O principal confronto é entre qualia e meme.
Eu leio isso e me pergunto se vale a pena continuar lendo. Meme/cultura simplesmente não tem como ser "alternativa" a qualia. Qualia não é uma teoria alternativa a existência de cultura ou a noção dela ser divisível em partes menores que podem se "segregar independentemente" à moda dos genes.
O problema duro da consciência ainda se perde na memética da psicologia, valorizando de maneira religiosa (profurosa de mistérios) estes estados psicológicos.
Cara. Isso é a mesma coisa que dizer algo como, "o problema da filogenia exata de toda árvore da vida se perde na memética da psicologia, valorizando de maneira religiosa (profusa de mistérios) estas relações filogenéticas
[e logo elas não existem]".
O livro do Oliver Sacks que o Dr. Manhattan citou é um excelente exemplo de como a consciência pode ser abordada objetivamente e mantendo a acuracidade do fenômeno subjetivo, de fácil entendimento.
E um outro livro qualquer poderia tratar sobre programas de computador, e bagunças que acontecem com variáveis que acabam tendo valores errados. Isso ainda é o "problema simples", não o "duro".
A questão foge da filosofia da mente e adentra mais a filosofia da informação. A ciência da informação já tem um papel preponderante e de suporte estrutural nas demais ciências. E digo isto por ver o Buckaroo "preso" a um conceito de imagem mental, mais relacionado ao seu entendimento subjetivo de qualia, do que propriamente compreendendo a estrutura do problema difícil e suas respostas. Até pelo fato das respostas desfazerem este problema, mostrando as suas falhas enquanto dualiamos. O mundo zumbi de Chalmes, que embasa o problema difícil é totalmente memético e artificial mas no sentido ruim, de ser contra a realidade evolutiva e gradual que a evolução confere. É como querer colocar um propósito na evolução, ao admitir um qualia para o ser humano. Pois temos deste um indivíduo genocída como Hitler a um indivíduo genial (para o bem) como Einsten.
Você praticamente usou um gerador de lero-lero aí, não deixando claro nem se está aceitando o eliminacionismo ou não (mas negando a existência do problema, ainda assim).
Nada do Chalmers tem qualquer coisa de "propósito da evolução". Nem de longe. Eu simplesmente não consigo entender como foi chegar aí, muito menos em Hitler e Einstein.
O "mundo zumbi" (além de não ser "totalmente memético e artificial mas no sentido ruim", se é que isso significa alguma coisa para que se possa dizer que não é) pode perfeitamente ser impossível (mase não por ser "contra a realidade evolutiva e gradual que a evolução confere"). Mas isso não diz que qualia não existem, é justamente o contrário! Se concordamos que esse mundo é impossível, então qualias necessariamente existem, e o eliminacionismo não pode ser aceito. Ao mesmo tempo, permanece o problema do que exatamente é qualia.
Se existe algo como os qualia, talvez sejam como os atuais conceitos de inteligências multiplas, que se adequam a várias áreas e num contexto de dinâmica social que qualifica tal inteligência, como as diversas áreas. Mas nada como conceitos inferiores e primitivos como sentir dor ou enxergar uma cor. Assim como existiu o genial compositor musical surdo. Um "qualia" fundamental da espécie é a plasticidade neuronal. ![Confused :?](../forum/Smileys/default/wave.gif)
Difícil decifrar esse trecho. Não entendi como qualia poderiam ser como inteligências múltiplas; seja como for, não pode não ser a experiênca (não conceito) de dor ou visão. Pois essa é a definição. Plasticidade neuronal não é um qualia. O "assim como" só deixa as coisas mais misteriosas ainda, uma vez que não é discernível qualquer seqüência lógica nessas idéias. Mas mesmo assim, Beethoven não nasceu surdo, e não se tornou rapidamente completamente surdo, mas chegou a usar dispositivos para compensar a perda de audição.
A propósito: um exemplo do que acontece se de alguma forma esse mecanismo formador de associações pára de funcionar seria o
caso do famos "Homem que confundiu sua mulher com um chapéu", do livro de mesmo título do Oliver Sacks. Se ele olhasse para uma
maçã, ele apenas veria um objeto aproximadamente esférico, de cor avermelhada.
Eu não entendi exatamente o que você quis dizer. Que ele veria, se pudéssemos imprimir um "snapshot" do que se passa em sua cabeça, algo que não é exatamente uma maçã, ou que ele veria exatamente uma maçã, mas não saberia que é uma maçã?
Existe uma série de condições interessantes nesses livros do Sacks, ele próprio é incapaz de distinguir rostos. Há um cara que teve um derrame, e então, no outro dia, foi apanhar o jornal, e achou que tivesse recebido um jornal russo ou algo assim. Não reconhecia mais os caracteres, visualmente. No entanto, descobriu que se escrevesse por cima do que via (e mais tarde, com os dedos, ou até com a língua, no céu da boca), conseguia ler. Se ele era capaz de escrever por cima do que via, estava vendo as formas corretas das linhas dos caracteres. No entanto esses dados apenas visuais não tinham mais associação com o "conceito" da letra. De alguma forma, com ajuda dessa parte motora conseguia ter de volta a associação.
Mas novamente, não acho que isso diga muito sobre a natureza de qualia, ou sua "inexistência". É um problema de "caminhos de informação", dentro do cérebro, que não nos diz como essa informação de alguma forma se manifesta na nossa "vida interior", nem que diabo é isso.