06 »
Não tenho a informação aqui do valor final, mas salvo ledo engano, foi no ano de 2.008, entre os meses de junho e agosto, com preço final médio, na baixa, de R$ 1,87999.
Foto USGS

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #36 Online: 17 de Maio de 2010, 19:10:30 »
Uma das queixas recorrentes é que o BF reduziu bastante a disponibilidade de mão-de-obra barata que sempre caracterizou muitas regiões brasileiras.

É de se esperar que muita gente vá chiar por isso. Normal.

Muita gente terá que pagar e tratar melhor os trabalhadores que contrata, coisa à qual não estão ainda acostumados.


Se o Bolsa Família acabar amanhã, como ficam esses trabalhadores?

Vão ter que se submeter de novo aos patrões e aos salários de sempre, não?

DDV, não se alteram as relações de trabalho através de programa social, isso é uma baita forçada da sua parte.

Um programa social só pode alterar isso se se tornar vitalício. Mas o Bolsa Família é temporário, certo?  


Eliminando-se o fator fome, permitirá que a maioria dessas pessoas tenham melhores rendimentos e mais tempo para investirem em qualificação pessoal ou outros meios de melhorarem de vida. Obviamente que isso dependerá de cada uma delas, mas é óbvio que a situação atual delas está muito mais propícia a progredirem do que antes.

E como eu disse antes, o valor pago é irrisório, o impacto no orçamento é insignificante: para quê tanto arrancamento de cabelos? Deixem os miseráveis serem menos infelizes, pô!


Os miseráveis continuarão miseráveis porque não recuperarão nunca sua autonomia, DDV.

O programa não tem a perspectiva de reintegrá-los ao mercado de trabalho. É bem simples.



É melhor estarem nessa situação sem perspectivas que você afirma com o BF do que sem.

No meu entender (posso estar falando um absurdo, claro), pessoas que passam fome têm MENOS condições de se reintegrarem na economia do que as que recebem os 90 conto por mês do BF.


Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #37 Online: 17 de Maio de 2010, 19:12:44 »
Repito: até mesmo nas grandes cidades, relações irregulares de trabalho eram e são a regra (nas zonas rurais do Norte-Nordeste então...fica até sem graça falar).

Antes, os patrões não queriam assinar carteiras, para pagarem abaixo do salário mínimo, não pagarem férias, décimo-terceiro, FGTS, INSS, etc.

Agora, são os empregados muito pobres que não querem assinar carteiras para não perderem o BF.

Não vejo o que mudou tanto. Só enxergo mesmo o maior salário e benefícios exigidos pelos últimos após o BF.

Ah! Sim. Acabem com os patrões, quem sabe o problema não se resolva.

Francamente...

Leia isto aqui de novo:

DDV, não se alteram as relações de trabalho através de programa social, isso é uma baita forçada da sua parte.

Um programa social só pode alterar isso se se tornar vitalício. Mas o Bolsa Família é temporário, certo?   


Ixe....vou até parar por aqui, começaram postar coisa sem sentido.


Claro que é possível alterar relações de trabalho e até de mercado com certas iniciativas estatais. TODA a atividade agropecuária da Europa e do aço nos EUA só existe por causa de subsídios estatais. Ninguém fica se esguelando por isso.

Um exemplo: os cartéis dos postos de combustíveis. Seria muito mais eficaz e barato se fazer dumping estatal contra esses cartéis do que ficar com essas repressõezinhas de merda que fazem hoje. Acabaria-se com o cartel rapidinho. Não sem antes alguém dizer que "não se alteram relações de mercado com iniciativas estatais". :)


DDV, eu disse programa social.

Se você citar o caso de um único país que tenha alterado suas relações de trabalho única e exclusivamente através de um programa social, eu respeitosamente calo a minha boca.






É o que mais se vê na Europa e Canadá!

A não ser que você não considere os vultosos subsídios, seguros-desemprego e demais benefícios oferecidos pelo estado nesses países como "programas sociais".
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #38 Online: 17 de Maio de 2010, 19:14:21 »
"A sucessão presidencial de 2010 converteu o Bolsa Família numa unanimidade.

Neste ano, o benefício vai chegar às casas de 12,5 milhões de famílias. De olho nos votos dessa clientela, nem o presidenciável da “oposição”, José Serra, se anima a criticar o programa.Ao contrário, o candidato tucano diz que, se eleito, vai ampliá-lo.[...]

