Autor Tópico: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa  (Lida 26310 vezes)

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Offline Diegojaf

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #350 Online: 06 de Dezembro de 2010, 15:33:18 »
O caso do rapaz com 14g de drogas:

Em Portugal -> Paciente
No Brasil -> Presidiário
:histeria:

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/0/ff171b8507f3d15d8025720d00534039?OpenDocument

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6- É inócuo que se prove, em concreto, que o produto estupefaciente se destinava exclusivamente ao consumo do arguido, uma vez que os 3,376 gramas de cocaína e os 0,702 gramas de "canabis" resina que lhe foram apreendidos, excedem em sete doses o consumo médio individual diário

se 3,376g de cocaína + 0,7g de maconha (4g de drogas variadas) excedem em 7 vezes o consumo diário, 14g de cocaína e crack seriam... deixa eu corrigir pro Bob:

Em Portugal -> Presidiário
No Brasil -> Presidiário

:lol:


Putz... to tomando carcada do meu chefe... mas essa não vai passar.

Dá próxima vez Jaf, seja mais honesto e poste as informações completas. Não tente confundir quem está lendo.... vergonhoso isso da sua parte.
 
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4- Por outro lado, a detenção, para consumo próprio, de substância estupefaciente em quantidade superior a 10 doses médias individuais diárias, sempre integraria o crime do art. 25° al. a) do DL nº 15/93.

5- O acórdão recorrido padece, assim, de um vício estrutural de raciocínio já que não tem em conta que a mera detenção ilícita de produtos estupefacientes integra a prática de um crime de tráfico, desde que a "droga" detida exceda as dez doses médias individuais diárias.

6- É inócuo que se prove, em concreto, que o produto estupefaciente se destinava exclusivamente ao consumo do arguido, uma vez que os 3,376 gramas de cocaína e os 0,702 gramas de "canabis" resina que lhe foram apreendidos, excedem em sete doses o consumo médio individual diário.

7- Por sua vez, é de todo irrelevante que não se tenha logrado provar que o produto estupefaciente apreendido ao arguido superasse o consumo médio individual do arguido durante dez dias.

8- Pois é a própria lei que ao fixar os pressupostos do aludido crime faz apelo ao consumo médio individual diário e não ao consumo concreto de cada arguido em particular.

Ou seja,somente  pela quantidade, o individuo desse processo não pode ser enquadrado como tráfico. Porém, como a lei portuguesa É MAIS EFICIENTE QUE A BRASILEIRA, alguns outros parâmetros foram levados em consideração.



10.º - A partir de Janeiro de 2005, sobretudo à tarde e à noite, tal estabelecimento começou a registar afluência de indivíduos jovens conotados como consumidores de estupefacientes, que ali demandavam tal arguido.
11.º - Assim, a 21 de Julho de 2005, pelas 14,45 horas, a GNR-NIC de Anadia efectuou uma busca à residência desse arguido, sita na Rua S. João da Azenha, Sangalhos, Anadia.
12.º - Aí localizou e apreendeu o seguinte, pertença do arguido A...:
- 1,990 gramas de um produto vegetal prensado, o qual, examinado, revelou ser “canabis” (resina), que estava num cesto no interior da sala;
- 8,737 gramas de sementes que, examinadas, revelaram serem de “canabis” e que estavam no quarto deste arguido;
- uma munição de pistola de calibre de 9 mm, destinada a uso militar exclusivo; e
- cinco munições de pistola de calibre 7,62 mm, utilizadas normalmente em exercícios militares.





Pretendo ler com mais calma o acórdão quando chegar em casa. Se for o caso eu complemento.


Putz²...

Bob, eu só postei a parte da quantidade de drogas porque até então ninguém tinha achado. Tanto que comparei as drogas com a quantidade (14g) encontrada no Brasil, nada a ver com esse fato concreto de Portugal.

E no Brasil, outros parâmetros são usados para decidir se o cara é ou não usuário, DENTRE ELES, frequência com que é apreendido, dinheiro apreendido junto, droga encontrada embalada pronta para venda, local frequentado por compradores, filmagens de vendas ocorridas no local, etc.

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Bob Cuspe

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #351 Online: 06 de Dezembro de 2010, 15:35:30 »

E no Brasil, outros parâmetros são usados para decidir se o cara é ou não usuário, DENTRE ELES, frequência com que é apreendido, dinheiro apreendido junto, droga encontrada embalada pronta para venda, local frequentado por compradores, filmagens de vendas ocorridas no local, etc.



Porém, quantidade definida mesmo... só na lei portuguesa né?
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Offline Diegojaf

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #352 Online: 06 de Dezembro de 2010, 16:06:03 »

E no Brasil, outros parâmetros são usados para decidir se o cara é ou não usuário, DENTRE ELES, frequência com que é apreendido, dinheiro apreendido junto, droga encontrada embalada pronta para venda, local frequentado por compradores, filmagens de vendas ocorridas no local, etc.



Porém, quantidade definida mesmo... só na lei portuguesa né?

