Autor Tópico: Semana atípica no Rio de Janeiro  (Lida 36891 vezes)

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Offline Unknown

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #325 Online: 07 de Dezembro de 2010, 19:06:53 »
Policial acusado de abrigar traficante é indiciado no RJ

Um cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro foi indiciado hoje por abrigar o traficante do Complexo do Alemão

Um cabo da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro foi indiciado na tarde desta segunda-feira (7) por abrigar o traficante Edson Ventapane da Silva, vulgo Mãozinha, suspeito de participar de uma quadrilha de roubo de cargas e veículos. Mãozinha foi preso na tarde de ontem na zona norte da cidade.

Segundo o coronel da PM Lima Castro, o suspeito foi detido dentro da casa da mãe do policial, que trabalha no gabinete do Comando Geral da corporação. O policial teria dito em depoimento que Mãozinha seria seu primo.

Mãozinha e o irmão, Emerson, o Mão, preso na semana passada, atuavam no Complexo do Alemão. Mão já foi transferido para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Catanduvas.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/policial+acusado+de+abrigar+traficante+e+indiciado+no+rj/n1237853573514.html

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Offline Titoff

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #326 Online: 07 de Dezembro de 2010, 20:59:41 »
É, unknown, pior que tem várias denuncias deste tipo, o que infelizmente não surpreende ninguém (surpreenderia se não houvesse).

Algo que me chamou atenção:


Local onde embalavam os papelotes de brizola. Fica comprovado pela decoração que eram pessoas de deus, com jesus no coração.

Offline HeadLikeAHole

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #327 Online: 07 de Dezembro de 2010, 21:36:16 »
Mostre isso pro Datena.

Offline Luiz F.

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #328 Online: 07 de Dezembro de 2010, 21:40:25 »
Mostre isso pro Datena.

hehehe... Ia ser um tapa na cara daquele idiota.
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Albert Einstein

Offline SnowRaptor

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #329 Online: 08 de Dezembro de 2010, 00:56:10 »
Ele ia dizer que era crente da boca pra fora e que na veradde, no coração mesmo do cara, não tinha deus.

EDIT: Ou seja, a  falácia do escocês de verdade.
« Última modificação: 08 de Dezembro de 2010, 01:09:32 por SnowRaptor »
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

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Offline Nohai

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #330 Online: 08 de Dezembro de 2010, 01:49:13 »
É, unknown, pior que tem várias denuncias deste tipo, o que infelizmente não surpreende ninguém (surpreenderia se não houvesse).

Algo que me chamou atenção:


Local onde embalavam os papelotes de brizola. Fica comprovado pela decoração que eram pessoas de deus, com jesus no coração.

 |(

De cocaína, Titoff, de cocaína, não use o nome do velho em vão.
Era uma vez um pintinho chamado Relam, toda vez que chovia Relam piava.

Offline Südenbauer

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #331 Online: 09 de Dezembro de 2010, 21:37:05 »
Assisti agora a pouco o documentário "Notícias de uma Guerra Particular" (1999), dirigido por João Moreira Saller. Ele mostra a guerra entre polícia e os traficantes no RIO, assim como depoimentos de moradores da favela, traficantes, fogueteiros e do capitão Pimental que escreveu o livro Tropa de Elite.

É interessante observar a forma como os moradores vêem a polícia e os traficantes e o que se viu no RIO agora. Infelizmente, o próprio documentário cai no discurso de que polícia entra no morro só para matar e prender a esmo e que os traficantes são uma forma paralela de governo na favela, e o documentário tenta "justificar um pouco isso. Mas não deixa de ser bem interessante, como o relato de um rapaz que diz que o primeiro serviço foi aos 11 anos e que consistiu em colocar um "X9" dentro de pneus e queimá-lo!

Parte 1: Parte 2: Parte 3: Parte 4: Parte 5: Parte 6: Parte 7:

Offline Unknown

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #332 Online: 28 de Dezembro de 2010, 01:46:11 »
Preso aliado de chefe do tráfico da Vila Cruzeiro, no Rio

Polícia Militar detém suposto traficante conhecido como "Gordinho", que seria homem de confiança de FB

A Polícia Militar prendeu na tarde de domingo o traficante Daniel dos Santos Souza, conhecido como Gordinho, que seria um dos homens de confiança do traficante Fabiano Atanazio da Silva, o FB, apontado como o chefe do tráfico da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro.