A proposta de Mário de Oliveira:

Citar
- Retirar de todos os Programas Sociais o viés eleitoreiro, privilegiando os mais vulneráveis, ou seja, as crianças e idosos doentes e incapacitados para o trabalho.
- Transformar os Programas Sociais em Programas Autossustentáveis, agregando Dignidade à Assistência Social. Oferecer ao Beneficiário a opção de continuar nos programas assistenciais atualmente existentes ou migrar para programas de “proteção ambiental” com remunerações maiores.
- Adequar a cada região um programa de atividades produtivas que requeiram baixa qualificação técnica (limpeza, programa de reflorestamento, conservação do meio ambiente etc.).
- As ONGS que recebem dinheiro público devem publicar mensalmente suas contas e serem fiscalizadas pelo TCU e pelo Ministério Público.
 
“Os Programas Sociais devem proporcionar os recursos necessários, mas reconhecer, identificar e estimular os dons e potencialidades dos beneficiários, tornando os programas autossustentáveis e as pessoas responsáveis pelos seus destinos. Transformar pessoas em receptores passivos de benefícios é atentar contra a dignidade humana”.
O governo militar foi pioneiro na criação do primeiro Programa Social no Brasil, em larga escala, o FUNRURAL. Sucederam-se outros, sendo que no governo FHC iniciaram-se vários programas assistencialistas. O governo LULA juntou esses  programas em um só, culminando com o “Bolsa Família”, e tem ampliado o número de beneficiados. Agora é o momento de torná-lo autossustentável, com contrapartida. Enfim, um Programa Social que proporcione Assistência, Ajuda, Trabalho e Dignidade, condições básicas para o crescimento humano sadio e responsável.

O Bolsa Família cobre 11,4 milhões de famílias, estimando-se que chegará a 12,4 milhões no final de 2009.  Cerca de 5,8 milhões de famílias estão no Nordeste, 2,4 milhões no Sudeste e as demais nas outras regiões. Em 2008 também foram distribuídas 925 mil cestas básicas para 225 mil famílias em acampamentos de sem-terras.

O Governo adota o assistencialismo populista, tipo “pai dos pobres”, que é o caminho mais fácil e com mais dividendos eleitorais. Não trabalha para mobilizar os capitais sociais das comunidades carentes, capacitando e educando para o trabalho e a cidadania. Como prioriza o adulto, procurando os votos, acaba prejudicando as crianças e jovens, que são os mais necessitados.

 Estudo do IPEA mostra que somente 5,9% das famílias pobres e 2,5% das famílias muito pobres tem idosos. Por outro lado, 79% das famílias pobres e 82% das famílias muito pobres tem jovens com menos de 15 anos de idade.

http://mibrasil.com.br/w3/a-agenda-da-mudancas/as-diretrizes-da-mudanca/programas-sociais/


Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #39 Online: 17 de Maio de 2010, 19:14:36 »
Ixe....vou até parar por aqui, começaram postar coisa sem sentido.

Claro que é possível alterar relações de trabalho e até de mercado com certas iniciativas estatais. TODA a atividade agropecuária da Europa e do aço nos EUA só existe por causa de subsídios estatais. Ninguém fica se esguelando por isso.

Um exemplo: os cartéis dos postos de combustíveis. Seria muito mais eficaz e barato se fazer dumping estatal contra esses cartéis do que ficar com essas repressõezinhas de merda que fazem hoje. Acabaria-se com o cartel rapidinho. Não sem antes alguém dizer que "não se alteram relações de mercado com iniciativas estatais". :)

É fora do tópico.

A palavra cartel pode soar muito forte em algumas cidades.

Em Curitiba, por exemplo, há uma competição acirrada de preços com um único perdedor: os proprietários dos estabelecimentos varejistas.

1) Os entes federativos não perdem jamais, pois há uma "miríade" de impostos, boa parte cobrada na fonte: IRPJ; CSSL; PIS; COFINS; ICMS; ISS e a CIDE.

2) A Petrobrás também não perde: Produz e refina a totalidade do combustível. É monopólio.

3) As distribuidoras não perdem, pois são poucas, poderosas e controlam o mercado. É cartel.

Por fim, os donos de postos. Eles é que realmente arrecadam e ou repassam para o 1, 2 e 3. Mas eles tem de arcar com o risco do negócio, pois que são os empresários. Assaltos, concorrência desleal, imposições draconianas das distribuidoras, ações trabalhistas, notificações do Procon, fiscalizações do Meio Ambiente, entre outros fatores que encarecem e desestimulam o negócio.

Houve meses em anos recentes que a margem de lucro bruta de um posto de combustíveis foi de R$ 0,08/l. Sim , oito centavos de real por litro.

Então não são em todas as cidades que há cartelização.

Desconheço esses postos sem cartéis. De qualquer maneira, o que eu disse aplica-se apenas aos cartéis. E não é necessário pregar para convertido.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #40 Online: 17 de Maio de 2010, 19:16:48 »
Uma grave distorção no Paraná é o valor para a base de cálculo do ICMS.

