Mais de 400 pessoas são presas durante protesto por democracia na ArgéliaO Globo, RioARGEL - Mais de 400 pessoas foram presas durante os protestos deste sábado na Argélia, afirmou um advogado de direitos humanos. Segundo Ali Yahia Abdenour, mulheres e jornalistas estrangeiros estão entre os detidos. Ainda de acordo com ele, cerca de 28 mil agentes de segurança foram posicionados nas ruas de Argel para tentar dispersar a multidão.
(Veja as fotos do protesto na Argélia)
Inspiradas pelas revoltas populares que em menos de um mês derrubaram os ditadores no Egito e na Tunísia , cerca de 10 mil pessoas saíram as ruas, de acordo com os organizadores da manifestação. A polícia afirma que os manifestantes eram 1.500. Milhares de pessoas se reúnem neste sábado no centro da capital, Argel, onde a segurança foi reforçada na noite da véspera. Sob o estado de emergência que vigora no país, as manifestações são banidas na cidade.
Policiais bloqueram ruas na tentativa de impedir o protesto, mas não impediram manifestantes de gritar "não ao estado policial" e "Bouteflika fora", em referência ao presidente Abdelaziz Bouteflika, no poder desde 1999.
- Eu lamento dizer que o governo tenha disponibilizado uma grande força para evitar uma marcha pacífica Isso não é bom para a imagem da Argélia - disse à agência Reuters Mustafa Bouchachi, líder da Liga dos Direitos Humanos, que ajudou a organizar o protesto.
Cerca de 2 mil pessoas forçaram a barreira policial na praça Primeiro de Maio e começaram a marchar em direção à Praça do Mártires, ponto final da manifestação convocada pela oposição no país.
Os protestos acontecem um dia após o ex-ditador egípcio Hosni Mubarak renunciar ao cargo que ocupava há 30 anos. Menos de um mês antes, no dia 14 de janeiro, o ex-ditador da Tunísia Zine el-Abidine Ben Ali fugiu para a Arábia Saudita após semanas de manifestações populares nas ruas de Túnis.
Apesar do entusiasmo da geração Facebook, a sombra da revolução egípcia deve recair sobre regimes menos expressivos no tabuleiro geopolítico global . A pobreza extrema do Iêmen preocupa, assim como a insatisfação jovem da Argélia.
No Bahrein, único país do Golfo Pérsico ameaçado, onde a maioria xiita condena a monarquia sunita, o governo ofereceu US$ 2.650 a cada família do país numa tentativa de aplacar a insatisfação, segundo a rede Al-Jazeera.