Duas idéias...
1. Por enquanto tem polícia pra carai no lugar. Segurança total. Mas e quando saírem?
2. Talvez os traficantes percebam que não é necessário um aparato de guerra pra traficar. Se eles pulverizarem o negócio e forem um tanto mais discretos, talvez o negócio persista.
Polícia estima ter apreendido 40 t de maconha e detido 20 neste domingo
Esses 500 carinhas foram pra algum lugar, talvez voltem.
Acho mais provável que eles permaneçam disseminados, que outros pólos de trafico se fortaleçam assim como aliás já ocorreu algumas vezes no passado: quando eu era pequeno, bem criança mesmo, as grandes bases do tráfico carioca eram Acari e Juramento, que tiveram provavelmente os dois traficantes mais famosos dos anos 80 (Cy e Escadinha). Hoje são favelas ainda com tráfico mas sem a mesma importância bélica.
Se operações como esta (não as que sempre se fez: de tiros a esmo, porrada na cara e retirada do arrego no fim de tudo; mas estas, sufocantes, precisas, pontuais e planejadas) forem feitas com uma curta periodicidade em pontos diversos; tipo: hoje no Alemão, daqui a 15 dias na Vila Vintém, mais 20 dias e outra na Rocinha ao mesmo tempo em que uma menor estanca um movimento inicial de ocupação criminosa num bairro que ainda não tivesse controlado por nenhuma quadrilha... Aí sim, acredito que com o passar do tempo, após tantas baixas sucessivas de maconha e cocaína e armas as facções perdessem força.
Se ficar só nesta agora e outra sabe lá deus quando não vai resolver muita coisa: bom, o rapaz lá do Rio Grande disse na coletiva que novas operações serão desencadeadas, citou Vidigal e Rocinha como exemplos (ambas na Zona Sul, uma no Leblon e outra em São Conrado).
Espero que ele lembre de outras regiões da Zona Oeste e Zona Norte: de todas as favelas pacíficadas desde o começo do governo apenas duas são de fato suburbanas (o próprio Alemão e o Batan que foi pacificada após um episódio em que jornalistas foram sequestrados e torturados pelos milicianos): todas as outras foram na Zona Sul ou na Zona Norte mais bem apessoada...
Estas toneladas nos surpreendem mas não acho que seja ainda um golpe tão importante: se no Alemão tinha 40ton imaginem quantas outras têm na Mangueira, no Juramento, no Vidigal, na Vintém, na Pedreira, no Jorge Turco, no Faz Quem Quer, na Serrinha, no São José, no Village, no Coroado, no Dique (ou Dick? sei lá), no Rato Molhado, no Fubá, no Parapedro, na Cidade Alta, no Amarelinho de Irajá... o máximo que pode acontecer neste momento é de a cesta básica de quem acha que não tem nada demais negociar com a máfia inflacionar um pouco, mas se não forem feitas novas e sucessivas tomadas eles tiram o preju rapidinho, com a margem de lucro que têm e quase 100% livre de taxas (exceto pelo arrego)...