Por lei estadual foi definido que o ICMS incide sobre um valor pré-fixado pelo Estado, e que é chamado de "valor de pauta" e que, em tese, não deveria diferir do valor final cobrado nas bombas.

Mas em todas as vezes que eu pude confrontar os valores (bomba e pauta), este sempre foi maior que aquele.

Em outras palavras. Se paga um adicional de ICMS sem justificativa.
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #41 Online: 17 de Maio de 2010, 19:23:16 »
[...]
Desconheço esses postos sem cartéis. De qualquer maneira, o que eu disse aplica-se apenas aos cartéis. E não é necessário pregar para convertido.

E nem foi a minha intenção de fazer qualquer tipo de conversão.

Apenas foi uma nota de esclarecimento, visto que uma parte expressiva da população acha que os donos de postos é que ficam com o "filé mignon", quando isto está longe do real, pelo menos nos casos que eu conheço.
Foto USGS

Offline _Juca_

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 12.923
  • Sexo: Masculino
  • Quem vê cara, não vê coração, fígado, estômago...
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #42 Online: 17 de Maio de 2010, 19:34:44 »
Uma das queixas recorrentes é que o BF reduziu bastante a disponibilidade de mão-de-obra barata que sempre caracterizou muitas regiões brasileiras.

É de se esperar que muita gente vá chiar por isso. Normal.

Muita gente terá que pagar e tratar melhor os trabalhadores que contrata, coisa à qual não estão ainda acostumados.


Se o Bolsa Família acabar amanhã, como ficam esses trabalhadores?

Vão ter que se submeter de novo aos patrões e aos salários de sempre, não?

DDV, não se alteram as relações de trabalho através de programa social, isso é uma baita forçada da sua parte.

Um programa social só pode alterar isso se se tornar vitalício. Mas o Bolsa Família é temporário, certo?   


Eliminando-se o fator fome, permitirá que a maioria dessas pessoas tenham melhores rendimentos e mais tempo para investirem em qualificação pessoal ou outros meios de melhorarem de vida. Obviamente que isso dependerá de cada uma delas, mas é óbvio que a situação atual delas está muito mais propícia a progredirem do que antes.

E como eu disse antes, o valor pago é irrisório, o impacto no orçamento é insignificante: para quê tanto arrancamento de cabelos? Deixem os miseráveis serem menos infelizes, pô!


Os miseráveis continuarão miseráveis porque não recuperarão nunca sua autonomia, DDV.

O programa não tem a perspectiva de reintegrá-los ao mercado de trabalho. É bem simples.



Não é o que se vê com o bolsa família, aliada a política de aumento real do salário mínimo. O que foi constatado nos últimos anos foram milhões de famílias migrando de uma classe para outra acima. Isso é que é simples.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #43 Online: 17 de Maio de 2010, 19:47:06 »
Não é o que se vê com o bolsa família, aliada a política de aumento real do salário mínimo. O que foi constatado nos últimos anos foram milhões de famílias migrando de uma classe para outra acima. Isso é que é simples.

O aumento real do salário-mínimo e o controle da inflação foram (são) fundamentais para uma redistribuição de riqueza, ainda que em pequena escala. E ambos são políticas anteriores ao do atual governo que, sabiamente, deu continuidade.

A elevação de classe social por causa da BF é uma questão mais complexa, pois não provém de trabalho mas de ajuda governamental, que pode ou não ser assistencialista, no sentido pejorativo do termo.

No entanto, o ponto levantado pelo Blues Brothers é importante, qual seja, que é necessário que a população beneficiada pelo BF seja induzida a "andar com as próprias pernas". Por isto é que eu acho importante um estudo para, eventualmente, fixar um prazo limite para receber a BF.
Foto USGS

Offline Barata Tenno

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 16.283
  • Sexo: Masculino
  • Dura Lex Sed Lex !
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #44 Online: 17 de Maio de 2010, 19:54:34 »
Fico em dúvida se o BF não teria efeito semelhante.
"Pelo amor de Deus, parem de ajudar a África!", afirma economista do Quênia
Especialista explica que a ajuda internacional alimenta a corrupção e impede que a economia se desenvolva, o que destrói a produção agrícola e causa desemprego, mais miséria e mais dependência

"Pelo amor de Deus, parem de ajudar a África!", afirma economista do Quênia
Especialista explica que a ajuda internacional alimenta a corrupção e impede que a economia se desenvolva, o que destrói a produção agrícola e causa desemprego, mais miséria e mais dependência

Thilo Thielke
Em Hamburgo

O especialista em economia James Shikwati, 35, do Quênia, diz que a ajuda à África é mais prejudicial que benéfica. O entusiástico defensor da globalização falou com a SPIEGEL sobre os efeitos desastrosos da política de desenvolvimento ocidental na África, sobre governantes corruptos e a tendência a exagerar o problema da Aids.

