Meus caros companheiros de debate;
rogo certa paciência, com leitura atenta ao texto que apresento. Informações novas e até, algumas, inesperadas. Isto foi trabalhoso e não me disponho a responder às observações que sejam frutos de leitura apressada e parcial.
Então, analisadas as ponderações acima, posso adiantar o que segue: o estudioso da DE, desde os idos de 1940, tem saciado sua sede de conhecimentos em autores, entre nós, chamados, subsidiários ou complementares.
Explico; conforme o pp Kardec dizia a DE, naquele momento, era apenas o fundamento, os alicerces do que estaria por vir; o que não é de se estranhar quando, nos dias de hoje estamos todos tomados de horror pelas atrocidades cometidas pelo fundamentalismo religioso.
É característica saudável de toda revelação sua dinâmica evolutiva. E quando me refiro à revelação, esta não precisa estar adstrita à religião tão somente, pois segundo o dizer de AEinstein, na base do conhecimento científico sempre encontraremos a intuição ou a inspiração, precedendo a equação... que em sentido amplo podemos denominar de revelação inefável. Apenas sentida, pois sua origem é desconhecida daquele que foi contemplado, pois permanece nos escrínios insuspeitados da mente.
Nós espíritas e também outros mais susceptíveis, diríamos que estes recantos obscuros da mente são na verdade as inteligências do plano invisível, que patrocinam todo o progresso humano no tempo devido.
Como dizia, aqueles autores que subsidiariam ou complementariam aspectos inabordados ainda por Kardec, se serviriam de médiuns à altura da ingente tarefa, qual seja, satisfazer a necessidade do conhecimento espiritual de inteligências mais exigentes, quanto ao ainda não devidamente esclarecido nas obras básicas de Kardec.
As atualizações são o resultado de um planejamento da Espiritualidade, sabedora de que estes conhecimentos deveriam acompanhar o progresso mental e a necessidade, cada vez maior, do homem encarnado, quanto às leis da relação entre os planos invisíveis e a criatura que trabalha e sofre na superfície do planeta.
Mas haveria de se ter o cuidado quanto ao material recebido por médiuns aqui e ali, que embora de natureza excitante ou curiosa, não se coadunava com os princípios gerais e os objetivos da DE.
Estes princípios sempre foram, trazer o esclarecimento e a consolação ao homem terreno, ante as agruras que se adivinhavam, mas com base em uma FÉ raciocinada. Sem os dogmas, imposições, liturgias ou rituais, bastante presentes nas religiões organizadas.
Estas obras complementares, não seria exagero dizer, quase transformam as feições do que até então fora trazido. Isto porque, é importante ter-se em mente, a nova doutrina encontrava um mundo, particularmente falando do mundo ocidental, em que predominavam os preconceitos e uma hegemonia massacrante da religião de Roma.
Somente o espírito independente de algumas mentes mais evoluídas conseguiam se subtrair às imposições da fé e dos costumes da época. O Catolicismo era assimilado com ênfase no fanatismo ou simplesmente, diríamos, por osmose, como reflexo das circunstâncias; sem qualquer juízo de valor.
Neste ambiente o que se propunha com a DE era praticamente uma revolução. Somente a prudência dos que supervisionavam dos planos mais altos aquele trabalho poderia impedir reações violentas, prematuras, a sufocar no nascedouro aquela luz, ainda bruxuleante. Daí, e aqui rogo se preste atenção, daí, certa conivência com a cultura e costumes impositivos que assoberbavam naquele momento.
Não que Kardec tivesse conhecimento desta restrição; prova está em certos arroubos intelectivos de sua parte, que hodiernamente se mostram totalmente inadequados aos conhecimentos novos.
Razão pela qual sempre tento trazer aos companheiros, neste debate, a diferença entre as opiniões de Kardec e os ensinamentos básicos dos Espíritos.
Voltemos então ao cerne, nesta troca de idéias. O que motiva, a mim, trazer estes assuntos em um fórum de céticos. Poderia dizer simplesmente que é um espaço democrático e que tenho tanto direito de expor meu modo de pensar quanto qualquer um, dentro das regras naturalmente.
Mas isto não explicaria nada, pois da mesma forma pergunto eu: o que leva vocês ao trabalho de pesquisa e laboração de idéias com evidente empenho de tempo e esforço, que, ao submetê-lo e compartilhar, se expõem aos flames e debates ásperos e infrutíferos, muitas vezes.
A resposta: exercício da inteligência, aprimoramento argumentativo, válvula de escape (para alguns) de recalques que desconhecem possuir, diversão e passa-tempo para outros; mas, sobretudo, esperam através da confrontação de opiniões pontificar e, muito inconscientemente, exercer liderança através da admiração que venham a conquistar.
No entanto, ao longo de certo tempo, e isto podemos constatar, alguns dos foristas já postaram muito mais de cinco mil mensagens... alguns ultrapassam os dez mil.
O fórum já não exerce tanto atrativo pois o debate entre os que pensam e avaliam pelo mesmo craveiro se torna tedioso e enfadonho.
Mas quando surge algo novo, principalmente se em desacordo com o pensamento vigente, explode uma força corporativista e todos querem se banquetear. Ironias, sarcasmos e, raros, questionamentos objetivos.
Surpreendentemente alguns quase se tocam e se mostram flexíveis e cordatos, mas aí surge a polícia do pensamento que os chama a modos.
Voltando então à razão pela qual participo com vocês é que, em primeiro lugar, não represento a linha mais ortodoxa do Espiritismo, pois que a complexidade do que é proposto, para alguns, os leva à acomodação com Kardec; estão perdendo o trem da história. Muitas de minhas opiniões geram questionamentos básicos que motivam reflexão, ou antipatia.
Todos sabem que existe uma diferença descomunal entre a DE e o MEB, sigla pela qual é conhecido o Movimento Espírita Brasileiro. A Doutrina com seus fundamento, hoje bastante atualizados, sofre o problema da interpretação e da atitude de muitos de seus adeptos, o que permite aos não adeptos, e porque não dizer, aos muitos inimigos, ataques e críticas justificados. Este o meu campo de batalha.
Quando participo neste fórum, procuro mostrar os avanços, desde Kardec, que a doutrina apresenta, e assim quebrar um tanto a resistência dos seus críticos, levando-os a certas considerações. Talvez seja inútil, mas digo sempre: pior do que não conseguir é não tentar.