Bob, deixa eu tentar, pela última vez, te explicar uma coisa:

Olha isso:
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I – No entanto em sede de fundamentação o Senhor Juiz, observa que a quantidade do produto tóxico detido pelo arguido, muito embora superior à quantidade indicada na tabela anexa à Portaria nº 94/96, de 26 de Março para dez dias de dose média individual, não implica a conclusão imediata e medianamente segura que tal estupefaciente não se destina apenas ao consumo do arguido e muito menos que se destine a venda ou cedência a terceiros, devendo, de resto, acrescentar-se que considerando a concreta substância, em face das próprias regras de experiência pode dizer-se que uma quantidade detida de 9,7 gramas aponta muitíssimas vezes para uma mera detenção para consumo

http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/991774c61f029558802573fa0033015a?OpenDocument

Apesar de ter sido pego com uma quantidade superior à dos 10 dias, o juiz o considerou inocente porque os demais elementos apontavam para que ele fosse considerado um simples usuário, Ok?

Agora:

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A posse de estupefacientes em quantidade superior ao consumo médio individual durante um período superior a dez dias, para consumo do próprio arguido e de alguns amigos, integra o crime de tráfico de menor gravidade, ainda que aqueles estupefacientes tenham sido adquiridos com dinheiro em parte seu e em parte previamente dado por esses amigos.
1-No processo comum n.º 247/04 do tribunal da comarca de São Pedro do Sul, o arguido A.... foi condenado na pena de 50 dias de multa à taxa diária de €6 pela prática do crime de consumo de estupefacientes na previsão do art.º 40º do DL. n.º15/93, de 20/2.
2- O arguido recorre concluindo –
a) A sentença recorrida condenou o arguido como co-autor material dum crime de consumo de estupefacientes, p. e p. pelos artigos 26º do CP e 40/ 1 e 2 do DL 15/93 de 22 de Janeiro.

i) A sentença dá como factos provados a quantidade de 17,114 gramas de canabis que o arguido trazia consigo, adquirida com dinheiro seu e de alguns amigos; era para seu consumo próprio e para consumo daqueles amigos .

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/35800e07ddb109f28025729d004f74f1?OpenDocument

Já aqui, o rapaz, mesmo com uma quantidade menor do que a dos 10 dias, já foi condenado na lei antiga, onde foi enquadrado como crime porque o consumo não era só pra ele.

O juiz possui liberdade de decisão, seja no Brasil, seja em Portugal. Não interessa se a lei diz 10 dias e coloca ainda os demais elementos sob decisão do juiz.

EDIT: Ah sim. Ambos são recursos a decisões de primeira instância. Ambos tiveram a sentença reformada, pra reforçar a subjetividade que existe ainda que haja um limite, ele passa a ser mera "sugestão" diante da liberdade de decidir do juiz.
« Última modificação: 06 de Dezembro de 2010, 16:13:01 por Diegojaf »
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Bob Cuspe

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #353 Online: 06 de Dezembro de 2010, 16:35:45 »
Jaf... você pode postar n exemplos para discutirmos caso a caso.

Claro que não é só a quantidade que determina a decisão do juiz. O juiz vai olhar o caso como um todo.

A questão é o parâmetro - QUANTIDADE - que é definido na lei portuguesa e não é definido na lei brasileira

Abaixo da quantidade e SEM outros fatores relevantes, o cara é um paciente que vai passar por uma junta de dissuasão da toxodependencia. ISSO É DETERMINANTE PARA REDUZIR O CONSUMO.

Um exemplo claro para você entender:

Eu tenho uma grande amiga que é juiza. Para ela, um baseado pesa 5g e mais que 5g de maconha o cara é traficante. De onde ela tirou essa quantidade? Já perguntei e segundo ela é a experiencia da profissão... vou fazer oq? no caso é torcer pra não ser julgado por ela.


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Offline Diegojaf

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #354 Online: 06 de Dezembro de 2010, 17:03:09 »
Jaf... você pode postar n exemplos para discutirmos caso a caso.

Claro que não é só a quantidade que determina a decisão do juiz. O juiz vai olhar o caso como um todo.

A questão é o parâmetro - QUANTIDADE - que é definido na lei portuguesa e não é definido na lei brasileira

Abaixo da quantidade e SEM outros fatores relevantes, o cara é um paciente que vai passar por uma junta de dissuasão da toxodependencia. ISSO É DETERMINANTE PARA REDUZIR O CONSUMO.

Bob, a questão da quantidade não vale nada se a parte de "outros fatores relevantes" fica sob encargo do juiz. Simples assim. O cara continua sendo multado caso não seja dependente, assim como no Brasil o cara é multado, o que no fim das contas, não penaliza de forma alguma o cara, que pode fazer isso 50 vezes e ainda assim, não será preso. Em Portugal, assim como no Brasil, só há o fator sigilo caso o cara seja considerado "dependente" (até onde li, no art. 3º).

O cara continua saindo com um tapinha na mão, que a título de punição não é absolutamente nada, continua com um registro de processo (penal em um e civil no outro), e continua financiando o tráfico feliz alegre e serelepe. Como isso contribui com diminuição da violência.


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Um exemplo claro para você entender:

Eu tenho uma grande amiga que é juiza. Para ela, um baseado pesa 5g e mais que 5g de maconha o cara é traficante. De onde ela tirou essa quantidade? Já perguntei e segundo ela é a experiencia da profissão... vou fazer oq? no caso é torcer pra não ser julgado por ela.

Bob, eu trabalho em uma seção da polícia que faz as maiores apreensões de drogas e criminosos no Estado. Já ficamos 1 ano inteiro por conta de uma operação e alguns amigos meus já conseguiram meios de prova suficientes para condenarem traficantes sem que estes tivessem uma grama de drogas com eles no momento da prisão.