DER SPIEGEL - Senhor Shikwati, a cúpula do G8 em Gleneagles deverá aumentar a ajuda ao desenvolvimento da África...

James Shikwati - Pelo amor de Deus, parem com isso!

DS - Parar? Os países industrializados do Ocidente querem eliminar a fome e a pobreza.

Shikwati - Essas intenções estão prejudicando nosso continente nos últimos 40 anos. Se os países industrializados realmente querem ajudar os africanos, deveriam finalmente cancelar essa terrível ajuda. Os países que receberam mais ajuda ao desenvolvimento também são os que estão em pior situação. Apesar dos bilhões que foram despejados na África, o continente continua pobre.

DS - O senhor tem uma explicação para esse paradoxo?

Shikwati - Burocracias enormes são financiadas (com o dinheiro da ajuda), a corrupção e a complacência são promovidas, os africanos aprendem a ser mendigos, e não independentes. Além disso, a ajuda ao desenvolvimento enfraquece os mercados locais em toda parte e mina o espírito empreendedor de que tanto precisamos. Por mais absurdo que possa parecer, a ajuda ao desenvolvimento é uma das causas dos problemas da África. Se o Ocidente cancelasse esses pagamentos, os africanos comuns nem sequer perceberiam. Somente os funcionários públicos seriam duramente atingidos. E é por isso que eles afirmam que o mundo pararia de girar sem essa ajuda ao desenvolvimento.

DS - Mesmo em um país como o Quênia pessoas morrem de fome todos os anos. Alguém precisa ajudá-las.

Shikwati - Mas são os próprios quenianos quem deveria ajudar essas pessoas. Quando há uma seca em uma região do Quênia, nossos políticos corruptos imediatamente pedem mais ajuda. O pedido chega ao Programa Mundial de Alimentação da ONU --que é uma agência maciça de "apparatchiks" que estão na situação absurda de, por um lado, dedicar-se à luta contra a fome, e por outro enfrentar o desemprego onde a fome é eliminada. É muito natural que eles aceitem de bom grado o pedido de mais ajuda. E não é raro que peçam um pouco mais de dinheiro do que o governo africano solicitou originalmente. Então eles enviam esse pedido a seu quartel-general, e em pouco tempo milhares de toneladas de milho são embarcadas para a África...

DS - Milho que vem predominantemente de agricultores europeus e americanos altamente subsidiados...

Shikwati - ... e em algum momento esse milho acaba no porto de Mombasa. Uma parte do milho em geral vai diretamente para as mãos de políticos inescrupulosos, que então o distribuem em sua própria tribo para ajudar sua próxima campanha eleitoral. Outra parte da carga termina no mercado negro, onde o milho é vendido a preços extremamente baixos. Os agricultores locais também podem guardar seus arados; ninguém consegue concorrer com o programa de alimentação da ONU. E como os agricultores cedem diante dessa pressão o Quênia não terá reservas a que recorrer se houver uma fome no próximo ano. É um ciclo simples mas fatal.

DS - Se o Programa Mundial de Alimentação não fizesse nada, as pessoas morreriam de fome.

Shikwati - Eu não acredito nisso. Nesse caso, os quenianos, para variar, seriam obrigados a iniciar relações comerciais com Uganda ou Tanzânia, e comprar alimento deles. Esse tipo de comércio é vital para a África. Ele nos obrigaria a melhorar nossa infra-estrutura, enquanto tornaria mais permeáveis as fronteiras nacionais --traçadas pelos europeus, aliás. Também nos obrigaria a estabelecer leis favorecendo a economia de mercado.

DS - A África seria realmente capaz de solucionar esses problemas por conta própria?

Shikwati - É claro. A fome não deveria ser um problema na maioria dos países ao sul do Saara. Além disso, existem vastos recursos naturais: petróleo, ouro, diamantes. A África é sempre retratada como um continente de sofrimento, mas a maior parte dos números é enormemente exagerada. Nos países industrializados existe a sensação de que a África naufragaria sem a ajuda ao desenvolvimento. Mas, acredite-me, a África já existia antes de vocês europeus aparecerem. E não fizemos tudo isso com pobreza.

DS - Mas naquela época não existia a Aids.

Shikwati - Se acreditássemos em todos os relatórios horripilantes, todos os quenianos deveriam estar mortos hoje. Mas agora os testes estão sendo realizados em toda parte, e acontece que os números foram enormemente exagerados. Não são 3 milhões de quenianos que estão infectados. De repente eram apenas cerca de um milhão. A malária é um problema equivalente, mas as pessoas raramente falam disso.