Segundo a Polícia Militar, o suposto traficante, um dos foragidos do conjunto de favelas do Alemão, na zona norte do Rio, foi preso após denúncia anônima da favela do Ficap, no Jardim América, subúrbio do Rio.

Com ele foram apreendidos 308 sacolés de cocaína, 309 pedras de crack, 267 trouxinhas de maconha e um rádio transmissor, que estavam em uma mochila. A ocorrência foi registrada no 22º Distrito Policial.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/preso+aliado+de+chefe+do+trafico+da+vila+cruzeiro+no+rio/n1237897639615.html

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Offline Titoff

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #333 Online: 28 de Dezembro de 2010, 07:59:36 »
Sumiram meus posts e relacionados. Deve ter sido aquele problema no servidor (ou algo parecido) há pouco tempo.

Lá vai de novo.:-D

De cocaína, Titoff, de cocaína, não use o nome do velho em vão.

Não entendi. Ofendi a cocaína?

Falando sério, houve entrevista no Roda Viva da TV Cultura com Luiz Eduardo Soares (foi secretário de segurança publica e um dos autores do elite da tropa, que inspirou o filme tropa de elite) que achei muito boa.

http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/1232

São 4 blocos! Abaixo do video tem o link para os outros nas telinhas.

Offline Erictex

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #334 Online: 05 de Janeiro de 2011, 23:09:08 »



O que eu discordo dele e da maioria dos meus amigos mais à esquerda do que eu, é que as UPPs não estão parando só na ocupação policial! Ainda agorinha ouvi na CBN o comentário de um executivo da FIRJAN, que está implantando projetos de capacitação em várias das comunicades ocupadas. É isso, só isso: a polícia tem que abrir a frente, o Estado e a Sociedade Civil precisam ocupar os espaços que eram do crime e a população pode ser reintegrada à vida normal.


Concordo com nosso amigo Uiliníli.

Trabalho na FIRJAN, e digo para vocês que o que se fala nem sempre é a verdade.
Quando eu souber de mais informações sobre esse caso  que o executivo falou posto aqui para vocês.

A informação é verdadeira, a FIRJAN esta mesmo implementando educação profissional e básica nas comunidades pacificadas.
Inclusive na Cidade de Deus tem uma unidade rodando cursos a todo vapor.


"A ciência é, portanto, uma perversão de si mesma, a menos que tenha como fim último, melhorar a humanidade"

Nikola Tesla

Offline Titoff

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #335 Online: 11 de Janeiro de 2011, 11:22:27 »
Citar
A crise no Rio e o pastiche midiático

Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.

Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:

(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.

(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?

(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?

Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:

(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?

Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?

Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.

A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.

(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?

Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.

Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.

Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.

Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.

(c) O Exército deveria participar?

Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.

E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.

(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?

Claro. Mais uma vez.

(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?

Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.

Palavras Finais
Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.

O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.

Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?

As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.

E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.

O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.

Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.

http://luizeduardosoares.blogspot.com/2010/11/crise-no-rio-e-o-pastiche-midiatico.html

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #336 Online: 01 de Março de 2011, 23:32:32 »
Ocupação do Alemão reduz baleados em mais de 30% e muda perfil de hospital

Levantamento do iG revela que Getúlio Vargas passou a ter mais atendimentos clínicos e atrai pacientes que antes temiam violência

A ocupação dos complexos do Alemão e da Penha pelas forças de segurança, em novembro, resultou na redução considerável do número de baleados e na mudança do perfil de atendimentos no Hospital Getúlio Vargas (HGV), na região do conjunto de favelas. De uma unidade tradicionalmente voltada para o trauma (vítimas da violência e de acidentes, por exemplo), o HGV passou a ter mais pacientes clínicos.
“Tivemos uma baixa muito significativa do número de baleados”, disse o diretor-geral do hospital, Luiz Verbicaro.

Nos primeiros dois meses após a tomada da região, antes ocupada pelo tráfico, a queda foi de 32,1% em dezembro de 2010, em comparação ao mesmo mês em 2009 (de 38 para 56); e de 36,5% em janeiro deste ano (40, em comparação a 63), de acordo com estatísticas oficiais, obtidas pelo iG. Em fevereiro, as vítimas de tiros até o dia 23 haviam sido 26; se mantida a proporção, seriam 32 até hoje – o que representaria diminuição de 43,9%.

Os dados dos últimos cinco anos revelam que o último mês de dezembro teve redução de 32% em relação à média dos quatro anos anteriores – em comparação ao mesmo mês em 2007 (71 baleados), por exemplo, a queda chegou a 46,5%. O histórico também aponta redução, mas inferior, de 23,7%.