Eu já prendi traficantes com 2 pedras de crack, depois de ver filmes do cara vendendo drogas por 1 semana. A quantidade em casos de tráfico é a menor das nossas preocupações porque você tem fixo na sua cabeça que apreensões de drogas são feitas com pulos "na sorte", quando na verdade, esses são a exceção hoje em dia e qualquer guarnição em MG (inclusive no interior) conta com uma equipe que irá filmar o local da denúncia até que tenham juntado imagens suficientes para fundamentar uma ação, que necessita de fundada suspeita.

Quantos policiais você conhece pessoalmente? Quantos já lhe contaram como são realizadas as apreensões? Eu por meu lado, se puxar no sistema quantas prisões fiz em mais de 4 anos de casa, tenho no sistema mais de 200 ocorrências só com apreensão de tóxicos. Eu sei como funciona o tráfico e sei como funciona o usuário. Quando prendo o cara, eu pergunto a ele, algumas vezes por horas, cada detalhe do negócio, porque quanto mais eu souber, mais fácil fica meu trabalho.

Eu digo seguramente que você tem uma concepção completamente errada de como são tratados traficantes e usuários (que não raro nem são mais levados para a DP) e continua batendo nessa mesma tecla.

Vou tentar pela última vez, depois, posto quando o Geo der as impressões dele: Dá pra responder?

Caso você ainda não tenha entendido a minha grande dúvida existencial é: Se a criminalidade e a violência não são reduzidas com essas ações, porque deveríamos priorizar a descriminalização em favor de um grupo que sequer consegue se mobilizar decentemente pra colocar em pauta seus interesses e não programas que também poderiam reduzir o consumo e até mesmo a criminalidade em geral como conscientização e programas sociais de inclusão em sociedades mais carentes, o que dificultaria o trabalho de recrutamento do tráfico?
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Bob Cuspe

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #355 Online: 06 de Dezembro de 2010, 17:35:24 »
Jaf... você pode postar n exemplos para discutirmos caso a caso.

Claro que não é só a quantidade que determina a decisão do juiz. O juiz vai olhar o caso como um todo.

A questão é o parâmetro - QUANTIDADE - que é definido na lei portuguesa e não é definido na lei brasileira

Abaixo da quantidade e SEM outros fatores relevantes, o cara é um paciente que vai passar por uma junta de dissuasão da toxodependencia. ISSO É DETERMINANTE PARA REDUZIR O CONSUMO.

Bob, a questão da quantidade não vale nada se a parte de "outros fatores relevantes" fica sob encargo do juiz. Simples assim. O cara continua sendo multado caso não seja dependente, assim como no Brasil o cara é multado, o que no fim das contas, não penaliza de forma alguma o cara, que pode fazer isso 50 vezes e ainda assim, não será preso. Em Portugal, assim como no Brasil, só há o fator sigilo caso o cara seja considerado "dependente" (até onde li, no art. 3º).

O cara continua saindo com um tapinha na mão, que a título de punição não é absolutamente nada, continua com um registro de processo (penal em um e civil no outro), e continua financiando o tráfico feliz alegre e serelepe. Como isso contribui com diminuição da violência.


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Um exemplo claro para você entender:

Eu tenho uma grande amiga que é juiza. Para ela, um baseado pesa 5g e mais que 5g de maconha o cara é traficante. De onde ela tirou essa quantidade? Já perguntei e segundo ela é a experiencia da profissão... vou fazer oq? no caso é torcer pra não ser julgado por ela.

Bob, eu trabalho em uma seção da polícia que faz as maiores apreensões de drogas e criminosos no Estado. Já ficamos 1 ano inteiro por conta de uma operação e alguns amigos meus já conseguiram meios de prova suficientes para condenarem traficantes sem que estes tivessem uma grama de drogas com eles no momento da prisão.

Eu já prendi traficantes com 2 pedras de crack, depois de ver filmes do cara vendendo drogas por 1 semana. A quantidade em casos de tráfico é a menor das nossas preocupações porque você tem fixo na sua cabeça que apreensões de drogas são feitas com pulos "na sorte", quando na verdade, esses são a exceção hoje em dia e qualquer guarnição em MG (inclusive no interior) conta com uma equipe que irá filmar o local da denúncia até que tenham juntado imagens suficientes para fundamentar uma ação, que necessita de fundada suspeita.

Quantos policiais você conhece pessoalmente? Quantos já lhe contaram como são realizadas as apreensões? Eu por meu lado, se puxar no sistema quantas prisões fiz em mais de 4 anos de casa, tenho no sistema mais de 200 ocorrências só com apreensão de tóxicos. Eu sei como funciona o tráfico e sei como funciona o usuário. Quando prendo o cara, eu pergunto a ele, algumas vezes por horas, cada detalhe do negócio, porque quanto mais eu souber, mais fácil fica meu trabalho.

Eu digo seguramente que você tem uma concepção completamente errada de como são tratados traficantes e usuários (que não raro nem são mais levados para a DP) e continua batendo nessa mesma tecla.

Vou tentar pela última vez, depois, posto quando o Geo der as impressões dele: Dá pra responder?

Caso você ainda não tenha entendido a minha grande dúvida existencial é: Se a criminalidade e a violência não são reduzidas com essas ações, porque deveríamos priorizar a descriminalização em favor de um grupo que sequer consegue se mobilizar decentemente pra colocar em pauta seus interesses e não programas que também poderiam reduzir o consumo e até mesmo a criminalidade em geral como conscientização e programas sociais de inclusão em sociedades mais carentes, o que dificultaria o trabalho de recrutamento do tráfico?