DS - E por quê?

Shikwati - A Aids é um grande negócio, talvez o maior negócio da África. Não há nada capaz de gerar tanto dinheiro de ajuda quanto números chocantes sobre a Aids. A Aids é uma doença política aqui, e deveríamos ser muito céticos.

DS - Os americanos e europeus têm fundos congelados já prometidos para o Quênia. O país é corrupto demais, segundo eles.

Shikwati - Temo, porém, que esse dinheiro ainda será transferido em breve. Afinal, ele tem de ir para algum lugar. Infelizmente, a necessidade devastadora dos europeus de fazer o bem não pode mais ser contida pela razão. Não faz qualquer sentido que logo depois da eleição do novo governo queniano --uma mudança de liderança que pôs fim à ditadura de Daniel Arap Mois--, de repente as torneiras se abriram e o dinheiro verteu para o país.

DS - Mas essa ajuda geralmente se destina a objetivos específicos.

Shikwati - Isso não muda nada. Milhões de dólares destinados ao combate à Aids ainda estão guardados em contas bancárias no Quênia e não foram gastos. Nossos políticos ficaram repletos de dinheiro, e tentam desviar o máximo possível. O falecido tirano da República Centro Africana, Jean Bedel Bokassa, resumiu cinicamente tudo isso dizendo: "O governo francês paga por tudo em nosso país. Nós pedimos dinheiro aos franceses, o recebemos e então o gastamos".

DS - No Ocidente há muitos cidadãos compassivos que querem ajudar a África. Todo ano eles doam dinheiro e mandam roupas usadas em sacolas...

Shikwati - ... e então inundam nossos mercados com essas coisas. Nós podemos comprar barato essas roupas doadas nos chamados mercados Mitumba. Há alemães que gastam alguns dólares para comprar agasalhos usados do Bayern Munich ou do Werder Bremen. Em outras palavras, roupas que algum garoto alemão mandou para a África por uma boa causa. Depois de comprar esses agasalhos, eles os leiloam na eBay e os mandam de volta à Alemanha -- pelo triplo do preço. Isso é loucura!

DS - ... e esperamos que seja uma exceção.

Shikwati - Por que recebemos essas montanhas de roupas? Ninguém passa frio aqui. Em vez disso, nossos costureiros perdem seu ganha-pão. Eles estão na mesma situação que nossos agricultores. Ninguém no mundo de baixos salários da África pode ser eficiente o bastante para acompanhar o ritmo de produtos doados. Em 1997 havia 137 mil trabalhadores empregados na indústria têxtil da Nigéria. Em 2003 o número tinha caído para 57 mil. Os resultados são iguais em todas as outras regiões onde o excesso de ajuda e os frágeis mercados africanos entram em colisão.

DS - Depois da Segunda Guerra Mundial a Alemanha só conseguiu se reerguer porque os americanos despejaram dinheiro no país através do Plano Marshall. Isso não se qualificaria como uma ajuda ao desenvolvimento bem-sucedida?

Shikwati - No caso da Alemanha, somente a infra-estrutura destruída tinha de ser reparada. Apesar da crise econômica da República de Weimar, a Alemanha era um país altamente industrializado antes da guerra. Os prejuízos criados pelo tsunami na Tailândia também podem ser consertados com um pouco de dinheiro e alguma ajuda à reconstrução. A África, porém, precisa dar os primeiros passos na modernidade por conta própria. Deve haver uma mudança de mentalidade. Temos de parar de nos considerar mendigos. Hoje em dia os africanos só se vêem como vítimas. Por outro lado, ninguém pode realmente imaginar um africano como um homem de negócios. Para mudar a situação atual, seria útil se as organizações de ajuda saíssem.

DS - Se fizessem isso, muitos empregos seriam perdidos imediatamente.

Shikwati - Empregos que foram criados artificialmente, para começar, e que distorcem a realidade. Os empregos nas organizações estrangeiras de ajuda são muito apreciados, é claro, e elas podem ser muito seletivas na escolha das melhores pessoas. Quando uma organização de ajuda precisa de um motorista, dezenas de pessoas se candidatam. E como é inaceitável que o motorista só fale sua língua tribal, o candidato também deve falar inglês fluentemente --e, de preferência, ter boas maneiras. Então você acaba com um bioquímico africano dirigindo o carro de um funcionário da ajuda, distribuindo comida européia e forçando os agricultores locais a deixar seu trabalho. É simplesmente loucura!

DS - O governo alemão se orgulha exatamente de monitorar os receptores de suas verbas.