O mês de novembro de 2010, quando ocorreu a ocupação policial-militar, foi um mês violento a se tomar como referência o número de baleados no hospital, vizinho do complexo de favelas. Foram levados ao Getúlio Vargas 94 pacientes vítimas de PAF (projétil de arma de fogo). Quatro morreram após ser atendidos, e 21 já chegaram sem vida ao hospital.

Foi o segundo mês em número de internações por PAF na série histórica, desde 2006 – só superado por maio de 2007, quando chegaram 99 vítimas no hospital, no mês anterior ao início de operação policial na região, quando, houve 71 baleados internados.

A indicação da relação entre o número de baleados e os complexos de favelas é o fato de que 45 dos 94 (48%) baleados no HGV em novembro moravam nos bairros que circundam os complexos (Penha, Ramos, Bonsucesso, Olaria e Inhaúma) – 11 casos não tinham procedência informada.

A partir de dezembro, a proporção de casos da região caiu consideravelmente. Esses locais representaram apenas quatro casos de 38, ou 10,5%; em janeiro, foram oito de 40 pacientes, ou 20%, bem menos da metade dos 48% de novembro.

Confirmando as estatísticas de violência, 31 (78%) de 40 vítimas de tiros no HGV em janeiro tinham 30 anos de idade ou menos. O Mapa da Violência, estudo do Ministério da Justiça divulgado semana passada, mostra que os jovens são as principais vítimas de mortes violentas no país.

Sem violência, pacientes deixam o medo e vão mais a hospital

O hospital foi inaugurado em 1938 pelo próprio Getúlio Vargas, em meio à ditadura do Estado Novo (37-45) e ao culto de personalidade dos fascismos – daí o nome em homenagem ao presidente que o criou. Cerca de 400 médicos e 1200 enfermeiros cuidam dos atuais 311 leitos – inicialmente, eram 400.

Mas o perfil tradicional de pacientes com traumas (baleados, esfaqueados, atropelados) está sendo alterado, dando espaço ao atendimento clínico e a acidentes domésticos, com idosos, por exemplo. É efeito da ocupação dos complexos do Alemão e da Penha e também do incêndio que interditou em outubro o Hospital Estadual Pedro II, em Santa Cruz (zona oeste). Sem a unidade, moradores da zona oeste passaram a procurar o HGV, segundo Valeria Moll, superintendente de Saúde do Estado. As enfermarias estão lotadas.

Há 40 anos no hospital – inicialmente como acadêmico, na universidade, e depois como médico –, o diretor Verbicaro vê um impacto “psicológico” positivo da nova realidade de ocupação das favelas. “A população se viu mais livre para procurar o hospital. Há mais segurança e, consequentemente, mais pacientes. As pessoas agora podem esperar tranqüilas.”

Segundo ele, a violência afastava muitos médicos que poderiam trabalhar no hospital. “Era muito pesado [o clima]. A gente era assaltado aqui na frente. Tinha briga para estacionar dentro do hospital, por segurança. Uma vez, um médico de plantão foi assaltado; no fim do dia, o mesmo assaltante chegou ferido, e o médico recolheu com ele os objetos roubados. Era muita insegurança, uma espécie de guerra”, contou o diretor.

O hospital continua a ser referência em trauma e neurologia, por exemplo – tem dois tomógrafos – mas aumentou o volume de ortopedia, com o reforço de médicos bombeiros da especialidade. Houve aumento de cirurgias por vídeolaparoscopia, desde a chegada de dois aparelhos, o que reduz o pós-operatório de três dias para um e libera leitos – dez camas são destinados aos pacientes desse tipo de procedimento.

O cirurgião-geral Verbicaro lembra da evolução dos ferimentos a bala, fruto do aumento dos calibres de armas. “Antes eram tiros de revólveres calibre 22 e 38. Mas aí começaram os ferimentos resultados de projéteis de pistola, fuzil, metralhadora, estilhaços de granada...”