Jaf, a questão da quantidade serve para casos do tipo:

Abordar um individuo portando certa quantidade e sem outros fatores relevantes (filmes e o escambal). Enfim, a quantidade definida facilita seu trabalho. Não havendo suspeita, somente a apreenção de certa quantidade que caracteriza consumo. O cara não é criminoso, é um paciente. Fim de caso.

Ou você acha que todos os casos devem ser investigados como crime?

Conheço e admiro o trabalho da policia. Tenho amigos policiais sim, e conheço até policiais usuários.

Oras, se você está investigando a vida de um individuo violento, traficante, etc... não vai ser a quantidade de drogas do momento da prisão que vai livrar  a vida do cara. Afinal, segundo seu bom serviço, ele é traficante e violento. Fim de papo. Não defendo esses caras não. Quero que traficante que usa arma e subjulga a população vá pra cadeia.

E outra. Nem de perto defendo o a lei portuguesa como a mais perfeita. É melhor que a lei brasileira SIM, porém longe do ideal que AMBOS queremos - O fim do financiamento do tráfico e  a redução do poder financeiro desses indivíduos violentos. Isso só com uma legalização total.
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Offline Bob Cuspe

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #356 Online: 06 de Dezembro de 2010, 22:13:12 »
Caso você ainda não tenha entendido a minha grande dúvida existencial é: Se a criminalidade e a violência não são reduzidas com essas ações, porque deveríamos priorizar a descriminalização em favor de um grupo que sequer consegue se mobilizar decentemente pra colocar em pauta seus interesses e não programas que também poderiam reduzir o consumo e até mesmo a criminalidade em geral como conscientização e e programas sociais de inclusão em sociedades mais carentes, o que dificultaria o trabalho de recrutamento do tráfico?

agora em casa e com um pouco mais de paciencia...rsrs

Vamos lá... fatiando o salame...
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Se a criminalidade e a violência não são reduzidas com essas ações
As ações oferecidas são:

A atual  Proibição (Ou apenas a despenalização do usuário) - a criminalidade e a violência está como está

A Descriminalização (com politicas de redução de danos)- Reduz o consumo, mas não tem efeito direto com a redução da violencia e criminalidade pois mantém o financiamento. Estatisticas vide os anexos que postei sobre Portugal.

A Legalização (com politicas de reduçaõ de danos) - Reduz o consumo e cria vias não violentas de comércio. Reduz o poder aquisitivo do individuo violento, ele não compra o fuzil, enquanto a policia que não persegue mais os usuários e talvez subsidiada pelos impostos do mercado legalizado, se torna mais eficiente reduzindo a violência. Não existe em lugar nenhum mas a lógica é essa.

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um grupo que sequer consegue se mobilizar decentemente pra colocar em pauta seus interesses

Consegue sim, é que você é mal informado. O lobby fora do Brasil tem um poder aquisitivo fudido. Muita gente bonada como o tio George Soros, investem nesses lobbys. Procura por Norml na internet q vc vai ler muita coisa. Alias, acaba de chegar no Brasil (NormlBrasil) e a meta é legalizar até 2016 (Segundo o Dr. Jucelino da Luz...rs)

E não adianta achar que a legalização vai começar no suburbio do Rio... ela vai acontecer numa hipotética reunião do UNODC, pautados por artigos científicos, laicos e apoliticos.

Procura por exemplo por Cannabis Policy... é considerado o estado da arte em pesquisa sobre maconha.

Pra terminar essa fatia, lembro você que a politica proibicionista impede que se realize uma simples marcha que tem como unico intuito debater esses assuntos.

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e não programas que também poderiam reduzir o consumo e até mesmo a criminalidade em geral como conscientização e programas sociais de inclusão em sociedades mais carentes, o que dificultaria o trabalho de recrutamento do tráfico?

Concordo plenamente com esse trecho Jaf... só que você esquece que enquanto a politica for demonizar as drogas e ferrar o usuário, as politicas de redução de danos nunca serão implementadas. Como você quer que a maconha não chegue na mão de uma criança sendo que ela é vendida por um individuo inescrupuloso de forma desregulamentada?


Agora, por que não pode fazer os dois?

Legalizar e criar politicas sociais e de redução de danos par que a fonte de individuos violentos seque?


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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #357 Online: 06 de Dezembro de 2010, 23:16:26 »
Vi um trecho do CQC agora onde o Paulo Coelho, que faz parte de uma espécie de conselho sobre os problemas das drogas (grupo que inclui o FHC e outros ex-presidentes latino-americanos), mencionou brevemente sobre coisas no sentido de descriminalização terem dado bem certo até com drogas pesadas em países como a Suíça, ou talvez Suécia.

Offline Bob Cuspe

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #358 Online: 06 de Dezembro de 2010, 23:47:09 »
Vixe...a Suécia é tolerância zero! E lá funciona!

Suiça pelo que olhei agora na net, ainda está debatendo a legalização...

Na Europa, Portugal é o melhor exemplo de pais que descriminalizou o consumo e deu certo.
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Offline Moro

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #359 Online: 07 de Dezembro de 2010, 00:19:00 »
Filhos da P. de que maneira?
O que afinal vocês estão discutindo quanto a isso?


