Ângelo,
Um diploma aumenta a possibilidade de empregar-se, principalmente se compararmos àqueles que não tem nenhum ou somente o médio. Por mais que se gaste 4 ou 5 anos na faculdade, aqueles que entraram nela via cotas, provavelmente conseguirão sustentar-se como muitos já se sustentam. Eu não precisava, mas trabalhava como a maioria da minha classe. Mas se você considera isso uma dificuldade intransponível, daí realmente...
Onde eu disse que considero isso uma dificuldade intransponível?
O que eu disse foi:
1. Diploma de ensino superior não é garantia de emprego.
Obviamente aumenta as chances em relação a quem não tem nenhum, mas o cenário atual é de saturação do mercado para grande parte dos graduados. Técnicos qualificados, por outro lado, estão em falta no mercado.
Mesmo que houvesse oferta de emprego para todos os formados, o que não é o caso, a demanda por técnicos sempre vai ser maior do que para graduados. Uma política de nivelamento social
tem que levar isso em conta se quiser ser realmente abrangente e não mera propaganda.
2. Uma graduação demanda 4, 5 anos, enquanto um curso técnico 2 ou 3 anos e pode ser feito simultaneamente ao ensino médio.
Ou seja, o indivíduo vai estar capacitado muito mais cedo e com maiores chances de entrar no mercado de trabalho.
3. Há gastos extra, com material, alimentação, transporte.
Sim, eu sei que muitos trabalham durante a faculdade (e onde, de novo, eu disse que era uma dificuldade
intransponível?), mas muitos também não vão conseguir. E dependendo do curso, pode ser integral, dificultando um trabalho extra. Fora que muitas vezes o indivíduo vai ter que mudar de cidade ou estado para cursar uma universidade estadual ou federal. Tudo isso implica em gastos, seja dele ou do governo (com bolsas, subsídios) que são muito menores em um curso técnico.
Escolas técnicas são uma ótima solução, dentro de uma política maior de incentivo à educação que inclui as cotas e o financiamento federal ao ensino superior.
Não só são uma ótima solução, são a melhor solução para o quadro atual,
desde que a intenção seja realmente diminuir as desigualdades sociais e não fazer maquiagem política.
Como disse o uíli, cotas só vão beneficiar uma ínfima parcela da população. Dos que conseguem se formar no ensino médio, apenas uma pequena parte vai conseguir entrar na universidade, mesmo com cotas (lembrem-se que cota não significa acesso automático, ele também vai ter que concorrer a uma vaga com outros, inclusive cotistas, e há muito mais candidatos que vagas). Desses que entram, nem todos vão se formar (também há evasão no ensino superior) e dos que se formam, apenas uma parte vai conseguir emprego.
Ou seja, em comparação com o investimento em ensino técnico, é mais caro, mais demorado, com menos chance de sucesso e de resultados muito mais pífios no combate a desigualdade.