Na tarde de sexta-feira (25), havia 54 pacientes na sala de emergência de homens, em atendimento. Eram 30 para atendimentos clínicos e 24 de trauma (11 de ortopedia) e um baleado.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/ocupacao+do+alemao+reduz+baleados+em+mais+de+30+e+muda+perfil+de+hospital/n1238122006210.html

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Offline Geotecton

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #337 Online: 02 de Março de 2011, 21:03:07 »
Espero que os benefícios continuem para aquela sofrida população.
Foto USGS

Offline Dodo

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #338 Online: 16 de Março de 2011, 22:11:37 »


Esse aí não é o Trovão, aquele que foi preso e indiciado na Operação Guilhotina?
Você é único, assim como todos os outros.
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Offline Unknown

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #339 Online: 11 de Julho de 2011, 21:02:58 »
Moradores reagem com violência abordagens de militares no Alemão

Segundo a Procuradoria Militar, para efetuar as prisões, Exército usa spray de pimenta e munições não-letais

Informações da Procuradoria da Justiça Militar do Rio de Janeiro revelam que moradores do Complexo do Alemão, na zona norte, têm reagido com violência e xingamentos quando são abordados e revistados por tropas da Força de Pacificação do Exército, que ocupam o local desde dezembro.

E para efetuar as prisões, o militar, em muitos casos, faz uso de spray de pimenta e de disparos de munição não-letal (bala de borracha).

Segundo o órgão, nos últimos dez dias, foram oferecidas ao menos nove denúncias por desacato e desobediência aos militares, além de e resistência mediante ameaça ou violência. A Força de Pacificação ocupa os complexos do Alemão e da Penha desde o dia 4 de dezembro.

Leia também:

De acordo com promotores, a presença permanente de militares, as abordagens, as revistas geram, muitas vezes, o descontentamento de parte da população local, que considera as ações da Força de Pacificação uma restrição à liberdade.

Segundo a Procuradoria, a quase totalidade das situações que levaram à instauração de inquéritos tem a mesma sequência de fatos. Os casos ocorrem de madrugada e se iniciam como uma abordagem comum. Quando alguém resiste à revista, há o enfrentamento e xingamentos. O militar dá voz de prisão e, normalmente, o envolvido não aceita ser levado à delegacia.

As motivações para a abordagem dos militares são diversas: tumulto na frente de um bar; suspeito passando em beco escuro; suspeição de agressão; indivíduo urinando em logradouro público; acusado lançou espuma sobre o para-brisa da viatura; jogo de apostas em bar; ofensas verbais contra militares de patrulha.

Triagem

Em nota, a Procuradoria da Justiça Militar informou que, no caso específico da Força de Pacificação no Complexo do Alemão, composta por integrantes das Forças Armadas e policiais de outros órgãos, o promotor Luciano Moreira Gorrilhas, do Rio, sugere a triagem na atuação.

Na opinião do promotor, o Exército deveria ficar responsável pelos casos mais complexos, e os desvios de conduta, inerentes ao cotidiano de uma comunidade, ficariam a cargo da Polícia Militar e da Polícia Civil. Assim, segundo o promotor, poderiam ser evitados possíveis abusos de autoridade por parte dos militares das Forças Armadas, que são treinados para situações de confronto e não para o trato cotidiano com comunidades.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/moradores+reagem+com+violencia+abordagens+de+militares+no+alemao/n1597075373950.html

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Offline Titoff

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Re: Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #340 Online: 12 de Julho de 2011, 08:37:02 »
O engraçado é que os moradores de regiões mais humildes são os que mais defendem que o estado deve ser truculento, apesar deles serem os que mais sofrem com isso.

Offline Gaúcho

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Re:Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #341 Online: 24 de Fevereiro de 2016, 11:18:57 »
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Beltrame muda discurso e elogia ‘segurança privada’ nas ruas do Rio
Em audiência na Comissão de Segurança, na Alerj, há dois meses, secretário fez duras críticas ao projeto que deputado classificou como ‘milícia oficial’. Agora, ele agradeceu o apoio da instituição

No final do ano passado, a Secretaria de Governo do Rio de Janeiro firmou parceria com a Federação do Comércio (Fecomércio) para reforçar o patrulhamento em três regiões da cidade. O projeto, com previsão de investimento de 44 milhões em dois anos, colocou militares, policiais aposentados ou de folga em áreas como Lagoa, Aterro do Flamengo e Méier. A ideia não passou pelo crivo da Secretaria de Segurança. Tanto que, em uma reunião da Comissão de Segurança Pública na Assembleia Legislativa (Alerj), em dezembro, o secretário da pasta, José Mariano Beltrame, fez duras críticas ao projeto e comparou a 'vigilantes de shopping'. Passados dois meses, Beltrame mudou radicalmente seu posicionamento. Na manhã desta terça-feira, durante um evento na Cidade da Polícia, na Zona Norte, ele elogiou a iniciativa dos empresários que continuam investindo para tentar a frear a violência que se espalha pelas ruas do Estado.