"FDP" não é diretamente a questão, isso é só uma carapuça que pode servir a alguém que se veja colaborando financeiramente com gangues violentas.


E é algo feio, fazer as pessoas se sentirem FDPs dessa forma, então devemos fazer de conta que não existe, pois fazemos coisas iguais o tempo todo, não importa o que façamos. Uma lei cármica garante uma equivalência entre as conseqüências das ações de todos, de forma que, contanto que não compremos outras coisas além de drogas das gangues, nem pratiquemos outros crimes nós mesmos, as ações de qualquer pessoa são iguais em suas conseqüências e ninguém precisa se preocupar com nada que faça. Ou no mínimo, o que vale é a intenção, ao menos quando o que se compra são drogas.
lei cármica é a que talha em pedra que tudo o mais é justificável exceto o consumo de uma substancia que o buck não gosta.
Interessante que existe um comportamento ciclotimico em sua argumentação, no sentido de entender que pular carnaval é financiar uma gangue violenta, que dirigir carros possantes possa aquecer o globo, mas nada disso importa mesmo que você concorde com tudo, porque ao final, bem, não é maconha.
Se você não ve que argumentos caricatos como " se pao frances fosse ilegal e alguem o comer sera um fdp" são um claro desvio argumentativo e que, ao final de 300 posts você rconhece que quem sabe não seria tão produtivo a classificação de alguém, e depois, insiste em negar suas próprias conclusôes e insistir em bater na mesma tecla, não há muito o que fazer a nào ser continuar argumentando de formas distintas para ver se você cocorda com a conclusão obvia das premissas que voce ja aceitou.
O impacto não é o mesmo já disse cem vezes, mas você ignora que financiar alguma escravidão indiretamente pode ser pior, e de fato creio que sistemicamente é, ser responsável por alguma violência, já que comomdisse há porrilhoes de outros fatores que geram a violencia no brasil.

Além disso, nessa crítica está implícita a assunção de que a pessoa teria o dever moral do sacrifício de abdicar da droga. Mas pense, quem de nós abdicaria de carne, de andar de carro, ou de um filho vivo?

É exigir demais das pessoas que abdiquem da droga ou desses meios que contribuem "indiretamente" com o tráfico (o mesmo não vale para qualquer outra coisa que se comprasse da mesma gangue).

Ja foi explicado uma dezena de vezes. Não irão abdicar, não é natiral que o façam, até porque usuários também tem alguma capacidade mental e sabem que não é culpa deles a situação da violência que você insiste em colocar na conta do tráfico. Da mesma maneira que sei que não é minha culpa a escravidão na china, ou donaquecimento global. Ou ao contrário, é tudo nossa culpa e que seja então. Não é razoável esperar que a atitude de milhoes de pessoas seja difernte do que é.

E, para todos os fins, seria melhor fingir que isso não é realidade, da mesma forma que todos fingimos que não fazemos algo igual, tão terrível/inócuo quando comemos carne, ou andamos de carro, ou mascamos chiclete. Que degole o próprio filho quem pensar o contrário e não quiser ser hipócrita.


O espantalho do filho não tem sentido, e quem quer fingir que a realidade é distinta da que é é você. Esqueceu de financiar gangues violentas no carnaval, guerra na africa, escravidao na china, e mais um monte de pecados que a fazemos
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #360 Online: 07 de Dezembro de 2010, 08:33:11 »
E quem não concorda com Agnostico é religioso, hipocrita, e (essa é nova) tem capacidade mental menor que a de um surfista maconheiro.
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Offline _tiago

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #361 Online: 07 de Dezembro de 2010, 10:12:14 »
Ou seja, Agnóstico e Buck, essa discussão de vocês é sobre a responsabilidade moral do usuário na violência gerada no tráfico de drogas? E se por isso ele deve ser acusado à mesma maneira ou não de um traficante?

Offline Geotecton

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #362 Online: 07 de Dezembro de 2010, 11:12:46 »
E quem não concorda com Agnostico é religioso, hipocrita, e (essa é nova) tem capacidade mental menor que a de um surfista maconheiro.

Li, em algum jornal, que o QI do Kevin Slater é 180. E já fumou "baseadinho". :biglol:
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Offline Titoff

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #363 Online: 07 de Dezembro de 2010, 14:15:45 »
E quem não concorda com Agnostico é religioso, hipocrita, e (essa é nova) tem capacidade mental menor que a de um surfista maconheiro.

Li, em algum jornal, que o QI do Kevin Slater é 180. E já fumou "baseadinho". :biglol:

hehehe isso não define a pessoa, obviamente.

Kary Mullis, por exemplo, ganhou Nobel por ter inventado o PCR, técnica considerada uma das mais relevantes para a ciência no ultimo século, e tbm queimava/queima um (além de outras cositas más).

Quando eu tiver com tempo melhor repasso uns pontos deste tópico.:-D

Offline Moro

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #364 Online: 07 de Dezembro de 2010, 21:45:38 »
Existe qi de 180??

Mabumbo essa discussão é para de um lado provar que o maconheiro é um fdp que deve ser punido como o traficante e do outro quem ve na atitude de quem fuma um desvio como tantos outros e um comportamento não mais do que esperado.
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Offline Bob Cuspe

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #365 Online: 07 de Dezembro de 2010, 22:37:37 »
Meu pai tá ficando bravo com essa história de vcs chamarem a mulher dele de puta...

