A monogamia não é tão natural quanto se pensa. Ela, a monogamia, foi instituída pela igreja no século XIV no concílio de florença e foi declarada como um laço sagrado. Esta coisa de sagrado petrificou as verdadeiras relações que se baseiam na poligamia. É natural as pessoas ficarem infelizes numa relação em que não há mais vínculos afetivos e ainda assim permanecem casadas fazendo numa relação desgastada. Tudo por causa da igreja que historicamente era desfavorável ao divórcio provocando a culpa principalmente na mulher por ter divorciado. Muitas vezes é cruel o rito "até que a morte os separe".
Não sei, não. Como você explica sociedades "monogâmicas" anteriores ao século XIV? E como explica monogamia em sociedades que não tiveram contato com a igreja? Como explica monogamia em outras espécies animais? A mim, essa ideia de que a culpada é a igreja é apenas a busca de um bode expiatório para validar um comportamento polêmico (para nós) não expresso por toda sociedade.
Monogamia, em minha opinião, está mais ligada ao nosso processo e caminho evolutivo do que a imposições religiosas. Imagino que a familia nuclear tenha sido o modo que melhor estava adaptado às pressões que nossos ancestrais enfrentaram, pelo menos em sua grande maior parte, já que é um comportamento observado "nos quatro cantos" de forma bem mais predominante. Uma forma mais vantajosa de criação da prole, já que, em nossa espécie, o cuidado com os filhotes são necessários durante um longo, e bem longo, período de tempo.
Além de que a monogamia apresenta maiores chances de que a prole da fêmea seja de determinado macho, o que é de extremo interesse para tal macho, e de quebra, oferece a chance para que quase todos os machos se reproduzam.
Claro que nossa sociedade atual, com seus memes e emos com alta replicabilidade, está em um processo de transformação acelerado, onde a "liberdade", o poder feminino e etc, estão em um crescente, mas não se pode negar que na grande maioria dos casos a manutenção do par heterossexual estável é o pote no fim do arco íris, o ideal humano perseguido.
Temos hoje grande número de divórcio, separações e não é por acaso. Os laços de uma monogamia são muito mais frágeis do que se pensa. Não é injustificável quando vemos 'ménage a trois'. Muitos julgam esta prática abominável mas as raízes desta prática é antiga. Advém desde os impérios antigos. Talvez até que Richard Dawkins chamaria esta prática de meme pois seria uma herança do memeplexo de uma herança cultural remota proveniente da poligamia.
O começo do seu parágrafo me lembra os argumentos religiosos para o fim do mundo, volta de Krishna e outras bobagens do tipo, com os seus: "Olhem os sinais, a violência aumentou, pai mata filho, filho mata mãe... Satanás se diverte. Arrependei-vos irmãos, para que seu seja o reino de Zeus...". Me lembra também o: "nunca antes na história desse paíx..." Não vale só dizer que aumentou, é preciso contextualizar. A cultura romana era diferente da grega, que por sua vez era diferente da persa que por sua vez era diferente da Mongol, que por sua vez era diferente da nossa. Sem contar que 6, quase 7, bilhões de seres humanos e a famigerada globalização aumentam e muito certos dados estatisticos e suas probabilidades.
A poligamia sempre era algo natural. Desde esparta as mulheres eram compartilhadas entre os homens espartanos. As mulheres e escravos eram propriedade dos homens daquela época. No império romano a função da mulher era somente de ser procriadora. Para o prazer sexual existiam desde aqueles tempos a amante. O termo matrimonium veio daí. É usado como função de geradora ou de mãe enquanto que patrimonium vem da função do homem de gerir os bens e produzir os mesmos.
Isso não é bem verdade. Você cita esparta e eu cito então Troia com sua Helena. Não acho que Menelau estava lá muito a fim de compartilha-la. E que dizer de Odisseu e sua esposa, fiel tecedeira? Sendo mito ou não, ainda assim fala muito sobre a cultura do povo que o escreveu. Onde, apesar do panteão grego ser uma putaria generalizada, se descobre aqui e ali tentativas de manutenção da familia nuclear e da fidelidade junto.
Quando a propriedade privada passou a ter grande importância sobre a propriedade comunal, a monogamia se impôs como uma prática incontestável. Muitos homens queriam deixar como herdeiros seus únicos filhos e assim a herança passava de pai para filho cuja mulher seria a fiel esposa.
Como já disse acima, considero que tal comportamento seja muito mais antigo. Vindo, talvez, até mesmo de nossos ancestrais não sapiens, quem sabe...
Existe ainda a insegurança envolvida nas relações de monogamia. As pessoas não conseguem desfazer de seu desejo infantil de ter exclusividade no relacionamento e então julgam como seu todo afeto e sentimento que o parceiro/a possui por sí. Há a insegurança das comparações com a outra pessoa e o despeito. Penso que a individualidade vai se corroendo principalmente neste ponto, quando os casais ficam nesta bobagem de achar que todo sentimento e corpo do outro é de propriedade privada. Deve haver a liberdade de escolha que existe na poligamia mesmo não havendo vínculos afetivos nem nada. Afinal de contas o prazer sexual é o mesmo, não muda.
Uns conseguem encarar de forma tranquila a ideia de sua companheira com outros homens e etc. Outros não. E isso não é somente questão de preferencia, mas também de natureza. Não se pode esquecer que somos animais e que só "agora" que começamos a ter essas altas racionalizações acerca de nossos comportamentos, e sempre nos colocando como algo alheio a natureza. Somos machos, grandes primatas machos. Somos territorialistas, podemos ser agressivos e estamos na corrida evolutiva. Meus genes primeiro, rapá...
