Não é questão de "ninguém aceitar ser representado", mas de simplesmente não se colocar como porta-voz de todo mundo. Se a ATEA ou o que for já são mais de três caras, mas, como deveriam saber, não são "unânimes" em tudo que pensem sobre ateísmo ou o que for, poderiam falar por si, pela ATEA, em vez de "os ateus". A "ateus do Brasil", se é que ainda existe, já tem o problema no próprio nome, nesse caso deveriam falar, "a ONG ateus do Brasil", não "os ateus do Brasil". Se dão uma mancada qualquer, ao menos talvez fique mais claro que isso é um grupo de ateus, não uma espécie de "igreja" da qual todos são afiliados, sei lá.
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Acho que cadeia ou multa são inúteis para qualquer coisa. Bacana seria se pudessem usar uma espécie de "direito de resposta" e por algo no ar. Mesmo que fosse por bem menos tempo que o Datena ficou descendo a lenha nos ateus durante esse tempo todo.
Desculpe, Danniel, mas acho que entre os livre-pensadores dificilmente teremos unanimidade, isso é um pré-requisito básico para ser um racionalista. Por outro lado isso é um problema, pois jamais teremos representatividade em qualquer segmento.
Nunca pensei muito sobre o que seria necessário para se ter representatividade. Na verdade, nunca consegui enxergar muita importância em se ter qualquer representatividade especificamente como "ateus", na maior parte do tempo. Sempre tendi a achar mais importante talvez a representatividade como pessoas interessadas no laicismo, onde os ateus poderiam se juntar com pessoas de todas as religiões, especialmente as minoritárias. Mas até só entre ateus já há alguma dificuldade considerável em se organizar... imagine então se juntar com evangélicos... só a idéia deve provocar reflexos nervosos de aversão em alguns...
Ainda assim, qualquer que seja o caso, acho que seria muito bem possível, e desejável, que, quando uma ONG atéia qualquer se manifestasse, tomasse cuidado para não passar uma idéia de ateus como um grupo ideologicamente monolítico, como se fosse fácil generalizar qualquer coisa sobre "os ateus", em qualquer outra questão além da descrença na existência de deuses -- e qualquer um que já tenha passado por um tópico sobre ateísmo forte, fraco, médio-ligeiro, agnosticismo, e etc, sabe que nem nisso sempre concordamos.
Aliás, essa "homogeneização" do "outro", no caso, nós, é o que mais deveríamos tentar combater, se tentamos diminuir o preconceito, porque preconceito essencialmente é uma homogeneização/generalização do "outro". A melhor imagem a se passar é de diversidade, não fundamentalmente diferente da diversidade de opiniões e pensamentos que se encontra entre aqueles que seguem alguma religião ou só crêem em um deus. Que o ateu é como qualquer um, o vizinho, o padeiro, o jornaleiro, o professor... só que não acredita em deuses.