8-)
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Offline Moro

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #366 Online: 07 de Dezembro de 2010, 22:45:34 »
você é um canalha.. e outros XX milhões de pessoas. Assim como todos nós... Vamos nos prender a nós mesmos..
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Offline Geotecton

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #367 Online: 08 de Dezembro de 2010, 00:04:18 »
Existe qi de 180??

Não sei.

Mesmo porque não dou a menor importância para isto.


Mabumbo essa discussão é para de um lado provar que o maconheiro é um fdp que deve ser punido como o traficante e do outro quem ve na atitude de quem fuma um desvio como tantos outros e um comportamento não mais do que esperado.

Não acho que ele (maconheiro) seja um FDP.

No entanto não há como negar que o tráfico é controlado principalmente por grupos violentos e criminosos e, infelizmente, quando o usuário compra o produto ele ajuda estes grupos.

Este é um dos motivos pelo qual eu sou a favor da legalização e regulamentação do comércio deste produto, incluindo a parte fiscal.
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Offline Moro

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #368 Online: 08 de Dezembro de 2010, 08:04:00 »
100% de acordo
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Offline _tiago

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #369 Online: 09 de Dezembro de 2010, 10:07:09 »
Ou seja, Agnóstico e Buck, essa discussão de vocês é sobre a responsabilidade moral do usuário na violência gerada no tráfico de drogas? E se por isso ele deve ser acusado à mesma maneira ou não de um traficante?

Então a resposta é sim?

Mabumbo essa discussão é para de um lado provar que o maconheiro é um fdp que deve ser punido como o traficante e do outro quem ve na atitude de quem fuma um desvio como tantos outros e um comportamento não mais do que esperado.


Offline Bob Cuspe

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #370 Online: 13 de Dezembro de 2010, 00:07:56 »
Caso você ainda não tenha entendido a minha grande dúvida existencial é: Se a criminalidade e a violência não são reduzidas com essas ações, porque deveríamos priorizar a descriminalização em favor de um grupo que sequer consegue se mobilizar decentemente pra colocar em pauta seus interesses e não programas que também poderiam reduzir o consumo e até mesmo a criminalidade em geral como conscientização e e programas sociais de inclusão em sociedades mais carentes, o que dificultaria o trabalho de recrutamento do tráfico?

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Ainda a guerra sem fim
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101212/not_imp652665,0.php

12 de dezembro de 2010

João Ubaldo Ribeiro - O Estado de S.Paulo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Ubaldo_Ribeiro

Na semana passada, quando falei nos participantes do mercado de drogas, houve quem observasse que quase deixei de lado o consumidor, tido corretamente como o principal elemento, pois sem ele não haveria nem produção nem comércio. É ele a razão de ser do mercado. Ou seja, acabar com a demanda acabaria com a oferta. Certo, certíssimo, mas quem acaba com a demanda? Esse tipo de conversa termina parecendo, para algumas pessoas, que é uma defesa do consumo, mas não é. É uma constatação, tão despida de valores quanto possível. Não digo nem, o que é verdade sob outros ângulos, que sou contra o consumo. Aqui, agora, pretendo somente vê-lo.

Alguns argumentos sobre o consumidor muitas vezes parecem querer enxergar nele a possibilidade de, mediante um ato de "força de vontade", abandonar o hábito, ou vício. Mas o consumidor de drogas crônico não é capaz de decisões tão racionais. Quase todos os fumantes de cigarro concordam plenamente com os argumentos que ouvem e leem sobre seu vício. E, enquanto escutam as ajuizadas e comprovadas razões dos antitabagistas, acendem, mortos de culpa, um novo cigarro. Os bebedores inveterados também concordam que o álcool danifica o cérebro e o sistema nervoso, arrasa o fígado e causa uma série de outros males - e erguem um brinde a isso.

Que as drogas são maléficas para a saúde todo mundo sabe. Algumas, como o crack, são devastadoras e seu uso contínuo leva invariavelmente à morte. Quem fuma crack, pelo menos o adulto, já ouviu dizer, o que é fato, que ele vicia na primeira tragada. No entanto, a perspectiva da morte morrida ou da morte matada não demove o usuário, nem aqui nem na China, onde fazem julgamentos rápidos e executam traficantes publicamente, dando-lhes um tiro de grosso calibre na nuca, que lhes esfarela o crânio. Em parte da humanidade, talvez não tão pequena quanto se possa pensar, é uma vocação insopitável arruinar a saúde ou a vida, seja pelo álcool, pelo fumo, pelo excesso de psicotrópicos ou anfetaminas, pela maconha, pela cocaína ou por outra droga.

Alguém pode estar pensando que eu agrupei, na pequena lista acima, drogas que não podem ser classificadas da mesma forma. É uma grande verdade, embora haja semelhanças que a gente às vezes não lembra. Arrisco a hipótese de que, em determinados usuários, as alterações de comportamento provocadas pelo excesso de álcool são semelhantes ou até praticamente iguais, às da cocaína, exceto o torpor que acaba sobrevindo ao alcoolista, nos estágios finais da carraspana. Aliás, a combinação dessas duas drogas é comum, no que o usuário talvez pretenda unir o que para ele é o melhor de dois mundos.