Shikwati - E qual é o resultado? Um desastre. O governo alemão jogou dinheiro diretamente para o presidente de Ruanda, Paul Kagame, um homem que tem na consciência a morte de um milhão de pessoas --que seu exército matou no país vizinho, o Congo.

DS - O que os alemães deveriam fazer?

Shikwati - Se eles realmente querem combater a pobreza, deveriam parar totalmente a ajuda ao desenvolvimento e dar à África a oportunidade de garantir sua sobrevivência. Atualmente a África é como uma criança que chora imediatamente para que a babá venha quando há algo errado. A África deveria se erguer sobre os próprios pés.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #45 Online: 17 de Maio de 2010, 20:02:38 »
Isso sim é programa social de verdade.


O "Fome Zero" americano

Domingo, 27 de agosto de 2006




O sistema deixa de lado o assistencialismo e busca criar oportunidades de trabalho. Eis um bom exemplo para o Brasil copiar
Felipe Seibel

Os Estados Unidos estão comemorando neste mês o aniversário de dez anos da implantação de uma das mais bem-sucedidas e engenhosas políticas sociais do mundo. Batizada de workfare ("caminho para o trabalho", numa tradução livre), a política em questão é uma forma diferente de ajudar os desempregados das camadas mais pobres da sociedade. Nada de assistencialismo -- a idéia é capacitar a população carente para que possa encontrar emprego. Pelas regras do workfare, o Estado americano se compromete a ajudar os mais pobres, mas nenhum outro programa exige tantas contrapartidas em troca do cheque do seguro-desemprego. Além de assegurar a saúde dos filhos e a freqüência deles à escola, os beneficiados são obrigados a participar de seminários de capacitação profissional e outras atividades que têm o objetivo de facilitar sua reintegração ao mercado de trabalho. Os que não cumprem essa agenda têm o auxílio cortado. Quem consegue emprego com remuneração suficiente para cobrir as necessidades da família também deixa a rede de proteção. Quando o salário ainda é muito baixo, o sistema de benefício social complementa a renda. Cada trabalhador pode recorrer ao mecanismo de socorro por um prazo máximo de cinco anos.

O saldo do programa é impressionante. Ao longo de uma década, o número de famílias que recebem benefícios sociais nos Estados Unidos caiu de 5 milhões para 2 milhões. Nesse mesmo período, aumentou a participação no mercado de trabalho das pessoas que historicamente mais dependem dessa ajuda. Entre as mães com filhos até 1 ano de idade, por exemplo, o índice de pessoas empregadas subiu de 60% para 70%. Segundo especialistas, a relação entre os fatos não é mera coincidência. "O workfare resolve dois problemas enormes", afirma o sociólogo José Pastore, um dos maiores estudiosos do Brasil em mercado de trabalho. "Alivia os ombros do Estado, que não suporta mais arcar com a pesada conta do pagamento dos benefícios, e diminui o desemprego."

O workfare nasceu nos Estados Unidos com base em idéias dos políticos do Partido Republicano, tradicional adversário de programas assistencialistas. Por ironia, os democratas, historicamente mais resistentes a mudanças na concessão de benefício social, implementaram a nova política durante o governo do presidente Bill Clinton. A iniciativa foi movida a puro pragmatismo -- hoje há 3 milhões a menos de famílias penduradas no sistema social, o que gera economia de 37 bilhões de dólares por ano no pagamento de benefícios. Os republicanos não só mantiveram a política ao chegar ao poder como continuam preocupados em melhorar o sistema (ou endurecê-lo ainda mais, na visão dos críticos).

De acordo com projeto de lei que aguarda aprovação do Senado, o beneficiário só terá direito ao salário-desemprego integral se cumprir uma carga mínima de 40 horas semanais com trabalho e cursos profissionalizantes (a exigência hoje é de 30 horas). O principal defeito apontado pelos opositores do workfare é que, pressionadas pelos prazos do sistema, as pessoas acabam aceitando subempregos, o que não ajuda a tirá-las da linha da miséria. Para o governo, pior do que ter um emprego com baixo salário é não ter nenhum. Além disso, argumentam os defensores da idéia, mesmo que as vagas sejam de segunda linha, elas podem funcionar como porta de entrada para os desempregados iniciarem uma nova carreira.