Pense bem: Haveria traição se não houvesse a monogamia ? Claro que não ! Uma relação de jogo aberto é muito mais satisfatória porque saberíamos que não há traição. A monogamia é fincada em paradigmas caducos como: quem ama não sente desejo por outra pessoa; quem ama não consegue fazer suas atividades cotidianas sem a outra pessoa; quem ama ...etc. São princípios que geram dúvidas e desconfiança na outra pessoa mesmo que nunca reveladas porque sabemos que tudo isso é pura balela de quem é alimentado por este ideal inexistente.
Seria necessário uma pressão, que pode até estar ocorrendo, para que os indivíduos com predisposição a familia nuclear fossem substituídos por esses tipos "mente aberta". Ao que parece, essa pressão existe atualmente, uma vez que vemos cada vez mais a sociedade quebrando os limites anciões e explorando a tal igualdade entre os sexos, que a meu ver está na verdade colocando a mulher como ponto central, mudando nossa sociedade patriarcal para matriarcal.
É espantoso saber que existem pessoas que consideram a fidelidade mais importante que alguns aspectos do relacionamento como companheirismo, afeto, compreensão e cumplicidade . As pessoas idealizam demais, fantasiam demais. A história da cara-metade é um engodo. Acreditar em alma gêmea é tão verídica quanto acreditar em papai noel, coelhinho da páscoa ou num ser todo poderoso de barbas brancas olhando por nós no céu sentado nas nunvens enquanto vigia nossas ações e ouve preces.
O que me deixa intrigado é que no mundo moderno formas de pensamento, no que tange escolhas pessoais, e nesse caso, de comum acordo entre as partes interessadas, sejam espantosas aos olhos de quem possui uma visão de mundo diferente. Não é porque sua escolha de poligamia te deixa feliz que a escolha de monogamia do Beltrano (grande Beltrano, joga um bolão...) esteja errada e não lhe cause felicidade - o mesmo vale para as respectivas companheiras.
O homem por ter maior desejo sexual do que a mulher é acusado de ser mais infiél do que a mulher. Naturalmente o homem possui maior capacidade de ter estímulos eróticos na visualização portanto é comum a excitação. Estamos a todo momento sendo bombardeados por estímulos externos de imagens. A mulher tem maior estímulo tátil e auditivo. É muito mais comum os estímulos visuais do que os estímulos táteis inclusive para o melhor desempenho da localização espacio-temporal. (O homem na média é melhor nas tarefas de localização no espaço).
Essa ideia de que homem seja mais sexual que mulher, pra mim, é absurdo. Se não me engano, muitos estudos recentes atentam para essa ideia mitológica a respeito do desejo sexual de machos e fêmeas de nossa espécie ser maior em um dos lados. Portanto, arrisco-me a dizer que a sua conclusão de que:
Pois bem, podemos em vista disto dizer que o homem se estimula mais uma vez que estamos constantemente expostos àqueles estímulos
... não se sustenta.
Se não houvesse essa idéia de infidelidade proveniente da monogamia não teríamos julgamentos morais. Aceitaríamos a poligamia naturalmente como ela é no homem. O homem tem inúmeros espermatozóides. Este fator favorece fecundar inúmeras parceiras de uma única vez. O investimento no espermatozóide é barato enquanto que um óvulo sendo fecundado dentro da mulher é caro. Teoricamente um único homem pode fecundar várias mulheres o inverso não é válido para mulheres.
Negar interesse sexual por outras pessoas é uma mentira. O desejo sexual não acaba por uma imposição de um casal supostamente monogâmico.
Considera-se o tamanho dos testiculos em comparação ao corpo, e com isso a sua capacidade de gerar espermatozoides, como sendo uma indicação de promiscuidade. Espécies com machos dominantes tendem a ter testiculos menores, pois, como poucos são os atrevidos a se aventurarem no harém do alfa, pequenas quantidades de esperma são suficientes para garantir a prole. Já onde existe a promiscuidade, os testiculos tendem a ser maiores gerando mais esperma para competir com o esperma do vizinho. Li um tempo atrás, que essa competição de espermatozoides criou também a cooperação entre espermatozóides do mesmo individuo, que em outra realidade seriam adeptos do "cada um por si", eles nadam em equipe, sendo assim, mais rápidos que os que nadam sozinhos. Nossos testiculos são menores que os dos chimpanzés e bonobos e maiores que os dos gorilas, indicando assim que não somos tão promiscuos.
Possivelmente o que ocorre em escala menor com os espermatozoides e sua competição tenha ocorrido em maior escala, onde homens precisaram cooperar para ter sucesso no ambiente onde viviam. Sendo presas de animais muito melhores adaptados, humanos precisavam se manter em grupos. Como desenvolvemos a familia nuclear, esse pode ter sido o ponto de nosso sucesso como espécie "dominante" do planeta.
Em geral, sociedades onde poligamia rulez, existe a poliginia, onde um unico macho arrebanha para si um harem, deixando outros machos sem nenhumazinha. Monogamia pode ter sido nosso fator de sucesso pois gerou a possibilidade de cada macho ter seu reservatorio de ovulos praticamente garantido, o que diminuiu a competição e aumentou a cooperação.
Bom, posso ter falado um monte de groselha e quem estiver a vontade me debulhe...
Dessa vez esqueci as fontes e estou com preguicinha...
=================
Edit
Quanto ao assunto, sou de preferencia monogamica, não consigo imaginar minha mulher com outro cara e eu concordando com a situação. Eu não seria feliz nesse tal de poliamor, minha mulher também demonstra ter a mesma preferencia que eu, e estamos felizes. Que espantoso...