Mas as drogas são diferentes entre si, como, por exemplo, a maconha e a cocaína. Não que a primeira seja inofensiva, como é comum ouvir-se. Nenhuma droga é inofensiva e existem estudos que provam os efeitos deletérios de seu abuso na memória, na motivação, nos mecanismos psicomotores, na vida sexual, etc. E os que dizem que fumá-la não causa danos ao aparelho respiratório se esquecem de que isso se deve a que a maioria dos que a fumam, ao contrário dos fumantes de tabaco, só o faz poucas vezes por dia. Inalar fumaça nunca fez bem a ninguém e a maconha tem tantos "alcatrões" quanto o tabaco. Mas enfiá-la no mesmo saco que a cocaína e fazê-la objeto do mesmo combate é como dar o mesmo remédio para doenças diferentes, agravando uma delas. O tráfico de drogas perderia muito poder com uma possível e, para mim acertada, legalização regulada e fiscalizada da maconha. E os impostos sobre ela poderiam ser maiores que os incidentes sobre álcool e tabaco, assim como os enormes recursos hoje empregados para combater seu tráfico seriam poupados, ou empregados de forma bem mais compensadora.

Alega-se que a circunstância de o álcool, o tabaco e as drogas de farmácia serem legalizados não significa que precisamos de outra droga legalizada. Também verdade, não precisamos, mas ela é uma realidade inelutável. Não se trata de reconhecer uma necessidade, trata-se de enfrentar um problema da maneira mais eficaz. A maconha está aí e não vai embora. Se se deseja combatê-la, deve-se pensar no mesmo tipo de combate que se faz ao álcool e ao tabaco, talvez submetendo-a a restrições ainda maiores que as dos dois, mas não a empurrando para o tráfico. O que se faz hoje é gastar somas cada vez mais vultosas com algo que podia custar muitíssimo menos, em dinheiro e mesmo vidas, e ser pelo menos razoavelmente bem administrado.

A cocaína também não vai embora. Quem acha que o combate à cocaína será um dia vencido, com a (inviabilíssima) erradicação das plantações de coca ou com preços excessivamente altos, causados pela repressão, não leva em conta que se trata de um composto químico sintetizado há muitos anos. O laboratório precisa ser bem equipado, mas um químico bom de sintetização ou sabe ou pode espiar na internet como é que se produz cocaína. Assim que o preço começasse a compensar, é óbvio que surgiriam profissionais e capitais interessados, pois sempre há interessados em fornecer o que é bem pago.

Mas cocaína, droga pesada capaz até de matar mais ou menos instantaneamente, não é de fato maconha e sua legalização resultaria bastante complicada. Contudo, não deixa de ser caso a pensar a possibilidade de que, através de um planejamento complexo, envolvendo receitas médicas controladas, farmácias habilitadas, monitoração por uma base de dados informatizada e outras salvaguardas, ela venha a ser comerciada e consumida legalmente, como já foi. Claro, logo apareceriam compradores de receitas e médicos inescrupulosos que as venderiam. Certamente, e até mais que isso, mas aí é a mesma coisa que em relação ao consumo de drogas: não tem jeito, o ser humano não falha.

« Última modificação: 13 de Dezembro de 2010, 00:11:23 por Bob Cuspe »
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Offline Moro

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #371 Online: 13 de Dezembro de 2010, 00:26:37 »
Ou seja, Agnóstico e Buck, essa discussão de vocês é sobre a responsabilidade moral do usuário na violência gerada no tráfico de drogas? E se por isso ele deve ser acusado à mesma maneira ou não de um traficante?

Então a resposta é sim?

Mabumbo essa discussão é para de um lado provar que o maconheiro é um fdp que deve ser punido como o traficante e do outro quem ve na atitude de quem fuma um desvio como tantos outros e um comportamento não mais do que esperado.



Sim, se você acrescentar um montão de outros desvios na classificação de FDP, o que deve incluir nessa rubrica uns 90% da população mundial; e não se você analisar a coisa sobre uma ótica de mundo real.
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Offline Titoff

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #372 Online: 11 de Janeiro de 2011, 10:54:38 »
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Ministro da Justiça apoia discussão sobre descriminalização do uso de drogas

BRASÍLIA - O novo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é a favor de que haja uma discussão pública sobre a descriminalização do uso de drogas. Para ele, o assunto "precisa ser colocado para a sociedade". O ministro fez a declaração na manhã desta terça-feira durante a gravação do programa 3 a 1, da TV Brasil, que vai ao ar às 22h desta quarta-feira.

Cardozo não antecipou sua opinião, se contra ou a favor da descriminalização, mas ponderou que "posições muito vanguardistas são desastrosas". Após o programa, o ministro disse à Agência Brasil que a discussão pode evoluir para uma consulta, por meio de plebiscito ou de referendo. Com a posse de Dilma Rousseff, a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) foi transferida para o Ministério da Justiça.

O ministro também é mais um a fazer coro a favor de reformas na legislação processual. Ele defendeu, durante a gravação do programa, a redução da possibilidade de recursos e que a tramitação de papéis seja totalmente informatizada e que o acesso à Justiça seja mais barato e democrático.

Além de mudança na lei, Cardozo avalia que o problema é "do sistema", "de cultura" e "não dos juízes". Ele informou que pretende mudar o nome da Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça para "Secretaria do Judiciário" ou "Secretaria de Assuntos Judiciários".

O ministro da Justiça ainda se posicionou a favor do Projeto de Lei nº 7.376/2010, que cria a Comissão Nacional da Verdade para apurar crimes contra os direitos humanos (sequestro, tortura, estupro e assassinato) praticados por militares e policiais durante a ditadura militar (1954-1985)

O projeto de lei é uma herança do governo Lula e aguarda tramitação na Câmara dos Deputados desde maio de 2010. A proposta provocou uma indisposição entre as pastas de Defesa e de Direitos Humanos no governo passado.