"A Fecomercio quebrou o paradigma. Parabéns por isso. Muitos outros (parceiros da iniciativa privada) entraram e ficaram pelo caminho. Só vocês estão conosco hoje. Agradeço porque esse mesmo gesto já havia sido feito pela Policia Militar no lançamento do programa Segurança Presente. Hoje digo que é uma ação exitosa pelos resultados que tem", afirmou Beltrame durante a assinatura de um convênio em que a Fecomércio oferece 1 300 bolsas de estudo para parentes de policiais civis.

O programa chegou a ser duramente atacado pelo deputado Paulo Ramos (PDT) durante a sessão na Alerj, classificando o projeto como uma espécie de 'milícia oficial'. Presidente da Fecomércio, Orlando Diniz disse na mesma solenidade que já há estudos para que o programa seja estendido para o centro da cidade, onde ladrões têm atacado pedestres a todo instante. Desde 1º de dezembro de 2015, 979 suspeitos foram detidos nas três áreas de atuação do programa. Projeto semelhante também feito pela Secretaria de Governo, o Lapa Presente começou em janeiro de 2014 e, em pouco mais de dois anos, cumpriu 496 mandados de prisão e prendeu 310 ladrões em flagrante e 144 por tráfico de drogas.

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/beltrame-muda-discurso-e-elogia-seguranca-privada-nas-ruas-do-rio

Que novidade, a iniciativa privada sendo superior à pública.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Gaúcho

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Re:Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #342 Online: 20 de Julho de 2017, 13:24:44 »
Agora já são semanas típicas.

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Incapaz de garantir segurança, Rio libera o 'salve-se quem puder'

RIO DE JANEIRO - "Nós perdemos completamente o controle da segurança pública no Rio, ninguém consegue mais se locomover com tranquilidade", escreveu Rodrigo Maia nas redes sociais, na terça (18). A constatação do presidente da Câmara vem com meses de atraso, mas é correta.

Incapaz de prover segurança, o poder público cada vez mais transfere aos cidadãos a responsabilidade por sua própria defesa contra a violência. Um exemplo disso é a lei municipal promulgada na semana passada que permite a conjuntos residenciais restringir o acesso de carros e de pedestres às ruas nas quais estão instalados.

A presença de cancelas e guaritas nas entradas de condomínios de prédios ou de casas não é novidade. Nova é a permissão para proibir que "veículos estranhos aos moradores" tenham acesso às vias públicas. Pessoas também podem ser barradas entre 22h e 7h. Um bairro inteiro do Rio -Vila Kosmos, na zona norte- já se transformou numa fortaleza.

Outra lei recente que tem espírito semelhante -"já que eu não consigo te proteger, eis a autorização para você se virar"- é a que proíbe o uso de radares de velocidade em "áreas de risco". Como os motoristas vinham sendo assaltados quando desaceleravam perto dos "pardais", o governo decidiu liberar a correria. É mesmo mais fácil do que policiar as ruas, e danem-se os pedestres, ciclistas e o Código Nacional de Trânsito.

De modo inconsequente, mas coerente, a lei não define quais são as "áreas de risco". Dado o estado atual das coisas, os motoristas podem sentir-se plenamente autorizados a correr na cidade toda, a qualquer hora.

Ambas as leis encontram apoio numa vasta parcela da população amedrontada, que parece não perceber que está abrindo mão de receber a segurança pública a que tem direito -assim como já desistiu da saúde e da educação.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marco-aurelio-canonico/2017/07/1902674-incapaz-de-garantir-seguranca-rio-libera-o-salve-se-quem-puder.shtml
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Semana atípica no Rio de Janeiro
« Resposta #343 Online: 20 de Julho de 2017, 17:45:43 »
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Beltrame muda discurso e elogia ‘segurança privada’ nas ruas do Rio
Em audiência na Comissão de Segurança, na Alerj, há dois meses, secretário fez duras críticas ao projeto que deputado classificou como ‘milícia oficial’. Agora, ele agradeceu o apoio da instituição
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/beltrame-muda-discurso-e-elogia-seguranca-privada-nas-ruas-do-rio

Que novidade, a iniciativa privada sendo superior à pública.

("estatal", não "pública"; iniciativa privada pode fazer um serviço público)

Inclusive nas favelas dominadas pelo tráfico, que têm a reputação de uma segurança da mais alta confiabilidade.

 

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