O sistema americano está sendo observado com muita atenção por outros países, sobretudo na Europa, onde boa parte das economias perde competitividade e já não suporta mais manter a generosa teia de bem-estar social bancada pelo Estado, o chamado welfare state. A Inglaterra foi um dos primeiros países a escapar dessa armadilha, nos tempos da dama de ferro Margaret Thatcher, no final da década de 70. Atualmente, é também o que tem o modelo mais parecido ao do workfare americano. Batizado de New Deal, foi implantado pelo primeiro-ministro Tony Blair, em 1997. É voltado principalmente para desempregados entre 18 e 24 anos. De acordo com a lei, para ter acesso ao seguro-desemprego, o jovem deve fazer uma entrevista numa das agências estatais de emprego, onde receberá ajuda de um conselheiro por quatro meses para obter um trabalho. Caso não consiga nada nesse período, terá de trabalhar como voluntário na manutenção de edifícios públicos ou fazer novos cursos de capacitação profissional, entre outras opções.

Até mesmo a Dinamarca, símbolo mundial da política social de gordos benefícios sociais aos excluídos, vem migrando para um modelo um pouco mais parecido com o americano. No país, a partir da década de 90, houve redução de nove para quatro anos no tempo máximo da concessão de benefícios. A exemplo dos Estados Unidos e da Inglaterra, eles só são pagos hoje aos cidadãos que participam de programas de recolocação profissional. O salário-desemprego também pode ser interrompido caso o beneficiário recuse ofertas de trabalho. Os resultados da política dinamarquesa têm sido tão positivos quanto os do workfare. Nos últimos anos, o número de beneficiários do seguro social caiu de 343 000 para 123 000, queda explicada em larga medida pelas pessoas que conseguiram voltar ao mercado de trabalho.

São iniciativas que precisam ser olhadas com atenção por aqui. Na história recente do Brasil, o que parecia ser uma grande novidade na área de assistência social revelou-se um enorme fiasco. Anunciado com tremendo estardalhaço, o Fome Zero era o carro-chefe do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto pretendia distribuir cartões-alimentação, com os quais os pobres poderiam sacar 50 reais por mês para a compra de comida (dentro de uma cesta básica definida pelo governo). A idéia mostrou-se cara, pouco eficaz e impossível de ser fiscalizada -- e acabou abandonada. Chama-se agora Bolsa-Família o projeto que unificou os quatro programas de transferência de renda existentes desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Cartão-Alimentação e Auxílio-Gás). Além de racionalizar o sistema por meio de um cadastro único, o governo atual ampliou o valor dos benefícios. Hoje, o valor pago pelo Bolsa-Família varia de 15 a 95 reais -- era de 15 a 45 reais na época de FHC.

Apesar das melhorias implementadas, o Brasil segue na contramão mundial das tendências de políticas sociais. Enquanto economias muito mais robustas, como a americana e a inglesa, estão preocupadas em gastar menos dinheiro com benefícios e criar mecanismos para inserir rapidamente os excluídos no mercado de trabalho, o governo Lula multiplicou o dinheiro dos programas sociais, mas negligenciou as contrapartidas exigidas aos beneficiários. Em 2006, serão gastos na área 12 bilhões de reais, recorde histórico e quase o dobro do montante disponível há três anos. Parece altamente lógico investir o que for possível num país com o nível de miséria e de desigualdade do Brasil. Mas o mecanismo atual tem vários problemas. Até hoje, depois de quase dois anos de implementação do Bolsa-Família, o Ministério da Saúde ainda não tem dados de quase 60% das famílias que deveriam ser monitoradas na utilização dos benefícios. "As regras são frouxas e a fiscalização é muito falha", afirma Pastore.

Há outros furos importantes na atual política social brasileira. Existem atualmente 30 programas de transferência de renda no governo de Lula, mas nenhum deles vincula a concessão do benefício à participação da pessoa em programas de capacitação profissional. "Quando o auxílio não abre uma porta de saída do sistema, esse investimento deixa de ser política social e vira mero assistencialismo", afirma o economista Roberto Macedo, consultor do BID e do Banco Mundial. Não é de estranhar que, apesar do aumento do gasto na área social, a taxa de desemprego no país, na casa de 10%, tenha permanecido praticamente inalterada nos últimos quatro anos -- exatamente o contrário do efeito workfare nos Estados Unidos. Está aí, portanto, um bom tema para o debate dos candidatos à Presidência. Como combater com poucos recursos o imenso fosso social existente no país? Em vez de reinventar a roda, talvez seja o caso de simplesmente copiar uma idéia que está dando certo.

______________

Menos benefícios, mais empregos


Nos últimos dez anos, caiu o número de famílias que recebem benefícios sociais nos Estados Unidos...


1995 --- 5 milhões


2005 --- 2 milhões


...e aumentou a participação no mercado de trabalho das mães com filhos de até 1 ano de idade, um dos principais públicos do sistema de auxílio do governo


1995 --- 60%


2005 --- 70%


Fontes: Annual Report to Congress e Brookings Institution

_____________

Devemos copiar o modelo americano?