- Reparação da verdade é fundamental - disse, ao apontar que se houver divergência interna no governo quem decide é a presidenta Dilma Rousseff.

Na opinião de Cardozo, a condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos , ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA) - por causa da violação de direitos fundamentais de 62 pessoas desaparecidas durante a Guerrilha do Araguaia (ocorrida no início dos anos 1970) e por não prestar esclarecimentos aos parentes sobre o paradeiro dos corpos dessas pessoas -, poderá fazer com que seja revista a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou os crimes perdoados pela Lei de Anistia de 1979.

- Como isso vai se desdobrar não cabe a mim antecipar - afirmou, com cautela, ao ressaltar que a sua opinião era uma "interpretação jurídica" e não um questionamento de decisão do STF.

Ainda sobre a ditadura militar, o ministro se posicionou favoravelmente ao "acesso garantido, conforme a lei" aos arquivos sobre o período.

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/01/05/ministro-da-justica-apoia-discussao-sobre-descriminalizacao-do-uso-de-drogas-923429601.asp

Offline Titoff

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #373 Online: 11 de Janeiro de 2011, 10:56:06 »
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Drogas: Novo secretário defende fim da prisão para pequenos traficantes

BRASÍLIA - O novo secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Pedro Abramovay, defendeu nesta segunda-feira a aprovação do projeto que prevê o fim da prisão para pequenos traficantes, que atuam no varejo apenas para sustentar o próprio vício. São pessoas que, segundo a definição do secretário, estariam numa situação intermediária entre o usuário e o traficante ligado ao crime organizado. A atual lei está abarrotando os já superlotados presídios brasileiros: dos 70 mil presos nos últimos quatro anos, 40 mil são pequenos traficantes. Abramovay vê com simpatia também a experiência de Portugal que, há dez anos, liberou o consumo de pequenas quantidades de droga. Mas entende que o assunto tem de ser discutido exaustivamente com a sociedade. Ex-secretário nacional de Justiça e de Assuntos Legislativos, o advogado de apenas 30 anos assume o comando da Senad, que o governo Dilma Rousseff levou do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência para o Ministério da Justiça.

Confira parte da entrevista concedida ao GLOBO:

O governo já tem uma ideia da gravidade do avanço do crack? O que vai ser feito?

PEDRO ABRAMOVAY: Para ter essa ideia completa, é preciso que fique pronto o diagnóstico que o governo contratou. Vai ser o primeiro grande diagnóstico feito pela Fundação Oswaldo Cruz sobre o tema. Fica pronto mês que vem. Vai permitir que a gente possa ter foco na política pública. O crack, muitas vezes, é localizado em regiões, caso da Cracolândia, em São Paulo. Temos de fazer com que se direcionem as políticas para aquelas regiões. Capacitar com mais intensidade os agentes públicos daqueles lugares a lidar com o crack. É possível de ser enfrentado.

Hoje, o combate ao tráfico é uma atribuição das polícias. O que a Senad tem a oferecer?

ABRAMOVAY: A construção de uma política nacional de enfrentamento ao tráfico de drogas, e a vinda para o Ministério da Justiça facilita muito. Hoje, temos as polícias das 27 unidades da Federação trabalhando de modo pouco articulado. A gente precisa estabelecer padronização de procedimento, buscas de novas tecnologias, integração das informações. O governo pretende financiar novas tecnologias, criar uma política única e integrada. A ideia que o ministro vai propor aos governadores é que a gente possa ter um Gabinete de Gestão Integrada para o combate ao tráfico de drogas, onde você vai ter as polícias Militar, Civil, Federal se reunindo periodicamente e estabelecendo estratégias com compartilhamento de informações.

Mas o senhor é a favor da liberação do consumo da maconha?

ABRAMOVAY: Não dá para você ter uma solução num só país para o tema. O ministro (da Justiça, José Eduardo Cardozo) defendeu uma discussão livre de preconceito. Primeiro, a gente tem compromissos internacionais sobre esse tema. Se o mundo inteiro proíbe, a gente vai produzir drogas, ter latifúndios de produção de droga para abastecer o crime organizado do mundo inteiro? Não é solução. Também não dá para manter a política atual de, em quatro anos, ter um aumento de 40 mil pessoas na cadeia, pessoas que não deveriam estar lá. Entre uma coisa e outra, entre a guerra contra as drogas e a legalização, há enorme variedade (de opções). Agora é o momento de ouvir a sociedade. Estamos abertos a todas as propostas. Vamos chamar uma discussão pública sobre isso.

Essa experiência da descriminalização poderia ser tentada no Brasil?

ABRAMOVAY: Portugal é um país muito menor que o Brasil. Não sei se dá para fazer daquele jeito, mas a gente tem que conhecer. O primeiro passo é frear esse processo de explosão carcerária irracional.

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/01/10/drogas-novo-secretario-defende-fim-da-prisao-para-pequenos-traficantes-923470171.asp

Offline _tiago

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Re: Tráfico: 5 ministros do STF são a favor de pena alternativa
« Resposta #374 Online: 11 de Janeiro de 2011, 11:22:46 »
Eu acho que uma medida dessas, isolada, serve só pra...? Vixe, nao serve pra nada!

 

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