Dois especialistas em mercado de trabalho comentam a viabilidade de o Brasil adotar uma política assistencial parecida à dos Estados Unidos

José Pastore, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo

Sim

No Brasil, não há critérios muito específicos para a concessão de benefícios. O workfare é um sistema mais eficiente de distribuição de recursos sociais do que políticas como o Bolsa-Família

***

Roberto Macedo, consultor do BID e do Banco Mundial

Sim

No Brasil, o governo exige poucas contrapartidas quando concede benefícios. O workfareresolve bem essa questão. Poderia ser implementado por aqui com base em testes piloto realizados em algumas cidades.


Offline calvino

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.387
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #46 Online: 17 de Maio de 2010, 23:13:36 »
É o mercado atuando. Se eles não aceitam as propostas, é porque não vêem vantagens nelas.

É uma afirmação, sem provas. Hoje o que se vê em notícias e o que eu vejo diariamente é o contrário.

Você não acha muito boa vontade da sua parte pensar assim?



Citar
Basta aumentarem os salários, benefícios e garantias que com certeza eles irão.

Você não vê o fato de eles abrirem mão da oportunidade de receber o benefício + o salário como falta de vontade então...
Na sua opinião seria uma tática para melhora nas condições de trabalho?
"Se a moralidade representa o modo como gostaríamos que o mundo funcionasse, a economia representa o modo como ele realmente funciona" Freakonomics.

Offline CyberLizard

  • Nível 17
  • *
  • Mensagens: 498
  • Lagartos são os melhores
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #47 Online: 18 de Maio de 2010, 08:51:40 »
 DDV: :woohoo:

Concordo com a maior parte do que o DDV escreveu. Com relação aos trabalhadores abrirem mão dos empregos com carteiras assinadas, deve-se levar em conta que apesar de tudo, os salários na maioria das fazendas é bastante baixo e os contratos são temporários. Normalmente os contratos terminam no final das safras, e é isso que justifica a frase de "trocar o certo pelo duvidoso". O que deveria-se fazer era simplesmente aumentar o valor dos salários e ter contratos mais permanentes. Acho absurdo alguém achar que pessoas famintas tem condições de negociar salários melhores e mais justos seguindo as regras do mercado sem apoio do governo.

Entretanto, existem também alguns problemas nisso tudo. Deve-se levar em conta que muitas vezes, quando as condições de trabalho nas pequenas propriedades são ruins, é também porque estas propriedades não tem como competir com grandes propriedades. Enqüanto uma propriedade muito grande pode se dar ao luxo de ter um lucro reduzido por cada alqueire plantado, as pequenas não conseguem fazer a mesma coisa. Quando melhoramos as condições de negociação dos trabalhadores do campo por salários menos ruins (o que é uma coisa boa), infelizmente também podemos estar gerando um efeito secundário ruim. As pequenas propriedades passarão a ter mais dificuldades para competir, passa a haver uma tendência de seus proprietários as venderem e quem tem mais condições de comprar são justamente os grandes proprietários. Temos como efeito um aumento ainda maior da já absurda concentração fundiária brasileira.

 Enfim, isso só serve para argumentar que embora eu seja completamente favorável ao benefício do BF, ele jamais deveria ser aplicado isoladamente, sem outras políticas governamentais para dar apoio. No caso do campo, eu realmente acho que uma reforma agrária é urgente e não ter levado isso adiante é uma de minhas decepções com o governo Lula.

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #48 Online: 18 de Maio de 2010, 09:05:29 »
É o mercado atuando. Se eles não aceitam as propostas, é porque não vêem vantagens nelas.

É uma afirmação, sem provas. Hoje o que se vê em notícias e o que eu vejo diariamente é o contrário.

Você não acha muito boa vontade da sua parte pensar assim?


"Se eles não aceitam as propostas, é porque não vêem vantagens nelas"

Isso é quase uma tautologia. Tem alguma objeção?

Citação de: calvino
Citar
Basta aumentarem os salários, benefícios e garantias que com certeza eles irão.

Você não vê o fato de eles abrirem mão da oportunidade de receber o benefício + o salário como falta de vontade então...
Na sua opinião seria uma tática para melhora nas condições de trabalho?



Não, é o mesmo princípio que rege todo e qualquer trabalhador, de qualquer tipo e nível de especialização.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste
« Resposta #49 Online: 18 de Maio de 2010, 09:12:00 »
Façam de conta que estas pessoas não recebam esses 90 conto por mês do governo. Imaginem que esses 90 conto sejam uma mesada que os pais delas lhes dão.

Agora analisem o comportamento e as escolhas delas à luz disso. Verão que não há NENHUMA diferença em relação ao comportamento das pessoas que não precisam do BF. A única coisa que mudou é que agora não estão esfomeadas.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!